quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Médicos VS Enfermeiros ?


A resistência à mudança sempre existiu e existirá. Vindo a próxima notícia de quem vem (bastonário da ordem dos médicos), não se pode esperar outra coisa. Afinal, foi este homem que defendeu a tabela de preços da ordem dos médicos, como medo, coitadinho, de que os médicos explorassem (ainda mais!) os utentes. Adiante.
Deixo aqui um artigo do Diário de Notícias, no qual o sr. bastonário (a fazer de ministro da solidariedade) diz umas coisas curiosas (intitulado "Médicos contra Enfermeiros no socorro"). E se quiserem ter o prazer de conhecer o excelente comentário do nosso colega do blog "Enfermagem Portuguesa", deixo-vos um link para o efeito.


Hoje, o SE(N) (Sindicato dos Enfermeiros, ex-Sindicato dos Enfermeiros do Norte) lança no seu site uma carta "aberta aberta ao bastonário da ordem dos médicos e ao presidente de uma associação de médicos socorristas", a qual deixo aqui alguns excertos. Bem-vinda é sempre a verdade, doa a quem doer (muitas verdades vejo lá reflectidas!!). Boas leituras.



"Já em 1941, através do DL 32:171, de 29 de Julho, Art.º 14º - 2, se definiam três grupos diplomados na “arte de curar”: parteiras, enfermeiros e médicos. Nenhum deles tutela o outro; cada um tinha definidas as competências, sobretudo em situações de urgência; são autónomos, entre si(...)"


"(...) Isto é, sobretudo, importante para os abusos dos médicos que tiveram sempre a mania de que são únicos e a pouca honestidade de chamarem a si os méritos alheios, nomeadamente das parteiras e enfermeiros. Vinha longe a criação da Ordem dos Enfermeiros, em 1998, que tem para o controlo do exercício da Enfermagem, poderes paralelos e actuais, como a OM em relação àqueles e criação do Serviço Nacional de Saúde. Tudo isso tem de ser contemplado (...)"


"(...) Que estão a receber em troca? [os Enfermeiros]
Desconsiderações, desrespeito e aparente desconhecimento das competências legais, reais e práticas, dos enfermeiros, quando ao médico convém fingir que não sabe o que é um enfermeiro, os erros que lhe corrige e o êxito que lhe proporciona, sem ter exigido o reconhecimento disso, até agora. É pela enfermeira que o doente chama, quando sente que precisa de ajuda, por muito que custe aos médicos, que em muitos casos, se passeiam pelos corredores dos hospitais a fazerem sindicalismo, disfarçadamente e a empatarem o serviço (...)"


"(...) A nossa desdita é sermos obrigados a elogiar uma atitude corajosa e oportuna do ministro da saúde, que tantas amarguras tem causado aos enfermeiros. Surpreendeu-nos, positivamente (...)"


"Apesar de oftalmologista de profissão, o bastonário da ordem dos médicos, precisa de mudar de lentes (casa de ferreiro espeto de pau), pois não dá sinais de ver como funciona a equipa do INEM


"(...) Os enfermeiros fazem-se representar nessa actividade, por pessoas com anos de prática e saber suficientes, para não estarem a inventar o que devem fazer, no momento exacto;
Os médicos, pelo contrário, ou ainda andam a estagiar, ou acabaram há pouco o estágio. Sabe-se que são médicos, não pelo que dizem ou fazem, mas por trazerem um colete onde está escrita a palavra médico. O mesmo se diga do socorro interno nos hospitais. É o enfermeiro que faz, enquanto o médico olha e fica livre para pensar o que entender. É livre. O enfermeiro executa o protocolo estabelecido, também com a sua ajuda, cá e noutros países, mais reconhecidos para com o valor da intervenções dos enfermeiros, porque não têm ordens médicas tão abusadoras na absorção do que fazem os seus membros e do que fazem os outros enfermeiros).
O bastonário acha a atitude do ministro “inqualificável” e até explora, de forma, que não lhe fica bem, no cargo que exerce, as dificuldades dos alentejanos, que deixaram de ser alfobre de anedotas para serem cidadãos de segunda. Ao defender o negócio e primazia da corporação médica, não precisava de usar argumento tão ardiloso e baixo… os alentejanos, como todos os que o não são, não precisam da demagogia do bastonário, mas de acções concretas, que os ajudem a conservar a vida, no momento em que esta corre perigo.
Diga, sr. Bastonário, se é ou não verdade, que preferia ver técnicos, feitos à pressa, no socorrismo, como os bombeiros e afins, retirando essa actividade às competências dos enfermeiros. Os Enfermeiros são os que V.E. não quer ver no socorrismo a que chamam agora “emergência médica” (e não só), fazendo crer que é outra coisa…Devia ponderar que a dificuldade em fixar enfermeiros nas emergências “médicas” se devia essencialmente à escassez crónica de enfermeiros, que os hospitais absorviam, na totalidade. Hoje, há muitos desempregados, já. Podem ir substituindo os mais treinados, na cadeia dos prestadores de cuidados de enfermagem., libertando-os para serviço que não se compadece nem com amadorismos, nem com corporativismos serôdios e crónicos de autoconvencidos Bastonários de Ordens de Corporações.
Por culpa da Corporação Médica e, porque não, da de Enfermagem (?) é que a comunicação social transmite uma visão elitista da saúde e dos prestadores de cuidados, nessa área.
À semelhança do que está a acontecer por esse mundo além, preconizamos uma revolução pacífica, (como a da ferrugem que destrói os diques na Holanda) mesmo que os cotovelos de Bastonários doam a valer! (...)"

"(...) Em Alma Ata, na Conferência da OMS que aí se realizou em 12 de Setembro de 1978, foram definidas 38 metas a tingir, sob o título saúde para todos, no ano 2000.
Na conferência de Munique, em 2000, foram definidas mais 21 metas. Estas metas que a Organização Mundial de Saúde aprovou destinam aos enfermeiros e não aos médicos. Por culpa dos médicos e excessiva submissão dos enfermeiros para com a atitude abusiva e exclusivista dos médicos, que se julgam omniscientes e omnipotentes, nunca foram criadas condições, no nosso país, para serem postas em prática. Tem que se reconhecer que isso vai fatalmente prejudicar a venda de drogas medicamentosas e o cartão pontomédico. Mas vai melhorar muito os cuidados de saúde. Por isso é aos enfermeiros que a OMS encarrega de acções concretas de proporcionarem melhor saúde a todos, catalogadas de metas. (...)"


"(...) O nosso papel é mais o de cuidar e curar os doentes das doenças naturais ou inventadas. O problema dos enfermeiros não é o da sua utilidade prática, na saúde do povo, porque é evidente. A falta de visibilidade desta actividade constante, é não terem meios que comprem campanhas publicitárias, disfarçadas de notícias normais, para exploração natural dos incautos, com o negócio altamente lucrativo e florescente dos medicamentos (ver Jörg Blech, médico e jornalista da especialidade). (...)"


"(...) Finalmente, o ministro da saúde acordou para uma realidade que é: qualquer inovação, na área da saúde, passa pelos enfermeiros e não pelos médicos. Investir nestes é dar à população mais do mesmo; é chover no molhado. "Países, onde se passa da intenção à reacção com mais rapidez já descobriram que as melhorias e ganhos na saúde passam pelos enfermeiros e não pelos médicos. Uma das últimas descobertas do género chega-nos da região da Catalunha, onde a ministra da saúde (Marina Geli) se esforça por valorizar as capacidades dos “infravalorizados” enfermeiros, nos centros de saúde da Catalunha
Na Inglaterra do século 19 foi uma enfermeira (Florence Nightingale) que em situação de guerra da Crimeia reduziu a mortalidade de 42 para 2%. Não foram os médicos. Foi ela que inventou o processo clínico; que fez os primeiros inquéritos epidemiológicos; que criou as primeiras normas para racionalizar a administração dos hospitais, por isso há um pequeno administrador nato, em cada enfermeiro.
Quando pretendeu fazer escola autónoma com as suas ideias e práticas, a ordem dos médicos foi chamada a pronunciar-se e, na votação, houve um “esperado resultado” de 2 votos a favor e 98 contra Florence. Não obstante, os 2 votos venceram, porque prevaleceu o bom senso (...)


"(...) O bastonário não tem o direito de impedir a melhoria da assistência feita por enfermeiros, com corporativismos extemporâneos (...)"

"Finalmente, a verdade vai emergindo, apesar das tentativas do bastonário da OM, para abafá-la. De tão entretenido que anda a criar o modelo "UNICITÁRIO" do médico, na saúde, nem reparou que os enfermeiros não são há muitas décadas, meros colaboradores do médico; são licenciados, depois de muitas lutas de bastidores dos médicos para impedirem essa licenciatura; têm saberes práticos e teóricos que os distinguem dos médicos; têm leis equivalentes às dos médicos; também já têm uma ordem que individualiza e legitima as diferenças da corporação enfermagem"

"(...) Estamos apostados em desmontar-lhe a mistificação que usa e de que abusa, com a realidade actual.
Até que enfim, o Ministro da Saúde, accionou a alavanca que lhe permite, naturalmente, revolucionar na saúde. Bastava-lhe olhar para países próximos e distantes.
“post scriptum”: quanto ao presidente da associação dos ditos emergencistas autoclassificados impropriamente alertamo lo de que pode (poderia) ficar a fazer, em plena via pública, a figura para que o habilitam a sua “experiência prática”, ou a falta delas. Essas doutorices não lhe ficam bem, sobretudo quando se refere a enfermeiros que também são doutores, sem a exibição bacoca, ou atropelos de competências que não sejam as que detêm. Aconselhamos a leitura da fábula da revolta dos membros do corpo humano, perante a petulância do estômago. (...)"
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A revolução está a chegar? Um abraço a todos os colegas!

Comments:
Estou como o "doutorenfermeiro", há verdades que merecem ser conhecidas. Os enfermeiros são o suporte do intrahospitalar e tem um grande palavra a dizer no pré-hospitalar. Uma palavra cada vez maior!
 
Pois, lamentavelmente, só têm mesmo palavras a dizer no pré-hospitalar!
 
Nao seja mentiroso Sr. Doutor Enfermeiro...
 
Saudações cordiais!
Ora cá temos uma comentário, que considerarei de muito pouco eloquente :"Nao seja mentiroso Sr. Doutor Enfermeiro..."!?? Como não poderia deixar de ser, o autor é o mesmo de sempre (ou os mesmos, pois fazem parte de uma grande Família [ não digo Corleone, para não ferir susceptibilidades, apesar dos príncipios serem em tudo semelhantes]). Na realidade, perante factos, dificilmente se encontram outros argumentos que não sejam o da ofensa ou injúria (característico, não...??!!)
Sou sem dúvida um estudioso de história; gosto de conhecer o passado, para desta forma poder compreender o presente e antever o futuro (tarefa que se revela por vezes melindrosa, mas que parece algo completamente natural para alguns médicos, tal é a simplicidade, fulgor, espontaneidade e convicção com que emitem um prognóstico - diria que é inato -).
Confesso, que desconhecia algumas particularidades relativas a Florence Nightingale, nomeadamente a votação de 2 contra 98 (portanto, maioria absoluta - já naquela altura havia realmente sensata, esclarecida e com sentido de responsabilidade) no processo de criação de escola autónoma de Enfermagem com as suas ideias e práticas.
Compreender que uma profissão tem obrigatoriamente que recorrer a saberes de outra, é um acto de inteligência, não de inferioridade.
Pois a Medicina, tal como a Enfermagem (e todas as outras), têm necessidade de souver conhecimentos de outras ciências, como a Biologia, a Química, a Física, A Genética, a Informática...etc.
Relativamente aos comentários do bastonário da om, só tenho uma coisa a dizer(e uma só mesmo - não como o outro que diz que é só uma côr e afinal é azul e branco): SIGA!
Por agora é tudo!
Aquele abraço.
 
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