terça-feira, maio 08, 2007

Alguém nos acuda!







Ao passar pelo blog medicoexplicamedicinaaintectuais.blogspot.com, deparei-me com um post onde o discurso é interessante e claramente revelador do pensamento dos médicos sobre a saúde, vencimentos e enfermeiros, entre outras coisas.

É um post onde está estampado o tradicional e pitoresco corporativismo médico e não interessaria rigorosamente nada, não fosse o bom nome da classe de Enfermagem estar envolvido.

Parece que este médico (autor do blog) anda totalmente desfazado da realidade, do que há de bom no nosso país e lá fora. No entanto transcreve partes de um obra que segundo o mesmo é uma "magnífica obra, cuja leitura recomendo vivamente, em particular aos responsáveis nacionais e locais da Saúde"!!

Deixo-vos alguns excertos de um texto, que se desejarem, poderão lê-lo na íntegra, usando para o efeito o link que vos disponibilizei em cima.


"É necessária uma maior liderança dos médicos, agora." (para afundar mais o "barco"?)


"A competição pelos resultados (melhor saúde por dólar gasto) produziria múltiplos vencedores: os doentes, que receberiam melhores cuidados, os médicos, que seriam recompensados pela excelência, e os custos, que seriam contidos" (reparem que o médico é sempre o centro! só quando há problemas é subitamente o médico... fugiu do centro!)


"Aumentar o valor dos cuidados é algo que apenas pode ser conseguido pelos médicos." (pelos médico e pelos lobbys médicos!)

"O que se passa no distrito de Bragança é vergonhoso e perigoso (...) ao aceitar esta caricata situação, a Ordem dos Enfermeiros evidencia a sua visão distorcida da equipa de saúde e que a sua prioridade não é a qualidade dos cuidados prestados aos cidadãos" (ao aceitar isto a ordem dos enfermeiros, iniciou uma "viragem" inédita em Portugal rumo à distribuição de poderes no sector da saúde!)

"O mesmo ministro que teve o despudor de dizer que um médico com estetoscópio num SAP não oferecia confiança (não obstante a presença de enfermeiro e auxiliar e os recursos técnicos e físicos existentes), agora já acha que um enfermeiro oferece confiança e segurança às populações?" (fica patente a verdadeira posição dos médicos perante os enfermeiros. um exemplo de confiança! meu bom doutor, veja o que se passa lá fora!!)

"E pretender que uma linha telefónica ineficiente (24 Horas, 30/04/07), milionária, espartilhada e burocratizada, independentemente das informações úteis que dispense, pode substituir o atendimento médico urgente presencial é raiar a insanidade e o cinismo!" (fique sabendo que este tipo de linhas é muito usado no estrangeiro, e no nosso país retira dos serviços de urgências as ditas "falsas urgências"! este serviço não pretende susbstuir o médico, mas sim aconselhar, triar e orientar!)

"Alguns médicos, mesmo não sendo sequer obrigados a concordar com o regime de chamada, vão aceitá-lo, inclusive permanecendo em presença física durante a noite. Por consideração para com os doentes" (essa é boa!! por consideração aos doentes?!?! Ainda haverá alguem que caia neste argumento altruísta?)

"Parece-me chegada a altura de os sindicatos dos médicos pegarem frontalmente na questão dos vencimentos base dos médicos, que são inaceitavelmente baixos (...) Vamos dignificar o preço/hora dos médicos, lutando pela sua duplicação (no mínimo!)" (dignificar o salário dos médicos? e o preço-hora? será gozo ou estará a falar a sério?)



Bom, de facto, um discurso destes, só em Portugal com um médico português!! É um discurso de quem antecipa uma perda de poderes a nível da classe médica!
Os médicos querem dominar a saúde em cima de uma faca de dois gumes, por um lado, querem barrar o acesso dos alunos ao curso de medicina, resultando daí uma (conveniente) escassez de profissionais, que consequentemente mantém o poder da reivindicação médica! Por outro lado, a falta de médicos impede que estes profissionais chegue a todo o lado! Por outras palavras, querem ser poucos, mas "abarcar" tudo!
E é precisamente neste tipo de discursos receosos, que roçam a ofensa, mostram o medo da antecipação dos final dos dias de reinados dos senhores doutores!
Neste momento, a classe médica é uma classe vendida ao capitalismo... todos sabemos porquê!
O que acho aberrante é os médicos achem que ainda conveçem alguém com o seu discurso demagógico e altruísta! Podem dizer o que quiserem e como quiserem, mas o bom nome da classe dos Enfermeiros é que não pode ser usado desta forma!

Comments:
1º. acho piada a que meta tudo isto aqui mas não tenha deixado nenhum comentário ao post desse blog (que foi considerado em Janeiro como estando nos 10 melhores blogs nacionais)

2º. "por um lado, querem barrar o acesso dos alunos ao curso de medicina, resultando daí uma (conveniente) escassez de profissionais"

Aconselho-o a ler esta entrevista, onde ficará a perceber que Portugal tem faculdades de medicina a mais:
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=240431&idselect=229&idCanal=229&p=200

3º. "Neste momento, a classe médica é uma classe vendida ao capitalismo"

Basta ir uns posts abaixo para ver um colega seu dizer que se devia boicotar a EPH por 1000 euros/mês! Se isso não é capitalismo não sei o que será...

4º."Vamos dignificar o preço/hora dos médicos, lutando pela sua duplicação (no mínimo!)"

Lá vem você com o dos médicos ganharem muito... e depois vem aqui lançar pro ar que médico X ganha 12000 euros/mês... enfim, gostava de saber como o consegue!

5º. "o bom nome da classe dos Enfermeiros é que não pode ser usado desta forma!"

Ele só criticou numa linha a ordem dos enfermeiros, coisa que vocês têm vindo a fazer constantemente desde há uns meses pra cá... não sei onde vê ofendido "o bom nome da classe dos Enfermeiros"


Cumprimentos,

um aluno de Medicina
 
Vem é com prazer que participo nesta discussão... O sumo que retiro do artigo ou Post é de que a existência de só o Enfermeiro nestes centros de saúde irá diminuir a qualidade dos serviços prestados.

Puro engano... Pois senão veja-se quando um médico faz SAP( na noite) no dia seguinte não está no Centro de Saúde, com a sua devida lógica.

Logo como estes profissionais são escasso temos que os rentabilizar, assim fez o Ministro rentabilizou os recursos da melhor forma que o podia fazer.

Agora se o fez da melhor forma? Bem penso que aqui queria ver melhor esclarecido o acto médico e o de Enfermagem, isto porque quando há dúvida, o acto de enfermagem nunca existe para esta classe e a culpa é sempre transferida. É com algum receio que vejo esta situação.
 
Um médico tira à vontade 12000 euros mês com Sigics e o roubo que faz ao Estado em horas extraordinarias que sao pagas a mais de 50 euros/hora!!! Há médicos no Hospital que chegam a fazer 72horas seguidas de horas extraordinarias.

É claro que só o conseguem porque vão dormir para o Hospital e estão a maior parte do tempo sem fazer nada, pondo o Interno a Trabalhar para eles, enquanto o Senhor Especialista DORME!!!!


Isto passa se num Hospital Publico de Portugal.

Pura curiosidade: um dos médicos tirou só o ano Passado rendimentos na volta dos 240 mil euros!!! Isto num Hospital do Estado.

Só nao sabe, quem nao vê...


Realmente salario base ( de acordo com eles è baixo!).Isso nao discuto, mas ponho em causa o dinheiro que levam ao Estado nos Sigics e nas Horas extraordinárias!

Deviam ter Vergonha estes dirigentes políticos e mesmo os médicos, dizendo que ganham mal...


Afinal, nao ganham assim tao mal com estes extras....
 
Não se discute o salário base dos médicos? É mais elevado que o salários dos outros licenciados da função pública! Queixam-se de quê? Por essas e por outras (por roubarem tanto ao nosso bolso) é que cada vez mais a classe médica é descredibilizada!
 
Um visitante curioso que se auto-denomina de "aluno de medicina" deixou um comentário curioso, mas que revela inocência e indícios de corporativismo bacoco, senão vejamos:

1º "por um lado, querem barrar o acesso dos alunos ao curso de medicina, resultando daí uma (conveniente) escassez de profissionais"
Aconselho-o a ler esta entrevista, onde ficará a perceber que Portugal tem faculdades de medicina a mais:
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=240431&idselect=229&idCanal=229&p=200

Bom de facto, conheço estudos baseados no interesse corporativista que defendem muitas teorias acerca do ensino médico. O amigo diz que Portugal tem muitas faculdades de medicina. Antes de mais este é um indicador falível e falacioso, pois se cada faculdade resolver ter 30 alunos, então, as faculdades teriam 210 alunos em todo o país... Por outro lado, comparando o rácio médico/hab de Portugal constata-se que o nosso país tem metade do rácio italiano, por exemplo!!


2º "Neste momento, a classe médica é uma classe vendida ao capitalismo"
Basta ir uns posts abaixo para ver um colega seu dizer que se devia boicotar a EPH por 1000 euros/mês! Se isso não é capitalismo não sei o que será...

Com esta fez-me soltar uma gargalhada! Para si 1000 euros é ser capitalista? Estas palavras vindas dos médicos até merecem um aplauso, pois não são raras as vezes que médicos prejudicam doentes por causa do capitalismo!! Exemplos? Mais do que muitos... nem preciso falar, pois não?!?


3º "Lá vem você com o dos médicos ganharem muito... e depois vem aqui lançar pro ar que médico X ganha 12000 euros/mês... enfim, gostava de saber como o consegue!"

Com esta "tirada", o sr. "aluno de medicina" revelou uma ingenuidade tremenda. O Sr. aluno, não sabia que um chefe de serviço a fazer bancos de 24 horas nos "dias certos", e que ainda por cima trabalham em exclusividade apesar de trabalhar no privado, aufere vencimentos desta natureza??
Para mais explicações, peça-as no blog medicoexplica que percebe mais do que eu como extorquir dinheiro dos bolsos dos contribuintes!
 
É óbvio que é um prazer comentar no blogue do doutorenfermeiro (o título diz tudo!) enfermeiro licenciado, quererá dizer. Mas o que me aflige é a frustração que o senhor enfermeiro demonstra. O senhor não defende a sua classe nem a sua profissão, o senhor alegra-se na política do "botabaixo" por tudo e por nada. Pois digo-lhe: os enfermeiros são tão corporativos como os médicos, fazem tantas horas extraordinárias como os médicos, trabalham tanto na privada como os médicos, há enfermeiros tão maus como há médicos maus; os salários base dos médicos e enfermeiros são semelhantes. No topo da carreira o salário base dos enfermeiros ´s maior do que os dos médicos. Já começa a haver enfermeiros no desemprego. Em breve veremos os sindicatos e as ordens a dizer que há escolas de enfermeiros a mais.

Vivemos no capitalismo, não vivemos? Conhece outro regime político que tenha vingado?
 
No dia de 8 de Maio o tal de bastonário da ordem dos médicos (como não sei o nome identifico-o como bigodes) foi ao jornal da TVI dizer que irão morrer pessoas em Bragança.

Meu caro, seguramente. Mas não só.

Permitam-me só fazer uma correção:
- disse a supracitada figura, que o ministro da saúde não queria médicos toda a noite a "dormir" em regime de urgência noturna com o estetoscópio ao pescoço. Disse ainda que agora iriam ser enfermeiros com o telefone ao pescoço!?

Meu caro, para si não era um estetoscópio que deveria ter ao pescoço; deveria sim ser uma peça de fios unidos e torcidos uns com os outros (vulgo CORDA).
 
Há muitas maneiras de se conversar e discutir os temas.
A reacção a um post de outro blog é francamente desproporcionada, exagerada, entrando num tipo de discurso que desinforma quem não está por dentro das coisas e regala apenas quem está interessado em procurar chavões, aqui presentes em abundância....

Isso é bom para vender jornais, mas penso que a blogosfera serve para ir um pouco além disso, com discussões descomplexadas e realmente esclarecedoras.

1º: É o ministério da Educação (e não o da Saúde) que fixa as vagas de Medicina que se abrem em cada ano. Não os médicos (nunca o foram).

2º: A má relação médico-doente em Portugal, em diversas regiões, deve-se apenas à má distribuição e gestão dos recursos físicos e humanos por esse país fora.

Quanto ao facto dos "médicos" gostarem de dinheiro, lamento dizer-lhe que não descobriu a roda.

Quanto ao facto de haver médicos desonestos, julgo que isso também já foi inventado.

E no dia em que alguém lhe disser que os enfermeiros, bem como todas as associações de seres humanos, gostam de dinheiro e têm elementos desonestos, pode dar-lhe a boa notícia de não padecer de alguma forma grave de esquizofrenia naquele preciso momento.

Ou seja, pouco, muito pouco em resposta ao post que tanto critica.

http://juramentodoshipocritas.blogspot.com/
 
MAS O QUE É ISTO???

"os salários base dos médicos e enfermeiros são semelhantes" (LICENCIADO MÉDICO, 2007)

Ai que me vai dar um "gómito"! Não aguento mais de tanto RIR!

"fazem tantas horas extraordinárias como os médicos" (LICENCIADO MÉDICO, 2007)

Meu caro, olhe que não. Na realidade, os enfermeiros fazem (porque têm de fazer, senão mais valia estar a dormir) mais horas extraordinárias, mas com uma pequena diferença: NA REMUNARAÇÃO SALARIAL. Para eu ganhar o que o meu caro ganha num turno extraordinário, terei eu que fazer TRÊS TURNOS EXTRAORDINÁRIOS.

"No topo da carreira o salário base dos enfermeiros ´s maior do que os dos médicos"(LICENCIADO MÉDICO, 2007)

Bom, a esta nem vou responder...

E sim meu caro, há enfermeiros no desemprego (é um leitor atento - parabéns!). Se há curso de enfermagem a mais? É como diz (mais uma vez acertou).

Quanto aos regimes políticos, foge um pouco ao tema da questão pois levar-nos-ia a uma profunda discussão histórico/ideológica. Enfim, poderei debater tal assnto, mas não hoje.

Santo Deus...
 
O medicoexplica pode ser um "bom homem" para os jornalistas, mas para os restantes profissionais de saúde que conhecem minimamente o sector, o homem é uma paródia!

A começar pela comparação que fez dos salários base dos médicos e Enfermeiros. Demonstra estar muito mal informado. Informações correctas seriam úteis no debate, e preveniriam afirmações desprovidas de qualquer sentido!

De facto, os Enfermeiros fazem muitas horas extra, mas, lamento informar-lhe que de extra só têm o nome, pois são pagas em tempo... quando são...

Em relação ao anónimo que diz que é a tutela quem fixa as vagas do curso de medicina... sr. anónimo, por favor, não me faça gastar o meu teclado em explicações que toda a gente sabe acerca dos lobbys e interesses médicos nesta questão em particular, pois não?

Mais. A questão dos médicos gostarem de dinheiro não é linear como se poderá pensar. É que além de serem capitalistas, são-no usando (abusivamente) o dinheiro dos contribuintes!
Exemplos? PECLEC's dentro de horas normais de trabalho, horas extra feitas indevidamente, turnos de prevenção em que não estão contactáveis, exclusividades não cumpridas, baixas produtividades, migração de doentes do público para as suas privadas, usarem camas dos hospitais para doentes das suas privadas, verbas cobradas indevidamentes, etc, etc,... já nem falo naqueles "roubos grosseiros"... do tipo "com recibo é X, sem recibo é Y"... e outros afins!

E mais, basta estar por dentro das realidades de muitos SAP (o de bragança não conheço!), mas muitos médicos, o que lá fazem, qualquer um faz.... transferir, transferir, transferir, transferir... daí que acho estranho falarem em qualidade!

Por fim, o sr. medicoexplica disse que " O senhor não defende a sua classe nem a sua profissão"...
Caro médico, se é tanto contra a iliteracia, então leia mais antes de afirmar o que quer que seja!
 
Sr Doutor Enfermeiro

Está em boa posição para fazer um favor a todos, denunciando o que sabe sobre essa corrupção toda que gira à sua volta.

Em primeiro lugar, aos potenciais "utentes", que devem ter o direito a um ar mais límpido do que aquele que S.Exa, pelos vistos, respira.

E depois, acredite, aos médicos que não se revêem nessa sua infantil generalização.
 
"Por outro lado, comparando o rácio médico/hab de Portugal constata-se que o nosso país tem metade do rácio italiano, por exemplo!!"

Em Itália há mais de 30000 médicos no desemprego! Bad choice ;) E o ensino médico italiano nem cá tem prestígio o que é mau sinal, porque o português costuma achar que o que vem de fora é sempre melhor. Abriram tantas vagas e tantas faculdades que aquilo ficou tudo ao molho e com uma qualidade de ensino que deixou muito a desejar (daquilo que ouvi de amigos em erasmus a prática clínica era extremamente reduzida mesmo nos anos clínicos). Creio que nos últimos anos têm andado a tentar reverter tudo isto.
 
Caro anónimo, o paralelo com a Itália não foi feito por acaso. Pense melhor....
 
Há mta tendência para usar a Itália para mostrar a falta de médicos em Portugal. Porém, não é um número que faça sentido considerando o número abismal de desempregados. Seria normal existir um número residual de desempregados como existe em qualquer profissão em qualquer país, mas 30000 parece-me de facto exagerado. Escrevi o meu post anterior para clarificar algum leitor que não soubesse da existência do desemprego médico, para que não pensasse que seria um exemplo a seguir.
Por outro lado também temos um ratio superior a muitos outros países que até têm sistemas nacionais de saúde com alguma fama. Os ratios são enganadores e acabam sempre por depender de muitos outros recursos, tanto físicos como humanos. Ou seja, não reflectem sozinhos a verdadeira qualidade do serviço.

Eu própria não concordo com a famosa afirmação do número de faculdades por cada dois milhões. Mas olhando para o número de alunos que entrou no ano passado em medicina (perto de 1300), fico com a ideia que será já um número considerável, especialmente quando comparado com aquilo que era há uns aninhos atrás (cerca de 600). Não espero que os sucessivos governos passem as próximas duas décadas a dizerem que o problema da saúde em Portugal é a falta de médicos (e é bastante possível que daqui a duas décadas essa "falta" seja "fartura") quando há muitas mais pessoas e coisas envolvidas no SNS e que contribuem definitivamente para a sua qualidade.
 
Esta conversa das corporações, dos lobies e dos ódios de estimação já está gasta.
Existe em todas as profissões, é absolutamente tranversal e o objectivo tem de passar a ser não a "disputa" mas a inter-relação, a cooperação. Há que não perder de vista quue para além dos umbigos das profissões da saúde, no centro está o doente/utente/cliente.
É para ele, para o seu bem estar, quer no tratamento tendente à cura, quer nos cuidados paliativos, quer na prevenção, que o discurso tem de estar virado.
Um serviço de aúde é multi-disciplinar e nada se faz sem o médico, o enfermeiro, o gestor ou os AAM.

Para quando a viragem?
 
naoseiquenome usar,

muito bem; concordo com o que diz.
 
O nosso sistema de saúde tem muitos problemas que passarão por muitos profissionais e recursos, mas os médicos terão a sua grande responsabilidade em não protegerem mais os interesses dos utentes ao invés dos seus.

Os utentes devem ser o cerne de todo o sistema. Não obstante, obviamente, que cada classe defenda os seus interesses dentro de limites razoáveis.

Deveria a classe política retirar o poder excessivo à classe médica?
Penso que os utentes ganhariam com isso.

Se existe um problema de escasez de médicos em Portugal e se o nosso país não tem capacidade para formar o número adequado, porque não trazer médicos estrangeiros (que por vezes demonstram empenho extra) até um número satisfatório?

Porque ganharão mais os médicos (licenciados) mais que os outros licenciados?

Porque não encontrar mecanismos de aumento de produtividade médica, preferivelmente sem incentivos exagedaremte capitalisatas? Parece existir um problema de produtividade como corrobora a Srª anónima "Por outro lado também temos um ratio superior a muitos outros países que até têm sistemas nacionais de saúde com alguma fama." Existe um ratio superior, o que não contribui directamente para a fama do nosso sistema de saúde...

Enf. Rui
 
Se existe ou não má distribuição de médicos, é uma questão a debater. O que é fácil de constatar é que é didícil mobilizar médicos para o interior... e porquê? Se existissem médicos em excesso, até para vagas na aldeia mais remota de Portugal concorriam...
O desemprego é uma forma de equilibrar as reivindações de uma profissão.
Se Portugal, ao invés de ter 55 mil Enfermeiros, tivesse 20 mil, todos podemos imaginar o quanto diferente seria a conjuntura neste momento!
Aos médicos não interessa o excesso: querem manter um déficit crónico, no sentido de manter poder de reinvicação, de faxer com que hospitais e clínicas "necessitem" deles, e por esse motivo dispõem de uma certa liberdade...
que não existe em Espanha, por exemplo, onde quem não está bem com o que tem... a porta está sempre aberta!
Trabalho com médicos espanhóis que me contaram a exploração que sofreram noutros tempos no país vizinho. Desde a humilhação pública à súplica por um emprego!
Um desses médicos tem uma certa razão lógica no que diz: a classe médica que tanto prejudicou e humilhou utentes com a sua autoridade ríspida, que quando os médicos se encontraram numa posição fragilizada foram fulminados, troçados e finalmente desprezados....
Daí a lógica de manter a "falta de médicos"... vencimentos agradáveis, boas ofertas para estimular a mudança de local de trabalho, regalias consideráveis, reivindicações exageradas... tudo isto é atendido, pois são precisos... mas noutros países ficaram boquiabertos quando os sucessivos ministérios anunciaram que em vez dos médicos, entrariam os enfermeiros em acção.
Os médicos em rejeito de retaliação, lançaram calúnias sobre os Enfermeiros... que mais tarde foram afastadas pela existência de estudos que apontam para a extrema qualidade do atendimento por Enfermeiros.
 
Sim!
 
Este comentário foi deixado por mim no blog medicoexpplimedicinaaintelectuais.blogspot.com

"Caro MEMI,
de facto a lista de fármacos dos enfermeiros não é, como seria lógico, igual ao dos médicos especialistas. Assemelha-se "grosseiramente" a um clínico geral.
O erro de muita "boa gente" é presumir que os Enfermeiros começam a prescrever independentemente após o términus do curso. Isso não é verdade! Nem para os enfermeiros, nem para os farmacêuticos, nem para os médicos.
Logicamente é admnistrada uma formação para a prescrição, pois nem todos os enfermeiros são prescritores.
Na internet facilmente terá acesso à lista de fármacos disponíveis para receita por enfermeiros.
Todos sabemos que não é lógico, esperar pelo médico para prescrever um aspegic, um nolotil, antibióticos para infecções simples, insulina, vacinas, anti-inflamatórios, anti-histamínicos.
Não referi, por ser lógico, mas qualquer situação que ofereça dúvidas ou que seja considerada para estudo, deverá ser encaminhada para médicos.

Caro médico, como saberá os enfermeiros administram uma multiplicidade de fármacos não prescitos quando é necessários, suturam e intubam quando é necessário, fazem gessos e infiltrações inclusivé, ajustam doses de insulina, enfim, um rol de acções que são realizados há muito tempo por enfermeiros, mas sem reconhecimento legal.
Há instituições onde os enfermeiros fazem requisições analíticas e ajustam medicação por protocolo...
Bom, por este país fora, existe muitas situações que muitos sabemos....
Os enfermeiros não o querem fazer pelo gozo (pois como imagina isto acarreta responsabilizade e exposição ao erro!), querem é dinamizar a máquina da saúde, com as vantagens inerentes que todos conheçemos para os utentes envolvidos! "
 
Caros colegas destas andanças da blogosfera, eu não gosto nada de defender a minha profissão com o ataque a outras classes profissionais, tenham elas maior ou menor "preponderância" na opinião pública deste país.
Neste espaço de discussão, que de uma forma ou de outra tem vindo a provocar o debate e a livre expressão de opiniões sobre questões que são transversais às diversas profissões da saúde, porque de "médico e de louco, todos temos um pouco", que é como quem diz que de saúde e de mesinhas todos sabemos, muito mais empolgante e por vezes, mais difícil fica o diálogo e o confronto de opiniões.
Porque, como disse atrás, não gosto de criticar outros, para me defender amim, tambám não gosto que outros o façam e a intervenção de ontem, do sr. Bastonário da Ordem dos Médicos na TVI (Jornal Nacional), deixou-me incrivelmente "lixado" (desculpem mas foi assim que me senti)!...
Espero que alguém da Ordem dos Enfermeiros tenha visto e que saibam responder usando os mesmos meios de comunicação ou que lhe façam chegar aquela entrevista, que se necessário e caso se justifique aqui trarei e abordarei mais promenorizadamente...

Porque é que os media continuam a dar relevância e tempo de antena, apenas e só a algumas vozes na área da saúde? Como é que se pode dar credibilidade e lançar o pânico a uma população (neste caso em Bragança) com declarações que apenas pretendem manter corporativismos e a encher os bolsos dos mesmos? É preciso lutar e a nossa Ordem tem que vir reclamar, porque os Enfermeiros foram ali uma vez mais enxovalhados em directo e sem direito a defesa e a contraditório!
Porque por vezes é necessário reagir e não dar a outra face!

Vou tentar pôr aqui o link do vídeo (se existir).

Enfermagem XXI
 
O link era óptimo!
 
Descobri o link do vídeo:

http://www.tvi.iol.pt/mediacenter/home.php?tipo=2&art_id=&mul_id=5817302&pagina=1&psec_id=#
 
Vão ao site da TVI e depois clicam em "mediacenter", está nos "vídeos"

(Não sei se é preciso ser cliente da iol ou estar registado, eu pessoalmente não consigo abrir o vídeo)...
 
Sou leitor assíduo deste blog e do blog do MédicoExplica.
O MédicoExplica é um autor com provas dadas, parece-me um homem sensato e com uma visão abrangente do quotidiano. É médico, certamtente que defenderá a sua classe. Em relação aos enfermeiros já demonstrou ter total respeito e valorização do seu trabalho, especialmente pelos licenciados.
Em relação a esta temática da prescrição parece-me óbvio colocar dúvidas (como qualquer um) em relação à segurança e aplicabilidade na prática.
Eu já fui totalmente contra a prescrição farmacológica dos enfermeiros, sobretudo porque considero que a maior parte dos enfermeiros desconhece o que é a Enfermagem e o enorme potencial terapêutico que possuem. Sou sincero, na minha licenciatura apenas encontrei um "prof" que me mostrou o que verdadeiramente um enfermeiro faz e pode fazer e de que forma se pode demarcar das outras profissões, demonstrando a sua imprescindibilidade. Claro que é preciso investir e, obviamente, consultar enfermeiros experts para crescer como profissional. Para mim o Curso de Licenciatura em Enfermagem ainda não prepara os alunos para exercerem a actividade autónoma de forma satisfatória e claro que não os prepara para serem prescritores farmacológicos. Porém, como não sou um dinossauro do tempo, consultei os estudos realizados no RU e a verdade é que ficou provada a eficácia e segurança da prescrição dos enfermeiros.
Assim, com formação avançada e num modelo semelhante ao do Reino Unido, apoio totalmente a prescrição farmacológica pela classe a que orgulhosamente pertenço.
Parece-me que os médicos e os enfermeiros nada têm a ganhar com a guerra aberta que me parece estar a chegar. Lutemos em conjunto por melhores condições para todos. Relaciono-me extremamente bem com os médicos com os quais trabalho. Eu respeito o seu trabalho, eles o meu. Fazêmo-lo em conjunto e penso que somos formamos uma excelente equipa multidisciplinar.
Em relação ao colega DoutorEnfermeiro, autor do blog, sei que é um excelente profissional e um lutador pelos direitos da classe. É "agressivo" nas afirmações, mas quem não gosta não lê. Eu gosto do blog, especialmente pela qualidade da informação relativa à enfermagem e aos enfermeiros que fornece. Ainda é coisa rara na "net"...
Um abraço a todos.
 
Colega Rui, existem vários Enfermeiros assíduos e regulares na comentação. O colega é um deles, e desde há muito presenteia este blog com opiniões de qualidade e construtivas.
Congratulo-me por isso.
Um grande abraço,
DE
 
Colega DE, muito obrigado.
Um grande abraço para si.
 
Caro colega EnfermagemXX1:

- sei perfeitamente o estado mental em que ficou ao ver as baboseiras que o tal BIGODES proferiu ignorantemente no dia 8 do presente mês, no canal TVI.

Relativamente a essa passagem miserável, diria mesmo desprezível, já tive oportunidade de me pronunciar (creio que claramente) num post mais acima.
Penso que seria de esperar uma reacção enérgica ao desaforo, à insolência daquela (triste) figura.
Continuo assombrado com a relevância que se dá a esta figura, sem que exista a honestidade de possibilidade de resposta ou debate, por parte dos media em causa (TVI).
Penso que se impunha uma resposta em tudo semelhante, no tom e na forma, por parte da nossa Ordem ou outra representação profissional (penso que o sindicato dos enfermeiros do norte se encaregará disso - fico ansiosamente à espera).

UM GRANDE ABRAÇO CAMARADAS!
 
Num destes dias visitei um blog, que é claramente definido pelo próprio nome: placebo.

Escrevi o seguinte:
Sim senhor!
Roça quase a poesia. Muito bem!
Disse umas pouscas verdades, mas umas tanta idiotices.
Então de quê é que nos queixamos?
Olhe, podemos começar pela total falta de respeito do seu bastonário para com uma classe profissional que desconhece no todo, como é evidente pela entrevista que o sr "bigodes" deu na TVI, enfim, uma vez mais em directo, a dizer o que bem quis, isto sem possibilidade de resposta (viva a democracia!). Porra já não há PACHORRA para ouvir tal figura.
Relativamente a esssa triste entrevista já dei a minha opinião no tal blog que referiu.

E deixe dizer-lhe: põe este a um cantinho (nem que seja do céu, desse mesmo céu que os meus caros tanto procuram apropriar - mas olhe que esse mesmo céu é como o sol: quando nasce é para todos).

Ponto final, e... até quinta!

E mais não escrevi porque já me estava a dar seca!

Um futuro blog a visitar será esse de médicoexplica. Também eu quero lá explicar umas coisas (o mais natural é que sejam eliminadas, mas é como o outro diz: que se dane a taça que é de barro.
 
Sr. Bastonário, os "Enfermeiros não usam os estetoscópio ao pescoço"!
Então enquanto os médicos estiveram de serviço, não morreram pessoas em Bragança? Então com um Enfermeiro de presença física e um Médico de chamada, vão aumentar as mortes? Como é que neste país funcionam os hospitais durante amaior parte do dia? E à noite quem está nas enfermarias e quem é que está no seu quartinho a ganhar dinheiro e a dormir descansado? Quem é que é chamado durante a noite, e tantas vezes pergunta se é mesmo preciso ir observar o doente e tantas vezes "prescreve" telefonicamente porque custa muito sair da cama, apesar de a sua obrigação ser vir à enfermaria e fazer ele próprio o exame do doente!
Quantos de nós Enfermeiros, já encobrimos e fomos "cumplices" destas situações? Julgo que enquanto alguns médicos e a maior parte dos seus Bastonários (seus representantes legais) persistirem e optarem por este tipo de argumentações - de ataque aos Enfermeiros - que é preciso deixarmos de ser "anjinhos" e os nossos representantes legais - a Ordem dos Enfermeiros - fazer ouvir a sua voz, mostrar e demonstrar que estamos no séc. XXI e a Enfermagem não é a mesma de há décadas atrás e que os Médicos não são os suprassumos da saúde e da sabedoria no nosso país.
Não é este com toda a certeza o tempo presente, em Portugal, na Europa e o no mundo, e muito menos o será no futuro imediato.
Existem muitos outros protagonistas na saúde e todos eles merecem e devem ser respeitados!
Se é que o sr. Bastonário tb se quer dar ao respeito!

Enfermagem XXI
 
Sou enfermeiro com 20 anos de exercicio profissional. Já vi de tudo! Os Senhores médicos, sabem muito bem que o sistema lhes pemite ganhar dinheiro de uma forma pouco correcta. de facto os salários base não são altos, mas sempre são dos melhores da função pública. (pelo menos meçlhores que os enfereiros e pouco abaixo dos Juízes). Claro que podiam ter melhores ordenados, só que não lhes interessa porque, fota ganham bem (privada), e ganham bem porque não cumprem os horarios no público. Os que estão em exclusividade continuam a fazer privada, mas ainda com uma vantagem: não passam recibos, com a desculpa de que não podem! E as horas extraordinárias? essas são um roubo ao erário público: fazem horas extras acomulando com o horário normal!!!Podem não ser todos, mas são a maioria. Faltam ao serviço e assinam...Por exemplo os clinicos gerais tem que fazer 35 horas, mas na realidade só fazem 20 horas mais 6 de urgência, e s restantes é para organização de ficheiro!! Como disse trabalho há 20 anos, passei por vários centros de Saúde e nunca vi nenhum médico a ocupar essas horas em organização de ficheiros....E aqueles que já fizeram 55 anos e pediram dispensa de horas de urgência, pelo que deveriam de ocupar as mesmas em outras actividades? Essas outras actividades é ...nãO fazer absolutamente nada!!! Quanto ao excesso de médicos, deixem-me rir, basta ver a média de idades de médicos de familia para perceber que daqui a 10 anos, começam-se a reformar 90% dos mesmos e não vai haver médicos suficientes para os substituir. Aqui sim, os politicos estão atentos e sabem como o vão resolver. vai ser como nos paises anglosaxónicos: dão formação a alguns enfermeiros, ficam prescritores e têm o problema resolvido, com profissionais que deixam de ter os vicios dos médicos e são muito mais baratos!!! Claro que não sou a favor, mas não há feitiço que não se vire cintra o feiticeiro...Até aqui os médicos com os seus "lobis", conseguiram que as faculdades formassem poucos, assim tinha os consultórios cheiros e alguns desse como eram profs. nem lá iam, apenas davam os nomes, e tinha os internos a trabalhar de graça...Os tempos mudaram e agora vem os extrangeiros... depois claro vem os enfermeiros que vão fazer o trabalho mais barato. Pessoalmente preferia que se abrisse as portas das faculdades ou de deixa-se outros licenciados fazerem o curso de medicina. Como em qualquer sistema mais vale a mais do que a menos, a concorrência é de salutar, caso contrário temos temos todo o tipo de vigarices e feudos a explorar aqueles que mais precisam... ou têm dúvidas? Podemo os senhores mécicos vir para aqui dizer o que quizerem, mas seria mais correcto da vossa parte estarem calados perante os enfermeiros, pois não há um enfermeiro a nível nacional que nãi saiba isto com vossas exelências muito bem o sabem!!! Agora não venham para aqui insultar a minha inteligência!!!

Atenciosamente (bach em enfermagem e licenciado em medicina)
carlos
 
Peço desculpa pelas gralhas do comentário anterior, não corrigi. penso que dá para entender.
carlos
 
Em teoria concordo plenamente consigo, carlos. Porém, há um pequeno problema nisso: como é que se vai fazer a concorrência?
Todos nós sabemos que os recém-licenciados passam por um período de internato onde tiram a especialidade. O acesso a este internato faz-se por meio de um exame que de avaliar competências reais dos médicos tem pouco. É uma idiotice de factos empinados para responder num exame de escolha múltipla baseado num livro (para quem não sabe é o Harrison's). E o exame tem sempre características de circo: este ano chegaram ao ponto de considerar respostas erradas quando estas vêm escarrapachadas no Harrison's. Imaginando um cenário em que há licenciados a mais para as vagas de internato (actualmente não há autonomia sem dois anos de internato), a selecção dos mais aptos vai ser bastante dúbia.

Abrir as portas das faculdades já existentes também tem alguns problemas: estão pelas costuras. O aumento de vagas nos últimos anos fizeram com que só já haja lugares livres no tecto e não vai demorar muito para que a qualidade comece a deixar a desejar. Abrir novas faculdades é uma pressão financeira enorme à qual o estado não consegue responder (já quase não há dinheiro para as que já existem quanto mais para abrir e manter outras). Logo, creio que é preferível para a saúde da população que se deixe vir os estrangeiros do que ficarmos à espera que o estado português arranje dinheiro para abrir mais faculdades. Também não nos esqueçamos que todos os portugueses que foram para Espanha e para a República Checa podem regressar para cá, o que também constitui um número considerável.
GC.
 
Meu caro Carlos, um bem haja pela sua participação neste espaço de bebate.

Verifico que está numa posição previligiada para tecer o comentário que teceu. Por um lado é enfermeiro, por outro, é também médico (presumo que de momento esteja só a exercer medicina), o que lhe confere, diria, alguma legitimidade na sua argumentação. Não por ir de encontro aquilo que vem sendo dito, mas porque diz a VERDADE.
Por essa coragem, DOU-LHE OS MEUS PARABÉNS!
Igualmente lhe dou os parabéns por ter atingido aquilo que presumo ser o seu desejo: o de exercer medicina, sem contudo, esquecer os seus princípios.
Porque não haverão as pessoas de escolher a profissão de sonho pessoal? Uns enfermeiros, outros médicos, outros agricultores...
Deixe-me só dizer-lhe que irá ter com certeza, algumas respostas menos afáveis por parte de alguns colegas seus médicos, cuja veia coorporativista e visão retrógada não lhes permite grande alternativa no discurso.

A todos um grande abraço!
 
Caro G.C. : Como sabe o actual sistema, ainda que, com algumas falhas, já começa a ser um sistema concorrencial: a maior parte dos hospitais são EP, que já começam a contratar os médicos, após internato especialidade, com contratos individuais de trabalho, para alem, como deve saber, do crescente crescimento de instituições hospitalares privadas, de grandes grupos económicos. Não há aqui mercado para concorrência? Nos cuidados de saúde primários, basta ver que as USF, foram criados com o sentido de concorrência, ou seja, quem tiver mais doentes mais ganha, para os ter é necessário qualidade. Como vai funcionar e quais os mecanismos mais corectos dessa salutar concorrência é outra história.

Quanto ao internato, o próprio sistema de qualidade dos hospitais vão fazer com que uns sejam mais procurados que outros para determinadas especialidades, e como deve saber tambem como eu, quantos colegas, entram em medicina com altas notas e depois ao nível do curso e internato não se revelam tão bons...mesmo que fiquem alguns de fora, haverá sempre outras altenativas...veja-se o caso dos licenciados em direito...mas pelo menos o crivo passa a funcionar, quanto ao método de selecção, é apenas uma questão de mudar...E ao contrario do que diz a Ordem dos médicos eu sou da opinião de que devem de existir Clinicos Gerais sem especialidade....

Faculdades: como sabe e eu posso falar, há bem pouco tempo lá estive, isso de estarem a rebentar pelas costuras é completamente falso, todos sabemos que a maior parte dos alunos não vai às aulas,tirando as práticas e teórico praticas, e aí é uma questão de gestão de salas e tempos. Como deve de saber, o ensino hoje é mais voltado para a investigação por parte do aluno, apenas lhes é dado os temas e principios básicos, pelo que muitas das aulas, podem ser dadas em sistema virtual, de acordo com o que se passa em muitos oputros países. (estou a falar das aulas teóricas). Ora essa de virem os médicos estranjeiros para cá, dá muito jeito à maioria dos colegas, pois o estado gasto muito mais dinheiro na sua formação especializada, para depois a maioria voltarem para os seus países, e como disse dá muito jeito, porque depois ficam novamente os serviços desprovidos dessas especialidades, e alguns médicos nacionais, mais uma vez passam a ficar com os consultórios cheios ou a ganhar horas extras....
Por exemplo, num hospital do norte, há bem pouco tempo abriu 5 vagas de uma determinada especialidade, da qual estava carente, entraram na mesma 5 internos, das quai 4 eram espanholas e 1 portuguesa, resulatdo, no final do internato, como essa especialidade no país vizinho tinha falta de médicos, os mesmos regressaram e ficaram 4 vagas nesse hospital por preencher, com todos os incovenientes que daí resultam... e esteve o estado português a investir em formação... para o país vizinho,que por sinal até é mais "POBRE".
Ora, porque não abrir à iniciativa privada os cursos de medicina??? Não me venham com as tretas da falta de qualidade, ou será que a qualidade só existe em medicina??? E direito?? e Enfermagem ??? e Medicina dentária?? sabiam que por exemplo ao nível da medicina dentária, a qualidade das faculdade saumentou desde que hove concorrência estado/privada, e que até há bem pouco tempo, uma das privadas tinha melhor qualidade de ensino?? sabiam que por exemplo em espanha, existe uma faculdade Privada de Medicina em Navarra, e que é umas das melhores??? Ou será que o problema é que ao abrirem as privadas as Estatais vão perder professores e ficarem com pior qualidade??
Ou porque não abrem as estatais vagas para licenciados de outras áreas em grande número, e cobram propinas mais altas a esses candidatos, já que fizweram um curso, e assim aumentam o rendimento das mesmas para melhorarem as condições? Falta de professores? Então porque não contratam extrangeiros???
Como deve saber o Curso de medicina ainda é, tirando Braga e Covilhã, um dos cursos em que a taxa de desistência é muito grande. Até bem pouco tempo via-se curos em Que os que chegavam ao términus do mesmo eram quase metade....Em relação aos portuguêse que foram para o estranjeiro fazer os cursus,admira-me que tambem não ponha em causa a qualidade de alguns países, e onde há muita qualidade, até sabemos que uma grande parte desses alunos acabam por ficar por lá..

Abraço, Carlos.
 
Eu estou ainda em Medicina, por isso a minha visão do curso é ligeiramente diferente da sua. O numerus clausus aumentou bastante nos últimos anos (há faculdades onde triplicou) e, considerando que já é médico, é impossível que tenha sido afectado directamente por isso.

De facto, poucos vão às teóricas mas mesmo nas aulas práticas e teórico-práticas é complicado. Tive muitas em que alunos tiveram de ficar em pé e estávamos tds em cima uns dos outros. Até as salas mais pequenas têm o maior número possível de bancos (ocupam menos espaço) e de cadeiras (o que faz com que o ar fique saturadíssimo - quem entra numa sala onde acabou de decorrer uma aula de 2 horas costuma tentar voltar a sair). Mesmo em termos de horários, considerando que há salas e laboratórios específicos para algumas cadeiras, não dá para mais porque estão ocupadas a praticamente todos as horas, com a excepção da hora das teóricas. Quando acontece algo e é necessário uma aula extra ou de substituição (a pedido nosso ou do assistente) costuma ser complicado arranjar uma sala. Convém dizer que o sítio onde ando até tem um edifício novo e mesmo assim não dá.

Nos anos clínicos a situação tem vindo a piorar ano após anos pois cada ano tem mais alunos do que o ano anterior. Os vários hospitais já estão nas suas capacidades máximas: não há mais médicos nem mais pacientes para tantos alunos. O nº de alunos para cada médico aumenta, é necessário pedir (porque raramente são pagos) a mais médicos para serem assistentes mesmo que sejam péssimos, porque a necessidade não permite escolher. E isto sim é grave.

Como diz, e muito bem, nos anos teóricos até existe a possibilidade de deixar grande parte da aprendizagem a cargo do aluno e na minha faculdade até vão fazer uma mudança curricular por causa disso: não há dinheiro para suportar tantos alunos/assistentes com o método tradicional. Nos anos clínicos, isto é impossível e já se fala em acordos com hospitais tão distantes que tenho dúvidas como é que alunos já deslocados ou com dificuldades financeiras terão a possibilidade de fazer os estágios/rotações. Neste momento, já é possível ir para sítios distantes mas que permitem ir e vir tds os dias. Porém, há gastos financeiros por causa disso que ninguém subsidia.

Quanto às desistências, já ando há uns aninhos nisto e o número de alunos do meu ano continua o mesmo: absolutamente gigantesco... Desistiu uma meia dúzia logo no princípio e até agora continua tudo. Nos outros anos também não se nota qualquer tipo de redução em relação ao número de alunos que entrou. Creio que a última avaliação (daquela instituição que avalia todos os cursos em todas a instituições) aponta uma taxa de conclusão de 80% em 6 anos e uma taxa inferior a 5% de desistências.

A minha faculdade até abre vagas para licenciados. Foram tantos os candidatos que acabaram por só aceitar pessoas que já tinham, no mínimo, um mestrado. Como eram quase todos de áreas de ciência básica, estão neste momento a fazer o curso praticamente todo na mesma. Creio que legalmente não é sequer permitido cobrar uma propina mais elevada a estes alunos. Se o fosse, quase que aposto que o fariam lol.

Os portugueses costumam ir tirar medicina para espanha e república checa. Se até os espanhóis vêm para cá tirar as especialidades, não sei porque é os portugueses não o fazem também. Aliás, se olharmos para as notas do Harrison's, vêm-se lá mtos nomes portugueses com nota 10 de curso, o que faz suspeitar que sejam mesmo os que regressam (de Espanha porque a ida para a república checa é muito mais recente). Daquilo que tenho ouvido por intermédio de amigos meus, os da república checa também não têm intenções de ficarem lá. Alguns ponderam outros países (como UK e USA - com os problemas que o UK anda em termos de internatos não vai demorar muito a só pensarem nos USA) juntamente com Portugal, outros pensam mesmo em regressar a Portugal.

Eu sei que os estrangeiros costumam vir para cá e regressar mas entre ter uma determinada população sem médico de família, por exemplo, e ter uma população que vai mudando de médico de família de x em x anos, prefiro a segunda. E o aumento de vagas que existiu nos últimos anos vai fazer com que haja mesmo muitos médicos. São 7 faculdades, com os números de vagas mais altos em décadas, e ainda dois ciclos básicos na madeira e nos açores. Até lá, tem de se ir fazendo alguma coisa, porque não vamos abandonar as populações e dizer-lhes que esperem pela resolução dos problemas daqui a umas décadas.

Em relação à concorrência: claramente que é possível e já existe num nível mais avançado. E isso é altamente saudável e desejável. A nível do acesso ao internato, não existe. Há sempre conversas e tentativas de mudança, mas até agora nada. Andam a falar num novo modelo do qual desconheço as particularidades. Espero que seja melhor do que o actual e que seleccione realmente alguma coisa de jeito.

Ah, e em relação às privadas, não tenho nada contra. Muitos professores das públicas iriam para elas, mas muitos também ficariam devido a outras posições que ocupam e que não me parece que as faculdades consigam atingir em poucos anos, apesar de eventualmente o conseguirem com o tempo (a nível de investigação por exemplo). Aguçaria a competição pelos melhores e faria com que todas as faculdades tentassem melhorar para chamar mais e melhores alunos. Creio que a OM deveria mudar a sua posição e utilizar até o tal exame (em versão "seleccionador de jeito") com uma classificação mínima para todos os licenciados (vindos do público ou do privado). Só quem tivesse essa classificação mínima é que teria carteira profissional e deixávamos de ter a OM a reconhecer ou não cursos superiores.. A nota do mesmo exame serviria também para acesso à especialidade com as vagas que houvesse. Em relação à questão da autonomia e a possibilidade de exercer sem 2 anos de internato, a solução seria bastante mais complicada porque não creio que exista espaço numa medicina cada vez mais difenciada para médicos sem qualquer tipo de especialização.

Abraço, GC
 
Antigamente as mesmas faculdades suportavam muitos mais alunos do que agora, porque é que suportam nos dias de hoje?
 
Antes do 25 de Abril, havia três faculdades e nelas estava a entrar um número crescente de alunos, que chegou a cerca de 4.000 em Outubro de 1973. À medida que o número de alunos aumentava, a percentagem de chumbos nos primeiros anos, em particular nas cadeiras de Anatomia, diminuía. Assim, depois do 25 de Abril, o mais difícil problema com que se defrontaram os Secretários de Estado do Ensino Superior foi o de encontrar lugar nos hospitais para os estudantes de medicina do 4º ano. Além dos Hospitais Escolares e dos Hospitais Civis de Lisboa, foi necessário estender o ensino de Medicina aos Hospitais Pulido Valente, Egas Muniz , Curry Cabral, IPO, Hospital Militar, Hospital da Marinha. Pensando no futuro, o Secretário de Estado Avelãs Nunes que me precedeu, gizou um esquema em que os estudantes não entrariam para um primeiro ano de Medicina, mas para um tronco comum, com um ou dois anos, conforme as Faculdades escolhessem, que depois se bifurcaria em vários ramos, um deles Medicina.
Em Outubro de 1975, não havia então numerus clausus, inscreveram-se cerca de 4.000 alunos neste tronco comum. A Faculdade de Medicina do Porto, em que se inscreveram 1200, fez logo saber que optava pelo tronco comum de um ano e que, no ano seguinte, só aceitaria 300 alunos em Medicina. O 6º Governo Provisório, nos seus 10 meses de vida, criou e pôs em funcionamento, a partir do zero, uma Escola de Medicina Dentária, criou um curso de Nutricionismo, assegurou o funcionamento de uma segunda faculdade de Medicina no Porto, o Instituto Abel Salazar, remodelou e admitiu professores para a Escola Superior de Educação Física do Porto, e convenceu a Faculdade de Medicina a aceitar no ano seguinte 350 alunos, que foram os que entraram. No entanto, no ano a seguir, voltou-se ao 1º ano de Medicina e a Faculdade de Lisboa admitiu todos os alunos do tronco comum, em Medicina.
Os primeiros números clausus, não exactamente para Medicina, mas para o tronco comum, fui eu que os institui no final de 1975/76. Se o não tivesse feito, em Outubro, inscreviam-se 5000 estudantes. Fixei o número em 1600 pensando que destes seguiriam depois para Medicina cerca de 800. Fui depois acusado de o ter feito sem estudos suficientes. Mas, na sequência, durante décadas, as Faculdades, já cinco, baixaram as admissões em Medicina para números da ordem dos 350 ou 400 alunos, manifestamente abaixo das necessidades do país e das suas reais possibilidades de formação . Atribuo esta situação ao facto de não existir uma estrutura como a que referi, que reúna as faculdades, a Ordem dos Médicos e os Hospitais, para planear as necessidades do país e aconselhar o Ministério naquilo que deve fazer.
 
Não há dúvida que os médicos dão lições de como defender os interesses de uma classe. às vezes penso que para muitos deles, a Medicina é apenas um veículo para alcançarem outros objectivos que nada tem a ver com a Medicina: poder, hegemonia, domínio...A obcessão na sua cruzada por vezes é tão desmesurada que esquecem a racionalidade do argumento,caindo por caminhos onde as suas posições roçam o fundamentalismo ideológico e o facciosismo grosseiro. Mas é esse mesmo fundamentalismo cego, expressão máxima de um estado de ameaça da sua sombra sobre si próprio , livre de filtros ou manipulações, que nos permite conhecer melhor a natureza de quem dele é partidário. Por isso, venham mais ataques ou altercações desses senhores, pois é disso que a Enfermagem precisa para Evoluir, pois sem o saberem, são eles que mais publicitam a nossa profissão e nos ensinam sobre a sua substância!
 
O último comentário está simplesmente delicioso.
Parabéns ao seu autor.
 
Olá, portugueses!!! Acabo de me formar em enfermagem no Brasil e é incrível a semelhança entre a luta travada entre nossa classe e a classe médica! Aqui existem os mesmos problemas...Médicos que não cumprem a carga horária, acham que são donos dos pacientes, prescrições por telefones e o ordenado destes é alto aos padrões brasileiros!! Uma diferença importante entre nós é que aqui, pelo menos no meu estado, Goiás, o conselho de medicina é unido e o Coren (conselho de enfermagem) é uma desunião, uma ladroagem sem tamanho e na maioria das vezes nosso conselho é omisso quando precisamos dele!!!! O ordenado do enfermeiro aqui também não se compara com o dos médicos! Os médicos ganham tres vezes mais que nós e trabalham três vezes menos pra isso!! O setor privado aqui é totalmente voltado para o modelo biomédico de atenção a saúde, pois são eles que são os donos e nos apenas seus empregados que cumprem ordens... Acho que daqui uns anos essa imagem tende a mudar com a formação de médicos menos "doutores" e mais trabalhadores e enfermeiros mais estudiosos que não submeta-se a esse tipo de serviço!!!
Amo minha profissão, e adorei o blog!!! Já o li outras vezes!!!
TEnho que conviver com uma médica diariamente, minha mulher está formando (licenciando) no final do ano que vem!!! Sua visão de enfermagem é totalmente diferente da maioria dos médicos!
Um Abraço, não são só vocês que tem muitos problemas e que lutam para resolve-los!!!!
 
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