terça-feira, janeiro 16, 2007

É o que dá meter engenheiros na saúde...



"Visão de uma Administradora Executiva

Hoje, num artigo do Diário Económico, pudémos ler a seguinte afirmação: "Não é claro para mim que num hospital público os directores de serviço tenham controlo sobre todas as variáveis que influenciam a qualidade. Os chefes dos enfermeiros mandam nos enfermeiros, os do pessoal administrativo mandam nessas pessoas..."

A autora desta frase é uma Administradora Executiva do Grupo Espírito Santo, sendo o seu nome Isabel Vaz. Esta afirmação não é assim tão estranha pois deriva de uma pessoa licenciada em Engenharia Química (?!), e que passou grande parte da sua actividade profissional a investigar células animais no Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (!!?).

Partindo desta afirmação, proferida por pessoas com este talendo e experiência no sector da saúde, podemos retirar algumas ideias essenciais para o sucesso da qualidade dos serviços de saúde. Uma das ideias fundamentais para a elevação da qualidade do sector da saúde é considerar, entre outros, os(as) enfermeiros(as) como "mão de obra barata e não especializada". Mas não os médicos e administradores pois estes são "mão de obra altamente especializada". Específicamente em matérias de gestão e liderança. Sendo os enfermeiros "mão de obra barata e não especializada" podem ser facilmente interpretados nos gráficos mensais como variáveis. Não são pessoas! Não são profissionais de saúde. Não são um dos maiores grupos profissionais dentro do sector da saúde com maior "know how"! Não são o maior grupo profissional do sector da saúde! São apenas variáveis ao dispor das ordens dos directores médicos (chefes e senhores de todos os enfermeiros) e Administradores Hospitalares!

Se este assunto não fosse muito sério provavelmente todos nos podíamos rir com boas gargalhadas. Mas infelizmente esta é uma perspectiva muito séria e que deve ser tida em linha de consideração, principalmente se tivermos em conta que provém de uma pessoa que se encontra à frente de um dos maiores grupos privados na saúde.

Esta visão grotesca, retirada do final do século XIX e princípos do século XX, cheia de preconceitos e esteriótipos históricos é, infelizmente, a contínua visão de muitos dos actuais dirigentes dentro do sector da saúde, que teima em continuar e que tem que ser alterada. Quem sabe, utilizando mesmo como último recurso, o conflito institucional. Porque não? Se continuam pessoas como esta senhora a faltar ao respeito de forma gratuita porque não discutirmos com estas pessoas as suas limitações?

Será que a Dra. Isabel Vaz alguma vez se questionou sobre o facto de, dentro de um qualquer serviço de saúde, poder haver um enfermeiro (ou outro profissional de saúde) mais habilitado, académica e profissionalmente, em matérias de gestão (e tantas outras) que qualquer médico presente e que, nesse enquadramento, quem deveria ser director desse serviço seria mesmo o(a) enfermeiro(a)? Será que alguma vez a Dra. Isabel Vaz terá questionado se existem enfermeiros mais habilitados do que ela própria em matérias de Gestão em Saúde?

Será que esta administradora alguma vez questionou que a falta de qualidade dos serviços de saúde poderá ser directamente proporcional à eventual incompetência de muitíssimos directores de serviço assim como de muitos dos administradores e gestores hospitalares? Não deveriam ser estas as primeiras "variáveis" a ter em consideração?

Claro que o nosso ponto de vista é óbvio. A variável que se vai mantendo dentro do sector, com argumentações infelizes como o exemplo acima citado, essa sim é uma das responsáveis pela falta de qualidade dos serviços de saúde na actualidade, demonstrando falta de visão, desconhecimento da realidade no sector, falta de pensamento estratégico, falta de rigor técnico, apresentando por esse facto um grave défice na argumentação utilizada e ainda uma profunda falta de consideração e respeito pela história de uma profissão e de uma classe profissional que tanto tem contribuído para o sucesso do sector da saúde nos últimos 30 anos.

Mas que poderemos nós esperar de uma Engenheira Química a gerir Serviços de Saúde?"



Depois de deixar aqui o artigo escrito pelo colega do blog Enfermagem Portuguesa, não podia deixar passar esta oportunidade de deixar o currículo da Eng. Isabel Vaz, onde pudemos constatar que esta senhora, da investigação de células animais saltou directamente para a gestão na saúde. Estamos em Portugal, relembro.


Fonte: texto integral retirado do blog enfermagemportuguesa.blog.pt

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