domingo, janeiro 13, 2008

Em 2003 escrevia-se assim... (ler o post até ao fim, p.f.)


"ENFERMEIROS: UM PANORAMA CRÍTICO A NÍVEL MUNDIAL"

Foi este o título de um artigo publicado pelo Gabinete de Imprensa da Ordem dos Enfermeiros, em 2003. Passaram desde então apenas 5 anos, mas tudo mudou.
Uma gestão formativa completamente desvirtuada da realidade, lançou a profissão ao "mar negro" da angústia, exploração e desemprego.
Há 10 anos, por exemplo, tudo era diferente. Os convites para trabalhar sucediam-se a um ritmo frenético, muitas vezes semanal - "Por favor, venha colaborar com a nossa instituição, será bem recompensado!" - diziam. Os Enfermeiros, por vezes, chegavam mesmo a ser disputados por vários Enfermeiros-Directores em simultâneo!!
Nos hospitais, como o salário base era o estipulado para a função pública, os Enfermeiros eram aliciados com outros argumentos: turnos extraordinários pagos!
Nas férias, muitos colegas rumaavam a outros hospitais, para prestação de serviços sazonais mediante remunerações chorudas. No fim, regressavam.

A conjuntura foi mudando lentamente. Em 2003, o referido artigo começava com a seguinte afirmação: "O panorama mundial dos recursos humanos em enfermagem é considerado crítico". E vários exemplos foram apresentados:
"Os EUA registam, actualmente, 126.000 vagas para enfermeiros (...), para agravar ainda mais este quadro, os enfermeiros americanos no activo estão a envelhecer (...). (...) o ingresso de alunos nos cursos de enfermagem caiu (...).

"O Canadá, por seu turno, enfrenta a reforma de cerca de 50 por cento dos enfermeiros actualmente no activo nos próximos 15 anos, sendo previsível que em 2016 tenha 113.000 vagas por ocupar."

"Presentemente, no Reino Unido, são necessários 22.000 enfermeiros (...)"

Sobre Portugal dizia-se assim:

"No que a Portugal (...) para que se alcance o ratio médio da EU - de 5,9 enfermeiros por mil habitantes -, faltam cerca de 20.000 profissionais."

Mas, o mesmo artigo chamava a atenção para as "excepções":

"Entre as excepções a este panorama internacional de carência de enfermeiros, encontra-se Espanha, onde, de acordo com indicações do governo existem 13.000 enfermeiros desempregados (...) "

"Na Região do Pacífico, bem como em Hong-Kong, Coreia e Taiwan, verifica-se um excedente de enfermeiros"...
a
Comentários:

Este artigo foi escrito tendo por base considerações excessivamente optimistas do Conselho Internacional de Enfermagem.

O Reino Unido, por exemplo, experimenta presentemente dificuldades na colocação de Enfermeiros. A imigração de profissionais de outros países e o aumento formativo próprio, tornaram quase impossível as colocações no centro de Londres, onde o cenário se inverteu, e os Enfermeiros se tornaram agora alvo de exploração e mão-de-obra barata (Fonte: BBC News).
Este ano, só no Reino Unido, formar-se-ão mais de 20 mil Enfermeiros (!), pelo que as autoridades (Ministério da Saúde) já admitiram que não haverá emprego para todos (Fonte: BBC News).

Ao contrário de outras classes profissionais do sector da saúde, que são cada vez mais bem remuneradas e cuja formação é escrupulosamente controlada, a Enfermagem foi tomada de assalto por um boom sem precedentes, que, a manter o ritmo, fará dos Enfermeiros, uma das classes com maior incidência e prevalência de desemprego.

Tomemos outro exemplo, Espanha. Há uns anos, os relatos noticiosos davam conta de mais de 50 mil médicos desempregados (!!). Os Enfermeiros também foram assolados pela epidemia do desemprego altamente qualificado. Resultado: remunerações baixíssimas, poder reivindicativo em queda livre, e diminuição do influência dos vários profissionais nas estratégias delineadas no sector.
Como foi resolvido? Fácil. Os médicos, esses, de uma forma soberba e inteligente, souberam gerir as vagas disponíveis para o ensino, diminuindo as mesmas de uma forma radical, dando preferência à dimensão qualitativa. Até então, os médicos sujeitavam-se aquilo que hoje os Enfermeiros portugueses infelizmente já conhecem: estágios profissionais não remunerados.
Actualmente com a situação da formação médica perto da estabilização, os seus salários voltaram a subir, assim como a sua auto-realização e satisfação profissional.

E os Enfermeiros, como resolveram a sua situação? De uma forma autista, não resolveram. Presos ao paradigma "ainda-faltam-Enfermeiros-para-suprir-as-verdadeiras-necessidades", continuam com desemprego, baixos salários (no privado chegam a auferir cerca de 2 euros/hora!), instabilidade e incerteza profissional, humilhação e rebaixamento pessoal, e no final de tudo, continuam sem suprir quaisquer necessidades.

Outro exemplo, França. Há vagas disponíveis para Enfermeiros? Sim, há. No entanto convém deixar claro que o salário de um Enfermeiro francês ronda o salário mínimo de França. Ou seja, não há incentivos para a profissão. Daí as vagas...

Comments:
São necessárias Soluções e propostas para alterar a realidade, sendo certo que a mudança não se faz indivudualmente, implica um esforço de grupo de equipa.

Penso que neste ponto todos estamos de acordo.
 
estou de acordo com a colega vera todos unidos uma semana de greve os problemas de enfermagem eram resolvidos tendo os 2 sindicatos com os profissionais assim como a ordem.
como há um sindicato e uma ordem que esta com o governo isto é para piorar somos um animal em vias de extinsão
 
COMENTÁRIO OPURTUNO. ISTO É A REALIDADE. PARABÉNS!!!!!!!
 
"somos um animal em vias de extinsão"

não...com a quantidade de enfermeiros que se estão a formar, desculpem-me a expressão mas estamos a tornar-nos numa "praga". Já imaginaram a quantidade de cartas e curriculum que as instituições de saúde recebem todos os dias?
 
Será que não chegou a altura de se promover uma «campanha» ao contrário?

Ou seja, alertar os potenciais candidatos a enfermeiros para escolherem outra saída profissional porque, o que os espera no final da Licenciatura...será o Desemprego !

Não venham para a Enfermagem....já sobrámos!
 
A campanha do descrédito está a dar os seus frutos.
O defeito em os enfermeiros acreditarem mais nos outros do que em si próprios, porque foram educados, para duvidarem de si e terem medo de tudo:
do emprego,
do desemprego,
de serem capzes,
de serem incapazes.
Se olharem em redor vejam e oiçam o que nos dizem e dizem de nós.
Não tenham dúvidas que o elan vital mudará este estado de coisas, naturalmente.
Há-de chegar a altura de, quando faltarem enfermeiros, pôr enfermeiros nesses lugares e não médicos, como vem acontecendo.
 
A união faz a força. O que é preciso é coragem para resistir à desunião
 
O dia mais feliz do "Dr." Enfermeiro (uau! E em apenas 3 anitos, que prodígio!) e das suas focas:

-O dia das colocações na Faculdade!

Há testemunhos fidedignos que asseguram que o mesmo foi para casa a correr, as lágrimas a escorrerem-lhe pela face, e terá dito alto e bom som:
-Mamã, papá, consegui, entrei numa Faculdade (ou lá onde aprendem "enfermagem"...) de Enfermegem, a minha 1ª opção, o meu sonho de criança tornou-se realidade, vou ser Doutor, andar de helicóptero e de ambulância, vou ser Ministro da Saúde, Presidente da República, enfim, o céu é o limite, este é o dia mais feliz da minha vida!

...
Verdadeiro ou Falso?
lolll
 
SOU ENFERMEIRO NO BRASIL, ACHO QUE A ENFERMAGEM SÓ NÃO É BEM VISTA PELA FALTA DE UNIÃO DA NOSSA CLASSE, A ENFERMAGEM NÃO DÁ O SEU VALOR MERECIDO, E A SATURAÇÃO DE MERCADO VEM COM ESTRANGEIROS PARA TRABALHAR EM OUTRO PAÍS, É O CASO AGORA DE BOLIVIANOS E ARGENTINOS SE CANDIDATAR A UMA VAGA NO BRASIL, SEI TAMBÉM QUE HÁ BRASILEIROS A TRABALHO EM PORTUGAL, NO QUAL SOU CONTRARIO O INTERCAMBIO DE DIPLOMAS, O QUAL FAVORECE MAIS UM CONCORRENTE. EMBORA A ENFERMAGEM NO BRASIL TEM MUITO EMPREGO, SÓ QUE OS SALÁRIOS SÃO IRRISÓRIOS.
 
Moro no ES, e sou enfermeiro há 02 anos. Trabalhei em Búzios/RJ no PSF e atualmente sou efetivo em um hospital municipal em Linhares/ES. Antes de conseguir o meu primeiro emprego, fiquei 1 ano e dezoito dias desempregado, estudei em uma instituição de ensino particular e não recebi ajuda dos meus pais ou de qualquer parente. Trabalhei de corretor de plano de saúde, garçom, ajudante de pedreiro entre outros para manter-me na faculdade, pois acreditava estar no caminho certo. Pensava eu, na minha santa ignorância que após formar estaria com meu lugar ao sol garantido, ainda que o surgimento a passos largos de várias instituições acontecesse paralelamenta às minhas expectativas. No Rio, fui indicado por uma amiga, mas o emprego não durou mais que 7 meses - Uma sobrinha do prefeito se formou em Cabo Frio em um curso noturno de graduação em enfermagem , cidade vizinha, e tive que ceder o lugar- Graças a Deus, logo após esse epsódio, fui nomeado em um concurso que na ocasião tinha concorrido com 1000 enfermeiros para 20 vagas em uma cidade do interior do ES (Linhares). Atualmente recebo, acredite, R$ 860,00 / mês. Você que consegui chegar ao final do texto pare e pense, que orgulho tenho eu de ser enfermeiro?? asbarceloss@gmail.com
 
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