quinta-feira, julho 31, 2008

Para os Enfermeiros... não, para os Médicos... sim!

Os Enfermeiros queriam ter disponível a opção pelo regime de exclusividade. O Ministério da Saúde riu-se. Para quê pagar mais por profissionais que de outra forma, mesmo desejando, já não conseguem acumular, por falta de lugares disponíveis? E deixou um aviso: já é muito bom não haver penalizações pela acumulação público/privado. Ou seja, os Enfermeiros que trabalham exclusivamente para o serviço público não merecem ser mais bem remunerados, quem acumula é que deveria ver o salário reduzido...! Por isso, considerem-se sortudos...
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Aos médicos, pelo contrário, é-lhes oferecido tudo. Até se discute a imposição do regime de exclusividade. Não querem. As acumulações são mais rentáveis. Uma semana de privada compensa mais do que um mês de exclusividade SNS.
Os argumentos que a diplomacia e bom-senso obrigam a apresentar são anedóticos. Quando se anunciou um novo curso de medicina com um incremento de 30 vagas, a Ordem dos Médicos alertou "para o risco de se poderem estar a formar médicos a mais"! Quando foi anunciada a proposta do Ministério da Saúde para o regime de exclusividade médica, a Ordem dos Médicos replicou: "parece-me muito grave que se obrigue os médicos à exclusividade a um determinado serviço quando há uma carência tão grande de médicos que não estará resolvida entre quatro a cinco anos por mais alunos que entrem nas faculdades de medicina".
Em que ficamos?

Os Enfermeiros queriam que lhes fosse concedido, novamente, autorização para atribuir regimes de horário acrescido. O Ministério da Saúde riu-se. Para quê pagar mais 37% sobre o salário base para que os Enfermeiros façam 42 horas/semana, se em inúmeros casos já as fazem com o mesmo salário pago pelas 35 horas?

Os Enfermeiros queriam que lhes fosse pagas as horas extraordinárias de acordo com as percentagens regulamentadas por lei. O Ministério da Saúde riu-se. Para quê pagar mais por profissionais que, com receio de retaliações e/ou despedimentos, exercem gratuitamente ou por valores irrisórios?
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Quer queiramos quer não, temos de perspectivar esta questão do ponto de vista sócio-profissional. A Enfermagem é um profissão, cujos elementos vivem dos rendimentos produzidos pela exercício da mesma. Por isso...

Os avisos sucederam-se. Os tiros dados nos pés, pelos próprios Enfermeiros, foram devastadores. Saltaram as unhas, esvoaçaram pedaços de carne e o sangue espingalhou para todos os lados. Agora choram...
Queriam Enfermeiros sem dó nem piedade, sob o pretexto do gozo de direitos e vamos assistindo, pelo contrário, à retirada dos mesmos. Gostavam de ser o sindicato dos doentes, agora gritam. Há Enfermeiros para exercer à borla, outros até pagam para trabalhar....
Pois é minha gente, sem poder de reivindicação, o que queriam vossas excelências?
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A Ordem dos Enfermeiros, essa, é um delírio. Uns dias faltam 20 mil Enfermeiros, outros, quando chove, faltam 11 mil, quando faz sol faltam 21 mil, de noite já faltam 33 mil, quando neva faltam 25 mil, quando a lua se eclipsa faltam 12 mil... Enfim, gostava de conhecer os "matemáticos" por trás dos cálculos...
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Já para não falar da "tampa" do Ministério à alteração dos estatutos da Ordem dos Enfermeiros (e como consequência todo o Modelo de Desenvolvimento Profissional)... A Srª Ministra vai oferecendo umas palavras bonitas para adiar a dor... pois o Ministério não concorda com quase nada!
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Parece que vamos de ter de andar muito de bicicleta nos corredores do Ministério... porque os dias vão ser negros...
Teremos a oportunidade de contemplar ainda mais a exacerbação do desemprego caused by paramédicos, gerontólogos e muitos outros "ólogos" que vêm a caminho...
É pena, tanto se lutou para que, em meia dúzia de anos, tudo fosse pelo ralo abaixo...

segunda-feira, julho 28, 2008

15% dos recém-pais deprimidos - investigação de Enfermagem.


"Um em cada sete homens (15 por cento) de casais seguidos na consulta de obstetrícia do Hospital de Santa Maria da Feira registaram uma depressão pós-natal, às seis semanas de vida dos seus bebés.
A investigação, realizada entre Julho de 2005 e Agosto de 2006, envolveu 60 homens que foram avaliados às 36 semanas de gravidez das suas mulheres e segunda e sexta semanas após o nascimento. A análise foi feita com base na Escala de Depressão Pós-Natal de Edimburgo (EPDS).
O Enfermeiro responsável pela realização deste estudo, Aldiro Magano, de Santa Maria da Feira sublinha na sua tese de mestrado, defendida na sexta-feira, que os resultados coincidem com estudos internacionais, os quais apontam os 12 meses de gravidez como o pico da depressão no sexo masculino.
"
“As mulheres deprimem mais e com os níveis mais graves”, indica ainda o estudo, segundo os qual os valores entre as mães chegaram aos 25 por cento. Com este estudo foi também possível concluir que quanto mais alto for o cargo ocupado, maior é a tendência para a depressão.
Na amostra estudada, a actividade profissional da maior parte dos deprimidos era liberal e com objectivos a atingir, nomeadamente vendedores e gestores de empresas pequenas e familiares.
O Enfermeiro acrescentou que a média de idade destes deprimidos situa-se nos 30 anos, mas tem oscilações entre os 18 e os 39 anos.
"

Fontes: Jornal Correio da Manhã; Jornal Público; Jornal Destak; Revista Visão; SIC On-line; Jornal de Notícias; Revista Pais e Filhos.

domingo, julho 27, 2008

Hoje, apetecia-me...


... fugir e jantar à luz das velas por terras do Gerês.

sexta-feira, julho 25, 2008

Quem não sabe é como quem não vê! Nós, altruístas, ensinamos...


Já quase não há céus para bradar. Há gente muito...complicada.

Confirma-se aquilo que já se disse várias vezes neste blog: para abrir uma nova faculdade de Medicina (neste caso, curso) é preciso pôr o país em polvorosa, abrir noticiários, consumir muita tinta de jornal e escrever milhões de bytes em opiniões...

Numa iniciativa inédita (confesso que até fiquei surpreendido pela positiva), a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, veio a público comentar o novo acontecimento nacional. Diz a nossa digníssima: "fico satisfeita com a iniciativa da criação da faculdade de medicina". Acrescentou ainda que "haverá sempre seguramente quem deseje ser Enfermeiro ou Médico" e que "acredita que este novo curso não vai retirar profissionais de outras áreas de saúde".
(Pois eu até acho que deveria retirar, pois assim, cada um, teria a liberdade de escolher o que quer cursar, orientando a seu futuro de acordo com as respectivas pretensões...)

Curiosamente, afirmou ainda que "as necessidades na saúde são sempre crescentes", o que me fez suspeitar que introduzisse o conhecido e barbudo argumento dos rácios da OCDE, mas não. (Olhe que o rácio médico em Portugal não é dos piores, mas está longe dos melhores...)

As privadas, revoltadas e sedentas de dinheiro fresco, também querem o curso de Medicina, mas encontram barreiras... porque será?

É aqui que entra o bastonário da Ordem dos Médicos, Dr. Pedro Nunes, um homem visivelmente pouco habituado a estas andanças relacionadas com abertura de linhas de produção massivas a nível formativo (ainda que estejamos a falar de umas escassas dezenas de vagas)...
Mas nós, Enfermeiros, ensinamos quem não sabe...

Quando questionaram o sr. bastonário relativamente ao que pensava sobre este polémico e mediático evento nacional, o mesmo desabafou com notável sinceridade e alertou "para o risco de se poderem estar a formar médicos a mais". Relembro que estamos a falar de apenas mais 30 vagas!! Mostrou-se ainda preocupado com a existência de "1500 vagas" para medicina. Há uns bons anos atrás (para quem se lembra...), com menos faculdades, quase abriram 5000 vagas, e ninguém se queixou tanto... porque será?

Continuando, o Dr. Pedro Nunes, atemorizado, vincou prontamente que deve existir uma "gestão do número de vagas a nível nacional para que não se estejam a formar pessoas para o desemprego", e não se esqueceu de um pormenor essencial: "recear a dispersão das faculdades de medicina", pois ""tecnicamente é preferível concentrar em pólos as universidades" (...) salientando a necessidade dos futuros médicos terem vivência universitária. E ramatou assim: "Para os médicos é fundamental que durante a sua fase de ensino saiam das suas terrinhas e abram os seus olhos"". Complicado, o homem.

Ora, em termos de eficácia e eficiência os médicos estão muito atrasados...

Os Enfermeiros, vanguardistas, não querem saber da velha história da gestão de vagas, falar em desemprego é uma tolice obsoleta, discutir rácios da OCDE é que é moderno e chic...
Muito frontalmente, deixem-me dizer ao sr. bastonário da OM que, se quiser aprender como é que se abre um curso em cada esquina, com professores de desenrasca-para-a-ocasião, a gente ensina... de borla! A nossa experiência nesse âmbito é abrangente...

... É quem não sabe, é como quem não vê!

O recado seguinte é especialmente dirigido à nossa bastonária: ponha os olhos a isto, Enfª Maria Augusta! Eles [a Ordem dos Médicos] não duram sempre...

quarta-feira, julho 23, 2008

Não sou eu quem diz, é o José Saramago (que, como sabem, não é Enfermeiro)...


Sinto-me desiludido. Sobretudo, quando leio artigos - que me entristecem, mas com os quais concordo - como este, que o colega O Enfermeiro escreveu e do qual deixo um excerto:

"Felizmente que tivemos ontem o prazer de ver na TV portuguesa e na companhia do nosso estimado colega José Carlos Martins, o Secretário-Geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa.

Como não poderia deixar de ser (outro assunto parece não haver) veio relembrar os responsáveis pela Enfermagem Portuguesa - não se tivessem já esquecido - sobre importância dos rácios da OCDE e, com o seu contributo, alertar os actuais responsáveis políticos para o défice de 25000 Enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde Português.
Reparem que já faltam 25000 enfermeiros! (... ) Cada dois meses que passam, e em plena crise económica e social, somos informados que temos um acréscimo ao défice de de 5000 enfermeiros. Conseguiremos atingir um défice de 40000 até ao fim do ano? Quem dá mais?
Imagino já o sorriso da Senhora Bastonária (igual ao que transpareceu na TV nos Prós e Contras) quando a Ordem dos Enfermeiros atingir os 100000 Enfermeiros inscritos. Vai ser um festa com "pompa e circunstância".
Fico ansioso! Vamos ser a MAIOR Ordem de sempre."

Perante isto, o que me assalta o espírito são as polémicas palavras de José Saramago: "a esquerda não tem puta ideia do que se passa no mundo"... neste caso, o PCP...
Não sei a quem devemos a obrigação de aturar esta "cassete" indefinidamente...
Será promessa ou castigo?
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Há quem deseje produzir "tijolos" sem saber que "casa" se vai construir, como será construída, se poderá ser construída, quanto tempo demorará a ser construída, se há dinheiro para a construir.... e assim, um dia, arriscamo-nos a morrer num desmoronamento de montanhas de "tijolos"...
Vamos lá se os PCP's percebem, desta vez, a metáfora...
Eu, pessoalmente, não gosto de militâncias políticas extremas. Prefiro orientar-me pelas boas ideias, posições, estratégias e soluções... deixando as obcessões à parte.
Desafio os PCP's a visitarem instituições de saúde estrangeiras, para constatar se existem mais Enfermeiros (relativamente a Portugal) com graduação superior (equivalente à nossa licenciatura) presentes nos serviços (estou certo que encontrarão muitos auxiliares de Enfermagem e afins que, grosseiramente, poderíamos comparar aos nossos AAM)...
Nem o Johns Hopkins Hospital (considerado o melhor hospital dos EUA (incluindo Nurses Magnet Recognition); ver site de Johns Hopkins Nursing - ver reportagem da CBS) tem tantos Registered Nurses/utente nos SU's, como têm o H.S. João ou o H. Santa Maria...

segunda-feira, julho 21, 2008

Pelo início da negociação da nova carreira....

Está disponível aqui (SEP), uma petição on-line que, entre outras reivindicações, exige a abertura do processo negocial entre o Ministério da Saúde e os Enfermeiros, com vista à aguardada Carreira de Enfermagem.

domingo, julho 20, 2008

Abílio, o malabarista pouco imaginativo....


O Dr. Abílio Gomes, actual presidente do INEM, é amante da diplomacia mentirosa e da demagogia. Depois de ter afirmado, numa reunião com a Ordem dos Enfermeiros (OE), que a classe de Enfermagem é "uma parceira fundamental numa área em que é fundamental", vem a público debitar anormalidades: é contra a aquisição de mais meios de emergência e prefere pessoal de qualificação inferior (tradução: barato)...

Nesse mesmo encontro, a OE "sublinhou, junto do Presidente do INEM, que zelará pelo escrupuloso cumprimento dos princípios defendidos" na Tomada de Posição sobre a actuação dos Enfermeiros na Emergência Pré-hospitalar.
Agora, o Sr. presidente, esquivo e malabarista, deu uma volta de 180º, tal como se constatou numa entrevista à Antena 1.
A saber:
O três helicópteros tripulados apenas por Enfermeiros prometidos pelo ex-Ministro da Saúde, Dr. Correia de Campos, afinal... devem ficar sem efeito (ao contrário das promessas da actual Ministra!). Estão dependentes de um "estudo" que ainda não chegou, mas já apresenta conclusões óbvias. Aparentemente irreversíveis. Portugal é dos únicos países onde os resultados precedem os "estudos"...
Continuando...
As Ambulâncias SIV. O projecto está a demorar algum tempo a ser implementado a 100%. Das 42 viaturas previstas, apenas 24 estão em funcionamento... Porquê? Não é muito difícil de imaginar...
Por fim...
A jóia da coroa - os paramédicos. Totalmente desnecessários em Portugal e apenas subsistentes noutros países porque, tal como afirma a Associação de Enfermeiros de Emergência Pré-Hospitalar (APEEPH) no seu mais recente comunicado, foram criados numa conjuntura de falta de médicos e Enfermeiros (ex. EUA), o que não se verifica em Portugal...

Mas o Dr. Abílio explica melhor...

"Para tentar combater a falta de meios humanos, o responsável defende a criação de uma carreira profissional semelhante à dos paramédicos"...

"Criar uma carreira profissional que valorize a intervenção dos actuais tripulantes das ambulâncias de socorro e de emergência. Valorizá-los até que pudessem ter capacidade de actuação semelhante à dos paramédicos"...

Na presença de honestidade e brio qualitativo, os Enfermeiros são e serão sempre a melhor opção. Nem o argumento da "falta de profissionais" é válido, Dr. Abílio!
Quer a OE que a Ordem dos Médicos são contra os paramédicos. Simplesmente, não acarretam mais-valias... Para quê formar e treinar alguém a partir do zero (leigo em saúde) para determinada abrangência profissional, quando existem Enfermeiros disponíveis e com competências preferíveis? (Mesmo que os Enfermeiros recém-chegados ao mercado não desejem enveredar pela referida carreira, poderia dar-se uma migração vantajosa de Enfermeiros com experiência relevante na área, deixando lugares para o devido preenchimento no local de origem e/ou continuando, em simultâneo, com o regime de acumulação nos casos preferenciais, com a respectiva supressão da necessidade de cuidados nos respectivos)
Até dá vontade de rir...


Numa suposição, cabendo ao INEM fornecer o respectivo refresh e upgrade formativo (que vai assentar na formação base) aos Enfermeiros interessados, qual a vantagem (além da orçamental...) em criar paramédicos?


sexta-feira, julho 18, 2008

Os Enfermeiros também choram!


O Enf. Joaquim Góis é Enfermeiro na VMER de Beja e foi o protagonista de uma peça jornalística no Diário de Notícias (DN). Para quem não se recorda, eu dou uma ajuda: em Janeiro de 2007, o DN acompanhou a VMER de Beja, resultando daí uma belíssima reportagem, intitulada "A viatura que faz o Paris-Dakar no Alentejo para prestar socorro". A mesma foi transcrita num artigo aqui, no blog. Porque regressei ao assunto?
Antes de mais, deixo pequenos excertos para refrescar a memória:

"Partir do hospital de Beja com VMER para responder a uma chamada - que pode vir de qualquer ponto dos 10 225 quilómetros quadrados do distrito" (...) "O percurso e a velocidade são de alta competição, a adrenalina também. Mas, sem pilotos experientes ou mecânicos especializados, aqui quem segura o volante são enfermeiros."

"É indiferente que a estrada aconselhe a não ir a mais de 50 quilómetros por hora. São duas da tarde e as mãos firmes do enfermeiro Joaquim Góis já correram para dentro do carro, ligaram a sirene, e guinam agora o volante para a esquerda e para a direita, sempre sem baixar dos 180. A respiração e as batidas cardíacas replicam, altas, a rotação do motor. Mas a cabeça está fria e já longe, junto do jovem de 19 anos que espera em Aljustrel com um tiro no peito, a mais de 40 quilómetros de estrada retorcida e traiçoeira que não há suspensão que faça amansar."

"Pode acontecer que, a qualquer momento, se atravesse um javali. Ou, como agora, um camião que não ouve a sirene, passa o cruzamento e quase leva a VMER consigo. Pode haver gelo, pode haver um buraco no alcatrão, pode apenas haver terra batida, muita lama e muitas pedras. É nisto tudo em que o enfermeiro Joaquim Góis pensa, enquanto segura, de mãos firmes, o volante, e vai antecipando como terá entrado a bala, onde estará alojada no jovem que o espera em Aljustrel. "Vou buscar os protocolos, penso onde está isto, onde está aquilo, o que faço primeiro quando lá chegar, o que faço a seguir. Nunca sabemos o que vamos encontrar.""

""Imagine receber uma chamada de um acidente grave, chegar lá e encontrar quatro amigos. E o seu melhor amigo morto. No momento, não penso em nada, faço o meu trabalho. Mas depois... Chorei o caminho todo de Beja a Santarém.""
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""Em cinco meses, o INEM já teve que substituir o carros cinco vezes, porque a mecânica automóvel não conseguiu sobreviver à adversidade do caminho.""

Algum tempo após esta reportagem, a filha do Enf. Joaquim Góis (Sandra Góis) enviou-me a seguinte mensagem:

"Este é o homem que chora como uma criança por tudo e por nada, mas que depois mantém a calma e a frieza nas alturas em que tem como prioridade salvar alguém, esquecendo-se de si e até da sua própria família e que eu tenho a sorte de ter sempre por perto: o meu pai."
Sandra Góis

90%


quinta-feira, julho 17, 2008

Habla español?


O Doutor Enfermeiro (DE) figura entre os 8 blogs aconselhados pela FAECAP (Federación de Asociaciones de Enfermería Comunitaria y Atención Primaria).
A partir de agora, também se habla español por aqui....

quarta-feira, julho 16, 2008

PG em Controlo de Infecção e Saúde

(Clicar na imagem para ampliar)
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Estimados colegas,
os prazos de inscrição foram alargados até ao dia 20 de Julho. Mais informações aqui.

terça-feira, julho 15, 2008

Por vezes, em certos dias, podem-me encontrar ao final do dia por aqui...


...como hoje, por exemplo. Só espero que a Ministra da Saúde, Ana Jorge, não se lembre de me trocar por um seixo da praia ...
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"Em 'troca' dos médicos, a Argentina, com carências no sector da enfermagem, podia "acolher jovens enfermeiros portugueses que estivessem disponíveis para trabalhar no país"
Sugestão de Ana Jorge

Como se "perder" (mesmo com GPS) dentro de um estúdio de TV...

A Enf. MAS (bastonaria) esteve bem no programa "Pros e Contras"?
Sim.
Nao.
pollcode.com free polls

O convite para o Prós e Contras, na RTP, honrou os Enfermeiros (uma vitória em questão de visibilidade social), mas...
...mais uma vez a nossa bastonária perdeu-se em conceitos que nem soube clarificar. Parece-me que não há solução à vista.

Note-se que o tema ficou um pouco aquém daquilo que esperávamos, pelo que o interesse ficou ligeiramente dissolvido.

A Enfª Maria Augusta de Sousa, perdeu-se entre questões "estruturais" e o "conjunturais", e quando a jornalista, Fátima Campos Ferreira, lhe pediu para esclarecer o que era "estrutural" e o que era "conjuntural"... a nossa bastonária não foi capaz de o fazer. Portanto, o diagnóstico mantém-se: continua com um discurso abstracto, nebuloso, arrastado, pouco dinâmico, incompleto.

Quando a jornalista a introduziu para a sua intervenção na terceira parte desta forma: "os Enfermeiros em Portugal têm tido um papel muito relevante no sociedade portuguesa" (...) "é uma profissão com mérito, bem vista pela sociedade" (...) e perguntou: "que prioridades vê na sociedade portuguesa a partir da sua profissão?", a Enfª Maria Augusta de Sousa empaleou com argumentos de contextualização, queimando tempo de antena importantíssimo. Nem ela própria sabia que rumo de discurso tomar...
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Um pormenor final: quando foi referido que era a nossa Ordem a detentora do maior número de associados, o orgulho transbordou pelos olhos da nossa bastonária (o aroma dos "21 mil" emergiu das profundezas viscerais), tendo como consequência um sorriso monumental...
Não sei se é um bom motivo para orgulho. Pessoalmente, prefiria orgulhar-me do âmbito qualitativo, ainda mais quando uma parte significativa dos Enfermeiros está desempregada... senão, ficamos com o problema dos navegadores-conquistadores: com muita água, mas sem naus e caravelas para navegar... infelizmente, como sabem, muitos afogaram-se.

segunda-feira, julho 14, 2008

Pedido especial!


Pela primeira vez, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Enfª Maria Augusta de Sousa (MAS), vai estar presente no programa da RTP1, Prós e Contras, como convidada no painel, onde vai estar juntamente com os bastonários da Bastonários da Ordem dos Médicos, Ordem dos Advogados, Ordem dos Engenheiros e Ordem dos Arquitectos.

Obviamente e como não podia deixar de ser, os Enfermeiros congratulam-se com esse facto. Existe tanta coisa que deve ser dita, mas existe algumas coisas que não devem ser ditas. Depois do vergonhoso episódio "morfina" (recordam-se?) que, em Janeiro de 2008, deixou a classe de Enfermagem boquiaberta, eis que a MAS vai tomar a palavra uma vez mais.

Por isso, nós, os Enfermeiros, temos um pedido especial para si, srª bastonária:

POR FAVOR, tenha coragem, assuma posições firmes, seja objectiva, clara, não divague, deixe a demagogia em casa e acima de tudo, POR FAVOR, não diga que "Portugal precisa de mais Enfermeiros" e não fale nos rácios da OCDE (que não são transponíveis para Portugal) nem em fomentar a formação de Enfermeiros! Só por hoje, esqueça o número "21 mil", pois a mensagem que passa para a opinião pública fica distorcida...
Esclareça o que quer dizer "faltam Enfermeiros"...

Defenda a nossa dignidade tal como os outros bastonários vão fazê-lo relativamente às suas classes! Não nos desiluda!
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Logo à noite (22h25'), veremos...

domingo, julho 13, 2008

Parabéns!


"O maior problema e o único que nos deve preocupar é vivermos felizes"

Voltaire (François-Marie Arouet)


Desejo um dia especial a alguém especial...

sábado, julho 12, 2008

Será que vale a pena quando a inteligência é pequena?



Já foram publicadas as vagas disponíveis para o ensino superior público para o próximo ano lectivo. Num cenário de excesso de vagas para os vários cursos, as respectivas Ordens profissionais demonstraram o seu desagrado e revolta, excepto... isso mesmo, a Ordem dos Enfermeiros, quem mais?

A Ordem dos Advogados que tinha pressionado, compreensivelmente, a tutela a diminuir o número de vagas disponíveis.
A Ordem dos Engenheiros insurgiu-se violentamente contra a anarquia que reina entre a distribuição (e nomenclatura) de cursos de Engenharia, criticando a qualidade do ensino e o "facilistismo" do acesso aos respectivos cursos.
A Ordem dos Médicos, satisfeita com aumento irrisório de numerus clausus (apenas mais 151), suspirou que "não é metendo milhares de alunos na universidade que se vai de repente resolver a lacuna". Pois claro, brilhante. O ex-Ministro, Prof. Correia de Campos, tinha prometido 2000 vagas. Onde estão? Os lobbies sorveram-nas.
Além destas, a Ordem dos Médicos Dentistas é exemplarmente clara: "a solução passa por reduzir as faculdades de Medicina Dentária".

E a Ordem dos Enfermeiros? Bem, essa esteve em grande na pessoa da Enfª. Maria Augusta de Sousa. Quando pensávamos que a sua dependência (dos rácios) estava quase curada, eis que resvalou novamente para o seu vício nefasto.
Bem me parecia que a subtil mudança de discurso e a substancial alteração posicional que a OE tem vindo a apresentar, não era obra da nossa bastonária. Esta nova estratégia, obviamente, provém de outras mentes, mais frescas e menos bolorentas. Mentes com outra visão e audácia.

Quando o Jornal Público questionou a nossa bastonária sobre a sua opinião relativamente à redução de 24 vagas, comparativamente ao ano passado, nos cursos de Enfermagem, esta respondeu: "congratulamo-nos que não haja aqui uma redução drásticada oferta formativa antes de se poder perspectivar o futuro"!! Futuro? É para rir? Que futuro?

(Relembro que há poucos anos, já o desemprego florescia entre os Enfermeiros, a OE também já se tinha "congratulado" com o aumento de lugares nos cursos de Enfermagem que tinha acontecido nesse ano...)
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Poderá "alguém" ser assim tão...desenquadrado?
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Colegas, não tenhamos ilusões, faltarão sempre os eternos "21 mil"... ontem, hoje e para sempre!

quinta-feira, julho 10, 2008

Mudam-se os tempos, pioram as vontades....


"Onde há uma vontade forte, não pode haver grandes dificuldades"

Niccolo Maquiavel

Parece ser grande a falta de vontade que reina entre a maior parte dos Enfermeiros. A julgar pela (mini-)concentração de hoje...
Num período cravejado de dificuldades e ameaças à dignidade da profissão... 1,7% dos elementos da classe comparecem ao teatro da luta!?! Significativo?
Pelos vistos tudo está a correr bem para os restantes 98,3% dos Enfermeiros!

Concordo com quem argumenta que deveria ter sido decretada uma greve (ajudar os Enfermeiros a terem disponibilidade total para se deslocarem até ao local pretendido).

Mas... perdoem-me a pergunta: os milhares de colegas desempregados estão satisfeitos? Que tolice, é óbvio que estão. Esta luta, pelo que parece, não é do seu interesse....
Os milhares de precários também estão bem assim? Não têm com o que se preocupar, reparo. A vida profissional é-lhes risonha! (Não acredito que todos estivessem a trabalhar...)
Os restantes parecem satisfeitos com as condições profissionais decrépitas, já para não falar numa carreira profissional injusta, obsoleta e francamente desajustada.
Por fim, parece que todos vivem satisfeitos com o actual status sócio-profissional da classe. Neste ponto tenho dúvidas: será pelo excesso de dignidade, pelos salários chorudos ou pelo hérculeo poder social e reivindicativo?

Longe vai o tempo em que, dentro das instituições, só quem lutava é que beneficiava. Assim nasceram as "andorinhas", que muitos, nos dias de hoje, certamente, já não sabem quem eram, porque faziam, como faziam e em que acreditavam. Os "não-andorinhas", que viviam, faustosa e oportunamente, "puxados" pelo cone de vento dos lutadores, aprenderam a lição. (Perdoem-me esta minha divagação.)

Uma palavra final para o estimado colega Ricardo, Enfermeiro precário (ver reportagem), que chegou a Lisboa, vindo de longe (Trás-os-Montes), mesmo que para isso, se tenha sacrificado e colocado os pés no chão às três da madrugada. A todos os "Ricardos" que lá estavam (cada um com o seu esforço pessoal), um bem hajam! Fossem todos assim...

O que veio no saco de regresso? A "reafirmação do compromisso de que ainda este mês será enviada a contraproposta [da carreira de Enfermagem] e concretizar-se-à a primeira reunião negocial". Se assim não acontecer, segue-se uma provável greve....

quarta-feira, julho 09, 2008

Todos juntos....


Os Enfermeiros (e a Enfermagem) atravessam dias negros. Os ataques à nossa dignidade e ao profissionalismo surgem de todos os quadrantes. União precisa-se. União surge.

O SEP anunciou uma concentração massiva dos Enfermeiros (10 de Julho, frente ao Ministério da Saúde - 11h). O SE solidarizou-se e emitiu uma mensagem de incentivo aos Enfermeiros.

"Não faltam razões aos Enfermeiros para se manifestarem, pois o Ministério da Saúde preocupa-se pouco com os problemas da Enfermagem não obstante os Enfermeiros serem vitais para o SNS"

O INEM afirmou (novamente) a intenção de "criar" Paramédicos em Portugal. A Ordem dos Enfermeiros emite imediatamente um comunicado a repudiar esta intenção, comprometendo-se a discutir esta questão com a Ministra da Saúde. A Associação Portuguesa de Enfermeiros de Emergência Pré Hospitalar (APPEPH) deixou também a seguinte nota à imprensa:

"A Associação Portuguesa de Enfermeiros de Emergência Pré Hospitalar, reforça novamente a necessidade de aproveitar o investimento efectuado pelo país nos últimos anos em formação de Enfermeiros, que não está a ser rentabilizado. A decisão de criação de uma carreira de paramédicos e consequente investimento em formação, quando existem enfermeiros formados e disponíveis, é estrategicamente errada e financeiramente inoportuna.
Esta Associação lembra, que o vulgo paramédico criado nos Estados Unidos da América foi uma decisão estrategicamente acertada, respondendo a uma necessidade geo-demográfica deste país que num determinado momento não dispunha de recursos humanos diferenciados (Médicos e Enfermeiros), para responder ás necessidades da população em termos de Emergência, num sistema de saúde altamente mercantilista e desigual, aproveitando muitas das experiências efectuadas em ambiente de guerra.
A conclusão que deveremos tirar, é que o que é bom e necessário em algumas partes do mundo, não o é em absoluto noutros, para além do sistema de saúde americano não ser um exemplo de referência até pelo lugar que ocupa no ranking mundial. Deveremos sim, aproveitar e estudar as experiências que respondam ao nosso Modelo Social Europeu, que engloba necessariamente altos padrões de qualidade em cuidados de saúde.
"

Com todos juntos é bem mais fácil...

terça-feira, julho 08, 2008

10 de Julho, é o dia de tirar do armário aquela peça de roupa que os Enfermeiros não vestem há muito tempo...


10 de Julho – 11h
CONCENTRAÇÃO FRENTE AO MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Todos estamos insatisfeitos com a não abertura do processo negocial da Carreira de Enfermagem, com a Precariedade e com o baixo nível de admissão de Enfermeiros. Chegou o momento de irmos ao Ministério protestar pelos atrasos e exigir soluções.

Recordando...
Na reunião de 16 de Maio, entre SEP/SERAMadeira e Ministério da Saúde, este assumiu compromissos: Entre outros (CSPrimários e CContinuados), assumiu que:
1.1 – Negociação da Carreira de Enfermagem (Func e CIT): seria agendada a 1.ª reunião negocial entre 16 e 30 de Junho;
1.2 - Negociação de medidas sobre Resolução da Precariedade e Admissão de mais Enfermeiros: seria agendada reunião entre a última semana de Junho e 1.ª de Julho.

Na audição de 5 de Junho, perante mais de 1 000 Enfermeiros frente ao Ministério, este, junto da delegação recebida:
1.3 – Reafirmou o calendário de reuniões
1.4 – Comprometeu-se a, na 1.ª reunião negocial, entregar a sua Contraproposta de Princípios de Carreira (recordar que SEP/SERAMadeira entregaram a sua Proposta de Princípios de Carreira em Abril de 2005, reapresentaram em Junho de 2006 e, de novo, a 5 de Junho de 2008)

No dia 3 de Julho, não tendo ainda concretizado os compromissos assumidos, o Ministério da Saúde contacta o SEP/SERAMadeira:
1.5 – Não concretizou as reuniões porque ainda faltam “uns acertos”
1.6 – Até 11 de Julho (final desta semana), EVENTUALMENTE, remeteria a Proposta de Princípios de Carreira de Enfermagem para tentar concretizar a 1.ª reunião negocial
1.7 – Não sabia ainda se, em Julho, conseguia apresentar as referidas Propostas de solução para Precariedade e Admissão
1.8 – Neste dia, a Ordem dos Enfermeiros toma posição pública sobre … deixando antever que o Ministério quer inviabilizar o Modelo de Desenvolvimento Profissional aprovado em Assembleia Geral (fundamental para a Profissão e vital para o Modelo de Carreira de Enfermagem que andamos a discutir desde 2002 e foi apresentada)


Podemos justamente afirmar que “ESTAMOS FARTOS DE ESPERAR” … “ESTAMOS FARTOS DE COMPROMISSOS NÃO CONCRETIZADOS” …

APELAMOS A QUE COLEGAS E ALUNOS DO 4.º ANO SE ASSOCIEM ÀS EXIGÊNCIAS PARTICIPANDO NA CONCENTRAÇÃO
- Pela entrega da Contraproposta de Carreira de Enfermagem (Func e CIT) e marcação da 1.ª reunião
- Pela viabilização/aprovação do Modelo de Desenvolvimento Profissional
- Pela regularização dos Precários, estabilizando/efectivando
- Pela Admissão de Mais Enfermeiros

Não esquecer: Trazer Camisa/Bata branca – SEP ORGANIZA TRANSPORTES
Nota: post baseado num e-mail do SEP

www.como-iludir-enfermeiros-em-lume-brando.pt


Os problemas e lutas chegam de todas as frentes. Agora é a vez do INEM na pessoa do seu presidente, Dr. Abílio Gomes, que veio a público dizer que Portugal necessita de criar a figura dos Paramédicos!
O presidente do INEM, num encontro com a Ordem dos Enfermeiros (OE), em Março deste ano, tinha referido "entender os Enfermeiros como parceiros fundamentais na área da Emergência Pré-Hospitalar". Acrescentou inclusivamente que "contava com o contributo da OE para a definição de um Plano Estratégico Nacional para esta matéria"!

Com milhares de Enfermeiros no desemprego, os motivos da pretensão em "criar" uma suposta carreira profissional de Paramédicos, prendem-se unicamente com argumentos economicistas.
Tudo isto demonstra que os responsáveis do sector da saúde desvalorizam os Enfermeiros, protelando decisões e medidas com paleio diplomático, alimentando um vazio negocial, desprezando a nossa competência e dignidade.
A OE emitiu há poucos momentos um Comunicado de Imprensa acerca desta questão.

A pouco e pouco os Enfermeiros vão ficando "cercados". Se não é o desemprego ou a precariedade, são os baixos salários e a falta de poder de reivindicação. Se não é a substituição de Enfermeiros por outros profissionais, é a criação de outros, como os paramédicos. Se não é a desvalorização do papel sócio-profissional dos Enfermeiros, é a sua banalização, humilhação e violação dos nossos direitos.

Afinal as "curvas" têm a sua razão!


As curvas que não perdoam!



As curvas da oferta/procura são inflexíveis, cegas e austeras. Os Enfermeiros andam perdidos nelas. A classe mergulhou tão profundamente, que já não consegue, sequer, vir à superfície para respirar. Tornou-se asfixiante.

O outsourcing é um dos maiores exemplo disso. O preço da contratação de empresas de recursos humanos da saúde rege-se pelas regras de mercado. Tenho assistido a coisas impensáveis, difíceis de combater e inverter, pois os recém-colegas, (compreensivelmente) desesperados, lançam-se, tornando impossível a negociação.
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Mês após mês, o salário dos profissionais de Enfermagem envolvidos vai ficando cada vez mais magro. As empresas quando negoceiam, já o fazem na base dos salários dos Enfermeiros, ou seja, mantêm a sua margem, reduzindo a dos Enfermeiros. Há o caso de várias empresas, que reduziram a margem dos Enfermeiros para poder aumentar o salário aos médicos (escassos e difíceis de contratar a preços razoáveis), de forma a não perder lucros! Há também outras empresas que, obrigam os Enfermeiros a cumprir funções que não lhes pertencem e a prestar serviço gratuito, só remunerando parte do serviço.
Assistimos assim, à desvalorização da Enfermagem a um ritmo que poucos imaginaram. As próprias empresas vêem-se obrigadas a descer o valor, pois o mercado começa a ficar saturado.

As curvas não perdoam meus senhores!

6000


"Só no ano passado formaram-se 6000 Enfermeiros"

Guadalupe Simões, SEP, in Semanário Sol


Este número poderá suscitar dúvidas, mas, sem dúvida, são muitos. Demais.

domingo, julho 06, 2008

Quem não é o Doutor Enfermeiro?


Este post haveria de chegar um dia. É apenas um pequeno esclarecimento que julgo ter a sua relativa importância. Porque o faço?
O post "O mundo de "pernas para o ar" - a esfregona como instrumento clínico?" (com mais de 120 comentários) suscitou aqui uma grande discussão, dando origem, inclusivamente, a um tópico no Forum Enfermagem onde também se debate o tema. O volume de e-mails que recebi acerca do mesmo foi anormal. Neles constava todo o tipo de informação - confissões anónimas, questões, dicas, ameaças, conspirações, suposições, etc...

É perfeitamente natural que os Enfermeiros se interessem pelos assuntos - consensuais ou não - que digam respeito à profissão. Devem fazê-lo sempre da forma respeitosa e digna que a profissão exige.

E porque em variadíssimos comentários e inúmeros e-mails se colocou a hipótese e evocou a possibilidade do autor deste blog ser um conhecido sindicalista (Enf. José Azevedo), parece-me pertinente esclarecer que tal não corresponde à verdade.
Por motivos que mais tarde serão conhecidos, ficam então sanadas as dúvidas.

sexta-feira, julho 04, 2008

Uma pequena história...


Às portas do dia "E" (Manifestação de Enfermeiros no dia 10 de Julho), talvez o timing para vos contar este episódio - que me foi relatado na primeira pessoa - não seja o mais adequado. Mesmo assim, partilho-o convosco, pois acho que todos devem ter conhecimento do que se passa com os colegas por este país fora...

Sucintamente:

Uma colega nossa, que colaborava com um Lar de Idosos há quase 15 anos, em regime de acumulação, recebeu uma proposta inesperada vinda do imaginativo Conselho de Administração (CA) da respectiva instituição: reduzir o seu salário/hora em 60%.

Indignada, recusou peremptoriamente invocando argumentos lógicos e sensatos - a dedicação, a competência, a experiência, o conhecimento, etc...
Inflexível, o CA recusou.
Inadmissivelmente, era uma proposta economicista. A colega recebia um valor muito acima da média do mercado, e trabalhava duas horas, diariamente, seis dias por semana e contactável 24 horas por dia.
Revoltada, abandonou a sua dedicação dos últimos 15 anos.

O médico da instituição - que comparece na instituição apenas duas horas por semana e que tem um salário fixo de 800 euros/mês - lançou logo a sua ofensiva e tentou colocar umas quantas "cunhas" de paizinhos cujos filhos não tinham part-times e foram, à noite, bater à porta do sr. doutor para lhe pedir o "favor" de lá colocar o "menino" ou a "menina".
Ao médico foi recusado qualquer tipo de intromissão na escolha do novo Enfermeiro, pois o CA pensou em contratar alguém a tempo inteiro, 40 horas por semana. E assim fez. Não foi difícil, os currículos apresentavam-se aos montes. Mais fácil ainda foi negociar o salário: 600 euros/mês - a recibos verdes - e poderia lá almoçar, se assim o desejasse.

A Enfermeira que tinha "batido com a porta", auferia um salário consideravelmente superior só com as suas 12 horas por semana.
E assim foi. Já se passaram 4 meses e já é o quinto (5º) Enfermeiro que por lá passa. A razão tem barbas. Logo que recebem uma proposta de um Hospital/Centro de Saúde, fazem as malas e esvoaçam a uma velocidade alucinante.
Além disso, todos afirmaram "que trabalhando apenas no lar não se aprende nada nem há estímulo", e o sentimento era comum: "parecia que estava a ficar estúpido" (atenção, as palavras não são minhas!)...
A taxa de internamentos aumentou a pique. A taxa de falecimentos também. As depressões proliferam entre os idosos. As conspirações entre os diversos profissionais igualmente e ao mesmo ritmo.

Tenho pena da pobreza de espírito, da falta de visão e compreensão de tal CA.
Tinham um óptimo elemento que, literalmente, geria a instituição no que respeita ao âmbito da saúde.
Os novos colegas, humilhados e explorados, abandonam sucessivamente a instituição invocando desmotivação, falta de auto-realização, desinteresse e salário incompatível com a função.

Como sabem, não sou contra as acumulações, pelo contrário. Circunstancialmente são favoráveis aos Enfermeiros e aos utentes. Muito do prestígio dos Enfermeiros granjeou à custa de acumulações que conferiam experiência, valor e reconhecimento.
Quem não conhece o Sr. Enf "X" que exerce ali e é formador acolá? Ou o Enf. "Y" que é especialista aqui, dá aulas acolá e coordena isto?
Tudo isto resulta do esforço da dedicação, competência e conhecimento.

Certos exercícios profissionais a "tempo inteiro", ao contrário do que muitos afirmavam, não trouxeram mais poder reivindicativo, qualidade, poder económico ou visibilidade social.
Sou a favor da possibilidade da escolha de exclusividades para os Enfermeiros, deixando a força da opção à consideração de cada profissional.
Mais uma vez: assim não vamos lá. E pronto, assim vão os Enfermeiros e a Enfermagem...



quinta-feira, julho 03, 2008

ÚLTIMA HORA: novidades nas negociações dos Enfermeiros!


O Ministério da Saúde (MS) contactou os Enfermeiros e revelou que prevê apresentar a sua contraproposta de princípios de carreira de Enfermagem, eventualmente, no final da próxima semana, ficando no ar a possibilidade - caso exista condições - de ainda este mês apresentar soluções relativamente à resolução da precariedade e admissão de mais Enfermeiros.

Para além disto, o MS entregou à Ordem dos Enfermeiros (OE) "um documento cujos termos são atentatórios da dignidade da profissão e absolutamente incongruentes com os fundamentos legais e científicos que a regem", mostrando-se renitente na aprovação da alteração estatutária necessária para a implementação do Modelo de Desenvolvimento Profissional.

A OE emitiu, hoje, uma press-release onde comunica a decisão em "solicitar uma audiência urgente à Srª. Ministra da Saúde, Drª. Ana Jorge, tendo por base os desenvolvimentos recentes".
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Dificuldades avizinham-se. União precisa-se.

quarta-feira, julho 02, 2008

SNS


"Se tiver um acidente grave, a sra. deputada [Teresa Caeiro] vai a um Hospital privado? Eu não ia."

Ana Jorge, Ministra da Saúde


Nem eu sra. Ministra, nem eu! Porquê? Porque conheço o privado e o público por "dentro" e por "fora"...

10 de Julho... o dia "E"....


Porque a conjuntura é manifestamente má, as vontades precisam de se unir em prol da força da Enfermagem. Independentemente de ideologias e posições, os Enfermeiros precisam de dar a mão e demonstrar o seu desagrado.

Dia 10 de Julho acontecerá, em Lisboa, uma concentração nacional de Enfermeiros, frente ao Ministério da Saúde.
Todos e cada um de nós dispõe de uma razão para estar presentes. Se para uns o interesse está no (des)emprego, para outros está na precariedade ou na negociação na nova Carreira de Enfermagem. Para a classe, como um conjunto de colegas que partilham a vida profissional, o conjunto de todos estes interesses ocupam a posição máxima na pirâmide hierárquica de quem se cuida para que possa cuidar outros.

É uma falácia pensar que outros lutam por nós. Unidos, batalhamos, eficazmente, por um futuro melhor, digno e justo.

Mesmo quem não conhece a história, saberá, concerteza, que tudo o que se conquistou até aos dias de hoje, se deve a muitos sacrifícios, lágrimas e perseverança de milhares e milhares de Enfermeiros...

A 10 de Julho não estará em causa o futuro de outros. Será o nosso futuro.
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P.s. - Tal como na vida, no contexto profissional defendo o melhor, a ponderação e o benefício sem balizas políticas ou sindicais rígidas. É esse o meu único interesse: o melhor.
Tenho sido confundido como militante do SEN. Não sou. Apoio as respectivas melhores ideias e intervenções, tal como apoio as melhores do SEP. Aliás, apesar de não concordar com certas posições políticas e representativas, sou militante do SEP (com a quotização sempre regularizada!). As críticas, essas, servem para tornar o mundo que gostamos mais forte e melhor.
Na vida profissional, sem radicalismos, perspectivo as coisas de outra forma: sou militante da Enfermagem. Acérrimo.

terça-feira, julho 01, 2008

A promessa...


O gabinete da Ministra da Saúde, numa reunião (incluindo a própria), tinha estabelecido o compromisso de agendar a primeira reunião de negociação sobre a Nova Carreira de Enfermagem, para a segunda quinzena de Junho. Recordo que estamos em Julho...

Mais por menos!?


"O sector privado paga mais por menos horas trabalho"

Ana Jorge, Ministra da Saúde

Esta argumentação foi apresentada pela Srª Ministra para explicar o êxodo de médicos do sector público para o privado.

O números não enganam. Há privados que oferecem aos médicos 6000 euros por 40 horas/semana.
Num comentário de um post anterior, um colega Enfermeiro revelou que a Casa de Saúde de Guimarães lhe ofereceu 500 euros por 40 horas/semana.
Nas empresas de outsourcing o rio corre do mesmo modo. A diferença é descomunal e envergonha a nossa classe. A tendência é para os Enfermeiros ficarem ainda mais prejudicados. É flagrante: a diferença entre médicos e Enfermeiros, no ponto extremo, é tão elevada que tenho vergonha em fazer qualquer tipo de menção a valores aqui.
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Tudo isto faz-me lembrar aquela história do médico que auferia cerca de 2400 euros em cada 24 horas!

As razões desta discrepância impensável é multidimensional e bem conhecida de todos. Não vale a pensa consumir bytes a falar do que todos sabem...

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Novo grupo para reflexão de Enfermagem (a promessa é: o que quer que ali se escreva, chegará a "quem de direito")! 

Para que a opinião de cada um tenha uma consequência positiva! Contribuição efectiva!