quarta-feira, julho 25, 2007

Por este andar, deixo de ler jornais....

"Os médicos dos Hospitais Públicos Portugueses são os que trabalham mais horas por semana na União Europeia. A conclusão pertence a um relatório publicado pela Fundação Europeia para a melhoria das Condições de Vida e de Trabalho (Eurofound), segundo o qual a situação contrasta com a dos Enfermeiros, obrigados apenas a uma semana de 35 horas, que é, por seu lado a mais reduzida da Europa Comunitária."
Fonte: Diário de Notícias
a
Este artigo (clicar na imagem ao lado para ampliar e ler) está assente num estudo que, no mínimo, pode ser classificado como incoerente (alguns classificariam-no mesmo...foleiro).
Compara horas de exclusividades médicas, com horas de semana "normais" de profissionais como por exemplo, os Enfermeiros. Nem vou abrir a "boca" para falar do (não) cumprimento de horários por parte dos médicos (há dias em que os clínicos que nem põem os pés no hospital...). Quem está por "dentro", sabe o que digo....
Leiam o artigo e tirem as vossas conclusões.

Comments:
Rectifico a conclusão do estudo: os médicos portugueses são aqueles que assinam mais horas no livro de ponto (mesmo sem estarem presentes no local de trabalho). O estudo, para ser credível, deveria centrar a sua fonte de dados na recolha de números in loco, efectivos e não efectuar a contabilidade das folhas de ponto (que no caso dos médicos são altamente falaciosas como se sabe). Existem casos em que estes assinam uma infinidade de horas extras sem nunca colocarem os pés no serviço. Seria interessante efecuar um estudo paralelo para averiguar quais as classes mais e menos cumpridoras da sua semana laboral...talvez ai o caso mudasse de figura, mas pelos vistos já não existem patrocínios para esse tipo de estudos!
 
Ao que o colega do último comentário referiu apenas acrescentar um ou outro detalhe:
- este estudo revela algumas "falácias" e algumas "omissões". Intencionais ou não? Bom, quero acreditar que resultam apenas de "falhas" estruturais no desenvolvimento do referido estudo. Desde logo, terei como pressuposto que não foram tidos em linha de conta algumas conjunturas do panorama actual, nomeadamente o facto de N número colegas se encontrarem constrangidos a um novo modelo contratual, que os OBRIGA a 40 horas semanais, sem que para o efeito sejam legalmente ressarcidos nos emolumentos;
- a classe médica é uma das contempladas neste estudo, conotada com uma "aparente" áurea de produtividade/"insalubridade"; NADA MAIS ARDILOSO. Estamos a falar de trabalho em EXCLUSIVIDADE. E quais os pressupostos/termos para manter tal "acordo"?? Pois é! Terão dito em tempos que os médicos portugueses não serão os melhores do mundo, ao que eu adiciono: serão os médicos portugueses mais "trabalhadores" que os demais?? Se calhar, não (não sei, digo eu...).
Pois é meus amigos, isto é como diz o outro:
- engana-se o povo com o bodo dos pobres.

Valha-nos o ministro primeiro.
 
Incoerente o estudo?
Então e o post? Isto é de facto hilariante....

Um médico Hospitalar com trabalho de Enfermaria, em exclusividade (42 horas), tem 3 períodos de consultas (12 horas), um de Urgência (12 horas de horário regular) e horário de Enfermaria (o tempo sobrante, ou seja 18 horas, a distribuir por 4 dias da semana - já que um estará de Urgência). Estamos a falar de espaços físicos diferentes.

Ou seja, qual a capacidade (metafísica) de um Enfermeiro, por sua vez restrito a um desses serviços, e sem conhecimento do que se passa nos outros, para saber se o médico x cumpre ou não o seu horário?

A não ser que seja por demais gritante a situação, ao ponto de saltar à vista, e nesse caso, porque não denuncia essa pouca vergonha?

Ou julga que os médicos que cumprem horário (e são alguns...) ficariam chateados com essa situação?

O patético é essa "insurgência" acerca de situações, partindo daqueles que poderiam perfeitamente servir como veículos de moralização, já que pelos vistos tão bem informados. Mas não, como do costume neste país, pelos vistos assistem a tudo isso, depois "indignam-se" (uns com os outros, em blogs...), mas fazer o que quer que seja para denunciar a situação... estão a ver o filme, não é?

Muito baixo nível.
 
O autor do estudo esqueceu-se de dizer que o horário quer dos médicos quer dos enfermeiros é de 35 horas semanais. Depois existem horários de exclusividade para médicos de 42 horas e horário de tempo completo prolongado para enfermeiros de 42 horas, que são pagos com uma percentagem cómoda e conta para reforma. A diferença entre médicos e enfermeiros esta apenas na exclusividade, para o qual os enfermeiros estiveram sempre abertos, mas a tutela, como tem enfermeiros no desemprego, nunca aceitou. Claro que mesmo os horários acrescido de 42 horas para enfermeiros é muito menor. e mais restringido, ou seja para os médicos à abertura para a sua adesão, para os enfermeiros há uma selecção rigorosa (por vezes com critérios duvidosos). Claro que como há falta de médicos, o recurso tambem é muito maior para os médicos, enquanto que para os enfermeiros, muita das vezes ou não é pago ou é negociados em tempo.
Se os médicos fazem muitas horas não é peo facto de haver uma lei que impões um horário semanal superior ao do enfermeiro, mas sim porque há falta de médicos, e pelo facto podem fazer mais horas extras ou optar por um horário de exclusividade. Que abram as portas das faculdades de medicina e vamos ver como os médicos ficam com um horário igual ao dos enfermeiros. Já para não falar da polémica do não cumprimento de horário, que para a maioria dos médicos é uma realidade.
 
qundo falo em "recurso#, esqueci-me de referir horas extraordinárias
 
"não cumprimento de horário, que para a maioria dos médicos é uma realidade"... tem números para apresentar... ou é só um palpite de mais um enfermeiro que por não ver o médico = está a faltar?
Alguém lembrou e bem espaços físicos diferentes de trabalho... comissões gratuitas de diversa natureza... eventual requisição da direcção clínica para certas funções. Metam o bedelho na vossa vida e DENUNCIEM o que está mal (ou que acham, o que vos parece estar mal). Sempre a mesma conversa... e depois generalizam
 
Devem ser raros os médicos que cumprem horário. Não é por acaso que o ministro quer controlar a assiduidade e pontualidade. As resistências que se fizerem públicas de vários médicos, mostra o prurido que isso pode causar.

Era óptimo que na classe médica com o seu horário (em muitos casos virtual) fosse sinónimo de produtividade.

No que toca às denúncias, a seu tempo. Em tempos idos o médico, era Deus, agora é Jesus e será no futuro um profissional como outro profissional normal.

Desassossego
 
Caro desassossego, não há médico nenhum que não queira que se faça cumprir horário, antes pelo contrário, querem ser reconhecidos também pela sua assiduidade, e quando mais perfeito o sistema de reconhecimento, melhor. A não ser os prevaricadores, mas esses não interessam para estas contas.

A questão que se pode levantar é a seguinte: e se um médico tem um imprevisto, e precisa de prestar auxílio até mais tarde a um doente mais instável? Ou se as consultas se prolongam para além do seu horário? Ou se a Cirurgia vai além do esperado? Abandona o seu local de trabalho como qualquer funcionário público zeloso, ou fica? É que não há turnos, ao contrário dos Enfermeiros, para a maior parte das actividades médicas.

Ou fica o tempo que for preciso, e depois compensa esse horário ausentando-se mais cedo noutro dia menos ocupado? Ou ganha esse horário em horas extraordinárias?

É esse o ponto essencial que falta esclarecer. Não basta dizer que como qualquer funcionário tem que cumprir horário (o que aliás deve ser feito), há que dizer também como se vai lidar com essas "nuances" da profissão, deveras frequentes....

Mas concordo consigo que a OM, ao não ter acautelado esses pontos nos discursos que saíram para a Comunicação Social, deu uma péssima imagem da classe, parecendo colocar-se do lado dos prevaricadores, mas enfim, não sei se foi pelo valor do prime time pouco dado a verdadeiros esclarecimentos e mais interessado na notícia sensacionalista, ou se por defeito de percepção, mas posto isto estamos, julgo eu, todos de acordo.

Ou seja, em resumo, ninguém quer que os médicos se "baldem" ao seu horário. Mas também ninguém quer (sobretudo os próprios) que os médicos tenham um horário rígido, de cumprimento obrigatório, com a obrigatoriedade extra de ter que trabalhar sempre que for preciso fora desse horário, sem qualquer contrapartida (ou compensação de horário). Assim como ninguém quer que os médicos saiam, rigorosamente, no horário que lhes está atribuído....

Isto aqui em cima, meu caro, é esclarecimento e discussão de um assunto.
O dizer-se "os médicos não cumprem horário", ou "os médicos não querem ver os seus horários controlados", ou "os médicos isto e aquilo...", é conversa de tasca.
 
"não há médico nenhum que não queira que se faça cumprir horário, antes pelo contrário, querem ser reconhecidos também pela sua assiduidade, e quando mais perfeito o sistema de reconhecimento, melhor."

Caro Placebo, vivemos no mesmo planeta, ou não tem visto as notícias... Não venha cá com essas demagogias que já não colam nem nos mais crédulos.
 
"O dizer-se "os médicos não cumprem horário", ou "os médicos não querem ver os seus horários controlados", ou "os médicos isto e aquilo...", é conversa de tasca."

É simples. Dou-lhe o exemplo de um médico ortopedista no meu serviço. Chega todos os dias cerca das 9.30-10h. Saí pontualmente ao meio -dia. Trabalha em exclusividade. Ah é verdade, faz privada por conta de outrém todas as tardes, aqui mesmo ao lado do hospital.
Placebo, acha que temos cara de otários?
Médicos que cumprissem horários conheci 2 ou três em quase 10 anos de serviço... Não me venha com essa da tasca...
 
Conheço um serviço (pois já foi o meu) em que metade dos médicos apareciam apenas uma vez por mês, e era para assinar o livro de ponto!O resto do tempo passavam a trabalhar na privada...
Se os médicos cumprissem, não teriam receio dos pontógrafos nem alegariam que tal sistema é incompatível com as particularidades da profissão médica!
 
As situações de urgência e imprevistos a que o placebo se refere são situações excepcionais. Os incumprimentos dos horários por parte dos médicos são regra! Tal também pode acontecer com o Enfermeiro. existem situações de urgência que ocorrem no fim de turno (paragens C-P, cirurgias que se prolongam para além da hora, etc) e que obrigam os Enfermeiros a saírem para além do estipulado: mas nunca se viu um Enfermeiro não cumprir o horário e evocar essas situações. Piquem o ponto ( alei diz que é esse o tipo de controle de assiduidade para toda a função pública, sem excepção) e renvindiquem trabalho extra: é o que a lei prevê para estes casos mas os médicos, mais uma vez assumen-se como acima das leis de um país.
Por outro lado, o facto do médico ter vários pontos de travalho ( enfermaria, consulta, etc) é uma óptima forma de se esquivar ao trabalho pois se não está na Enfermaria assume-se que está na consulta e vice-versa, sendo que em muitos casos não está em lado algum!
 
Estes comentários ao meu comentário só mostram uma de duas coisas: ou eu escrevo muito mal, ou S.Exas lêem muito mal.

Em resumo para não fazer citações ponto a ponto, e repetindo por outras palavras o que está escrito em cima:

-Deve haver controlo de assiduidade;

-Devem existir os mecanismos de compensação de horário (ou pagamento em hora extraordinária) para as situações de imprevisto, porque os médicos não trabalham por turnos (excepto nas Urgências);

-Se um enfermeiro fica além do seu horário em manobras diversas, e por qualquer motivo não pode ser substituído pelos que estão a entrar no seu turno (já que quando acaba o horário de um enfermeiro começa o de outro, ou seja, existe substituto), então façam por também ser compensados por esse trabalho...;

-Se conhecem situações de incumprimento, e tão gritantes como descrevem, façam um favor ao Público que vocês deviam servir, e ao Estado que o representa, e denunciem. É que, sabem, mais ninguém o pode fazer, a não ser os profissionais do sítio respectivo. E se não o fazem, então são cúmplices, e o que deviam estar aqui a debater é como lidar com essa cumplicidade, que não vos eleva.
 
Sr Placebo, as razões que descreve parecem válidas, por norma são pouco frequentes e não compensam, nem de perto nem de longe, os abusos incumprimento de horário. Porque não há denúncias? Isso é um aspecto para reflexão. Hipoteticamente relacionado com o excessivo poder que adquiriram em vários planos?
Mas para confirmar a assiduidade médica, como advoga veemente porque não, propor à entidade responsável (DGS ou MS?) fiscalização da assiduidade/pontualidade em todas as instituições públicas de saúde sem aviso prévio? Já agora aproveitando para fazer o mesmo a todos os profissionais dessas instituições?

Desassossego
 
Denúncias? Provavelmente, e neste país, o dilator é que no fim ainda aparecia na cadeira de arguido. Por outro lado, existem mecanismos para detectar estas situações. Se ainda não foram postos em prática é porque existe interesse de altas esferas em que tal não aconteça!
 
Anúncio hilariante e recambolesco. Que raio de jornalistas que temos por cá!
 
Cambada de frustrados!
 
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