sábado, julho 31, 2010

Mais um Enfermeiro deputado...



Quer queiramos quer não, sem imersão política qualquer objectivo se depara com dificuldades (relativa ou não) na sua concretização. Será, portanto, sem margem para dúvidas, o futuro (enquanto a estrutura do sistema assim estiver concebida!). Politizar a profissão tornou-se uma necessidade (independentemente... da força política em questão)!

"João Ramos, de 37 anos, natural de Santo Amador/Concelho de Moura, vai substituir na Assembleia da República como deputado, José Soeiro que renuncia ao mandato. João Ramos é Enfermeiro de profissão, membro da Direcção da Organização Regional de Beja do PCP e activista associativo em diversas áreas e associações, assume as funções de Deputado a partir de 1 de Agosto." link

quinta-feira, julho 29, 2010

Caos no INEM!



"INEM: falta de equipas para helicóptero leva tutela a marcar reunião" link

Enfermeiros e Médicos recusam assegurar a operacionalidade de helicóptero de Santa Comba Dão! 
O DE sabe que os Enfermeiros do INEM vão paralisar todo o serviço aéreo a nível nacional! - Consequências naturais de uma má gestão e estratégia no INEM, e de um Secretário de Estado Adjunto e da Saúde (Manuel Pizarro) mentiroso e rendido a interesses que prejudicam gravemente a população!

terça-feira, julho 27, 2010

OE vs INEM (Enfermeiros defendem a qualidade da assistência do sistema de emergência português!)


Comunicado de imprensa da Ordem dos Enfermeiros (última hora):

"O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), à revelia do parecer da Ordem dos Enfermeiros (OE), decidiu de forma unilateral e sem qualquer fundamento, afastar os enfermeiros dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).

A OE alertou, em devido tempo, para as consequências de tal decisão, pelos riscos que a mesma comportava para a segurança na prestação de cuidados, numa área tão sensível.

Aquando da tomada de decisão, o Dr. Manuel Pizarro, Secretário de Estado Adjunto e da Saúde (SEAS), garantiu que, em caso algum, estaria comprometida a transmissão de dados clínicos e que estes seriam sempre validados, em tempo útil, pelo médico regulador presente no CODU.

Lamentavelmente, tal como prevíramos, têm acontecido diversas inconformidades na transmissão de dados clínicos e só a competência dos enfermeiros tem evitado situações com consequências mais sérias. Para além disso, tem vindo a instalar-se um clima de conflitualidade no momento da transmissão de dados clínicos que em nada concorre para um ambiente de confiança, absolutamente crucial, para a prestação de cuidados de emergência.

O INEM veio ontem, através da Circular Normativa nº 3/1010 – DEM, dar o dito por não dito, admitindo a transmissão de dados clínicos a profissionais não clínicos e, mais grave do que isso, admitindo que a resposta pode não ser imediata quando o médico regulador se encontrar ocupado. Tal determinação nega uma das determinantes básicas de qualquer sistema de emergência pré-hospitalar, justamente, a fluidez e celeridade da gestão da informação clínica veiculada.

Em bom rigor, estamos perante uma determinação do INEM que compromete o socorro e que, objectivamente, põe em causa a segurança na prestação de cuidados e a vida das vítimas.

A OE jamais se associará a situações como a descrita e responsabilizará quem de direito, face a qualquer evento adverso que daí possa advir.

Face ao que fica dito, a OE renova a totalidade da sua recomendação anterior, da qual destacamos:

1. Qualquer enfermeiro a exercer funções numa ambulância SIV, deve exigir que a passagem de dados clínicos seja efectuada ao pessoal clínico dos CODU, entendendo a OE que o registo dos dados transmitidos só pode ser efectuado por quem efectivamente os recebe;

2. Qualquer inconformidade, relacionada com esta matéria, deverá ser reportada à OE, utilizando para tal os contactos gerais e/ou o endereço electrónico eph@ordemenfermeiros.pt.

Decorrente das situações que elencámos acima, pedimos hoje mesmo uma audiência urgente à Sra. Ministra da Saúde, Dr.ª Ana Jorge, a quem solicitaremos, uma vez mais, o envio de dados regulares sobre o funcionamento dos meios do INEM para efeitos de monitorização, conforme tinha ficado acordado com o SEAS." link

segunda-feira, julho 26, 2010

Enfermeiros de helicóptero do INEM... indisponíveis!

"A actual equipa de Enfermagem do helicóptero de Santa Comba Dão estará indisponível para continuar a manter a funcionalidade do meio, não assegurará grande parte dos turnos, o que quer dizer que se correrá o risco de esse helicóptero estar inoperacional»" link
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Um recado: estratégias não se delineiam contra os profissionais, mas com os profissionais. Implementar políticas com a discordância e oposição da maior classe do sector da saúde (Enfermeiros)... é um erro que se paga muito caro.
É possível constatar esta afirmação em tantos países por esse mundo fora, independentemente da política que suscitou a reprovação da classe de Enfermagem!

A demissão do CD do INEM!



Os Sindicatos de Enfermagem exigem que o Conselho Directivo do INEM se demita! A degradação inequívoca do funcionamento do sistema de emergência é o motivo que encabeça esta exigência.
Aqui, neste blog, a demissão já se exige à imenso tempo! Quem por lá está (e os restantes jobs for the boys), é de uma incompetência manifesta e exasperante! 
O INEM está (técnicamente) falido, a resposta do sistema tem piorado, os recursos humanos laboram em condições cada vez mais degradantes e, pior que isso, a linha estratégica de orientação da política do INEM permite antever um futuro muito negro. Na rectaguarda de todo este lamaçal está o maior mentiroso de um reino que tresanda a podridão: Dr. Manuel Pizarro.
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Concebeu-se um Plano Estratégico dos Recursos Humanos da Emergência Pré-Hospitalar (vergonhosamente, duas dúzias de folhas mal redigidas, pessimamente argumentado e estruturado!), colocou-se o mesmo  à discussão pública, onde foi severamente contestado (como é possível constatar no relatório elaborado após esta discussão), e, para degredo luso, aprovado, sem se perceber muito bem porquê. 
O referido relatório é claro na contestação em massa por parte da classe de Enfermagem. Demagogicamente, afirma-se que foram realizadas as alterações necessárias por forma a aproximar o plano das reivindicações das estruturas representativas dos Enfermeiros, nomeadamente da Ordem dos Enfermeiros. No entanto, quando analisamos o tal plano aprovado, percebemos que este é um copy/paste da versão inicial. Pior, só na Etiópia. 
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Esta aprovação deu origem a uma onda de contentamento dos amantes das séries de televisão. Tantos anos a ver Spielberg, que também quiseram ver Spielberg por aqui. Mas as realidades são diferentes, o contexto também, e importar parvoíves americanas (do tempo em que não havia Enfermeiros disponíveis) para Portugal, é como plantar palmeiras do cume da Serra da Estrela. É estúpido. 
Fartos de estupidez já estão os Enfermeiros, já não basta aguentarmos com a estupidez (como uma porta) do Presidente Abílio, do meio homem-meio bicho, Sá de Almeida (saloia) e do mentiroso Pizarro, temos também que ver alguém plantar batatas no alcatrão da Avenida João Crisóstomo.
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No meio de tudo isto estão uns quantos alegres que ainda não perceberam que não são mais do que carne (para canhão)... barata.
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Vamos lá desmistificar uma coisa: os Enfermeiros não se opõe à criação de uma carreira de TEPH, TEM, TOCS, TICS ou seja lá o que for. 
Eles podem ter a carreira que quiserem (tal como os hermanos espanhóis), mas, tal e qual como os espanhóis, não pode existir colisão de competências: quem é Técnico Sanitário (equivalente as TEPH) tem uma função, e os Enfermeiros têm outra (tudo o que diz respeito ao SAV). Os Spielbergs, esses, ficam a dormir no sofá.
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Por cá, em Portugal, o plano está aprovado, mas ainda não está definido (o Ministério afirma estarem em avaliação) se um TEPH pode, por exemplo, puncionar ou administrar medicação...
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Por fim, não podia deixar de referir que alguém em enviou um e-mail com o link da Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar. Presididos por um tal de Nélson Batista, é possível ler por lá estórias da carochinha e da conspiração palerma (pejadas de erros ortográficos).
Tenho cá em casa tanta relva para o Nélson cortar...

quinta-feira, julho 22, 2010

CESPU, a visionária...


A CESPU (Cooperativa de Ensino Superior, Politécnico e Universitário) é uma instituição visionária e revela uma estratégia exímia na perscrutação de novos nichos de mercado. 
Com os interesses económicos a ditarem mais alto e vigorosamente que a qualidade e o bom senso na formação, disponibilizou recentemente mais uma licenciatura no maravilhoso campo da saúde: licenciatura em Secretariado Clínico!(ver flyer  e plano de estudos)
Quando não conseguir roubar mais (a uns quantos bem-intencionados) nessa área, rapidamente outro coelho sairá da cartola (com a conivência do Ministério do Gago!)
Dizem as más línguas que os porteiros dos hospitais serão os próximos sortudos a serem presenteados com uma licenciatura: portaria clínica
O DE sugere um Mestrado: Gestão de Trincos e Mecanismos de Segurança.

Além de serem bons na arte da invenção, na ciência e arte da mentira são ainda melhores. Basta ver a publicidade que desenvolvem, onde apresentam uns jovens sorridentes de estetoscópio ao pescoço.
De facto, não existe, como todos sabem, qualquer licenciatura em Medicina na CESPU, mas aquela tentativa, subliminar, de atrair jovens, transmitindo uma mensagem ilusória de "proximidade" com a Medicina, é no mínimo moralmente punível. Medicina vende. O cheiro a Medicina também. Enfermagem e o cheiro a Enfermagem também já venderam, embora o negócio já não seja tão rentável.

quarta-feira, julho 21, 2010

Relatório (técnico) minoritário?

Está neste momento em consulta pública (até 15 de Setembro) o Relatório do Grupo Técnico para a Reforma da Organização Interna dos Hospitais,  elaborado por um "Grupo Técnico a quem foi solicitado que, com independência, produzisse um relatório que, para além do diagnóstico da realidade hospitalar, propusesse uma nova matriz organizacional dos hospitais do SNS, tendo por base os princípios de melhoria do acesso, de incremento da qualidade dos serviços prestados e da satisfação efectiva dos utentes e dos profissionais".

Já cumpri o meu dever como cidadão e profissional de saúde: li e analisei o referido documento. Se nós estivessems numa nação terceiro-mundista, era uma leitura agradável, mas aqui, em Portugal, não.
É um relatório... romanceado e demagógico. Não precisamos de mais diagnósticos, eles já existem e muito bem definidos (todos sabem o que está mal!). Esse não será, porventura, o problema! O problema é a etapa seguinte: a concepção estratégica, a operacionalização, a consubstanciação, a execução, a refoma...!!

Em primeiro lugar, um missão desta índole (que se preze) deve ser transparente, começando logo pela justificação, com base em critérios, da nomeação selectiva dos membros que a integram. Sem querer desclassificar os actuais indigitados, faço men ção a esta questão pelo rigor que deve ser exigido nestes âmbitos:  clareza e objectividade - quem são escolhido e porquê (pormenorizadamente)?

Em segundo lugar, apraz-me a existência de 2 Enfermeiros neste "Grupo Técnico" (tive conhecimento deste facto em meados do mês de Março). No entanto, se o objectivo de toda esta missão é a reforma da organização interna dos hospitais, parece-me pouco ambicioso que a composição do mesmo seja restrinja a Médicos (maioria), Enfermeiros e Administradores Hospitalares. Provavelmente - no meu ponto de vista - talvez (digo eu) fosse proveitoso obter outras perspectivas, caso contrário, todo o processo corre o sério risco de se tornar pobre, com uma aplicabilidade relativa, afectada pela falta de envolvimento de todas as classes.

Em terceiro lugar: poderia estender-me aqui em comentários ponto-por-ponto, numa análise exaustiva e pormenorizada, mas julgo que não valerá a pena. Três ou quatro frases resumem todo o conteúdo do referido relatório: sem novidades, sem estratégia que desenhe uma verdadeira reforma e sem espírito inovador e empreendedor. Invoca algumas questões de uma forma muito superficial quando as mesmas careciam de profundidade.
Prefere, ao invés, dissertar sobre assuntos já demasiado batidos e banais, que qualquer profissional do sector conhece.

É possível constatar também que muito das ideias-base foram importadas do NHS (Sistema de Saúde Inglês), mas apenas de uma forma "aromatizada". Mais grave ainda, recorrem a informações antigas (algumas com mais de 5 anos) relativas à gestão - talvez desconheçam que no último ano o NHS sofreu uma reforma que incrementou a autonomia do papel da Enfermagem neste âmbito e conduziu os Enfermeiros à liderança do sistema.

Por fim, um relatório oficial, organizado e concebido por orientação ministerial, que se propõe a diagnosticar e conceber estratégias reformistas que usa o etcetera... não me convence. No rigor não existe etcetera.
Fica muito claro que esta -  pretensa - reforma será mais do mesmo, ou seja, nada. Além de tudo, discutir agora o que já se discutiu há 15 ou 20 anos noutras realidades é... frustante.

sexta-feira, julho 16, 2010

O povo sabe de quem precisa....



Há dias, um pescador ao largo da costa em Peniche, faleceu porque o INEM não interveio em alto-mar.
À TVI, disseram os pescadores envolvidos, que o respectivo não foi assistido nem por um Médico ou por um Enfermeiro - " nem digo o Médico, mas se tivesse vindo um Enfermeiro podia-lhe ter salvo a vida. Precisávamos era de um Enfermeiro..."! link (com vídeo)
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Nota: o intuito deste post não é discutir o enquadramento legal da questão.

quinta-feira, julho 15, 2010

O autismo português!

A respeito do aumento de vagas no ensino superior nas mais variadas áreas, em particular no curso de direito, o Dr. Marinho Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados, afirmou peremptoriamente que, Mariano Gago, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, é.. "autista"! (incrível é a contra-argumentação do Ministro Mariano Gago acerca do caso particular dos licenciados em Advocacia!)
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De facto alguma coisa vai mal... e mais uma vez o flagelo nasce da obsessão com os números
Suportando o argumento da abertura de vagas na carência de licenciados relativamente a rácios de outros países (Portugal necessita de duplicar o actual número, para se situar no mesmo patamar!), lá vamos nós produzindo licenciados em série, com ou sem qualidade, o que interessa é debitar cá para fora!
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O caso particular da Enfermagem é paradigmático! Começa logo pela confusão de rácios e dotações. Rácios padronizados não interessam rigorosamente nada! Extrapolar valores relativos de outras realidades (países diferentes) ainda pior...
Já uma boa parte dos Enfermeiros tem consciência (sensata) que os rácios de OCDE ou da OMS são contabilizados recorrendo à incorporação de outros profissionais (auxiliares e certos técnicos), resultando numa sobrestimação, que será, porventura, um agradável indicador político comparativo, mas pouca mais utilidade terá para além disso!
A dotação sim, é um indicador dinâmico, circunstancial, multi-factorial, adaptado a cada contexto em particular, orientado na linha da optimização dos profissionais (de Enfermagem)!
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Mais uma vez o número de vagas para o curso de Enfermagem aumentou! Isto revela uma falta de planeamento exasperante! Isto pretende alimentar a negociata do ensino, contribuir para indicadores políticos áridos e fragilizar a classe! 
Os vários Bastonários insurgiram-se contra este autismo, assim como a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros. Apesar disto, quando ouço as suas palavras (e conhecendo-a como conheço), atentamente, que a Enf. Maria Augusta de Sousa profere, cheira-me tremendamente a demagogia, ou seja, parece que a nossa digníssima está a afirmar aquilo que os Enfermeiros querem ouvir e não o que ela acredita na verdade! Mas pronto, a senhora lá veio dizer umas coisas que ficam bem e que vão na linha da posição de todas as outras Ordens profissionais (os Médicos fizeram uma autêntica vergonha, muito perto da revolução)!
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A respeito da falta de Enfermeiros, há um autista crónico neste Âmbito - o SEP, incurável! Noutro dia, no Correio da Manhã li que o SEP, a respeito dos acidentes de trabalho na Enfermagem, "acusa a falta de recursos como a causa das picadas e não a falta de cuidado" link. Eu, pessoalmente, poderia relacionar a má qualidade do papel higiénico em algumas instituições do SNS com a carência de Enfermeiros, mas não entro nessa arriscada indução estatística! É muito lamacenta e perigosa! O SEP é de outro mundo... mesmo sem capacidade negocial, devido a um forte desequilíbrio entre a oferta e a procura, continua com esta postura!
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Ao invés de adequar os profissionais ao mercado, o SEP (e outros) querem forças o mercado a dobrar-se perante os profissionais. Tal como Sagan dizia, o caminho mais simples é sempre o mais adequado! O SEP faz lembrar aquele marchand de arte que não gostava de ver determinado quadro na parede de sua casa, então para remediar a situação... comprou uma casa nova! Ou então aquele físico que quando percebeu que a sua teoria estava errada, quis fazer crer que a natureza era deficiente!
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Portugal dificilmente absorverá mais licenciados em Enfermagem. Os vindouros penarão pelo desemprego, pelas borlas, ou pela subcontratação humilhante, desmotivante e sem perspectivas de progressão profissional e auto-realização! Em alternativa, terão de pedinchar, rastejando por um emprego mal-remunerado!
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Se o mercado está saturado, então o ensino já nem se fala! Hoje em dia estudar Enfermagem é uma aventura. 
É possível cumprir estágios de pediatra em creches, infantários ou escolas, medicina em lares, cuidados intensivos em Centros de Saúde (leram bem!), psiquiatria em lares ou residências de idosos, etc!!
Se pensarmos então que os Enfermeiros experientes e habilitados para a orientação dos respectivos ensinos clínicos estão desmotivados e cansados, compreendemos então o porquê de, actualemente, grande parte dos orientadores/tutores serem recém-licenciados! E mesmo estes perseguem um "papel para o currículo", nada mais!
Nem  sequer me vou referir à qualidade dos corpos docentes das Escolas de Enfermagem (valerá a pena?)...
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Constato agora (impensável em tempos!) que podemos ter um licenciado em Enfermagem com um hat-trick enfermeiresco, ou seja, nunca puncionou, nunca intubou, nem nunca introduziu uma sonda vesical. (A maior parte pouco sentiu o cheiro dos hospitais ou centros de saúde...)
São um indicadores reducionistas, meramente técnicos, mas têm o seu valor. 
Por fim, devido à diminuição da selectividade, consequência do aumento de vagas, a própria qualidade e potencial dos alunos sofreu decréscimo. Hoje em dia, é possível encontrar alunos no ensino superior com quem não nos entendemos. Porquê? Não sabem falar ou escrever português!

domingo, julho 11, 2010

Quando o internamento não é opção (JN)


Acamados, idosos e bebés recebem cuidados de enfermagem em casa. Histórias de sofrimento, solidão e felicidade contadas por quem convive com a doença.

São 8 horas e o enfermeiro Bruno Azevedo, da Unidade de Saúde Familiar (USF) de S. Simão da Junqueira (Vila do Conde), começa a sua ronda pelos utentes que acompanha ao domicílio. Vai no táxi de Fernando Silva Fernandes que transporta, há 30 anos, médicos e enfermeiros até aos enfermos da terra. Nessa manhã, vão para Bagunte, uma freguesia ruralizada e de povoação dispersa. Esperam-nos acamados, dependentes, diabéticos e doentes em recuperação de cirurgias.

Maria da Conceição Oliveira tem tudo a postos para receber o enfermeiro. Há 17 anos que cuida da mãe, atirada para uma cama na sequência de um acidente vascular cerebral que deixou sequelas permanentes.

Aos 82 anos, Ana Costa dá sinais de compreender o que a rodeia, mas permanece fechada num mutismo que só a filha descodifica. A diabetes e os longos anos na cama abriram feridas nas pernas e nas costas que são tratadas, três vezes por semana, pelos enfermeiros de família. Desempregada para tratar da mãe, Maria da Conceição não quer interná-la: "Se tivesse mesmo de ser, faria o sacrifício, mas, com esta idade, prefiro que ela esteja em casa".

O internamento também não é opção para Alexandrina Silva, cuidadora a tempo inteiro da mãe, Carminda, de 89 anos, doente de Alzheimer há 21, um triste recorde de sobrevivência à demência que rouba a memória, os movimentos e os afectos.

Sem meios para contratar apoio domiciliário de higiene e alimentação - só um dos medicamentos custa 93 euros e os suplementos alimentares são caríssimos (uma embalagem de quatro fica por 13 euros) -, Alexandrina é o rosto da exaustão. A única ajuda que tem é a de Bruno Azevedo, que vai lá a casa fazer o curativo ao pé da mãe e serenar a alma de quem faz tudo o que pode e, ainda assim, não vê melhoras.

"As famílias sentem-se culpadas, mas, mesmo os doentes mais bem cuidados, acabam por ter úlceras (feridas) devido à posição", explica, enquanto avança para o próximo domicílio. O apoio e treino dos cuidadores é uma das funções mais importantes dos enfermeiros que fazem visitação domiciliária.

Maria Arminda Costa Santos é outra cuidadora avançada. A vida assim a obrigou. É ela quem trata do pai (sofre de Parkinson), da irmã (portadora de Trissomia 21) e da sogra, Cesaltina Ferreira, diabética de 82 anos, que acamou há três meses na sequência de uma cirurgia aos intestinos. Desde então, os enfermeiros vão lá a casa fazer-lhe o curativo.

Joaquim Costa está desempregado há um ano e dedica os dias e as noites a cuidar do pai, António, 88 anos, vítima de um acidente vascular cerebral isquémico e amputado de uma perna. O Enfermeiro António Fernandes, da USF de Santa Clara (Vila do Conde), acompanha-o há algum tempo e aponta os progressos: já não precisa da sonda nasogástrica para ser alimentado e apresenta-se estável.

"É o meu pronto-socorro. Sempre que tenho dúvidas, ligo e ele esclarece-me", diz Joaquim do enfermeiro.

Este filho não se poupa a esforços. Arranjou cama articulada, colchão anti-escaras, gaiola (estrutura que se coloca ao fundo da cama para evitar o contacto dos lençóis com o doente), muda o pai frequentemente da cama para o sofá e faz os exercícios de mobilização que o enfermeiro lhe ensinou. "Ele nunca me faltou com nada. Agora, é a minha vez de lhe fazer tudo."

A dor de ver sofrer o marido de há 65 anos

Paulo Cunha tem uma agenda cheia - 24 doentes para visitar em seis horas de trabalho que, não raras vezes, se prolongam para que ninguém fique sem assistência. É enfermeiro na USF de Villa Longa, Vialonga (Vila Franca de Xira), e há dois anos que as casas dos utentes são o seu local de trabalho.

O multiétnico bairro social de Ecesa faz parte do seu roteiro habitual. É lá que mora Pedro Rosa dos Santos, que perdeu a vista, a perna esquerda e o dedo grande do pé direito para a diabetes. As lesões têm evoluído bem e o enfermeiro está confiante de que, em breve, estarão cicatrizadas. "Vamos combinar uma cachupa quando estiver bem", desafia Paulo Cunha, que durante todo o tratamento conversa com o paciente para averiguar como está a família. "O doente não é a ferida. É tudo o que sente, a família e todas as circunstâncias que o envolvem. É preciso estar atento a tudo."

Nessa manhã, como em muitas outras, os pés diabéticos e as úlceras provocadas por problemas de circulação constituem a maioria dos casos a que tem de atender. Há quatro anos que Artur Soares Pacheco não consegue livrar-se das várias feridas que lhe surgem nas pernas por causa da insuficiência venosa.

Maria, a companheira de vida há 65 anos, sai da sala quando o marido geme de dores durante o curativo da chaga da perna direita. Disfarça as lágrimas apontando para os retratos da família e enumera os dois filhos, os três netos e os dois bisnetos.

"Estamos juntos há tantos anos. Não sei como vai ser quando nos separarmos", diz Maria.

A ansiedade de não saber amamentar

Ana Isabel Melo tinha tido a Verónica há quatro dias quando foi visitada pela Enfermeira Cláudia Pires, do Centro de Saúde n.º 1 de Chaves. O apoio à amamentação e o teste do pezinho são as prioridades da primeira visita de um enfermeiro especialista em saúde materna.

Para esta cabeleireira de 34 anos e para o marido - pais pela primeira vez -, tudo é novidade e assustador. "Mas, quando os temos nos braços, é mais fácil do que imaginávamos", confessa. Ainda assim, as dúvidas são muitas.

"O receio de não saber cuidar, a ansiedade perante o choro e as dúvidas quanto à amamentação são as principais dificuldades das mães", explica a enfermeira que já acompanhou centenas de mulheres durante a gravidez e depois do parto. O despiste de problemas de vinculação entre a mãe e o bebé e de depressão pós-parto são outras mais-valias do acompanhamento precoce.

As visitas a puérperas e recém-nascidos são apenas uma parte do trabalho ao domicílio daquele centro de saúde. À Equipa de Cuidados Continuados Integrados calham as situações mais complexas: doentes oncológicos, grandes dependentes, com múltiplas lesões, que precisam de cuidados 365 dias por ano.

"Mais do que um mero executor de pensos, somos um gestor de cuidados. Fazemos a ponte entre os doentes, familiares e vizinhos", explica o Enfermeiro João Barbadães Pereira, dez anos de trabalho domiciliário. Idosos a cuidar de idosos, vizinhos a valeram-se mutuamente porque os filhos migraram, pobreza que não deixa comprar medicamentos. Retratos de muitas vidas aconchegadas pela presença de enfermeiros.

"Temos formação para lidar com os aspectos técnicos, mas a parte emocional é a mais difícil. Há muitas situações de pobreza, solidão e doença sem resposta", resume João Barbadães Pereira. link

Enfermeiros todo-o-terreno (JN)


Num dia normal de trabalho, faz entre 22 e 28 visitas a doentes com os mais diversos problemas. "Cerca de 90% dos nossos utentes têm mais de 65 anos e as complicações associadas à idade: úlceras varicosas, ou seja, feridas devido a má circulação, e pés diabéticos, mas também existem muitos acamados e dependentes."

O grande número de casos que tem para atender é a maior dificuldade com que este enfermeiro se depara: "Gosto de dar toda a minha disponibilidade às pessoas, conversar com elas, saber como vai a vida, porque tudo influencia o estado de saúde, e com este volume de trabalho, é difícil".

De Vila Franca de Xira para Chaves, muda o cenário, rareia a população, multiplicam-se as distâncias. No Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Alto Tâmega e Barroso - que abrange sete centros de saúde de seis concelhos -, os 110 mil utentes dispersam-se por quase 3.000 quilómetros quadrados.

Assistência 365 dias por ano

Não são poucas as vezes que o Enfermeiro João Barbadães Pereira e os seus colegas da Equipa de Cuidados Continuados Integrados do Centro de Saúde n.º 1 de Chaves fazem quase duas horas de viagem para visitar os doentes que seguem, todos os dias do ano, incluindo fins-de-semana e feriados. "Recentemente, acompanhei uma senhora, durante um ano, duas vezes por dia, duas horas de cada vez. Estabelece-se uma relação de grande proximidade. Quando algum dos nossos utentes parte, é como se fosse um familiar", diz João Pereira.

Se no Interior os idosos estão sós devido às migrações, no Litoral, a solidão tem causas diversas, mas resultados idênticos. "Quando o doente está em casa, recupera muito melhor. Tenho utentes que melhoram quando os filhos estão de férias e passam mais tempo com eles. A minha prioridade é reabilitar o mais possível e treinar os cuidadores para que o doente fique em casa", explica António Fernandes, enfermeiro da USF de Santa Clara, Vila do Conde.

"Psicólogos" da família

"No domicílio, criam-se laços afectivos que não se fazem no hospital. Somos o amigo a quem podem recorrer quando têm problemas, não só de saúde, mas de todo o género. Os idosos estão cada vez mais sozinhos e desprotegidos", conta o Enfermeiro Bruno Azevedo, da USF de S. Simão da Junqueira, em Vila do Conde. "Sabem quando vamos e estão à nossa espera para conversar um bocadinho. Somos um pouco psicólogos, tanto dos doentes como das famílias", acrescenta este profissional, que faz as visitas de táxi porque a USF não tem meios para comprar mais uma viatura.

Um dos pontos mais importantes para João Pereira é apoiar as famílias. "É fundamental que os cuidadores sintam que não estão sozinhos. O meu lema é chegar sempre com um sorriso e, ao despedir-me, ver sempre um sorriso na cara de quem fica." link

quinta-feira, julho 08, 2010

Alô, DE?

O Dr. Manuel Pizarro (Secretário de Estado Adjunto e da Saúde) tentou ligar-me várias vezes. O motivo é simples: o blog Doutor Enfermeiro foi bloqueado em algumas instituições do SNS. Medo?
Esta atitude põe em causa a liberdade do direito à informação e expressão, tal como eu lhe expliquei por sms. Esta intenção em frear os Enfermeiros e a Enfermagem é triste e lamentável!


Ministério da Saúde.. em formato "novela venezuelana".

Tenho assistido muito atentamente ao desenrolar de todo o imbróglio que tem girado à volta do Instituto Nacional de Emergência Médica, e não posso deixar de constatar que os ingredientes das novelas venezuelanas dos anos 90 estão presentes: mentiras, amor, ódio, intrigas, etc.
Após mais de duas décadas de vida do INEM - erguido à custa do esforço e dedicação de muitos profissionais (onde os Enfermeiros muito contribuíram) - a organização adoeceu.
Gerido pelas pessoas erradas, inexperientes e ignorantes, assessorado por outras do mesmo gabarito, era previsível que o barco se afundasse. 
Invadido pelas malignidades dos esquemas e influências, teve o azar de encontrar o mentiroso - Manuel Pizarro - que como qualquer timoneiro sem leme, vai para onde o vento e o dinheiro o leva, e a ignorância permite.

A sucessão de acontecimentos no INEM é inacreditável: sai Enfermeiros, fica Enfermeiros, espera Enfermeiros, etc... lamentável, num país que se diz desenvolvido e parte integrante de uma Europa moderna.
No início deste ano foi apresentado um Plano Estratégico de Recursos Humanos de Emergência Pré-Hospitalar, onde, supostamente, se configurariam quais as alterações eminentes na estrutura humano do sistema. O que nos foi apresentado foram duas dúzias de páginas descritivas, áridas, desnorteadas, sem lógica interventiva. Eu, pessoalmente, tinha vergonha em apresentar e denominar aquele torpe de... plano estratégico!
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Claramente, tudo o que tem vindo a decorrer no INEM é uma consequência sintomática da saúde em Portugal. Temos um Ministério da Saúde paupérrimo, sem ânimo, incongruente, incapaz, desorientado. A sua permanência e longevidade é um caso raro de inabilidade!
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Não sabem gerir, não sabem negociar, traçam objectivos sem envolver os profissionais, aliás, na maioria dos casos, traçam-nos contra os profissionais. Lançam medidas de poupança "anti-crise" lamentáveis. O esbanjamento continua e pretendem restringir e conter naquilo que não deveria ser possível! É preciso chegar a crise para concluir acerca da sua incompetência?
Basta entrar em qualquer instituição de saúde para aferir a desmotivação e desinteresse de todos os profissionais que compõem o sector.
A porta da rua do Ministério da Saúde está aberta...

segunda-feira, julho 05, 2010

Reunião de 1 de julho - reinício das negociações da carreira de Enfermagem?

A reunião foi de resistência por parte do MS. Não estavam preparados para esta intervenção dos Enfermeiros, porque já tinham tomado como ponto assente que a carreira de Enfermagem já está negociada (que é como quem diz... imposta - imperdoável numa país democrático!). 
Queriam resolver o requerimento interposto pela FENSE de forma levianaMeteram as mãos pelos pés, logicamente.

Deveriam ter enviado até hoje a acta da reunião para que se possa constatar se mantêm a intransigência, ou se cedem na tabela, que é o que está em causa neste momento, visto que a restante legislação continua por se concretizar (ou será imposta também?).

Dizem os "inteligentes" que os Enfermeiros já têm o nível 15 (1200€) garantido, mas depois não sabem responder como é que no artº 7 do anexo I diz que entram por 1020€ até 2013 que é precisamente quando se acabaria a transição deste pequeno grupo dos graduados, para a futura nova tabela.

Isto é inaceitável, mas é muito parecido com a tabela do SEP, que nem repara que está a propor a tabela de licenciados da função pública de licenciatura de papel e lápis, para os 2 níveis de formação (enf e + especialidade).
Quando se propõe paridade com o que acontece com os médicos, assobiam para o lado!

Está assente que a FENSE não aceitará isto. Já cheira a providência cautelar a caminho...

De seguida vem o mais bonito (e admirável), tendo em conta o actual cenário de crise (segundo dizem...): não é nenhuma novidade, mas já há certezas de que tudo aquilo que está ser roubado aos Enfermeiros, será oferecido de mão beijada aos Médicos, com vista à "resolução dos graves problemas de alocação de recursos humanos médicos e desmotivação" no seio da respectiva classe!

E os Enfermeiros??

quinta-feira, julho 01, 2010

Hoje, dia 1 de Julho...


"A FENSE (SE e SIPE) vão dar início ao período de negociações suplementares que foi requerido (23/06 pp) à Sr.ª Ministra da Saúde, conforme noticiamos em tempo.
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É neste contexto que estes sindicatos (SE e SIPE) vão puxar pelo valor real da Enfermagem e pelo direito que têm, ao seu lugar próprio, no Serviço Nacional de Saúde.
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Progressivamente e à medida que as coisas forem acontecendo iremos informando todos os Enfermeiros e Enfermeiras, com a garantia de que não cederemos naquilo que consideramos de razão inquestionável." link

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Novo grupo para reflexão de Enfermagem (a promessa é: o que quer que ali se escreva, chegará a "quem de direito")! 

Para que a opinião de cada um tenha uma consequência positiva! Contribuição efectiva!