sexta-feira, maio 11, 2007

"Grunhidos"... de preocupação com os Enfermeiros!




O blog queraiodesaudeanossa.blogspot.com apresenta um post (do qual deixo-vos apenas um excerto) que é bem alusivo às disputas que pairam no ar....
A
"Há poucos meses atrás sobre a colocação de enfermeiros, em vez de médicos, nas viaturas de emergência médica, disse o Bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes:
«A ser verdade, é inqualificável, porque passaríamos a ter em Portugal cidadãos de primeira e de segunda no que respeita aos cuidados médicos».
Sobre este tema, a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Maria Augusta Sousa, defende que este projecto pode ser «um passo em frente» no serviço de emergência, onde, no seu entender, «ainda muito está por fazer».
A
Sobre o Saúde 24, diz a Ordem dos Enfermeiros:
"A Ordem dos Enfermeiros endereça ainda uma palavra de grande estima e consideração a todos os enfermeiros envolvidos no Saúde 24 - desde os responsáveis pelo serviço no âmbito da Direcção-Geral da Saúde aos 250 enfermeiros que estão a fazer o atendimento telefónico ao cidadão.Congratulamo-nos igualmente pelo facto de o coordenador da Unidade de Apoio do Saúde 24 ser também um enfermeiro."
Enquanto que Pedro Nunes diz:
"Se o call center foi criado como um serviço complementar ao sistema de saúde, é uma boa medida mas infelizmente não é isso que, aparentemente, está a acontecer. Há sítios onde as pessoas, em vez de terem um médico, passam a ter um telefone. E os doentes não se observam pelo telefone".
A
E sobre a prevenção dos médicos e a presença dum enfermeiro durante o período nocturno nos antigos SAP do Distrito de Bragança, considera a Ordem dos Médicos:
"A ordem dos médicos alerta a população do distrito de Bragança para a falta de segurança do novo sistema de emergência nocturna criado pelo Governo, podendo até prever-se a morte de pessoas por deficiente assistência, tal como aconteceu recentemente no Alentejo."
A Bastonária da Ordem dos Enfermeiros só achou que:
"Não nos passaria sequer, da leitura que fizemos do protocolo, que pudesse estar subjacente uma solução que passava por ter uma porta aberta com apenas uma pessoa", tendo levado esta reclamação ao Ministro da Saúde e proposto a presença de um auxiliar de acção médica o que foi aceite.
A
Assim não vamos lá!!!"

As últimas guerras entre médicos e enfermeiros estão na berra. Ou melhor, a guerra dos médicos para com os enfermeiros.
Os médicos criticam o modelo de SAP em Bragança, o projecto Saude24, as Unidades Rápidas de Suporte Imediato de Vida (URSIV), etc...
Observando cuidadosamente constatamos que todos estes projectos envolvem enfermeiros prescindindo do médico em primeira instância, ou seja, pela primeira vez em Portugal, o médico deixa de ser o pivô, para passar a actor de rectaguarda.
Ultimamente a ordem dos médicos tem-se desdobrado em críticas, ofensas, e difamações para com os enfermeiros. Os médicos dizem-se preocupados com as populações, com a saúde, com o atendimento... A mim parecem-me que estão a "grunhir", desesperados pela perda da centralidade, pela desmobilização da imprescindibilidade, pela substituição por outros profissionais.... Se estão assim tão preocupados com Bragança, pergunto-me:
- porque é que não se preocupam com os seus colegas que resolvem não comparecer ao serviço nas VMER, deixando-as INOP, e aí sim, colocando os utentes em risco a vida?
- porque é que não se preocupam com o não cumprimento dos horários, saindo mais cedo para a privada deixando os utentes do público sem cuidados médicos?
- porque é que não se preocupam com o cumprimento do calendário cirúrgico (fazendo aumentar a lista de espera) e depois fazem cirurgias do PECLEC em horas normais de serviço?
- porque é que não se preocupam com as horas de espera nos SU's (com utentes desesperados) enquanto "atendem" calmamente delegados de informação médica?
- etc, etc, etc...
Lembro que em Bragança muitos médicos se recusaram a tripular a VMER local, por exigir que aumentassem os seus honorários de 17 euros/hora para 25 euros/hora... na altura, por meros motivos económicos, não se preocuparam assim tanto com a vida dos utentes...!!!
A mim parece-me que se a linha Saude24 fosse composta por médicos, então sim, seria classificado pela ordem dos médicos como uma ideia genial, uma forma de afastar as falsas urgências dos SU's, aconselhar e orientar as pessoas!
Apesar dos protestos dos médicos, o projecto das URSIV está a avançar, a linha Saude24 já avançou e Bragança também vai no encalço!
A razão de tantos protestos e fúrias é o corporativismo retrógado e a ideia que o médico passará a não ser "o único galo do galinheiro", a reinar como nos seus tempos aúreos...
Relativamente a Bragança, penso que já muita gente sabe que o modelo dos enfermeiros em presença sem médico, é muito comum noutros países com excelentes resultados....
Relativamente às URSIV, também é sobejamente conhecido que muitos países com óptimos serviços de emergência pré-hospitalar, têm "enfermeiros na rua" sem a presença do médico... A bastonária, Enfª Maria Augusta de Sousa, disse há tempos num debate na TSF, respondendo às críticas dos médicos presentes no auditório, que achava que "o suporte avançado de vida ainda era igual tanto para os médicos como para os enfermeiros"... ou não é?
No que toca ao projecto Saude24, também é conhecido o sucesso de projectos semelhantes e conduzidos por enfermeiros em Portugal e no estrangeiro...

Em suma, parece-me que o problema dos médicos não está na preocupação com a população, está sim com os enfermeiros....!

Comments:
Meu Deus, consegue-se sentir à distância a "raiva" que os meninos destilam...é preocupante.
E o futuro candidato a bastonário: não se encontra no país, pois está uma conferência científica internacional. Já agora onde? Nas Bahamas ou na Polinésia? Áh e pago por quem? Começa bem...

UIuiui...
 
Meu caro...

Ao invés de:
"As últimas guerras entre médicos e enfermeiros".
Eu diria:
"As últimas guerras entre corporações".

Frases como:
“médico deixa de ser o pivô, para passar a actor de rectaguarda" ou "o único galo do galinheiro” por muito verdadeiras que para si e para muitos possam ser (no sentido figurativo das palavras), deixam transparecer, na minha opinião, uma falso ataque ao que tanto critica e que eu também considero retrógrado – o corporativismo de classe.

E digo falso ataque, porque ao deixar o médico de ser “pivô e “passar a ser actor de retaguarda”, num determinado sector da saúde, outros parecem querer ter o desejo de passar a ser pivôs e a estar na "frente", relegando para a retaguarda quem corporativamente “na frente” sempre esteve como galo no puleiro.

Quando eu digo “assim não vamos lá”, não vamos efectivamente.

É que numa medicina moderna, o trabalho em equipa é uma exigência. E os enfermeiros e demais profissionais de saúde que comigo trabalham, sabem que na prática do dia a dia os considero e nos consideramos mutuamente como partes imprescindíveis dessa equipa.

Mas quando a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros aceita (ao propor) que o médico em presença física fique excluído duma equipa que tem por funções tratar doentes agudos e se congratula efusivamente com o facto de os enfermeiros passarem a ter um papel preponderante no recém criado Saúde24 ou SIV(s) a criar, ao mesmo tempo que o Bastonário da Ordem dos Médicos se delimita de todo o “processo negocial” com o Ministério da Saúde demonstrando ambas as associações e sindicatos desinteresse no mesmo, então, repito:

Assim não vamos lá!
 
É com enfermeiros de Piaget e da maior parte das fábricas desses profissionais, ex alunos de Literaturas, de Direito...cozinheiras das escolas profissionais ... que querem elevar-se no poleiro? Lol
 
Meus caros:

Tudo isto que se passa, na verdade já se passa há muito, mas muito tempo...eu ainda sou do tempo que ficava sózinho no SAP, atendia os doentes que lá recorriam e ainda cuidava dos internados. Medicava, suturava, tomava decisões clínicas...E os médicos só lá apareciam para assinar as fichas. A Ordem dos médicos sabia disso, mas não se importava porque os seus sócios ganhavam sem lá por os pés. Agora é um pouco diferente, mas nós salvamos vidas na presença do senhor doutor que fica muitas vezes quase imóvil, limitando-se a assinar a folha de transferência...Já salvei algumas vidas sem ajuda dos médicos, e eles até me agradecem, e queriam que eu estivesse de serviço com eles, sei que corria riscos..mas tambem sabia o que fazia. Sabiam que por exemplo isto já é feito em países mais evoluidos que o nosso, como EUA, e os estudos dizem que a qualidade não é inferor ao atendimento médico, e em alguns casos até passa, apesar de ganharem menos que eles?
Sabiam que há cerca de 4 anos, abriu um Doutoramento em enfermagem numa faculdade dos EUA, cujo objectivo era proprocionar formação avançada aos enfermeiros e ficarem com as mesmas competências do médicos de familia, para trabalharem autonomamente - diagnosticarem pedirem exames complemtares, medicarem etc, e que antes de abrir o curso foi efectuada uma experiência piloto, e chegaram à conclusão que o nivel de eficácia era igual à dos médicos e que o de erro era inferior? Tudo isto foi publicado num Jornal nacional Médico!!!
Vá lá, deixemo-nos de tretas e vamos trabalhar aquele que o saiba fazer melhor, que o faça!!! O bem do doente acima de tudo!!!
Atenção,os enfermeiros não precisam de poleiro, precisam, isso sim, de condições para cuidar das pessoas, sim pessoas como aquelas que tanto os criticam, mas que dia menos dia, lá estão elas a precisar de algo deles. Consultas médicas como vemos, muitas delas até podem vir a ser efectuadas por computadres...cuidados de enfermagem, muito duvido!
Sim, enfermagem é aquela profissão que muitos desdenham, mas no fundo sabem que é um corpo profissional "rico", que actua em todas as circunstâncias, e olhem até quando a medicina nada mais tem a fazer, lá esta o tal enfermeiro a fazer algo pouco prestigiante para alguns, mas de uma grandeza imesurável para outros. Bem haja a todos os enfermeiros...
Já fui e agora não exerço, exerço medicina, mas a enfermagem está no meu coração e estarei sempre a defende-la, pois aprendi muito com ela...

carlos.
 
Não foi há 4 anos mas sim 3 anos, que se iniciou o programa de doutoramento em enfermagem com competência em diagnóstico e tratamento:

Columbia sets the standard
DrNP: Clinical Doctorate in Nursing
Columbia University School of Nursing was the first program in the United States to offer the Doctorate in Nursing Practice (DrNP) degree. Since its inception in 2004, the School of Nursing has set the standard for excellence in this clinically based doctoral program.
Built on evidence derived from over 10 years of increasing independence and scientific inquiry, including a randomized trial published in The Journal of the American Medical Association, Columbia University School of Nursing faculty developed the DrNP degree to educate nurses for the highest level of clinical expertise, including sophisticated diagnostic and treatment competencies.
The degree builds upon advanced practice at the master's degree level and prepares graduates for fully accountable professional roles in several nursing specialties. The program is comprised of 30 credits of science underpinning practice, a year of full-time residency, and the completion of a scholarly portfolio of complex case studies, scholarly papers and published articles.
"We are extremely pleased to be the first academic institution in the country to offer a clinical doctorate in nursing that prepares nurses for practice at such a high level," stated Mary O'Neil Mundinger, DrPH, Dean and Centennial Professor in Health Policy at Columbia University School of Nursing. "The implications of the Doctor of Nursing Practice degree cannot be overstated. Currently, primary care is a medical specialty in decline. Due to the unique training provided during the DrNP program, graduates will be able to fill the gap that has been left in the primary care specialty. In addition to complex diagnostic and treatment skills, DrNPs will add a unique focus on health promotion, disease prevention, and health education, ultimately bringing added value to the patients they serve."
Dr. Mundinger continued, "The establishment of the DrNP will have a direct impact on the nursing shortage this country is currently experiencing. The rigor and depth of training required of individuals undertaking the DrNP will lend increased status to the nursing profession. In turn, the profession will become a more attractive career choice for those entering higher education."
in: http://cpmcnet.columbia.edu/dept/nursing/programs/drnp_approved.html
carlos
 
Caro Carlos, mais uma vez obrigado pela sua pesquisa.
Confesso que eu próprio desconhecia tal (fabulosa...) iniciativa.
Agora à que seguir o exemplo cá no nosso cantinho (ou melhor, rectângulo)...
 
Carlos, se ama tanto a enfermagem porque não ficou por lá?
 
Sr. Anónimo do último post:
O facto do Carlos ter abandonado a profissão de enfermeiro pode dever-se ao simples facto de ter seguido o seu sonho de ser médico. Não pode ser criticado por isso. Há é que valorizá-lo pelo que diz sobre a enfermagem.
Para ele um grande abraço.
 
Sr. anonimo, remeta-se a falar do que sabe e não em suposições.

Apenas fiz uma pergunta, não critiquei ninguém, simplesmente me desperta curiosidade alguém amar uma profissão e decidir mudar (pelo que diz para pior...)
 
"Em suma, parece-me que o problema dos médicos não está na preocupação com a população, está sim com os enfermeiros....!"
Isto é engraçado. Eu penso precisamente o contrario!
 
""Em suma, parece-me que o problema dos médicos não está na preocupação com a população, está sim com os enfermeiros....!"
Isto é engraçado. Eu penso precisamente o contrario!"

Repare que quem anda a "inundar" a comunicação social com "afrontas" e difamações são os médicos para com os enfermeiros e não vice-versa!
 
Caro anónimo:
Não deixei de gostar da enfermagem, foi uma opção muito ponderada, que se deveu ao facto da enfermagem em Portugal não seguir os passos da sua congénere nos EUA e na Inglaterra. Pode ter a certeza que se em Portugal as condições de exercicio fossem idênticas, não teria optado por medicina, não gosto da medicina Hospitalar. Gosto dos cuidados primários e, de facto, a enfermagem em Portugal está muito limitada. Aconselho a visitar o site da Universidade de Columbia (EUA)e constate por si quais as competências dos enfermeiros com doutoramento ou seja com estudos de enfermagem avançada. Depois visite o site da faculdade de medicina e pode ver que lá o curso de medicina tem apenas 4 anos. Os enfermeiros fazem um curso base de 2 a 3 anos a seguir fazem os estudos avançados (doutoramenro com cerca de 3 a 4 anos) e ficam com as mesmas competências do médicos de familia, podendo exercer autonomamente, com contratos com companhias de seguros, para efectuarem consultas de saúde familiar.
Carlo.
 
Esclarecido caro Carlos,

sendo assim só tenho pena que tenha percebido já tarde que estava em Portugal e não nos EUA.

Tudo de bom para si
 
E os médicos não terão temas mais elevados do que preocuparem-se com o pessoal menor?
Limitem-se a lavar o que têm que lavar, a chegar a arrastad.. e o urin.. a quem precisa e, assim, cumprirão cabalmente a função para que foram preparados.
Quando adoecerem seriamente, marquem consulta no enfermeiro da especialidade... peçam ao vosso colega que vos opere ...
 
Olha lá, mas tens dúvidas de que até um macaco, se for treinado aprende a operar?
Temas mais elevados para os médicos? Que me dizes a uma subida ao monte Everest? Já sei: é muito difícil e cansativo. Mais vale subir pelos bolsos dos utentes acima, não é?
 
Por falar em cirurgias: De nada serve uma boa técnica operatória se depois não é feito um bom pós-operatório - isso é responsabilidade e arte do Enfermeiro. Os doentes só são do médico durante um par de horas que dura a cirurgia. O restante tempo, é o Enfermeiro que o trata. Já agora para o anónimo, peça a algum colega seu que o opere e que depois trate de si até à alta !
 
Permita-me colega uma pequeníssima correcção: - o enfermeiro cuida do paciente (tarefa muito mais sublime do que apenas "tratar").
Isso de tratar é uma utopia, situação que se extrema quando se fala em curar.
Que o digam os pacientes oncológicos ou todos aqueles com patologias auto-imunes. É aqui que entra o chavão: "à luz dos conhecimentnos actuais é impossível fazer melhor", quando muitas das vezes essa impossibilidade culmina num desenlace fatal. Para os arquivos médicos é apenas "mais um insucesso clínico", para os familiares do paciente, uma mutilação.
 
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