O Enf. Joaquim Góis é Enfermeiro na VMER de Beja e foi o protagonista de uma peça jornalística no Diário de Notícias (DN). Para quem não se recorda, eu dou uma ajuda: em Janeiro de 2007, o DN acompanhou a VMER de Beja, resultando daí uma belíssima reportagem, intitulada "A viatura que faz o Paris-Dakar no Alentejo para prestar socorro". A mesma foi transcrita num artigo aqui, no blog. Porque regressei ao assunto?
Antes de mais, deixo pequenos excertos para refrescar a memória:
"Partir do hospital de Beja com VMER para responder a uma chamada - que pode vir de qualquer ponto dos 10 225 quilómetros quadrados do distrito" (...) "O percurso e a velocidade são de alta competição, a adrenalina também. Mas, sem pilotos experientes ou mecânicos especializados, aqui quem segura o volante são enfermeiros."
"É indiferente que a estrada aconselhe a não ir a mais de 50 quilómetros por hora. São duas da tarde e as mãos firmes do enfermeiro Joaquim Góis já correram para dentro do carro, ligaram a sirene, e guinam agora o volante para a esquerda e para a direita, sempre sem baixar dos 180. A respiração e as batidas cardíacas replicam, altas, a rotação do motor. Mas a cabeça está fria e já longe, junto do jovem de 19 anos que espera em Aljustrel com um tiro no peito, a mais de 40 quilómetros de estrada retorcida e traiçoeira que não há suspensão que faça amansar."
"Pode acontecer que, a qualquer momento, se atravesse um javali. Ou, como agora, um camião que não ouve a sirene, passa o cruzamento e quase leva a VMER consigo. Pode haver gelo, pode haver um buraco no alcatrão, pode apenas haver terra batida, muita lama e muitas pedras. É nisto tudo em que o enfermeiro Joaquim Góis pensa, enquanto segura, de mãos firmes, o volante, e vai antecipando como terá entrado a bala, onde estará alojada no jovem que o espera em Aljustrel. "Vou buscar os protocolos, penso onde está isto, onde está aquilo, o que faço primeiro quando lá chegar, o que faço a seguir. Nunca sabemos o que vamos encontrar.""
""Imagine receber uma chamada de um acidente grave, chegar lá e encontrar quatro amigos. E o seu melhor amigo morto. No momento, não penso em nada, faço o meu trabalho. Mas depois... Chorei o caminho todo de Beja a Santarém.""
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""Em cinco meses, o INEM já teve que substituir o carros cinco vezes, porque a mecânica automóvel não conseguiu sobreviver à adversidade do caminho.""
Algum tempo após esta reportagem, a filha do Enf. Joaquim Góis (Sandra Góis) enviou-me a seguinte mensagem:
"Este é o homem que chora como uma criança por tudo e por nada, mas que depois mantém a calma e a frieza nas alturas em que tem como prioridade salvar alguém, esquecendo-se de si e até da sua própria família e que eu tenho a sorte de ter sempre por perto: o meu pai."
Sandra Góis
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ResponderEliminarPalavras para quê.....
Coragem, dedicação, altruismo é o que penso quando me lembro do INEM.
Fiquei comovida com as palavras da Sandra!
ResponderEliminarParabéns pela escolha, mas nós sabemos que há muitos enfermeiros que choram, pelos amigos,pelos filhos e até pelos desconhecidos, porque estamos LÁ 24h por dia!
ResponderEliminarParabéns Enf. Joaquim, é em casa que tudo começa e a Sandra mostrou-nos o pai maravilhoso...
Um retrato do esforço diário realizado pelos enfermeiros...
ResponderEliminarMas que muitas das vezes este esforço fica atrás do volante e as pessoas não vêem...
TENHO UM ENORME ORGULHO EM SER ENFERMEIRO.
PARABÉNS A TODOS OS ENF. JOAQUIM GÓIS DESTE PAÍS, QUE SÃO UNS BONS MILHARES...
Digno de se ler!
ResponderEliminarPost... lindo!
ResponderEliminarGostei mesmo muito de ler este artigo...
ResponderEliminarÉ muito comovente...
Uma homenagem a todos os enfermeiros...
ResponderEliminarParabéns ao Joaaquim, à filha Sandra e a todos os enfermeiros, que todos os dias dão o seu máximo...
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ResponderEliminarBrilhante
ResponderEliminaro mal é que os enfermeiros não choram só pela perda dos amigos que tentaram salvar. choram tb pela actual condição da classe de enfermagem, podem não o demonstrar mas por dentro choram! e muito!
ResponderEliminarOs enfermeiros também choram. Choram de tristeza, choram de alegria, choram com a dor dos outros e com as suas próprias dores . Choram e riem porque são seres humanos e como seres humanos que são mostram ou reprimem as emoções que avassalam a alma. Gritam ou silenciam. Desesperam e criam esperança. Emocionam-se com as grandes e as pequenas coisas da vida. Mesmo na adversidade não baixam os braços, não desistem . Lutam, como luta diariamente Joaquim Góis na defesa da vida . Lutam e estão presentes quando a necessidade obriga, quando é preciso dar um sorriso mesmo que tenham vontade de chorar. Encorajam e mostram a coragem de Serem Enfermeiros.
ResponderEliminarAs palavras de Sandra Góis mostram esta certeza inabalável
Infelizmente o sofrimento dos outros faz com que a minha "carapaça" seja dura e não me comova facilmente... mas também choro! Choro por conseguir e por não conseguir o que querque seja...
ResponderEliminarObrigado dr. enf. pela partilha!
Sao estes registos que nao me fazem desistir da enfermagem e continuar a lutar por ela!!!
ResponderEliminarHistória fabulosa e um final feliz....
ResponderEliminar"Imagine receber uma chamada de um acidente grave, chegar lá e encontrar quatro amigos. E o seu melhor amigo morto. No momento, não penso em nada, faço o meu trabalho. Mas depois... Chorei o caminho todo de Beja a Santarém."
ResponderEliminartriste, impressionante, maravilhoso, admirável...
é isso que penso deste heroi e de todos os outros que, tal como ele, dão o seu melhor por todos nós. viva os enfermeiros de Portugal.
AMILN