domingo, agosto 31, 2008

OE e os Enfermeiros nas farmácias: pedir ou impor?

O seguinte texto foi retirado da página do Sindicato dos Enfermeiros, não sendo da minha responsabilidade:
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O regime jurídico das farmácias de oficina, previsto no Decreto -Lei nº 307/2007, de 31 de Agosto, consagrou a possibilidade de as farmácias prestarem serviços farmacêuticos de promoção da saúde e do bem-estar dos utentes.
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Artigo 2.º
Serviços farmacêuticos
As farmácias podem prestar os seguintes serviços farmacêuticos de promoção da saúde e do bem-estar dos utentes:
a)Apoio domiciliário;
b)Administração de primeiros socorros;
c(Administração de medicamentos;
d)Utilização de meios auxiliares de diagnóstico e terapêutica;
e)Administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação;
f)Programas de cuidados farmacêuticos;
g)Campanhas de informação;
h)Colaboração em programas de educação para a saúde.
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Artigo 3.º
Requisitos para a prestração de (tais) serviços
1 — Os serviços referidos no artigo anterior (os tais) têm de ser prestados nas condições legais e regularmente e por profissionais legalmente habilitados.
2 — Para a prestação dos serviços previstos nas alíneas b), c), d) e e) do artigo anterior, as farmácias devem dispor de instalações adequadas e autonomizadas.

Basta saber ler: "Os serviços referidos no artigo anterior têm de ser prestados nas condições legais e por profissionais legalmente habilitados".

Mas também é preciso ter alguma sorte.
No DN de 29-08-2008 e sob o título: "Ordem quer Enfermeiros nas farmácias" pode ler-se:
"Consenso.
Bastonária defende a criação de orientações conjuntas.
-(Por que não recorrer à estratégia de cada macaco no seu galho?)
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, MAS, vai propor à Ordem dos Farmacêuticos que as farmácias [contratem enfermeiros para administrar as vacinas nas farmácias]. A bastonária tem conhecimento que a ANF e a OF vão dar cursos aos farmacêuticos, mas considera que [estas competências não se adquirem em horas e sem treino suficiente], garante"....
- Sobretudo são ilegais, senhora Bastonária!!!
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Mais adiante: "Vamos retomar o contacto, já na próxima semana de forma a encontrarmos uma posição conjunta". Para a bastonária "esta é uma tarefa que, do ponto de vista histórico, sempre foi incumbência dos enfermeiros".
Não gostamos deste tom e desta proposta, que dá a impressão que a Ordem dos Farmacêuticos ainda tem alternativa, para cumprir a portaria que autoriza as farmácias a fazer a vacinação fora do plano nacional das vacinas (PNV). Basta à Ordem dos Enfermeiros a exigência de cumprir e fazer cumprir a lei, que não dá lugar a "consensos", mas sim; a "sensos", pois é do "senso comum", ou "bom senso" que os injectáveis e a sua responsabilização legal de ministração são da esfera dos Enfermeiros a qual a respectiva Ordem tem obrigação estatuária de impor como fazem as outras Ordens, "caramba"!
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Fica-se com a impressão de que a OE não conhece o desenfreado e descarado "curandeirismo" que as farmácias praticam, obviamente perpetrado por incompetentes, inabilitados, ilegais.
Também parece desconhecer quem são os enfermeiros, ávidos de qualquer coisa, que já estão a ministrar cursinhos a ajudantes de farmácia. Nós, que não temos as obrigações da OE, nesta área, sabemos circunstanciadamente os autores destas execráveis práticas.
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Até sabemos que, há bem bom pouco tempo, ainda a OE, com aquela "clarividência crepuscular" a que os seus directores nos habituaram, ameaçava que: exercer a profissão nas farmácias era incompatível para a Enfermagem da OE, o que nos leva a outra suposição, ainda mais demolidora da profissão: estar a pedir, de chapéu na mão, à boa maneira servil, se não haverá um buraquinho, na farmácia para colocar alguns dos muitos milhares de Enfermeiros que a OE, com a sua leitura "rational", da coisa, ajudou a incrementar, fazendo crescer a onda dos desempregados.
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Temos de impor; não mendigar, através de hipotéticos consensos, o que temos o dever "deontológico" de impor.
Não gostaríamos de ter de moderar este servilismo endémico da OE a que os licenciados de enfermagem têm de estar sujeitos: é só azares!

quinta-feira, agosto 28, 2008

INEM notifica Doutor Enfermeiro


Colegas, como talvez será do vosso conhecimento, há algum tempo atrás, este blog disponibilizou alguns manuais de formação, sendo que um deles (Suporte Avançado de Vida) provém/foi concebido, originalmente, do/pelo Departamento de Formação do INEM (violando, logicamente, os direitos de autor e propriedade intelectual). Apesar de ter conhecimento da ilegalidade, assumi o compromisso de difundir os respectivos.

Neste sentido, o Gabinete Jurídico do INEM notificou (de forma mal educada) o blog Doutor Enfermeiro, ameaçando tomar as respectivas providências legais.

Fica aqui, na íntegra, o e-mail recebido, que se pauta pela linguagem grosseira e que, claramente, demonstra a insensibilidade ignóbil e inadequação do respectivo, no tratamento legal dos assuntos inerentes ao superior interesse da lei. Isto inclui os insultos proferidos.

"Exmo. Senhor “doutorenfermeiro”,

Foi com profundo desagrado que constatámos que V. Exa. se encontra a disponibilizar no V/ blogue
http://doutorenfermeiro.blogspot.com/ , no post de 11 de Agosto com a epígrafe “Ars et scientia - altiora semper petens...”, cópias dos Manuais de SAV e SIV do Instituto Nacional de Emergência Médica.

Ora de acordo com os Estatutos do INEM, é ao DFEM, Departamento de Formação em Emergência Médica, a quem compete definir as estratégias de formação em técnicas de emergência médica, promovendo a formação em emergência médica aos vários intervenientes do SIEM, acreditar entidades externas ao INEM, IP, para a realização de acções de formação, bem como conceptualizar e preparar as respectivas acções de formação para o efeito.

E como bem deve (ou deveria!) conhecer V. Exa., os Manuais que prontamente disponibiliza aos leitores do V/ blogue constituem elementos de estudo criados pelo respectivo Departamento do INEM e destinam-se, única e exclusivamente, a suportar a formação leccionada pelo próprio INEM ou por entidades por si devidamente acreditadas para o efeito, sendo que a disponibilização dos documentos em causa representa o mais completo desprezo pelo nosso Instituto e, bem assim, pelos nossos direitos de autor, desrespeitando as mais elementares regras de ética, pertinência e até de legalidade.

Acresce que, mesmo que a utilização indevida de obras alheias não consubstanciasse matéria susceptível de procedimento criminal, como sucede, os Manuais em causa versam sobre matérias absolutamente especializadas que não devem ser visionadas por todo e qualquer anónimo que os solicite, mas apenas por quem tenha já formação nas mesmas e capacidade de compreensão das manobras descritas, sob pena de gerar situações gravíssimas de má aplicação e desempenho.

Ora, facilmente se depreenderá pela natureza anónima de todos os V/ leitores, que mesmo uma criança de tenra idade poderá solicitar os referidos manuais! Parece-nos, pois, que um enfermeiro que se diz preocupado com a sua classe deveria rapidamente reconhecer os efeitos nefastos que tal distribuição de manuais especializados pode originar, e retratar-se de tão nobre tarefa, como a de proporcionar a todo e qualquer cidadão desconhecido a leitura de assuntos para os quais poderá não estar preparado, seja a nível profissional ou de simples maturidade.

Para a formação de SAV e SIV, reitera-se, existe já um Departamento de Formação no Instituto Nacional de Emergência Médica, com competências e atribuições específicas nas matérias versadas nos referidos Manuais, obras criadas exclusivamente por e para o Instituto.

Pese embora a astenia dos comentários pusilânimes de quem, comodamente, utiliza o anonimato para, através de posts num blogue, atingir uma Instituição (e membros da sua Direcção), cuja missão é garantir aos sinistrados ou vítimas de doença súbita a pronta e adequada prestação de cuidados de saúde, sobre os mesmos não se poderá senão lamentar profundamente o seu teor medíocre e prescindível.

Por tudo o que supra ficou exposto, solicita-se a V. Exa. retire de imediato o fornecimento dos Manuais SAV e SIV, propriedade do INEM, IP, sob pena de nos vermos forçados a tomar as necessárias providências legais para o efeito.

Com os melhores cumprimentos,

O Gabinete Jurídico
Instituto Nacional de Emergência Médica
Rua Almirante Barroso, nº 36 – 5º
1000-013 Lisboa
Tlf: 21.350.81.00
Fax: 21.350.81.72
Gj.geral@inem.pt
"


Pede-se então, a todas as crianças de "tenra idade" (de acordo com a possibilidade levantada pelo GJ do INEM), a quem foi enviado os referidos manuais, que actuem com cuidado e respectiva segurança no manuseio do respectivo material e aplicação procedimental das manobras e procedimentos neles mencionados e exemplificados: nunca utilizem o vosso lifepak em casa e sem a ajuda de um adulto, nem tentem proceder à administração de adrenalinas e/ou atropinas sozinhos. Notem bem: evitem ter a xuxinha na boca enquanto desfribilham (risco de escorrência de um fio de baba em direcção às pás), pois poderão ser vítimas de choque.

Os manuais do INEM-VMER estão disponíveis na internet. Podem fazer o seu download, por exemplo, aqui (http://www.bombeiros.pt/). "Medíocre", este gabinete jurídico.

Por este motivo, todos os manuais relacionados com o INEM não serão mais disponibilizados por este blog (os proximos seriam: Manual VMER TOMO I e II e Técnicas de Extracção e Imobilização de Vítimas de Trauma).

Semana em revista...



1. No dia de 27 de Agosto foram iniciadas as negociações relativas à nova carreira de Enfermagem, entre sindicatos e a tutela. As actuais intenções do Ministério da Saúde envolvem a adopção de medidas exploratórias e pouco dignificantes para os profissionais de Enfermagem.

2. O Instituto Piaget volta às estratégias de marketing pouco éticas e enganosas. Desta feita, na Revista Medicina e Saúde, pela pessoa do Prof. Raul Sardinha, garantiu que os Enfermeiros do Piaget, têm, a nível de colocação de mercado "um bom acolhimento, sem problemas a nível de emprego". Falso. Não existem dados que assim o comprovem. Sem ressentimentos para com o referido instituto, condeno a veiculação de mentiras com um único propósito: angariar mais alunos e, consequentemente, incrementar as correspondentes fontes de rendimento, fazendo uso de argumentos falaciosos.

3. O primeiro parto feito num Ambulância SIV, realizado por um Enfermeiro (equipa da SIV), decorreu na normalidade e sem problemas, tendo sido focado pela imprensa."O trabalho dos Enfermeiros e assistência foram espectaculares" - é possível ler-se no Jornal Correio da Manhã.

4. A Ordem dos Enfermeiros (OE), fez saber (ver aqui e aqui) junto do Secretário de Estado Adjunto da Saúde, Dr. Francisco Ramos, que não é possível nem desejável, avançar com o processo negocial relativo à nova carreira de Enfermagem, sem que antes sejam clarificados os princípios estruturantes relativos ao desejado Modelo de Desenvolvimento Profissional. Importa referir que esta posição é consensual entre OE e sindicatos e, caso não seja atendida, a Ordem afirma que "terá de rever o modelo de cooperação que tem mantido com o Ministério da Saúde". Nota muito positiva para a OE e para a postura de colaboração entre as várias estruturas profissionais de Enfermagem!

5. A OE pediu esclarecimentos "sobre o Plano Estratégico Nacional para a Emergência Pré-Hospitalar e sobre a implementação do projecto SIV" ao INEM. Neste sentIdo, a OE reuniu com o INEM, onde foi discutida "a criação de uma carreira específica em Emergência Médica, a elaboração de regulamentação para as VMER e SIV, o atraso na definição do Plano Estratégico para a Emergência Pré-hospitalar e o projecto de decreto-lei para a utilização de desfibrilhadores automáticos externos são os assuntos a destacar da reunião". O presidente do INEM afirmou que "em seu entender, deverá ser criada uma carreira específica para a área da emergência médica, com diferentes níveis". A OE fez lembrar - e muito bem que "as intervenções técnicas / clínicas em situações de emergência pré-hospitalar são realizadas por Médicos e Enfermeiros que, além das competências decorrentes da sua formação académica e experiência profissional, possuem formação em Suporte Avançado de Vida". Portanto, aguardam-se novos desenvolvimentos para a tal "carreira específica"(?). Mais uma nota positiva para a OE, que começa a esculpir uma postura mais determinada!

6. "Faltam 2112 Enfermeiros" - afirmam os sindicatos, com base em dados do próprio Ministério da Saúde. Até que enfim (!) que se começam a discutir números mais adequados, reais e concretizáveis, em consonância com a actual conjuntura do país e do sector da saúde.

7. "Os farmacêuticos vão começar a receber formação em Setembro, de forma a garantir que, em Outubro, os utentes possam não só comprar mas também receber vacinas nas farmácias. Os Enfermeiros defendem que devem ser eles a fazê-lo. Além das vacinas, há outros serviços a integrar". A Ordem dos Farmacêuticos refere que "o acto de dar uma vacina é uma competência que os farmacêuticos já tinham, mas que não faziam". Os Enfermeiros esperam uma posição firme por parte da OE! Este tipo de situações, que começam a acontecer em várias frentes da esfera competencial dos Enfermeiros, são factores predisponentes para a abertura de brechas funcionais na profissão, acarretando riscos nefastos que todos conhecem e prevêem.


segunda-feira, agosto 25, 2008

Partilhar a luta do "meu" serviço...


O caminho percorrido até à actualidade - que é o "meu" serviço - foi sofrido. Lutas, reivindicações, ultimatos, exigências, etc...
Algo que sempre primou por estes lados foi a união. Modéstia à parte, a restante instituição reconhece isso nesta equipa.

Mas não foi fácil. Não despontou da noite para o dia. Foi fruto de um longo trabalho de mentalização, de fomentação da auto-confiança, consciencialização e de cordialidade entre todos. E assim nasceu uma "nova" equipa - onde a voz de um passou a ser a voz de todos.
Nem sempre foi assim. Quando lá cheguei, o "clima" era tenso. As intrigas pululavam e os velhos ressentimentos nutridos com maledicência. Inexplicável.

Voltando atrás no tempo. Um dia fizeram-me um convite. Recusável à primeira instância, mas aceitei o desafio e a palavra "dificuldade" ascendeu a outra dimensão.
Lentamente as mudanças necessárias foram sendo concretizadas, os velhos hábitos abandonados e união medrando. Abriu-se as portas à autonomia dos Enfermeiros. Aqui, a linha entre Médicos e Enfermeiros é ténue. A competência individual é o mais relevante. Literalmente, extinguimos os limites. Os Enfermeiros são profissionais responsáveis e o empowerment um conceito importante. Cada um tem poder decisório. Faz. Mas também assume a responsabilidade - foi assim que tudo ficou à disposição dos Enfermeiros.
Depois da luta intrínseca, já a caminho do auge da maturidade colectiva, iniciou-se a luta com o exterior. Clara e objectivamente, sem receios, afirmamos: "não fazemos isto", "não fazemos aquilo", "queremos isto", "exigimos aquilo", etc. Fizeram-se reuniões de equipa, reuniões gerais de Enfermeiros, reuniões com Conselhos de Administração (CA), etc. Fomos perseguidos e ameaçados. Não resultou. Iniciaram o pressing interno Enfermeiro-a-Enfermeiro. Não resultou.
O nosso objectivo inicial fora conseguido: incutir em cada um que, em vez de ser um peixinho, era um tubarão...

Um belo dia, um certo Administrador, chegou-me aos ouvidos, disse "isto e aquilo". Atentava o meu bom nome e dignidade profissional. Foi resolvido de forma simples. Dispenso marcações de reuniões - chamei o "transmissor" da mensagem (a Enfª-Chefe do serviço vizinho), porque não sou adepto do diz-que-disse, e rumei ao seu gabinete. Não precisou de falar. Eu verbalizei tudo. No final, pediu desculpa e garantiu que tal não voltaria a acontecer. De facto, nunca mais. Tomando isto como uma sinédoque, ficou o nome da Enfermagem dignificado.

O primeiro CA a cortar, integralmente, relações connosco, fê-lo abruptamente. Um dia um outro Administrador ligou-me. Queria falar comigo. Era um senhor que nunca tinha estado na saúde. Mal-educado e inexperiente (certa vez cometeu o erro de confundir cimento ósseo com cimento para assentar tijolos - desculpável(?), pois havia obras na instituição...)
Expôs o seu ponto de vista, eu expus o meu. Nunca mais falamos. Só o "bom-dia". A Presidente do CA enveredou pelo mesmo caminho: abriu uma fenda na relação. Não nos interessou. A Enfermeira-Directora da respectiva altura, colega e amiga pessoal, vacilou. E nós retaliamos: queremos..., vamos..., exigimos...! Alguns de nós compreenderam as suas atitudes, outros não.
Conseguimos quase tudo o que exigimos. E não foi pouco.

Os ventos da gestão vão e vêm e os Enfermeiros ficam. Os anos passaram e chegou "outro" CA. Políticos. Desde logo fomos acusados de gerir uma "quinta" (sic). Irritava-os a forma como o serviço era gerido (na realidade, o que perturbou as mentalidades retrógadas, foi o facto dos Enfermeiros terem poder). Porquê?
Fomos a equipa que absorveu mais Enfermeiros, que recusou o excesso de alunos estagiários (foi imposta uma quota para tal), que recusou a normas emanadas pelo CA (principalmente aquelas que reflectiam cortes orçamentais que, consequentemente, prejudicavam a qualidade dos cuidados prestados) e porque foi reivindicado que, tudo o que era devido aos Enfermeiros, fosse pago até ao último cêntimo. Foi então que estalou a guerra. Não há dinheiro? Simples, não há trabalho.
O CA teve de contratar uma equipa externa. Os Enfermeiros do "meu" serviço, "recusaram" trabalhar. Vem aí uma equipa externa? Muito bem. Os Enfermeiros da instituição ficaram destacados apenas para os turnos com suplementos. O custos disparam. Fomos "maus" e o CA foi gretando a relação. Alterou a estratégia: tentou dissolver a equipa. Ficamos ainda mais fortes.

Mas afinal, quem nos derrotou? Os próprios Enfermeiros. Como?
A última reunião de CA foi curta. Os serviços vizinhos e anexos protestaram contra nós junto do CA. Motivo? O mais surpreendente de todos. Porque tínhamos uma equipa abrangente, bem dotada e um rácio inigualável em toda a instituição. Fiquei satisfeito: os "outros querem reivindicar o mesmo que nós", pensei. Afinal não. Não queriam ser tantos como os que constituem a "minha" equipa. Não queriam ser tantos por turno como na "minha" equipa. Simplesmente não compreendiam o porquê da equipa ser tão numerosa. Pediram junto do CA que a "nossa" equipa fosse reduzida. Eu não quis acreditar no que ouvia. Enfermeiros a insurgirem-se contra outros Enfermeiros com este argumento? Conseguiram. E nós? A velha luta: não há condições favoráveis, não há trabalho. Veremos quem "ganha" desta vez... se a equipa, se o CA...
Mas fiquei atónito, sem dúvida que fiquei. Porque é que os Enfermeiros não se unem?
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Fica a homenagem a uma colega, que lutou a par de todos, mas foi rasteirada pela vida. Um certo dia de manhã, foi encontrada inanimada, sem vida. Deixou uma casa maravilhosa, dois filhos menores, um marido carinhoso e muitos colegas com saudades. Mas continua a lutar ao nosso lado, todos os dias. Por isso, o seu cacifo por lá ficou, junto de todos os outros. Porque foi isso o prometido: juntos até ao fim, nos bons e nos maus momentos.

domingo, agosto 24, 2008

Mas o que esperavam os ráciocracistas?


"A ministra da Saúde quer cortar nos salários dos Enfermeiros. As horas de trabalho com horário acrescido de 42 horas por semana, vão deixar de ser pagas com bónus. Os Enfermeiros contestam." link
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"Este trabalho é actualmente em parte recompensado como extraordinário, o que se traduz num acréscimo de 37% no salário dos Enfermeiros, mas Ana Jorge quer fazer outras contas.Na quarta-feira a ministra vai propor aos sindicatos uma limitação das horas extraordinárias, passando a ser opção dos enfermeiros se trabalham 35 ou 42 horas semanais. José Azevedo, presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, considera esta proposta impensável e impraticável.“A proposta que a senhora ministra da Saúde mandou entregar-nos é inaceitável visto que põe um limite que não existe. Os Enfermeiros fazem horário normal que é 35 horas semanais e depois podem fazer as horas que quiserem para além destas desde que sejam pagas no mesmo valor/hora que é a hora normal. É evidente que isto seria andar para trás 30 anos. A senhora ministra considera que a hora extraordinária é igual ou inferior que a hora normal e isso nós não aceitaremos nunca”, disse." link

"A proposta visa uniformizar o pagamento pelas horas de trabalho não extraordinárias. E visa igualmente obrigar os enfermeiros a escolher um horário de 35 ou de 42 horas semanais e será apresentada já na quarta-feira, na primeira reunião para a rever as carreiras. O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses é o primeiro a sentar-se à mesa e garante que a negociação termina se a ministra não recuar" link

No site do Jornal Expresso, um(a) leitor(a) deixou este comentário relativamente à notícia em questão: link

"Acho bem. É tirar-lhes a mama! Além disso, também se lhes tira a sobrecarga horária, de que tanto se queixam. Somos dos pouquíssimos países onde o salário dos Enfermeiros se equipara ao salário de um médico, que tem 500x mais responsabilidade! Até querem poder receitar, vejam só! Nem tocando no facto de empurrarem metade do trabalho para os auxiliares da acção médica porque enfermeiro não limpa o cú a velhos, pois é licenciado (ups, agora chama-se "mestrado")!

Hoje em dia qualquer badameco incapaz e incompetente vira Enfermeiro, o que não falta por aí são privadas com enfermagem, onde reina o facilitismo e o baixo empenho académico. Andam todos à procura da mama, daí ser um curso cheio de estudantes (apesar da baixa taxa de empregabilidade)! Isto só acontece pelo dito facilitismo e mama financeira a que podem chegar, se conseguirem arranjar o factor C (cunha). Até nisto a competência é deixada de lado...!"

Bem sabemos qual o bolso-destino do dinheiro que se "rouba" aos Enfermeiros...

Agora, com que poder de reivindicação vamos remar contra a maré? Com a bandeira dos rácios da OCDE? Ou será com a bandeira do "faltam-33-mil-Enfermeiros"?
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Há aqui um aspecto de difícil compreensão. Se os Sindicatos e a Ordem fizeram tanto pelos Enfermeiros nos últimos anos, porque é, "subitamente", os salários estão a ser cortados, o desemprego arruina a classe e há um batalhão de técnicos a quererem substituir os Enfermeiros?
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Um dia, a Enf. Lucília Nunes (ver foto), escreveu num post que não sabia porque é que muitos colegas referiam que a Enfermagem tem vindo a perder "terreno" em várias dimensões...
Porque será colegas? É que não está a ocorrer nada à Enf. LN...
Se calhar até tem a haver com certos cursos que se leccionam lá pela escola onde diz ensinar... ou isso, ou por causa do (des)"animador" panorama geral da Enfermagem! Agora fiquei indeciso.

sábado, agosto 23, 2008

O regresso do quepe?


Li aqui que, em certas instituições, existem intenções em retomar novamente o uso da mítica figura do quepe (conhecido como o "chapéu das Enfermeiras"). Mas não só: as batas com saia também.

Tenho imenso respeito e consideração pelos símbolos da história da Enfermagem. Mas não passam disso mesmo: uma reconstituição simbólica do caminhos traçados pela Enfermagem no seu rumo à actualidade.

Em pleno séc. XXI é perfeitamente ridículo e descabido colocar a hipótese de reimplementar costumes/vestes desadequadas. Não só porque porque não existem argumentos lógicos que a sustentem (que benefício acarreta o uso do quepe, por exemplo?), mas porque traduzem uma regressão aos tempos do serventilismo e submissão. Muitas colegas lutaram contra a dissipação e desaparecimento desses velhos tempos, porque haveriam agora de voltar? A imagem dos Enfermeiros já não se compadece com estes objectos.
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É curioso que há alguns anos, em visita a um hospital privado, reparei que as Enfermeiras usavam um mini-quepe sem qualquer utilidade (os homens, logicamente, não), a não ser a de inferiorizar e subalternizar a classe. Perguntei de quem tinha partido a ideia. Aparentemente tinha sido do director (médico), quem mais (com uma subtil ajuda de uma Enfermeira-Directora retrógrada)? Sem razões ou explicações.

Parece-me mais um aparente sinal da regressão da Enfermagem nas suas várias frentes (até no vestuário!)... São os denominados objectos do not walk the line. A outros profissionais não é imposta qualquer "regra", pelo contrário, é habitual o predomínio de objectos simbolicamente over the line, sinónimos de prestígio e elevado status social (ex. gravata). Portanto, as ilações são fáceis de extrair - para quê usar quepe?

Mas já não me espantará se, na praça pública, surgir alguém a propalar o regresso aos tempos em que os Enfermeiros não se podiam casar...


quinta-feira, agosto 21, 2008

O "doente" que ensinou Enfermeiros e Médicos...

"Para o homem, apenas há três acontecimentos: nascer, viver e morrer. Ele não sente o nascer, sofre ao morrer e esquece-se de viver"

- Jean de La Bruyère -
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Randy Pausch era professor na Carnegie Mellon University. Foi-lhe diagnosticado um cancro no pâncreas, sem possibilidades de tratamento ou recuperação, com metastização generalizada - fase terminal.
A equipa médica deu-lhe, de forma inequívoca, a aterradora notícia - teria 3 a 6 meses de "boa saúde" até iniciar "a linha descendente". Rumo: morte. A forma como este professor encarou o desenrolar dos acontecimentos surpreendeu os profissionais de saúde.
Randy Pausch encarou o cenário de uma forma imprevista - aproveitou o tempo remanescente para viver a vida. Mas não só. Quis deixar o seu testemunho e ensinar quem quis aprender, como é que a morte ensina a viver a vida. A sua "última lição" na universidade (fez questão de mostrar a TAC a todos os presentes) é um dos vídeos mais vistos do youtube com mais de 6,5 milhões de visionamentos .
Faleceu a 25 de Julho de 2008. Sempre feliz e de sorriso nos lábios.
Um case study para Enfermeiros e Médicos. Uma lição de vida para todos nós.
O seguinte vídeo dura cerca de um hora. Um investimento temporal que vale bem a pena. Sem dúvida.


terça-feira, agosto 19, 2008

A genialidade...


Este post surge no encalço de um outro que li no blog Cogitare em Saúde.
A genialidade, por vezes, apresenta-se perante nós, servida em estranhas formas, atitudes e orientada por rasgos de inteligência incompreendida.
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Uma vez mais, o Enf. Manuel Oliveira (Presidente do Conselho Directivo Regional – Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros), premeia a classe de Enfermagem com a lógica da batata (a que já nos vem habituando) – é pena, porque, segundo dizem, o Enf. Manuel (Enfermeiro-Chefe no Hospital de Anadia) é um excelente profissional.
Conheci-o uma vez. Bastou apenas uma brevíssima conversa de 3 minutos para lhe "diagnosticar" um preito absoluto relativamente à “Maria Augusta”. Nesses escassos minutos não foi possível perceber se, além da eloquência e diplomacia, haveria ali esperança para o rumo da OE…
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Nem um ano decorreu e já temos alguns frutos: admitiu o desemprego no seio da classe de Enfermagem (também era impossível não o reconhecer…).
Soluções? Antes de ocupar o espírito com problemas tão irrelevantes como sejam as soluções, há que reflectir um pouco sobre isto. A conclusão desta reflexão brilhou, na devida altura, entre os meios de comunicação: afinal, em Portugal, “não há Enfermeiros a mais, há emprego a menos”! Como é que ninguém se lembrou disto antes? Subtilmente, aplicando o mesmo raciocínio ao salário dos Enfermeiros, ficamos ligeiramente mais satisfeitos com a profissão: pelos vistos, as nossas remunerações, não são injustamente baixas, o custo de vida é que é elevado…
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Ainda não nos tínhamos recomposto de tal genialidade, eis que, logo a seguir, ficamos sem respiração: a mesma Secção Regional, desta vez, propõem-se a resolver a questão do desemprego recorrendo a outro estratagema. Desta feita, a notável solução assenta numa perspectiva diferente: não há Enfermeiros a mais, não sabem é procurar emprego…!
Resultado? Mais uma formação: “Processo de Procura de Emprego” ! Interessantíssimo. Não sei se os Enfermeiros terão proveitos com a respectiva, mas sem dúvida, os formadores sim. Não sei se algum colega vai conseguir um emprego com esta ajuda, mas os formadores já garantiram mais uns euros. É que a formação é gratuita para os formandos, mas a lógica não se impõe de igual modo do prisma inverso.
(Um conselho: já que a OE tanto aprecia e propala a ética, seria útil introduzir um módulo da mesma nesta formação, isso sim, importante, pois habitualmente as regras são pouco claras e muitos colegas violam as normas boa conduta na perseguição do "ansiado emprego", deixando a lei da selva operar, desrespeitando a linhas de actuação e cordialidade profissional).
De qualquer modo, descansemos: esta formação confere certificados de formação.
Não sei quanta ciência pode girar à volta da procura do emprego, mas quem ficou a perder foram os milhares e milhares de Enfermeiros que, até aos dias de hoje, se empregaram sem recurso a artefactos formativos. Era chamado o "trigo limpo": havia emprego, o profissional ficava empregado! Sem complicações.
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Agora, infelizmente, os nossos recém-colegas nem da porta da entrada das instituições de saúde passam. Na melhor das hipóteses conseguem falar com o porteiro ou com uma empregada de limpeza. Não me parecem destinatários interessantes para pôr em prática os conhecimentos adquiridos na brilhante formação, mas...
A este ritmo de deterioração profissional, brevemente teremos de sugerir mais processos formativos que auxiliem quem necessite.
Fazendo uma análise sumária, permitam-me que sugira rapidamente as seguintes: "como exercer Enfermagem e, pelo menos, ser remunerado...", ou então "guia para fazer as malas e procurar emprego pela Europa". Enfim.
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O que me incomoda “nesta” OE, particularmente em alguns elementos, é o desfasamento absoluto em relação a uma conjuntura inequívoca e a falta de visão dentro de uma realidade que não podemos mudar, mas onde podemos e devemos gerir as nossas circunstâncias!

domingo, agosto 17, 2008

Nota aos colegas...

A todos os colegas que solicitaram os manuais referidos neste post:

Todos os manuais encontram-se a ser enviados de uma forma faseada, pois a Hotmail (Microsoft) - servidor de correio electrónico usado - impõe um limite diário para o envio de mensagens.

Quem solicitou todos os manuais receberá 4 e-mails (SAV/SIV + Manual1 + Manual2 + Manual3), embora, previsivelmente, não simultaneamente.

Os e-mails de alguns colegas foram devolvidos, por provável falta de espaço/capacidade da respectiva caixa de correio. Deste modo, os colegas que possuem endereços com os domínios @iol.pt, @portugalmail.pt, @sapo.pt e @mail.telepac.pt, deverão tomar as devidas providências para que seja possível o seu envio e recepção.
Todos os restantes deverão, nos próximos dias, ter recebido o material desejado.

sexta-feira, agosto 15, 2008

O incremento da mediatização dos Enfermeiros....


"O líder da distrital do Porto do PSD, Marco António Costa, defendeu esta segunda-feira a criação de um plano nacional de saúde escolar que inclua a presença de Enfermeiros e médicos nas escolas.
Segundo Marco António Costa, que falava aos jornalistas após reunir com a secção regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros (OE), deverá ser pensada a criação da valência da saúde escolar no âmbito da criação das novas unidades escolares financiadas com fundos comunitários
".
link

"Foram ainda discutidas questões como a questão da dotação segura de profissionais, a questão da exclusividade e da sua integração na carreira de técnicos superiores." link

quarta-feira, agosto 13, 2008

Envio dos manuais...


Estimados colegas,
relativamente ao post anterior, gostaria por começar de agradecer, gentilmente, a todos os colegas que manifestaram de uma forma simpática o seu apreço. São estas mensagens que me fazem ter esperança num futuro melhor para a profissão, que fazem crer que, de facto, a união entre todos os Enfermeiros pode ser uma realidade, que me fazem crer que, passado o "mau momento", a fénix renascerá das cinzas...

Peço desculpa pelo possível atraso no envio dos respectivos e-mails (máximo de 8 dias). Tal se deve ao elevado número de pedidos, que suplantaram amplamente as expectativas. Agrada-me constatar que os Enfermeiros perseguem o conhecimento.

Os melhores e maiores cumprimentos a todos.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Ars et scientia - altiora semper petens...



"Conhecimento é mais do que equivalente de força"

- Samuel Johnson -

Porque a força de uma profissão se mede pela dimensão do seu conhecimento, disponibilizarei, a todos os colegas que assim o solicitem por e-mail, em formato electrónico (pdf), os seguintes documentos (cada colega poderá escolher qual/quais corresponde(m) à(s) sua(s) necessidade(s)):

Manual de Suporte Imediato de Vida - SIV (não INEM)

Curso Geral de Trauma, Urgência/Emergência e Catástrofe
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Brevemente, num futuro post, disponibilizarei igualmente um Manual de Electrocardiografia.

domingo, agosto 10, 2008

Sem palavras...



"Sem a música, a vida seria um erro"
- Friedrich Nietzsche -
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"A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende"
- Arthur Schopenhauer -

sexta-feira, agosto 08, 2008

A saga continua... com a permissão dos Enfermeiros?


Depois dos gerontólogos, podólogos, analistólogos, (tentativa de criação dos) paramédicólogos e etc., estamos a assistir lentamente ao despontar dos fisioterapeutas-parteirólogos (já não são apenas um rumor...).

A Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal encarrega-se dessa árdua tarefa. Para ganhar a vida e pagar as contas, decidiu cozinhar mais um curso-à-pressão destinado a fisioterapeutas e leccionado por fisioterapeutas (Ft. Maria João Alvito (Centro Olá mamã! e a Ft. Teresa Paula Mimoso (Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal).

Quais os objectivos deste curso?

"Promover competências parentais, através de medidas antecipatórias, para resolução de problemas e desafios inerentes aos três períodos: gravidez, parto e parentalidade".

Que tipo de formação é leccionada? (qualquer tipo de semelhança com uma determinada especialidade da Enfermagem não é pura coincidência)

Por exemplo...
"História e contextualização da Preparação para o Nascimento - Modelo de intervenção Psicoeducacional"; "O pai na educação pré-natal"; "Massagem a "3""; "Mobilidade geral e posturas"; "Bacia e Pavimento pélvico"; "Stress e relaxamento"; "Mitos e crenças da gravidez/parto"; "A dor do trabalho de parto"; "Directrizes da OMS para o trabalho de parto"; "Analgesia do parto"; "Sinais de parto – observação e discussão"; "Plano de parto"; "Trabalho de parto"; "Padrões respiratórios no TP"; "Fase de dilatação"; "Fase de expulsão"; "Puerperium – caracterização e cuidados"; "Cesariana e parto instrumentalizado"; "Indução do trabalho de parto"; "Gravidez de risco"; "Parto pré-termo – o bebé prematuro"; "Amamentação – contextualização"; "Fisiologia da amamentação"; "Cuidados com o bebé"; "Alterações emocionais no período pós parto", etc...

Com este curso, que competências esperam os fisioterapeutas desenvolver?

∗ "Planear e implementar acções/programas de preparação/educação para o nascimento; Monitorizar e avaliar a qualidade e efectividade das acções/programas de preparação/educação para o nascimento; Demonstrar capacidade crítica e de reflexão acerca da intervenção nesta área específica, de forma a contribuir para a visibilidade e efectividade da mesma. Seleccionar e utilizar estratégias relevantes de acordo com os princípios da educação dos adultos e educação parental, comunicando de forma efectiva".


Ao ritmo a que outros profissionais invadem a esfera profissional dos Enfermeiros, penso que será legítimo o sentimento de preocupação, com o futuro, que reina entre os Enfermeiros...
O desemprego não se combate apenas com ultimatos para admissões, mas também com a preservação do nosso conteúdo profissional e consequentemente do espaço laboral. A Enfermagem de Reabilitação é um exemplo disso: já quase foi extinta no sector privado em detrimento dos fisioterapeutas...
Será que os Enfermeiros não aprendem com os erros ou vitórias do passado?

quarta-feira, agosto 06, 2008

"Guerra" entre analistas clínicos e Enfermeiros!?

(Clicar para ampliar e ler)
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Previsível. Não é uma guerra de "analistas químicos" e Enfermeiros. É apenas de "analistas clínicos". Interessante, como se desenrolou...
O senhor que resolveu "polemizar" isto (Almerindo Rêgo), é já um velho conhecido no âmbito das acusações aos Enfermeiros...
Já diz o povo e com razão: "dá-se a mão, querem o braço"...
Curioso, nunca vi técnicos acusarem médicos de usurpação de funções... subitamente, os Enfermeiros estão na mira de tanto interesse e incómodo...
Mais uma vez, fica patente a importância da protecção da esfera competencial dos Enfermeiros, sob o risco de futuras "confusões"... não só com os analistas/técnicos, mas com muitos "profissionais paralelos" que já por aí andam e outros tantos que hão-de vir... se deixarmos, claro...
Não será tempo de abrirmos os olhos? Se o fizermos, vamos reparar que os usurpados, afinal.. são os Enfermeiros.

terça-feira, agosto 05, 2008

O Centro de Responsabilidade Integrada (CRI's) do Prof. Manuel Antunes - uma mentirinha nunca fez mal a ninguém?!


"Há, pelo menos no Saudesa, total consenso (nenhuma voz discordante ou sequer reticente) sobre a excelência de resultados, medidos em termos de quantidade e de qualidade de produção, atingidos pelo CRI dos HUC, liderado pelo Prof. Manuel Antunes" link


Num período pródigo em conceitos rentabilizadores na saúde, como de um mercado a retalho se tratasse, os administradores hospitalares discutem a reorganização dos hospitais públicos. Muitos apontam o CRI liderado pelo Prof. Manuel Antunes (HUC), como um exemplo de produtividade quantitativa e qualitativa. Bom, este é um facto interessante... para quem não conhece a realidade.

Vejamos, imensa gente aponta este serviço como extremamente rentável (resultados/ganhos de saúde muito acima da média). Ninguém se esquece, inclusivamente, de apontar que no final do ano, o Prof. Manuel Antunes, habitualmente, distribui os supostos lucros pelos profissionais de saúde (os médicos, ficam com quase tudo, lógico).
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Mas, claro, há aqui aquela mentirinha que ninguém se lembra de revelar. Sem retirar o mérito aos respectivos profissionais, tratados como "escravos", há muito a dizer no plano ético. Desde do facto do Sr. Professor Antunes achar que os Médicos devem ser homens e as Enfermeiros, mulheres (segundo ele, é a "ordem natural" das coisas) até à manifesta arrogância e má educação com os profissionais que o rodeiam.
Sob a sua "alçada", as médicas internas têm dificuldades em concluir a especialidade e as enfermeiras, quando não correspondem à expectativa, são alvejadas com frascos de soro, arremessados a alta velocidade. Mas não é só: este CRI nunca teve salas de trabalho para a Enfermagem!! Segundo o Professor, são "dispensáveis e não têm interesse".

Aliás, como se julga dono do mundo, gosta de dispôr e ordenar mandos arrogantes aos Enfermeiros, o que lhe valeu em tempos problemas com o ex-Enfermeiro-Director do HUC, Enf. Amílcar de Carvalho, pois o Professor nem sabia que quem "mandava" no Enfermeiros era a Direcção de Enfermagem! "Devia ser os médicos" - disse irado.

Como se controlam "miraculosamente" os custos?

Deveras fácil. Tal como um filho que vive em casa dos pais sem arcar com as despesas gerais, aproveitando todos os rendimentos como fontes lucrativas. O Professor, como tem o seu CRI integrado nos HUC, vê com agrado muitas das despesas com profissionais serem imputadas ao mesmo. Certos exames de diagnóstico e terapêutica, caríssimos, também. Mas há mais: como as intercorrências e complicações no âmbito dos procedimentos/internamentos são dispendiosas, só lida com os utentes que oferecem os melhores prognósticos, deixando os restantes para os outros. Só "gosta" de doentes "saudáveis".
Mas as estratégias lucrativas não terminam por aqui.... pois a competências de gestão nulas necessitam de ser compensadas com esquemas "curioso-duvidosos".
Vai valendo a dedicação de todos os profissionais envolvidos.

segunda-feira, agosto 04, 2008

Contas feitas, só em 10 hospitais...


"Estado deve 19 anos de trabalho aos Enfermeiros" link 1; link 2

Não será mais do que altura para se cobrar a dívida?

domingo, agosto 03, 2008

Confidências de um Enfermeiro-Director...


Há algum tempo atrás, em conversa informal, o actual Enfermeiro-Director de uma grande instituição hospitalar - amigo e excelente profissional - confidenciou-me, com tristeza, algumas situações que vêm acontecendo e com as quais se depara cada vez com mais frequência. Conhecedor das minhas lides bloguísticas, foi peremptório quando lhe disse que, quando tivesse oportunidade, havia de transcrever aqui as suas palavras, para que todos os colegas soubessem o que passa por trás das portas de algumas direcções de Enfermagem. "Podes escrever à vontade" - disse.

Conversávamos nós, invariavelmente, sobre a actual situação dos Enfermeiros...
- "Há dias que nem quero passar pelo secretariado" - admitiu - "as pilhas de currículos que cá chegam todos os dias, matam-me mais rápido que o tabaco".

No seu jeito particular (quase nem pestaneja quando fala com alguém), continuou: "o pior é que no próximo ano nem vou conseguir admitir quase ninguém, só substituições de baixas e pouco mais"...

Perguntei, curioso, o que fazia com tantos currículos:
- "Estão amontoados no chão numa sala que era utilizada por um administrador"... e continuou: "agora, as bolsas de recrutamento abrem durante apenas dois ou três dias. É uma forma de não ter tanta gente a concorrer, senão estava mau... é impossível lidar com tanta gente, tanta papelada...".

Mas nem todos os problemas são apenas este:
- "Agora também tenho o problema das escolas "chicas-espertas". Não têm locais de estágio para todos e então encarregam os próprios alunos de se desenrascar sozinhos... chegam-me cá alunos de Enfermagem a pedir estágio!! Tenho tido muitos problemas com as escolas, estou farto de lhes dizer que esta questão é institucional e não pode ser levada a a cabo nestes termos..."

Por fim (no final de três ou quatro cigarros), acrescentou:
- "Agora, a administração pressiona-me mesmo muito. Antigamente, fazíamos tudo para segurar cá os Enfermeiros, para que se sentissem bem aqui. Cheguei a pagar a muitos mais horas extra do que salário-base, era assim que prendíamos o seu interesse... alguns entravam no quadro em 4 e 5 hospitais diferentes...como é que fazíamos? Acenávamos com horas extra [método de "contorno" para incrementar substancialmente o salário] e muitos telefonemas de persuasão... Agora? Se há algum problema discutido em reunião de conselho, dizem logo: "mande-os embora e meta cá outros." Se eu desse ouvidos a muita gente, já tinha renovado os Enfermeiros do "meu" hospital duas ou três vezes..."

A luta dos Enfermeiros....


"Não há emprego para todos os Enfermeiros por várias razões uma das quais é os sacrificados aguentarem com tudo o que lhes impõem porque as doses de comodismo e de cagaço andam de mãos dadas e servem para pautarem os seus comportamentos.

É pena que tenham de abrir os olhos à bofetada e pontapé, dados por si próprios. Comecemos por focar as lutas que os Enfermeiros vão ter de assumir que não são do PCP/SEP/CGTP nem de qualquer outra formação politico-sindical: são dos Enfermeiros, pois é neles que reside a força. Depois têm de voltar a acreditar em si próprios e na sua força.

Veja-se com que habilidade os médicos que andam aos montões por tudo o que é sítio a dizerem que têm de continuar com a exclusividade porque são poucos em todo o lado. E todo o mundo, onde estão contidos os Enfermeiros acredita nestas aldrabices. Os directores de Enfermagem, habitualmente escolhidos pela sua capacidade de escravizarem os colegas são os primeiros a desacreditarem as possibilidades de luta e união dos Enfermeiros. É que nem percebem que se não fossem tão estúpidos não eram escolhidos por aqueles que sabem o que querem, para tão elevados cargos. Se exigissem, como lhes compete, o quantitativo de Enfermeiros suficiente para a melhor qualidade dos cuidados, estavam a fazer um bom papel, o seu verdadeiro papel. Mas aí eram eles que corriam os risco de substituição, por estarem a impedir outros de serem monopolistas.

As escolas que têm os docentes que a Enfermagem consente, muitos deles inclassificáveis, vão produzindo uns medricas que até têm medo de se sindicalizarem, porque lhes dizem que se aparecerem como filiados sindicalmente é uma má recomendação para quem procura emprego! Com mentalizações destas que querem os Enfermeiros de diferente do panorama actual?

Os americanos rejeitam os produtos que são fabricados por trabalhadores não sindicalizados; os portugueses rejeitam os sindicatos, porque pensam que se impõem sozinhos no mundo do trabalho sem a capacidade reguladora dos sindicatos.

Já avisámos os enfermeiros que gostam da Enfermagem, que se acautelem dos qualquer coisa adiada, os tais que estão em trânsito para qualquer coisa menos a Enfermagem trampolim. Até nem se escondem muito. São esse que ajudam a inquinar o ambiente e a desgostar da profissão. Uma etiqueta PQP (a pagar no destino), fica-lhes a matar, como um fato feito por medida. Na hora da luta os verdadeiros ENFERMEIROS vão aparecer/desaparecer, para mostrarem o seu valor. Enquanto os médicos se preparam para terem a melhor carreira, dentro dos mesmos princípios enformadores: comuns a médicos e Enfermeiros, pela Lei 12-A/2008 de 27 de Fevereiro, pois que, desde a FNAM, ao SIM, passando pela OM todos afinam a voz pelo mesmo diapasão, por isso há harmonia, até para mandarem os enfermeiros cantarem mais baixo.

Nos Enfermeiros ainda andam a pedir para aderirem às lutas deste e desta, como se fossem os exclusivos no exército, ou os GOE da luta dos Enfermeiros. Brunos e Maurícios ou as duas coisas, mesmo que para compensarem a bolsa de estudo seja "obrigados" a defender as cores da bandeira ceifeira, finjam que se esqueceram e sugiram a união, pois é ela que gera o sinergismo que dá a força motriz."

Gardingo (Comentário)

sexta-feira, agosto 01, 2008

Contraproposta do MS para a carreira de Enfermagem!


Está feita a contraproposta dos princípios para a nova carreira de Enfermagem pelo Ministério da Saúde.

Não há direito a regime de exclusividade. O regime de horário acrescido está fora de questão. As horas extra serão pagas (se forem!) ao preço normal. Não há valorização profissional em função da aquisição de graus académicos. Não existem compensações associadas à penosidade e ao risco da profissão. A progressão na carreira será muito difícil e depende da "vontade" dos Conselhos de Administração!
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O poder de reivindicação é muito baixo. Há quem trabalhe de qualquer forma, independentemente das condições oferecidas...
Quando a procura real é inferior à oferta disponível, o resultado é este...

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Novo grupo para reflexão de Enfermagem (a promessa é: o que quer que ali se escreva, chegará a "quem de direito")! 

Para que a opinião de cada um tenha uma consequência positiva! Contribuição efectiva!