sábado, outubro 20, 2007

Finalmente.... números, mentiras e rock n'roll !!


De acordo com um artigo do Jornal Público, e baseando-se em números fornecidos pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e pela Ordem dos Enfermeiros (OE), podemos tirar conclusões curiosas, sendo que é fácil constatar que há muita mentira pelo meio.

Ora vejamos: a OE refere que em Abril de 2007, havia mais de 5 mil Enfermeiros desempregados.... o SEP diz que no momento actual são cerca de ...1500 Enfermeiros!! Curioso...?!?

Qual destas "instituições" não foi à aula de matemática?

Mais curioso ainda, é a referência acerca do número de licenciados em Enfermagem que se formam todos os anos....o artigo refere "cerca de 3 mil Enfermeiros" (Hum... quem foi a fonte?)

Qualquer um que possua conhecimentos básicos de Matemática, bastarecorrer aos sites do ensino superior, e com aritmética simples, é possível observar que são bem mais que 3 mil vagas, aquelas que são disponibilizadas por ano para a Enfermagem (já nem contabilizo aquelas vagas clandestinas que as escolas privadas abrem, rendidas ao lucro, à procura de mais uns euros em propinas, sem as declararem à tutela)!

Fazendo contas simples, verificamos que , afinal essas vagas, devem rondar as 4 mil (algures entre 4 a 5 mil vagas!) . Isto por defeito!

Como a taxa de reprovação no curso não é assim tão elevada, conclui-se que saem bem mais do que 3 mil Enfermeiros/ano. Não esquecendo que se formam alunos em Março, Abril, Maio, Julho, Setembro, Outubro e muitas vezes Dezembro! Um novo sentido para a expressão "escassez de Enfermeiros"!!

Continuando a ler o dito artigo, é possível ler que o SEP e a OE, referem que, provavelmente, talvez, seja necessário "abrandar" as vagas que abrem todos os anos para o curso de Enfermagem. Repito: talvez! Não é uma necessidade, nem um imperativo. É um talvez, que pode indiciar que segundo o seu ponto de vista nem seja necessário. Talvez sim, talvez não. Ainda admitem ter dúvidas acerca do excesso de vagas... Eu pensava que esta questão era clarividente, mas afinal estou enganado. Incrível, não?
Isto de abrandar vagas é relativo! Depende de muita coisa. Uma delas é a necessidade de Enfermeiros, que pelos vistos é bastante volátil. Sim, volátil. Basta estar atento às notícias. Reparem que, por exemplo, há 2 anos, era possível ler que faltavam 22 mil Enfermeiros segundo o SEP. Recentemente a OE, afirmou que afinal... só faltavam 21 mil. Na semana passada, eram apenas e só... 11 mil! Por sua vez, o SEP, afirmou que "olhando bem a coisa", afinal faltavam 30 mil Enfermeiros. Há quinze dias, eram 8 mil, há um mês, 25 mil, na semana passada 11 mil, esta semana 30 mil... bom, o número varia quase semanalmente. Alguém quer arriscar o número da semana que vem?

Talvez se o SEP, ao invés de andar a passear de bicicleta pelo país fora, se se dedicasse à aritmética, não proferiria este tipo de afirmações espalhafatosas, ridículas e irreais!

Eu, como provavelmente todos os colegas, adoraria ter Enfermeiros mais do que suficientes para as necessidades. Mas, sabemos que, apesar da ditadura dos rácios médios europeus e das guidelines daqui e acolá, tal não é possível! Não é possível porque os empregadores, não querem admitir mais enfermeiros.
Temos que obrigá-los a admitir mais em nome da segurança dos cuidados? Nestes termos há que reflectir acerca do fluxo formativo que se pretende (uma reflexão conjunta entre Sindicatos-OE-Ministério).
Pretendemos em primeiro lugar, formar, e só depois tentar reivindicar melhores rácios dentro das instituições, ou será que é melhor negociar uma estratégia sócio-política que nos permita a médio e longo prazo prever com precisão os profissionais necessários, e então só depois dar início à sua formação, balizada por rigorosos critérios qualitativos?

Há uns tempos surgiu uma ideia tão louca quanto os rácios europeus. E se transformássemos as sedes da OE em serviços hospitalares e em cuidados de saúde primários? Sempre empregávamos mais uns quantos Enfermeiros enganados. (Vamos propor isto à bastonária?)

Bons rácios têm as Escolas de Enfermagem, pois habitualmente nos campos de estágio cada doente... tem dois ou três alunos distribuídos. Fabuloso, não?
Resultado: os doentes tropeçam nos alunos, os Enfermeiros tropeçam nos alunos, os alunos tropeçam noutros alunos.... ah! É verdade! Só a qualidade é que não temos visto aos "tropeções"....!

Parece que os nossos dirigentes andam a precisar de umas explicações de matemática!


Fonte (Imagem 1): Editora Presença

Comments:
É pá, que artigo estrondoso!
Este blog é como o vinho do porto, quanto mais tempo passa melhor fuca!
Parabéns ao doutorenfermeiro!!!!
5 estrelas!!!! Sem papas na língua!
 
Sr. doutor enfermeiro tem toda a razão, toda a razão!
É por isto que eu gosto deste blog, aqui diz-se o que se tem a dizer. ponto final.
 
Caro colega

Concordo consigo em muitas ideias que tem vindo a expressar através deste blog.
Mas cuidado com as generalizações. Nem tudo o que é privado é mau e nem tudo que é público é bom. Faça alguma justiça a ambos reconhecendo que a generalização pode ao nível da afirmação conduir a erros e injustiças.
Colocar tudo no mesmo "saco" é de acordo com o meu ponto de vista um erro que rquer da sua parte maior argumentação.
E, dizendo isto, sinto que em nada lhe retira a razão do muito que afirma. Digo eu...
 
Caros Colegas,

Vejamos as coisas pelo lado "positivo": a nossa "actual" Bastonária já iniciou a sua campanha eleitoral e logo com o tema do deficit de enfermeiros. "Faltam ainda 11 mil enfermeiros em Portugal...", são as suas palavras de ordem. Fantástico!!! Será que ela pensa que a maioria dos eleitores anda a deambular em estado vegetativo de ser não pensante??? Alguns colegas até podem aplaudir a ideia por falta de informação ou mesmo por lhe ter sido feita "lavagem cerebral" ao longo dos 8 anos em que MAS andou pelos corredores da nossa OE. Mas acordem senhores, a maioria dos enfermeiros são INTELIGÊNTES e sabem onde pára a verdade...
O rácio em Portugal, actualmente, é de 5,3 enfermeiros/mil habitantes (DGS 2005). Na verdade muito inferior a alguns países que a senhora Bastonária conhece nas suas mais variadas viagens lúdicas...!!! No entanto - e concordando que este rácio deveria subir - a "nossa" realidade é totalmente diferente. Para haver comparação em qualquer investigação estatística as variáveis têm de ser iguais. Ora, neste caso, temos uma importante variável que nos separa do resto desses países: o duplo e triplo emprego... Dá que pensar não dá? ACORDE SENHORA BASTONÁRIA e vassalos seguidores; primeiro "tentasse" resolver o erro existente e depois, então, pedisse mais enfermeiros e abertura desmedida de escolas. Agora é tarde. O mal está feito.... Só se deixa enganar quem quer, ou quem não tem filhos enfermeiros recém-licenciados, ou, então, quem está em estado vegetativo...

Um abraço esperançoso,

Duarte Gomes
 
Mas faltam 11 mil enfermeiros ou não. Sabem que só na Região Sul 26000 locais de trabalho são ocupados por 21000 Enfermeiros? Não queremos é acabar com os nossos duplos e triplos horários. Sejamos sinceros. Por isso tb há tanto jovem no desemprego. É mentira?
SE acham que sim fiquem com a bicicleta que eu levo os pedais.
Quanto aos alunos nos EStágios. Cumpri-nos o que diz a nossa carreira ou achamos os alunos impecilhos nos quais trpeçamos.
EStão convencidos que o Enfermeiro Azevedo vái resolver a vossa situação.
Bem hajam os loucos que não vivem neste mundo.

Joaquim Vasconcelos
 
Mas faltam 11 mil enfermeiros ou não. Sabem que só na Região Sul 26000 locais de trabalho são ocupados por 21000 Enfermeiros? Não queremos é acabar com os nossos duplos e triplos horários. Sejamos sinceros. Por isso tb há tanto jovem no desemprego. É mentira?
SE acham que sim fiquem com a bicicleta que eu levo os pedais.
Quanto aos alunos nos EStágios. Cumpri-nos o que diz a nossa carreira ou achamos os alunos impecilhos nos quais trpeçamos.
EStão convencidos que o Enfermeiro Azevedo vái resolver a vossa situação.
Bem hajam os loucos que não vivem neste mundo.

Joaquim Vasconcelos
 
Raina a confusão lá para Os lados da Confederação OE/SEP. A política de arengar com os rácios e défice de enfermeiros, grande bandeira desta companhia dirugente, em vez de originar o aumento das vagas para os Enfermeiros nas instituições de saúde apenas serviu de tónico para que o ministério da educação autorizasse a abertura de mais escolas de enfermagem. A OE, com este argumento, fertilizou a erva daninha e secou o repolho.
Os rácios referem-se a uma situação de utopia de cuidados, que serve apenas de referencial conceptual , de medida comparativa , que é um auxiliar na delineação de estratégias e políticas de actuação. No entanto, quem acredita em utopias e as persegue, acaba por cair no abismo. Vejam o marxismo e o anarquismo, ambas utopias políticas e atentem naquilo que conseguiram...
 
Quem autoriza é o MInistério da Ciência e Ensino SUperior, não o da EDucação.
Além disso a candidatura do Enf. Azevedo devia dizer aos Profs da EScolas de Enfermagem que é contra a formação de mais Enfermeiros. DEviam ser claros.
Temos é que descobrir como é que vão fazer isso já que OE não pesca nada na abertura de novas escolas e cursos. Sabia?
SE sabia cale-se.

Joaquim Vasconcelos
 
Caro Joaquim Vasconcelos: tem razão no que aqui refere. Quem autoriza os cursos é o Ministério da Ciência e do Ensino Superior; No entanto, cabe à OE a responsabilidade da regulação da profissão. E é exactamente aí que a actual OE e a actual equipa não tem sabido estar. Em vez de ter andado anos a gritar pelos rácios e pela sua desadequação com a média europeia, num dicurso esquerdista e por isso profundamente desadequdo da actual situação económica, financeira e social do país em que vivemos ( o país real com economia liberal), deveria ter efectivado todos os esforços para regular e actualizar com a época e de forma atempada o exercício da profissão e os seus critérios de qualidade - por exemplo, actualizar o REPE, definir o acto de Enfermagem e as competências específicas de cada enfermeiro e enfermeira, área de actuação de cada enfermeiro, a criação de comissões de avaliação da qualidade dos cuidados e do seu constante acompanhamento, comissões de controle do exercíco ilegal em enfermagem, etc, etc, - por forma a que, nos dias de hoje, o mesmo Ministério de que falou anteriormente, pudesse ser claramente responsabilizado pelo défice de cuidados de enfermagem prestados hoje ás populações. Não houve visão, não houve estratégia, não houve ambição, não houve comunicação. Nada! Apenas congressos de ética. Esses houve muitos.
 
Essa história de dar um emprego a cada um (acabar com as acumulações), não é uma solução, é um "adiar" o problema. E os grandes problemas não podem ser resolvidos por adiamento.
Em portigal há imensa gente com dois empregos (seja á em que profissão for), e não é por isso que o governo retira a possibilidade de cada um ter mais do que um emprego! É um direito! Ninguém te pode obrigar a não ter acumulações, ninguém! O que cada um faz com o tempo livre é assunto privado!
 
Gd blog! gd comentario!! Tenho alguma credibilidade pelo SEP e estou desiludida!! não tem olhos na cara?! Ja tem o seu tacho nao e?! estao pc se importante com a quantidade de colegas desesperados a procura de um trabalhito!! ao que isto chegou!! ja me enoja!! desculpem a sinceridade!! Qto as instituições superiores privadas, a maioria delas recorre ao ensino facilitado, o que importa e formar!! e ridiculo como se forma gente em enfermagem em portugal.. Muitos dos que sairam este ano, nunca tinham ouvido falar em CIPE, em Enfermeiro de Família!! Tem explicação para isto!! Por favor!! Estamos sem um rumo.. Perdidos!! devia existir controlo nas escolas de enfermagem!! que e isto!!! Sinceramente envergonha-me este cenario!!
 
Estamos de acordo nas diferenças: Realmente a OE tem o dever de regular a profissão o que só pode fazer após os Licenciados em Enfermagem serem Enfermeiros. O que é diferente. Para que saiba a OE projectou a acreditação prévia de cursos de Enf. o que era ilegal porque a acreditação é missão do MCTES.
Poderia informar-se melhor antes de opinar.
Em relação ás acumulações: está previsto que o novo Contrato de Serviço Público que vem substituir as nomeações preveja a exclusividade dos funionários públicos.
O que acho bem. Ponto final.

Joaquim Vasconcelos
 
"Em relação ás acumulações: está previsto que o novo Contrato de Serviço Público que vem substituir as nomeações preveja a exclusividade dos funionários públicos."


Xii, há tantos anos que isso está no papel... Nunca vai estar na prática, nunca! Não seja utópico!
 
É pena que não se prepare para isso. Vai ser uma realidade e ainda bem para os doentes que são cuidados por enfermeiros que saem às 16 de um Hosital e entram às 16 noutro a 40 Km de distância.
 
Não se preocupe, não ficam sem enfermeiro. OS enfermeiros sempre tiveram cordialidade entre si, e os doentes ganham com isto.
 
Caro Joaquim Vasconcelos não deve conhecer de todos os recém licenciados em enfermagem.. e muitas das escolas!! Qual acreditação?!! Concordo que muitos dos alunos não tiram o curso ao nivel do progresso cientifico da area.. Já fui tutor de alguns e sinceramente tenho pena que a realidade do curso e os projectores curriculares não sejam iguais em todas as ecolas de enfermagem!! Que são tantas!!!!!!!
 
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