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quinta-feira, abril 17, 2008

Dá que pensar...


De acordo com a pequena pesquisa ("Considerou, tendo em conta a actual conjuntura, abandonar a Enfermagem?") efectuada aqui no blog (com muitas imperfeições e incorrecções inerentes, é certo), os resultados obtidos dão que pensar:

79% dos Enfermeiros, já pensaram, pensam ou ponderam abandonar a profissão. O "sim" absoluto foi asseverado por 23% dos Enfermeiros, enquanto apenas 21% dos inquiridos responderam que "nunca" considerar o abandono da profissão.

Quando a questão foi "Se colocou a hipótese de abandonar a profissão, porque o faz?", 58% argumentou com vários factores ("desemprego", "maus salários", "precariedade", "falta de reconhecimento entre as várias classes profissionais" e "autonomia reduzida"), sendo que o baixo salário foi o argumento isolado mais apontado.

Seguindo o desafio lançado por um colega (num comentário anterior), proponho a seguinte questão (o objectivo não é outro senão a reflexão em torno da nossa profissão. Para quem tem dúvidas acerca do propósito da questão, por favor clicar no link anterior):

Se tivesse a garantia de entrada no curso de Medicina, abandonaria a Enfermagem para ingressar no mesmo?

24 comentários:

  1. ui ui, está a tocar com o dedo na ferida!

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  2. Se calhar está-se a levar isto ao extremo, pois se perguntar se estaria bem numa enfermagem bem remunerada, com reconhecimento merecido e uma OE funcionante, quase todos responderiam que sim. E a questão colocada não teria sentido. O mal-estar na enfermagem já é sobejamente conhecido nos nossos meandros, com devida excepção da OE.
    Não tem a ver com este assunto, mas falaram dos auxiliares de enfermagem. Acho que serem os enfermeiros a falarem neles é estranho, qual a necessidade? Com eles poder-se-ia, então excluir quaisquer funções de enfermeiros fora de hospitais e centros de saúde, já que essas funções seriam assumidas pelos auxiliares de enfermagem, existindo uma forte redução dos enfermeiros hospitais e centros de saúde, pelo que os enfermeiros contratados iriam, naturalmente, todos para o desemprego. Muitos dos enfermeiros da função pública passariam ao quadro da mobilidade e alguns seguidamente ao desemprego. Vantagens para a profissão? Zero. Maiores salários, só se for anedota, com tamanha oferta, que rondaria o ridículo.
    Desassossego

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  3. "pois se perguntar se estaria bem numa enfermagem bem remunerada, com reconhecimento merecido e uma OE funcionante"

    propunha a criaçao desta alinea que o colega de cima sugeriu na votaçao. seria interessante de ver.

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  4. Olá!
    Adoro passar por aki.
    Agora mudando de assunto, tem um prémio no Ser Prematuro.
    Passe por lá.

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  5. Não querendo influenciar a vossa votação, mas estando, chamo a atenção para as consequências/ilações que se poderão retirar se a votação seguir a tendência que está a apresentar.

    Só algumas dicas:

    Esta não é uma pergunta de todo inocente.

    Não são só enfermeiros que lêem o blog.

    Não se trata (tal como já tinha chamado a atenção noutro post) de nenhum caixote do lixo sentimental,onde despejamos as nossas raivas e frustrações.

    O blog merece (e o seu autor também) respostas ponderadas reflectidas para que a votação seja minimamente representativa.

    Cumps

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  6. Boas!
    Penso que não se trata em suma da possibilidade de ingressar num curso de Medicina, mas sim no reconhecimento da verdadeira enfermagem, no sentido mais pleno do vocábulo, pelos outros profissionais de saúde e até pelos próprios enfermeiros. Mais, não se pode esquecer que as áreas de actuações, se bem que por vezes interdependentes, são diferentes. Não foi assim que toda a gente aprendeu?????
    Boa Continuação.

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  7. As questóes, da forma como estão colocadas, só podem ter uma resposta: Tirar medicina...
    Eu não vejo mal nenhum em um enfermeiro querer tirar medicina, aliás, quantos biólogos, famacêuticos, fisioterapeutas existem com essa aspiração? O curso de medicina dá acesso à profissão com maior estatuto social neste país (provavelmente junto com a de juiz).
    Sou Enfermeiro e não me rejejo nesta luta terrível de muitos colegas contra a classe médica. Conheço óptimos médicos competentes, humanos e simples e conheço outros arrogantes, manientos e muitas vezes incompetentes...
    Também conheço muitos enfermeiros e enfermeiras excelentes e outros..........Dou Formação a ajudantes de lar e conheço muitas que mobilizam melhor os idosos no leito
    do que muitos enfermeiros nos hospitais (é com tristeza que digo isto...).
    E continuo a pensar que faz falta à enfermagem uma maior diferenciação no trabalho e isto só é possível com o aumento de competências nalguns enfermeiros ...o que leva a que nem todos os enfermeiros possam ter as mesmas competências e a mesma formação.
    A enfermagem evoluiu muito academicamente e involuiu técnicamente: paradigma muito estranho....
    Não o é se considerarmos que quem ensina enfermagem percebe menos da prática profissional de enfermagem que uma AAM e que os enfermeiros mais valorizados inter-pares não são os bons técnicamente, são os que já não estão nos cuidados (chefes, supervisores, especialistas, auditores,...) passaram a outro patamar...não sei bem qual , mas tudo bem...O problema é estarem completamente fora da realidade. Isso não se pasa noutras classes profissionais. O director clínico opera, dá consultas, os próprios professores de medicina mantém muitas vezes a sua actividade profissional...
    será que os que estão "noutro patamar" não gostam dos cuidados directos aos doentes?

    FILIPE

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  8. "será que os que estão "noutro patamar" não gostam dos cuidados directos aos doentes?

    Ora aí está o cerne da questão! Habitualmente quem tira especialidade, mestrado ou doutoramento deseja "subir" para o outro patamar que é o de gerir (pessoas, papéis) o que for preciso, desde que não seja prestar cuidados directos aos doentes. Não se vê, geralmente um especialista a prestar cuidados directos, vê-se sim a chefiar, a coordenar...
    E muitas das vezes a especialidade que tiraram nem se adequa ao serviço onde exercem funções (como por exemplo um especialista em saúde mental e psiquiatria chefiar um serviço de cirurgia).

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  9. Se os especialistas (mesmo sendo chefes) procurassem demonstrar na prática as mais valias técnicas da enfermagem estávamos melhor...
    Há que inverter esta tendência de procurar uma enfermagem virtual que nada tem a ver com a realidade do quotidiano...enquanto não acordarmos, é tudo complicado!!

    FILIPE

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  10. Acho que deve ter alguma moderação nas questões que se coloca, pois há quem goste da enfermagem, só desgoste do desgoverno da OE e do turbilhão em que a enfermagem está metida. Um enfermeiro será um profissional dotado de várias competências, pelo que é muito linear compará-lo a ajundantes de lar, nem que seja só nos posicionamentos. Também o que as ajundantes de lar podem fazer nas formações, nem sempre corresponde à sua prática diária, por motivos diversos.
    Mas, estou inteiramente de acordo em relação chefes, supervisores, especialistas, auditores e acrescentaria os professores de enfermagem, estes até parecem ter vergonha que os tratem por enfermeiros. A todos eles faz falta a prática diária dos cuidados de enfermagem. É absurdo que a maneira de chegar a chefe seja a especialidade, não prestando mais cuidados de enfermagem especializados.
    Desassossego

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  11. Discute-se mais a enfermagem neste Blog do que na OE.
    E com conteúdo, com substância, não se fala só de banalidades.
    Talvez seja porque os que estão na OE não fazem ideia do que é ser enfermeiro no seu dia a dia!
    Parabens aos participantes!

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  12. Boas.
    Só quero dizer o seguinte: tenho muito orgulho em ser Enfermeiro, no entanto gostava de ser mais reconhecido por todos a vários niveis, quer económico, quer a nivel social ou profissional.
    Só temos de nos honrar por ter esta profissão, pois até muitos srs médicos dão o devido mérito e respeito quando realmente precisam dos Enfermeiros, quando estão doentes,... dão o devido valor aos Enfermeiros.
    Sim se tivessemos uma OE, que em vez de fazer viagens com o nosso dinheiro e em vez disso lutasse para que os Enfermeiros fossem reconhecidos como profissionais licenciados de grande categoria, que de resto é o que somos, talvez fossemos encarados com o devido valor que realmente temos.
    Também é verdade que quem ser respeitado e valorizado deve fazer por isso e ter sempre POSTURA, coisa que muitos não têm e acobardam-se perante muita gente sem categoria, enfim isto é um tumor que deve ser cortado pela raiz...tenham postura!
    Sim também é verdade que se eu tivesse oportunidade de tirar o curso de medicina, nem pensava duas vezes ia logo, mas não me sinto mal com a Enfermagem, até porque tenho muito orgulho de o ser, pois soube ter postura e soube adquirir o respeito perante os outros, parem de se lamentar, façam coisas construtivas!...
    N.P.

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  13. Bem esta questão é bastante pertinente. Penso que todos nós enfermeiros seriamos médicos se tivessemos tido notas de acesso ao curso, e penso que a todos vós em determinada fase do vosso curso ou da vossa vida já pensaram como seria bom ter as condições sociais e económicas de um médico.
    Eu não sou excepção e revelo que desde uma determinada fase do meu curso de enfermagem que me apercebi das elevadas diferenças a todos os niveis entre as duas classes, pelo que, e tendo em conta o panorama atual da enfermagem, decidi concorrer a medicina no final do curso,em 2007, assim o fiz, infelizmente e por muito pouco n consegui, talvez tente de novo este ano, n sei. Para a faculdade que me candidatei concorreram 400 pessoas licenciadas e posso garantir que a grande maioria eram enfermeiros e não apenas recem lic, haviam pessoas que já trabalhavam ha largos anos.Isto é o retrato da frustração que sentem os enfermeiros, n me acredito que seja por aquilo que fazem, mas pelas condições com que o fazem, ha um desanimo total na classe.
    Se n conseguir mudar serei enfermeira com todo o gosto, esperando por dias melhores nesta tao nobre profissão.

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  14. Aos enfermeiros que querem ser médicos podem ir para o Brasil tirar o curso de medicina. Boa viagem

    Acredito que qualquer enfermeiro pode ser médico...agora duvido que o contrário fosse possível, porque a vocação ou se nasce com ela ou então...começam os problemas da realização pessoal e a falta de auto-estima.

    Ao médico interessa-lhe curar a doença, ao enfermeiro interessa cuidar da pessoa nas suas diversas dimensões e a pessoa é o foco da enfermagem, ao contrário do que se passa na medicina, onde a pessoa é carne para canhão e para brincar nas aulas de anatomia.

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  15. Ao pessoal que está na Licenciatura de Enfermagem, que não conseguiu entrar em medicina, alguns por umas décimas,já sabem, que se tiverem dinheiro podem ir tirar o curso de medicina no Brasil.

    Se calhar fica mais barato do que tirar a Licenciatura em Enfermagem aki em Portugal, numa privada.

    Pelos vistos o Brasil está prestes a tornar-se na nova superpotencia mundial....graças ao petróleo!

    Não percam o tempo precioso da vossa vida e o dinheiro que escasseia, a tirar uma licenciatura que não gostam.

    A enfermagem é muito mais do que uma mera licenciatura.



    "Quem trabalha por gosto não cansa!"

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  16. Citação:

    "CUIDAR é também uma forma de conhecer,e perceber.

    Envolve intuição, sensibilidade, desejo de paz e amor.

    É o ser (modo de ser e agir), estar (presença), e fazer(actuar) cuidado.

    (Waldow; Lopes; Meyer, 1995, p.22)."

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  17. A relação de ajuda segundo o grande escritor português Miguel Torga:"O pior da doença é a impessoalidade a que ela nos reduz. Sem nenhuma espécie de vontade preservada - quanto à intimidade devassada por dentro e por fora, - nem é bom falar nisso - o indivíduo sente-se apenas um manequim dorido, que mãos estranhas ou familiares manobra com a doçura de uma paciência exausta. Um manequim geme, que abre e fecha os olhos, que toca campainhas, mas que tem a sua realidade fisiológica longe de si, reduzida a gráficos e a tabelas. Dum ser afirmativo e facetado, resta uma passividade amorfa, almofada entre almofadas, onde se espetam agulhas ritualmente. E, embora pareça estranho, o que nestas ocasiões mais se deseja não é melhorar: é simplesmente ascender de farrapo humano a homem, ou deixar de existir."Miguel Torga

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  18. Para Peplau, a enfermagem é um processosignificativo, terapêutico e interpessoal. Funciona de forma
    cooperativa com outros humanos que tornam possível a saúde dos indivíduos no seio da comunidade ... a enfermagem é um
    instrumento educativo, uma força de maturação que aspira a fomentar o desenvolvimento da personalidade em direcção a uma vida criativa, construtiva, produtiva, pessoal e
    comunitária (in Carvalho, 1996, p.27)

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  19. "O enfermeiro é o profissional que mais próximo está do cliente e com ele permanece um bom período de tempo, principalmente no hospital.

    Nenhum outro profissional da saúde
    está tão próximo do homem.

    Waldow afirma que o mundo da saúde é um mundo que clama por justiça, compaixão e amor.

    A saúde clama pela nossa consciencialização, na busca de significado e de exame de valores. Ela clama por humanismo.

    Este mundo do qual a enfermagem faz parte e é componente essencial(desempenhando papéis importantes, embora não totalmente reconhecidos) é um mundo que necessita de nossa solidariedade, carinho e amor (Waldow; Lopes; Meyer, 1995,p.23)."

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  20. Isto parece a OE com definições de ética e coisas do género, o que é importante é prática (com conhecimento). Basta ie para Espanha com média 15 ou 16 e tiram medicina, sem complicações, preocupações ou talões, apenas com euros. Não deixa de ser irónico alguém citar um médico (Torga) ao referir-se à relação de ajuda...
    desassossego

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  21. Caro colega desassossego,
    O Miguel Torga é brilhante, independentemente da sua profissão. É sempre um prazer ler a sua poesia.
    Um grande abraço.

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  22. Não coloquei o seu valor em causa (caso se aprecie ou não), apenas achei irónico. Fique bem.

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  23. Ó colega aí de cima, procure outro meio de dar nas vistas.
    Já temos um elevado número de Enfermeiros que não conseguiram ir para medicina e andam por aí a carpir as suas mágoas. Ora se a esse vamos juntar uns quantos mais que esses desanimam, então vai ser o bom e o bonito.
    Olhe que essa de um mau médico poder ser um bom enfermeiro já deu muito que falar com um ministro aposentado.
    Falta experimentar um "mau enfermeiro" dar um bom médico...
    Quem sabe?

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  24. "Acredito que qualquer enfermeiro pode ser médico...agora duvido que o contrário fosse possível, porque a vocação ou se nasce com ela ou então...começam os problemas da realização pessoal e a falta de auto-estima.

    Ao médico interessa-lhe curar a doença, ao enfermeiro interessa cuidar da pessoa nas suas diversas dimensões e a pessoa é o foco da enfermagem, ao contrário do que se passa na medicina, onde a pessoa é carne para canhão e para brincar nas aulas de anatomia."

    LOL

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