quarta-feira, abril 30, 2008

Blá, blá, blá... faltam, faltam, faltam... rácio, rácio, rácio... emigra, emigra, emigra...


Um entrevista interessante, sem dúvida, a que o Enf. Manuel Oliveira (Presidente do Conselho Directivo da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros) de ao Diário As Beiras. Interessante por vários motivos.
Antes de mais, deixem-me dizer que considero o Enf. Manuel Oliveira um homem inteligente e eloquente. Como profissional (Enfermeiro-Chefe), é exemplar. O problema não é ele, é a política de uma máquina pesada e mal oleada chamada OE! Porque não há dúvida que apresenta nas suas fileiras Enfermeiros indubitavelmente capazes (Enf. Manuel Oliveira, Enf. Germano Couto, Enf. Jacinto Oliveira, Enf. António Manuel Silva, etc...). Também há que reconhecer que o desempenho da mesma, apesar de tudo o que se tem dito e escrito, melhorou em alguns aspectos.
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Mas voltemo-nos para a entrevista: quando o questionaram objectivamente sobre as soluções para o desemprego dos Enfermeiros, preferiu não responder! Ou seja, ao invés de falar nas soluções, divagou sobre o problema apoiando mais uma vez o discurso na tese dos rácios. Com erros pelo meio. A Organização Mundial de Saúde não concorda com ele (nem eu!), quanto aos rácios espanhóis. Gostava de compreender como é que o Enf. Manuel os calculou...
Refere também desejar compreender melhor o fenómeno do desemprego! No decorrer segundo mandato consecutivo da mesma lista (liderada pela Enf. MAS), o "fenómeno" ainda não está inteiramente compreendido? Ajudava, de facto, alguma celeridade... embora, este "fenómeno", de etiologia multi-factorial, seja de fácil compreensão! Eu sei que a Ordem sabe as razões do "fenómeno". Só não estou de acordo na forma de intervenção.
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Não é, efectivamente, com o discurso "rácio-obsessivo" que se domina a vontade sócio-política. Os professores tentaram esta estratégia quando o desemprego se começou a florescer no seu meio, sem sucesso. Atingiram o prodigioso número de 40 mil desempregados enquanto procuravam, implementar, à força, o rácio professor/aluno com que sonhavam à noite!
A opção da OE (que eles crêm ser "anti-tiro no pé") é pouco ambiciosa. Trata-se de convencer o poder político que o rácio médio da OCDE é superior... blá, blá, blá....
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Com as devidas reservas, se o governo regula as admissões no sector público, no privado quem manda é o patrão. É ele quem dota os seus serviços com os profissionais que lhe apetecer ao preço que desejar! Não existe legislação sobre dotação de Enfermeiros! Nem sequer Acordos Colectivos de Trabalho! E se até nem quiser pagar, terá Enfermeiros interessados também! Nem sequer existe uma atribuição regulada em termos de competências: por ex, enquanto no sector público a triagem dos SU's é executada por Enfermeiros, em muitos privados é da responsabilidade de médicos especialistas, sendo os Enfermeiros relegados para segundo plano!
Não conheço nenhuma outra ordem profissional tão preocupada em aumentar o seu número de associados, mantendo milhares deles no desemprego/explorados. Compreende-se que este "aumento" se refira ao exercício profissional activo, no sentido de "empregar" os Enfermeiros sem ocupação. Mas só falar não basta! E fazer o telhado antes de ter paredes também não é sensato!
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Dizer que Portugal precisa de mais Enfermeiros, sem haver vontade por parte de ninguém em absorvê-los, é o maior tiro no pé de todos os tempos. E a prova está à vista: o pé está cravado de chumbos! A começar pelo chumbo da precariedade até ao do desemprego, passando pelas remunerações anedóticas e pela desvalorização/banalização do trabalho dos Enfermeiros!
O plano de intervenção da Ordem deve mudar! Em primeiro lugar, aguarda-se, com receios, a implementação do Modelo de Desenvolvimento Profissional tal como ele foi pensado inicialmente. Tal como noutro post referi:
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"Permita-me acrescentar que apesar do rácio actual de Enfermeiros em Portugal estar a chegar perto dos 6,0 Enf./1000 hab, a população activa de profissionais de Enfermagem pouco aumentou. Ou seja, teoricamente vamos a caminho de um rácio mais elevado, na prática, continuam a trabalhar quase os mesmos...
A cultura das dotações seguras projectam-se de outra forma: primeiro, iniciam-se negociações políticas com a tutela dentro do quadro sócio-profissional (para acordar as necessidades), em seguida repensa-se a matriz de formação/cuidados, no final é que se formam os profissionais necessários...
É um processo moroso? É o preço da qualidade, emprego e segurança! Ou primeiro compram-se os tijolos e só depois se planeia que tipo de casa se deseja, sem saber ao certo se a mesma requer muitos ou poucos tijolos? Lógico que não. Primeiro planeia, projecta e só depois concebe... gerindo bem os recursos!"
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Em segundo lugar, diz quer que Portugal precisa de mais Enfermeiros, faz pensar uma mensagem aos jovens e à população em geral que não corresponde à realidade! Os jovens poderão pensar, erradamente, que se enveredarem pelo curso de Enfermagem terão acesso a emprego garantido! Falso!
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O emprego escasseia e as remunerações praticadas estão muito aquém do desejável! Dessa forma, a formação contínua deixou de ser possível, pois não existe dinheiro para rumar a congressos ou para a realização de cursos de desenvolvimento profissional! Quem perde são os Enfermeiros, a Enfermagem e os utentes!
Em terceiro lugar, suponham que em 2012 se atinge o rácio médio da OCDE. E depois? Fecham-se aos escolas ou continua-se a formar a este ritmo? A emigração não é solução: por exemplo, 80 % dos Enfermeiros recém-formados no Reino Unido estão desempregados e muitos trabalham usufruindo retribuições abaixo do salário mínimo!
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Eu próprio, estou cansado de debater este assunto que, de tantas vezes repetido, se torna fastidioso e maçador. Fica a sensação que a OE já é conhecedora da visão de milhares de Enfermeiros, onde me incluo.
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Importa dizer ainda que, mais do que nunca, recebo centenas de e-mails a lamentarem a postura e a falta de proactividade da OE. Nesse sentido deixo um desafio para quem quiser contribuir: indicar estratégias que possam melhorar o funcionamento da OE e fomentar a sua aproximação aos membros!

A força...

Arnold Schwarzenegger em "Extreminador Implacável 2" (em cima)
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Arnold Schwarzenegger como "Mister Olympia" (em cima)

Arnold Schwarzenegger no Hospital (em cima)
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Até o homem mais forte do mundo, Arnold Schwarzenegger (ex-"Mister Universe", ex-"Exterminador Implacável" e actual Governador do estado da Califórnia, EUA), precisa da "força" dos Enfermeiros...

segunda-feira, abril 28, 2008

18.3 chega?


Para que saibam sem pudores ou para que não haja intenções em ocultar isto aos Enfermeiros...
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Rácio médio de Enfermeiros da OCDE - 8.1 Enf/1000 habitantes (estão englobados neste cálculo os auxiliares de Enfermagem que os vários países dispõem, o que sobrestima os resultados...)
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Rácio médio de Enfermeiros no Porto (por exemplo) - 18.3 Enf./1000 habitantes (Fonte: Instituto Nacional de Estatística). Aqui, os valores concernem pura e simplesmente a Enfermeiros diplomados (licenciados)! Não há ilusões!
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Notem: o desemprego, em Portugal, começou depois de se ter ultrapassado a barreira dos 5.0 Enf/1000 hab!!
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Algumas Escolas de Enfermagem (Privadas) já começaram a anunciar nos seu sites (quanta celeridade!) as respectivas vagas inerentes à candidatura 2008/09. São muitas vagas. Mesmo muitas.
A questão final é: quem vai "rebentar" primeiro? O "ovo" ou a "galinha"?

Vender a alma ao diabo!


Um Hospital Privado de Valongo paga a 2,5 euros/hora aos Enfermeiros!
É repudiante a traição do respectivo Enfermeiro-Director para com a sua classe. Se é apenas um simples arauto do Conselho de Administração da respectiva instituição, então ajudemos a "vítima" a recuperar a alma que vendeu ao diabo por "trinta moedas de prata"...
- Sr. Enfermeiro-Director, recoste-se um pouco na sua poltrona e pense quem na verdade são os seus colegas...

Afinal, quem "acompanha" o doente terminal?


O afamado Jornal Tempo Medicina (n.º1288) afirma que "o médico é a figura principal no acompanhamento do doente terminal".

Parece-me que os Enfermeiros andam enganadinhos. Apesar de "acompanharem" os respectivos utentes 24 horas/dia, afinal, os médicos é que são o principais acompanhantes!

Julgo, sem margem para dúvidas, que é um trabalho multidisciplinar. Apesar de tudo, há uma confusão de papeis no sector da saúde, sendo de ressalvar o velho hábito do qual a classe médica ainda padece: autoproclamação, constante e habitual, do estatuto de "figura central" do mundo, arredores e tudo o que houver para além do infinito.
Não haja dúvidas que a Saúde carece de mudanças e transformações.

"Talvez a morte tenha mais segredos para nos revelar que a vida..."
- Gustave Flaubert -

sexta-feira, abril 25, 2008

"Upgrade" de funções dos Enfermeiros: ó Maria (de Belém).... ilumina lá os "Filósofos"!


Depois de "metade do mundo" já ter opinado a favor dos Enfermeiros em várias matérias (porque infelizmente os Enfermeiros que deviam fazê-lo, andam a estudar matemática europeia), é a vez da ex-Ministra da Saúde, Maria de Belém Roseira, dizer que "é essencial redefinir as competências dos Enfermeiros, para que sejam mais diversificadas"!

É que em pleno Séc. XXI, os profissionais com formação superior mais dependentes de outrem, são os Enfermeiros. É que "palha" que ainda usam nas escolas - que pomposamente vai enfeitando o balão denominado de "intervenções interdependentes" - é um conceito bonito, mas é sinónimo de "execução-simples-e-sem-direito-a-alvitrar-muito"!

A invulgar e dotada Prof. Lucília Nunes é que gosta e apoia o "serventilismo-ao-médico".
Na sua teoria (que data do Séc. XVII), os Enfermeiros devem e podem algaliar (por ex.) quando o médico se dignar a movimentar as suas luxuriosas pernas, no sentido de deslocar o seu delicado e prodigioso cérebro para junto de um "conjunto-de-ossos-e-carne-com-luvas-brancas-nas-extremidades" (estrutura esquisita e macabra que muitos denominam de "Enfermeiro"), e magnanimamente disser: "pode algaliar"!
Ou então, como acontece várias vezes, esperar duas horas para ouvir dizer: "dê um paracetamol"!
(Sim povo português, é verdade verdadinha que, legalmente, não podemos administrar um ben-u-ronzito autonomamente)
Comigo, funciona a teoria do "faz-que-souber-em-prol-do-utente", e ainda não fui a tribunal. É que os "não-Enfermeiros" também sabem reconhecer onde não se pode calcar (e sim, conheço escrupulosamente a lei)!
Se é preciso intubar uma PCR, e se os Enfermeiros sabem... para quê esperar (segundos preciosos) até chegar um licenciado em medicina para vir "salvar" uma ex-PCR, presentemente cadáver?

Ora como todos sabemos, ainda muitos médicos estão a pensar em mexer a primeira perna, já os Enfermeiros resolveram a situação, senão muitas "bexigas estoiradas" faziam notícia de primeira página nos jornais dos escândalos!

Vamos lá ver (pela nossa parte e pela tutela) se o conselho da Maria (de Belém) é seguido, pois não é preciso pensar muito para compreender o upgrade de funções dos Enfermeiros só tem benefícios para todos (e acaba com os tiques "jet-séticos" de muita gente que anda a passear batas brancas pelo hospital)!
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Há "coisas" majestosamente absurdas. Um exemplo concreto (como este há muitos outros): porque é que Enfermeiros, que também são formadores de médicos no INEM, não têm a mesma autonomia no "terreno"? É paradoxal, mas em Portugal, um "professor" pode ensinar um "aluno", mas não pode fazer o que um aluno pode? Isto é irreal.
(O Gardingo e o Henri Bergson têm razão: é no Élan Vital dos Enfermeiros que reside a solução!)
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P.s. - Não podia deixar em claro a press release da Ordem dos Enfermeiros, que contesta a presença de apenas um profissional de Enfermagem (tal como já tinha sido referido neste blog há uns dias) na composição da nova equipa da Missão para os Cuidados de Saúde Primários.

Enfermeiros aconselham (para sobreviver...) "clientes" a fumar tabaco!


A carta deste leitor foi extraída do Jornal Meia Hora.

"Conheço uma Enfermeira que, após ter enviado o seu currículo para tudo que é sítio, supostamente onde faria falta na sua profissão, teve de, entretanto, para ganhar algum, estar numa ‘grande superfície comercial’ a impingir uma marca de tabaco, oferecendo, na compra, um isqueiro, como brinde. E só depois de tal ‘tirocínio’ é que conseguiu, através dos meios das novas tecnologias de informação, uma colocação, como Enfermeira, num lar de pessoas idosas, em Dublin [Irlanda]"

Os Enfermeiros que, na verdade, lutam contra os malefícios do tabaco, na vida real e fora das ilusões dos rácios aconselham-no para poderem ter "comida no prato" e sobreviver. Mais uma vítima do "excedente de Enfermeiros" (parafraseando a deputada Teresa Caeiro do CDS)... que teve de rumar para o estrangeiro (para fazer o que os Enfermeiros Irlandeses não querem)!

- Ó Florence... quantas "voltas" já não deste na campa? Vem ver isto!

quinta-feira, abril 24, 2008

A intenção... desmoronou-se! A Enfermagem está de luto!


O "projecto" e a convicção ruíram. Já é praticamente certo que os Enfermeiros não transitarão para a carreira técnica superior.
O Governo não pretende gastar um cêntimo na remodelação da Carreira de Enfermagem!

quarta-feira, abril 23, 2008

Perdidos....


Quando um Dentista vem à praça pública defender a figura do "Enfermeiro de Família", e um ex-Bastonário da Ordem dos Médicos insurge-se contra o desemprego dos Enfermeiros, algo vai podre na "nossa casa"! Andamos à deriva?

Os rácios que verdadeiramente interessam!!


"Oito médicos e um enfermeiro integram a remodelada Missão para os Cuidados de Saúde Primários"

Estes sim, são os rácios que verdadeiramente devem interessar... e 8 para 1 é vergonhoso! Ilustra bem a actual visibilidade e influência atribuída aos Enfermeiros! Mas aqui, infelizmente, a Ordem dos Enfermeiros não põe os olhos!!!

A paciência tem limites!


Que me perdoem algumas pessoas inteligentes que se apresentam nas fileiras da Ordem dos Enfermeiros (Enf. Jacinto Oliveira e o Enf. Germano Couto - o motivo do triste ranho raivoso da inconformada e "derrotada" Enfª. Margarida Filipe - entre outros), mas os restantes são mentecaptos.
"Carência" é um termo tabu. "Desbloqueamento" de vagas é o conceito actual. E esta questão deve andar bem esclarecida entre a opinião pública. Dizer que "faltam Enfermeiros" é muito vago e acarreta más interpretações!

A Bastonária assevera que os Cuidados de Saúde Primários têm poucos Enfermeiros, pois os jovens recém-licenciados preferem a Área Hospitalar... como se, nos dias de hoje, alguém se desse ao luxo de escolher... (Ler notícia do JN):

"Devia haver o dobro dos enfermeiros no SNS, avisa a ordem da classe"

"O Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem rácios de enfermeiros abaixo da média Europeia, da maioria dos países desenvolvidos e da OCDE. O alerta foi dado hoje pela Ordem dos Enfermeiros, que aponta ao dedo à “actual organização do SNS”.

Actualmente, em Portugal existe 1 enfermeiro por 800 famílias, sendo o número ideal 1 por 400 famílias. “Existe grande carência de enfermeiros nos Cuidados de Saúde Primários (Centros de Saúde) e distribuição não equitativa nos Cuidados Hospitalares. Esta situação é consequência da organização actual do SNS e necessita de rápida reformulação para garantir aos cidadãos cuidados mais eficazes e melhor equilíbrio entre qualidade e custo-efectividade de serviço nas organizações de saúde”, disse em comunicado a Ordem dos Enfermeiros, em forma de balanço do almoço-debate comemorativo dos 10 Anos da ordem.

“Cultural e estruturalmente, o SNS está centrado em Cuidados Hospitalares e os enfermeiros recém-licenciados encaram a actividade nos Cuidados de Saúde Primários como segunda escolha. É urgente alterar esta realidade e a concepção de que o profissional hospitalar é mais graduado do que o do Centro de Saúde”, defendeu a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Maria Augusta de Sousa. Maria de Belém, Presidente da Comissão Parlamentar de Saúde e ministra na altura da criação da ordem, Constantino Sakelarides, Director da Escola Nacional de Saúde Pública, foram algumas das figuras públicas presentes no encontro. Criada em 1998, a Ordem dos Enfermeiros conta com cerca de 50 mil enfermeiros inscritos."

Com os Enfermeiros que actualmente desesperam no desemprego, era possível ter um rácio famílias/Enf. muito próximos dos 400/1. Por outro lado, se Portugal não acompanha a OCDE em quase nenhum indicador, porque é que há-de acompanhar na dotação de Enfermeiros?

É incrível, mas não se vê nenhum outro grupo profissional tão empenhado em fazer crescer o seu número de profissionais!
É simples: os outros têm profissionais sérios, competentes e embrenhados na realidade. Nós, temos uma Bastonária obsoleta, Enfermeiros-filósofos (Lucília Nunes) e o Nabais, o encenador-bailarino da ESE Calouste Gulbenkian (entre muitos outros...)! E isto faz a diferença!

O outros dedicam-se ao estudo da gestão de recursos humanos, a OE dedica-se ao fermento de padeiro: fazer crescer, crescer...
Aos menos tenham a dignidade de explicar à comunicação social o que se passa com os Enfermeiros...

domingo, abril 20, 2008

O anúncio da vergonha!


Este anúncio foi publicado no Jornal de Notícias. É nisto que dá quando se pensa em rácios e em quantidade ao invés da qualidade e rigor.
Estão mais 15 mil alunos de Enfermagem para sair das escolas...
Resta saber se, para o cargo em questão, é necessário ter as quotas em dia....
VERGONHA!

Enfermagem e a derrota de Bolonha...

Deixo-vos um artigo de opinião escrito pelo Enf. Vítor A:
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"Há muitos anos que a classe de Enfermagem perseguia a licenciatura e equiparação a técnicos superiores. Tudo fez: reivindicou, enfrentou, investiu tempo, dinheiro e esforço pessoal, familiar, profissional e social para atingir esse objectivo.

Além do que se aprendeu, a classe esperou e espera ainda que o "novo" grau académico conferisse reconhecimento sócio-laboral, servisse de argumento (justo) à renegociação de uma carreira de Enfermagem adequada e por conseguinte uma remuneração compatível.

Não coloco em causa os ensinamentos leccionados. Aprendemos, mas também demos muito a aprender e a conhecer outra realidade a quem só lecciona. Foi uma interessante troca de ideias e experiências. Agora chegou o Processo de Bolonha!

Curso Complemento de Enfermagem? Licenciatura de base? Para que serviram?
O Processo de Bolonha vem aproximar as comparações das formações na área do ensino superior europeu. Este processo na Enfermagem portuguesa vai promover a desqualificação do diploma de licenciado pré-bolonha.

Esta desqualificação vai retirar um argumento de peso às negociações da nossa futura carreira e por conseguinte, mais uma vez as nossas remunerações como técnicos superiores são colocadas em causa.

Seremos equiparados ao 1º grau do ciclo - "bachelor". Temos 4 anos de formação curricular com a possibilidade de um 5º ano. Na restante comunidade, bastam apenas 3 anos de formação curricular para conseguir o mesmo grau!! Não está em causa o tempo, mas as competência adquiridas nesse tempo. Serão as mesmas???

O Ministro da tutela afirmou que "a legislação em vigor não permite, neste momento, mais do que a consolidação do ensino de Enfermagem num 1º Ciclo de 240 créditos (quatro anos)" Para não falar do financiamento... só os cursos universitários é que podem ter acesso a fundos públicos até ao 2º ciclo!

A Enfermagem tem apenas financiamento até ao 1º ciclo! Noutros cursos, quase todos estão a sair como mestres agora das faculdades, competências como gestão e investigação estão apenas garantidas aos detentores do segundo ciclo de formação.

No complemento de formação/licenciatura de base em Enfermagem, tivemos essas cadeiras, elaboramos trabalhos, realizamos estágios!!!
Agora, pelo que se constata, o próximo "degrau" da escada será o mestrado para se conseguir algo (acesso equitativo a posições de liderança, assessoria e gestão relativamente a outros profissionais)! Muito mais haveria a dizer das implicações do Bolonha à Enfermagem portuguesa!!!

Frequentamos o complemento em Enfermagem (e a licenciatura de base passou a ser´a formação mais básica para o exercício da profissão) tendo em vista a evolução da classe. Afinal parece que não passou apenas de uma medida de estética...

Antes seria: concluir o complemento para conseguir "abrir a porta"! Agora: parece que vamos ter que subir mais um "degrau" até chegar à porta! Alguém sabe o que por trás da porta a que os Enfermeiros não conseguem alcançar? Apenas serviu o propósito de alguns... De quem?? Ganhamos algo, isso é certo e inegável. Conquistamos um novo patamar, um título, dinamizamos outros instrumentos de índole profissional, formas de pensar, agir, criticar e construir...mas não temos o reconhecimento social e laboral merecido! As competências actuais dos Enfermeiros também não estão em consonância com a respectiva formação...

Nem tudo o que ganhamos paga as nossas expectativas que colocamos ao fazer este complemento/enveredar pelo curso de Enfermagem, paga o investimento que fizemos e os esforço desenvolvidos...
Quem ganhou com aquilo que investimos não sei... Quem vai perder com esta revira-volta serão, seguramente, os Enfermeiros..."

Prémio "É um blog muito bom, sim senhora"!


É com agrado que foi presenteado com o recolhimento de alguns colegas com o Prémio "É um blog muito bom, sim senhora"!

As regras de atribuição são simples e para que a boa disposição possa continuar, faço também as minhas nomeações (blogs que de alguma forma mais visito). Não existe qualquer critério na ordenação dos mesmos...

Visão Enfernal da Coisa

Cogitare em Saúde

Ser Prematuro

O Enfermeiro

Que Raio de Saúde a Nossa

Psikiatrices


Regras do "jogo":
1- Este prémio deve ser atribuído aos blogs que gostamos e visitamos regularmente postando comentários;

2- Ao receber o selo “É um blog muito bom, sim senhora!!” devemos escrever um post incluindo: o nome de quem nos deu o prémio com o respectivo link de acesso + a tag do prémio + a indicação de outros 7 blogs;

3- A tag do prémio deve ser exibida no blog.

sexta-feira, abril 18, 2008

Comemorar?


Na segunda-feira, dia 21, realizar-se-à uma cerimónia comemorativa dos 10 anos da Ordem dos Enfermeiros. Apesar de não haver qualquer motivo para comemoração, esta decorre enquanto a classe de Enfermagem vive a maior onda de desmotivação das últimas décadas.
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O Jornal Semanário Económico, refere que no respectivo dia a "Ordem dos Enfermeiros promove um almoço-debate sobre o "Papel dos Enfermeiros na nova política de saúde: que futuro na garantia de qualidade dos cuidados de saúde". O encontro debaterá temas como o desemprego, restrição do acesso aos cursos de Enfermagem (...)".
Restrição do acesso aos cursos de Enfermagem, isso sim, um tema que interessa aos Enfermeiros...
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P.s. - Transcrevo um dos comentários anónimos do post anterior: "Discute-se mais a enfermagem neste Blog do que na OE. E com conteúdo, com substância, não se fala só em banalidades. Talvez seja porque os que estão na OE não fazem ideia do que é ser enfermeiro no seu dia-a-dia! Parabéns aos participantes!"...
Muitos de nós, incluindo eu, quando foi constituída a OE, sonhava com a vanguarda e evolução da profissão nas suas várias dimensões. Sempre esperei que após uma década, a classe de Enfermagem fosse vigorosa, reconhecida e determinada. Após 10 anos, infelizmente, recordo-me que em 1998 nunca esperei ver a Enfermagem do Séc. XXI assim: submissa, derrotada, desmotivada, humilhada e mal retribuída.
Se a Ordem dos Enfermeiros desejar objectivamente - à semelhança de todos nós - construir uma profissão forte, então, que se una à classe...

quinta-feira, abril 17, 2008

Dá que pensar...


De acordo com a pequena pesquisa ("Considerou, tendo em conta a actual conjuntura, abandonar a Enfermagem?") efectuada aqui no blog (com muitas imperfeições e incorrecções inerentes, é certo), os resultados obtidos dão que pensar:

79% dos Enfermeiros, já pensaram, pensam ou ponderam abandonar a profissão. O "sim" absoluto foi asseverado por 23% dos Enfermeiros, enquanto apenas 21% dos inquiridos responderam que "nunca" considerar o abandono da profissão.

Quando a questão foi "Se colocou a hipótese de abandonar a profissão, porque o faz?", 58% argumentou com vários factores ("desemprego", "maus salários", "precariedade", "falta de reconhecimento entre as várias classes profissionais" e "autonomia reduzida"), sendo que o baixo salário foi o argumento isolado mais apontado.

Seguindo o desafio lançado por um colega (num comentário anterior), proponho a seguinte questão (o objectivo não é outro senão a reflexão em torno da nossa profissão. Para quem tem dúvidas acerca do propósito da questão, por favor clicar no link anterior):

Se tivesse a garantia de entrada no curso de Medicina, abandonaria a Enfermagem para ingressar no mesmo?


A discussão está acesa...

Em vários Jornais (Metro e Global), a discussão sobre o salário dos Enfermeiros anda acesa....
Começou assim...

O apoio chegou desta forma...
A discussão continuou...
Mas o apoio manteve-se....

Todos os Enfermeiros aguardam uma carreira digna...!

Qalidade (Enfermeiros) no Pré-Hospitalar 1 - Duarte Caldeira e Amigos 0

A "ideia" do Duarte Caldeira e amigos (criação de paramédicos), começa a ser cada vez mais contestada!

A notícia do Correio da Manhã contém apenas uma "pequena" imprecisão, os Enfermeiros não querem assumir a "actividade de paramédico"! Isso não existe! Os Enfermeiros apenas querem ser... Enfermeiros.

Mesmo nos países onde (ainda) existem paramédicos, as suas "actividades" foram-lhes atribuídas por delegação a partir do conteúdo funcional de Médicos e Enfermeiros, e não o inverso. É importante desmistificar essa situação.


quarta-feira, abril 16, 2008

Até um burro vê isso!!!!


E pronto. Chegamos a momento que todos receávamos. O excesso de Enfermeiros é brutal (estão mais 15 mil Enfermeiros em formação!!), e como tal há que providenciar, "à força", emprego para mais uns quantos enganados pela treta dos "faltam 21 mil Enfermeiros".

Se neste momento há Enfermeiros com acumulações, então essas devem deixar de existir para que se possa ceder o lugar a um recém-colega (que rica auto-realização pessoal e profissional deve ser a de um Enfermeiros num laboratório de análises a tempo inteiro!).

Como cessação de acumulações também não empregará todos, então cortam-se as Horas Extra e os Regimes de Horários Acrescidos. Após esta medida, continuará a não haver lugar para todos, então, divide-se a semana de trabalho de 35 ou 40 horas a metade, para que o sistema absorva mais Enfermeiros. Brevemente a semana terá que ser reduzida a um quarto (1/4). E os salários - consequentemente - emagrecerão ao mesmo ritmo. Tendo isto em conta, penso que a barreira final será o salário mínimo (espero!).

Os avisos para o excesso de Enfermeiros provêm, na maior parte das vezes, de fora da classe. Depois do ex-bastonário da Ordem dos Médicos ter lançado o aviso, é a vez de Domingos Cunha, Secretário Regional dos Assuntos Sociais dos Açores, lançar o alerta:

"As Escolas de Enfermeiros estão a formar Enfermeiros a mais. Passa-se o inverso do que se verifica com os médicos, que saem em número reduzido das universidades e que são cada vez mais escassos".

E avisou que, para as Instituições de Saúde dos Açores admitirem alguns Enfermeiros, a condição necessária é "reduzirem as horas extraordinárias e os horários acrescidos aos Enfermeiros que já estão nos quadros"...
a
De todas as Ordens Profissionais, a nossa é, autisticamente, aquela que mais fala em "carência" e "falta de profissionais". Todas as outras (por ex. a Ordem dos Engenheiros) tentam refrear a formação de novos profissionais!
a
Ou muito me engano, ou além do desemprego alucinante, teremos brevemente desavenças e guerras intra-classe. Será legítimo reduzir o salário de uns para empregar outros? Quem paga a casa, o carro e alimenta a família? A carreira de Enfermagem justa e desejada é cada vez mais uma miragem ao longe...

Até um burro vê isso!!

terça-feira, abril 15, 2008

Mais palavras?



Enfermeiros medalhados!


Este ano (2008) foi concedida à Enf. Teresa dos Prazeres Gonçalves, o Grau Prata da Medalha dos Serviços Distintos do Ministério da Saúde.

Em 2007 tinham sido condecoradas (só nomeio os profissionais de Enfermagem):

Enfª. Bárbara Mendes Tavares, Grau Prata;

Enfª. Maria Manuela Rodrigues Correia da Silva Vasconcelos Pina, Grau Prata;

Enfª. Nídia Salgueiro, Grau Prata;

Enfª. Maria Lucinda Marreiros Manita, Grau Cobre.

Em 2006:

Enfª. Maria Aurora Bessa, Grau Ouro;

Enfª. Rosário Horta, Grau Prata;

Enfª. Isabel Maria Rolland Lima Sobral, Grau Prata;

Enfª. Maria Bárbara Soares Veiga, Grau Prata;

A lista de Enfermeiros é infindável, o que torna impossível nomeá-los a todos. Seguindo o link deixado, têm à vossa disposição mais informações. Parabéns, a todos, pelo reconhecimento do trabalho desenvolvido!

domingo, abril 13, 2008

Prémio de Fotojornalismo Visão/BES


"Um parto assistido pelo Instituto Nacional de Emergência Médica e registado por Augusto Brázio, de 43 anos, valeu ao autor o prémio do 8. Prémio de Fotojornalismo VISÃO/BES. "
"Augusto Brázio lembrou o momento registado pela sua máquina fotográfica, num sábado de madrugada, enquanto acompanhava uma equipa do INEM: "fomos chamados para um parto. Quando chegámos, a mãe, de 19 anos, já estava em trabalho de parto (3º filho). Aconteceu muito rápido, nem pedi autorização para fotografar, só depois. Foi um momento extraordinário", confessou o autor."

sexta-feira, abril 11, 2008

Abandonar a Enfermagem? (tendo em conta a actual conjuntura)

Considerou, tendo em conta a actual conjuntura, abandonar a Enfermagem?
Sim.
Penso nisso frequentemente.
Por vezes apetece-me desistir.
Sera uma possibilidade a considerar se a conjuntura nao melhorar (desemprego, baixos salarios).
Nunca.


Se colocou a hipotese de abandonar a profissao, porque o faz?
Desemprego.

Maus salarios.

Precariedade.
Falta de reconhecimento entre as varias classes profissionais.
Autonomia reduzida.
Todas as anteriores.
Nenhuma das anteriores.

quinta-feira, abril 10, 2008

O mundo está a ficar demasiado pequeno (The World is not Enough!)...


Lembram-se de quando diziam que havia uma carência acentuada de Enfermeiros em todo o mundo? Sirvam-se:

Os Enfermeiros recém-formados no Reino Unido trabalham com uma remuneração inferior ao salário mínimo! Alguns, por menos de 3 euros/hora!

80% dos novos Enfermeiros no Reino Unido estão desempregados!
a
Enfermeiros Finlandeses severamente afectados pelo desemprego!

Canadá: um país sem tradição de desemprego em Enfermagem e com uma profissão evoluída, foi atingida velozmente pelo desemprego! Neste momento só 54% dos Enfermeiros Canadianos têm emprego a tempo inteiro!

Enfermeiros Suecos, com remunerações baixíssimas, estão a desistir da profissão a um ritmo sem precedentes. Os empregadores reconhecem que os salários muito baixos, mas argumentam que classe de Enfermagem tem muitos profissionais e os custos finais de um possível aumento são altíssimos!

Desemprego cresce rapidamente entre os Enfermeiros Americanos! A falta de Enfermeiros nos EUA é um "mito" organizado por alguns, para fazer reduzir as remunerações dos profissionais de Enfermagem!!

Enfermeiros Americanos são mal remunerados comparativamente a outras classes. Muitos desistem, outros são substituídos por não-Enfermeiros que apenas executam técnicas básicas, aumentando vertiginosamente a morbilidade e mortalidade nos hospitais.

Todos os anos 18 mil Enfermeiros abandonam a profissão em França (maus salários e mau reconhecimento). 66% dos Enfermeiros Australianos pensam em desistir da profissão logo no primeiro ano como profissionais. 41% dos Enfermeiros nos EUA, Reino Unido, Escócia e Alemanha estão insatisfeitos com a profissão - 22% pensam seriamente em desistir da mesma no prazo de um ano!

Já diz o povo "não há fome que não dê em fartura". Perguntam alguns colegas: mas porque é que alguns desses países continuam a contratar Enfermeiros estrangeiros? Fácil. Porque oferecem condições tão miseráveis que só têm "vantagens" para profissionais oriundos de países mais pobres...

A preguiça é cega?


Médico espanhol reduziu a lista de espera para cirurgia oftalmológica (cataratas) - que era de aproximadamente um ano - em apenas 6 dias!!
Operou 234 utentes, e deu uma lição de produtividade aos médicos portugueses, que afinal de contas, emperram a grande máquina do SNS.

Os médicos portugueses, exasperados (por este hermano lhes arruinar os "lucros"), contra-argumentaram: "isso não é maneira de fazer medicina, é negócio"!
Nunca pensei, neste mundo, ouvir médico$ portugue$e$ afirmar "é um negócio"...(há uma primeira vez para tudo!)
a
O médico espanhol, de 45 anos, produziu muito mais (em 6 dias, o que muitos não fizeram num ano!), por metade do preço (900 euros/cirurgia) e com sucesso!!
Depois dizem que o SNS está em crise. Há quem tire dinheiro dos nossos bolsos... sem trabalhar!
a
P.s. - Nem todos os médicos são improdutivos. Mas a "carapuça" servirá a muitos....

quarta-feira, abril 09, 2008

Outros mundos... outras mentalidades! Há Ministros da Saúde que são Enfermeiros!

Em Portugal, apesar do grau académico da profissão de Enfermagem (Licenciatura) ser dos mais exigentes do mundo, quer as competências dos respectivos profissionais, quer a sua visibilidade e reconhecimento social não correspondem à evolução escolar- um paradoxo (sem que se perceba muito bem porquê...)!

A perspectiva "medicalizada" do mundo da saúde condiciona as mentalidades de um povo agarrado à velha e obsoleta máxima: "o médico é que sabe"!
Noutros países, felizmente, a abertura das mentalidades é bem diferente.

Na Finlândia, por exemplo, a Ministra da Saúde é a Enfermeira Paula Risikko.



Na Suécia, a Ministra da Segurança Social (integrado no Ministério da Saúde) é a Enfermeira Cristina Husmark Pehrsson.



A ex-Ministra da Saúde Alemã também era Enfermeira. São apenas pequenos exemplos....

segunda-feira, abril 07, 2008

Nostalgia... (nem sempre imperou a "ráciocracia")!

Deixo-vos esta imagem (cliquem para ampliar), uma autêntica peça de museu, para recordar velhos tempos...
Não está em causa a instituição/empresa responsável pelo anúncio publicitário, mas sim as estratégias que se desenvolviam para cativar Enfermeiros (preciosos)...
Em tempos fomos desejados, incentivados e estimulados com belas retribuições, tratamento personalizado e imenso respeito...

Actualmente, por obsessão, a "ráciocracia" domina... em detrimento do respeito, retribuições generosas, reconhecimento e motivação...


Uma no cravo, outra na ferradura!


1 - O Dia Mundial da Saúde (hoje, 7 de Abril), foi "celebrado" pelo Jornal de Notícias com o Dossier Saúde, onde foi possível ler um artigo da autoria da Enf. Maria Augusta de Sousa (que versa sobre o tema central para o dia mundial da saúde de 2008: "as alterações climáticas e o seu impacto na saúde"), Bastonária da OE.

É com agrado que, com "pequenos passos", reconheço que a nossa profissão está cada vez mais visível. Não será, certamente, a visibilidade que todos desejamos, mas há que admitir que houve um modesto incremento nesta dimensão (visibilidade social) relativamente ao mandato anterior. Poder-se-à dizer que é um bom sinal, penso eu.


2 - Por vezes sou persistente. Há quem diga que isso se designa como "bater no cego". Mas certas coisas causam-me urticária severa, por imensos motivos. Talvez alguns partilharão comigo essa perspectiva, outros não. E como nem só de Enfermagem devem falar os Enfermeiros, falemos de algo que nos rodeia e que, invariavelmente, directa ou indirectamente, tem uma influência relativa na classe de Enfermagem: a arte da culinária!

Há quem garanta que não se fazem omeletas sem ovos. Há quem afirme a pés juntos que as fazem sem necessitar deles, outros usam ovos em demasia e abrem brechas para a hipercolesterolémia (e todas as consequências nefastas)!
Como já, provavelmente, adivinharam o que foi hoje o meu jantar, deixo as metáforas de lado e lanço as bases para um jogo divertido: "a caça às diferenças"!

"Ministra da Saúde diz que faltam Médicos, Bastonário da Ordem dos Médicos diz que não!"

O desafio é o seguinte: algum de vós, afortunado, encontra "diferenças" entre a postura do Bastonário da Ordem dos Médicos e da Bastonária da Ordem dos Enfermeiros?

Dica: existem milhares de Enfermeiros no desemprego, por outro lado, simultâneamente, abrem concursos para médicos, sem que haja um único candidato!

domingo, abril 06, 2008

Uníssono...

O povo diz que "a união faz a força".
Os Enfermeiros uniram-se contra a criação dos "paramédicos" em Portugal, e depois da Ordem dos Enfermeiros, foi a Associação Portuguesa da Enfermeiros de Emergência Pré-Hospitalar (APEEPH) que enviou um comunicado à imprensa, cimentando a união e a vontade da classe de Enfermagem, reafirmando que a proposta da criação dos referidos técnicos é "despropositada uma vez que, a prestação de cuidados de emergência pré-hospitalar deve ser assegurada pelos enfermeiros"!

Deixo-vos o comunicado na íntegra:

"ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIA, COMPETÊNCIAS RECONHECIDAS"
a
"O desempenho na área de emergência pré-hospitalar é cada vez mais uma preocupação dos profissionais de saúde, nomeadamente dos enfermeiros, actores privilegiados na assistência aos cidadãos. A resposta em cuidados à pessoa em situação crítica, neste contexto, exige competências específicas que permitam agir em situação de emergência com a máxima brevidade e eficiência.
a
Relativamente à constituição das equipas de emergência no pré hospitalar, a Associação Portuguesa dos Enfermeiros de Emergência Pré Hospitalar (APEEPH) reafirma a tomada de posição da Ordem dos Enfermeiros (Janeiro de 2007) que refere que "o enfermeiro possui formação humana, técnica e científica adequada para a prestação de cuidados em qualquer situação, particularmente em contexto de maior complexidade e constrangimento, sendo detentor de competências específicas que lhe permitem actuar de forma autónoma e interdependente, integrado na equipa de intervenção de emergência, em rigorosa articulação com os Centros de Orientação de Doentes Urgentes e no respeito pelas normas e orientações internacionalmente aceites".
a
É nesta perspectiva que há alguns anos os enfermeiros integram equipas de emergência pré hospitalar a vários níveis, inicialmente integrando equipas de Suporte Avançado de Vida (nas Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação - VMER e Helitransporte) e mais recentemente equipas de Suporte Imediato de Vida (nas ambulâncias SIV).
Os enfermeiros articulam-se nestes domínios, com os restantes actores intervenientes nas equipas de socorro pré-hospitalar, que incluem os tripulantes de ambulância.
A APEEPH salienta a relevância dos tripulantes de ambulância na prestação de socorro básico. Assim, parece de extrema importância que a sua formação caminhe no sentido da requalificação, para que estes sejam capazes de melhorar a sua actuação neste domínio, ao invés de despender esforços desnecessários na criação de uma carreira com a intenção de criar novos profissionais.
a
Deste modo, a APEEPH, tendo tido conhecimento através da comunicação social, da hipotética formação de novos profissionais para este sector, considera-a despropositada uma vez que, a prestação de cuidados de emergência pré-hospitalar deve ser assegurada pelos enfermeiros que possuem todas as competências necessárias para tal."

Sabiam? (em terra de cegos quem tem olhos é rei...)

Sabiam que os alunos do Curso Superior de Gerontologia (leccionado em várias instituições) aprendem a proceder à introdução de uma sonda vesical ("algaliar")?
Mas não só, pois...

"Cumprimento e vigilância das prescrições clínica e ou terapêutica"

"Participar em trabalhos de investigação clínica e de saúde pública"

"Gestão de equipas de trabalho (...) e supervisão de trabalhadores de prestação de serviços"

... também!

Interessante... No plano curricular do referido curso, podemos constatar a presença de cadeiras tais como "Farmacologia", "Cuidados Continuados", "Reabilitação", "Psicologia Relacional", "Nutrição" ou "Avaliação das Necessidades do Idoso"...

Será que quem deve "ver" isto... não vê?
a
P.s. - É só somar: paramédicos + técnicos de gerontologia + curandeiros + bombeiros parteiros + farmacêuticos habilidosos + fisioterapeutas-obstetras + sabichões + espertalhões = ?

sexta-feira, abril 04, 2008

O segredo está no "molho" ou está na "massa"?


1 - A Ministra da Saúde, Ana Jorge, anunciou que as negociações para a carreira médica hospitalar vão ser iniciadas o mais rapidamente possível. O desejo é equiparar o sector empresarial do estado - com bons salários (médicos a auferir mais de 7000 euros/mensais e nem estamos a falar de chefias!) - e o sector público.
E a carreira dos Enfermeiros?

2 - Na mais recente reunião da ANEM (Associação Nacional de Estudantes de Medicina) e a OM (Ordem dos Médicos) os temas foram interessantes. A qualidade da formação médica, o desbloqueamento de mais vagas no ensino público e a possibilidade da abertura de faculdades privadas, dominaram.

A posição da OM não deixou margem para dúvidas: o bastonário pediu à ANEM para ajudar a "fazer pressão junto de quem de direito para que as vagas diminuam, porque quando a oferta é muita, o valor de mercado diminui substancialmente". Algumas previsões (e fontes) informais apontam para reduções de 30%... já para este ano!!

O bastonário, Dr. Pedro Nunes, continuou dizendo que as faculdades privadas de Medicina "não vão abrir" - desregulariam a oferta ao mercado!

As Universidades Públicas que tentam, insistentemente, fazer aprovar planos de estudos para o referido curso, vêem-nos chumbados repetidamente (porque será?). Ou seja, os cursos não podem abrir...

Finalmente o bastonário afirmou pretender que o curso de Medicina seja o "high standard do know how científico".
(Enfermagem apresenta-se neste momento com vagas para dar, vender, alugar e sub-alugar, no ensino público, privado e assim-assim, com planos de estudos vergonhosos e aprovados de ânimo leve, o que vai contribuindo para um low standard...)
a
Conclusões: Poucos alunos em Medicina (para poderem auferir salários milionários!) no sentido de proporcionar uma qualidade formativa de alto nível, com o intuito de dignificar e prestigiar a profissão! Três "C's": curto, claro e conciso.
Como é que a OM pode tudo e algumas Ordens não podem nada?

Quem disse que a vida não é simples?

quarta-feira, abril 02, 2008

Última hora: Ordem dos Enfermeiros toma posição objectiva contra a criação dos "paramédicos"!


Desta vez, ainda sobre a questão da criação da figura de "paramédico" em Portugal, a Ordem dos Enfermeiros emitiu hoje (2-Abril-2008), um comunicado (press release) objectivo e inequívoco:

"A Ordem advoga que «não se justifica a existência de uma nova profissão ou grupo profissional (vulgo paramédicos) em Portugal»".

Podem ler o comunicado à imprensa, na íntegra, aqui. Também podem ler a tomada de posição sobre o pré-hospitalar (a OE afirmou junto do INEM que "zelará pelo escrupuloso cumprimento dos princípios defendidos" na referida) de Janeiro de 2007, aqui.

Agora sim, a expressão pública de apoio aos Enfermeiros!! É tão mais fácil quando todos estão unidos - os Enfermeiros podem contar com o apoio da OE e a OE com o dos Enfermeiros!

terça-feira, abril 01, 2008

"Paramé(r)dicos"! - Ordem dos Médicos defende Enfermeiros!


A ignorância, por vezes, gosta de "brincar" com algumas cabecinhas pouco pensadoras! Basta tomar alguma atenção dos disparates que andam a ser publicados na imprensa diária.
Volta à baila, mais do que nunca, a possibilidade da criação da carreira de "paramédico" em Portugal.
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Nós até já temos Técnicos de Emergência (TAE), mas Portugal tem dois adeptos - entre muitos outros - acérrimos das séries televisivas norte-americanas que envolvem tinonis: Duarte Caldeira (Presidente da Liga dos Bombeiros) e Vítor Almeida (Presidente da Associação Portuguesa de Medicina de Emergência). As "pérolas" parecem ser a especialidade destes dois:
a
Duarte Caldeira: "Não há médicos suficientes para prestar um serviço de qualidade de socorro pré-hospitalar. É necessário, por isso, criar um patamar intermédio"
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Vítor Almeida: "Não servem para substituir os médicos, devem cooperar com eles. Num caso grave podem estabilizar o doente ou colocar-lhe um soro"
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Estes dois senhores gostam de omitir os Enfermeiros propositadamente. Os Enfermeiros nem tão pouco são um "patamar intermédio" - note-se - mas sim profissionais licenciados que, formando equipa com médicos ou autonomamente, são os mais indicados para a assunção do papel central no pré-hospitalar!
A Ordem dos Enfermeiros reuniu com o INEM, é certo, mas a expressão pública, mediática e objectiva de apoio aos Enfermeiros proveio (novamente) da.... Ordem dos Médicos (que tem a frontalidade que a OE parece não ter!), na pessoa do seu bastonário, Dr. Pedro Nunes: "Não seria mais inteligente dar formação a profissionais já existentes, como Enfermeiros que estão desempregados"?
Urge criar a especialidade de "Enfermagem de Urgência/Emergência"!

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Novo grupo para reflexão de Enfermagem (a promessa é: o que quer que ali se escreva, chegará a "quem de direito")! 

Para que a opinião de cada um tenha uma consequência positiva! Contribuição efectiva!