sábado, março 29, 2008

A outra perspectiva: excesso ou falta de Enfermeiros - resposta ao colega "Magistral Estratega"!


Estimado Magistral,
antes de mais propunha que tentasse arrecadar os tais mil euros que ofereço (para quem der o exemplo (e provar!) de mais de 10 países (em todo o mundo!) com um rácio de Enfermeiros diplomados superior ao nosso ). Depois, há variáveis fundamentais que não considera no seu raciocínio: os enfermeiros executam imensas tarefas que a si não pertencem, mas sim a administrativos, auxiliares, etc... daí, a impressão errada da falta de profissionais de Enfermagem em alguns serviços.

A solução deste paradoxo está muitas vezes no aumento de AAM's e não de Enfermeiros. Repare que os países que têm grande número de Enfermeiros por habitante são habitualmente aqueles onde os Enfermeiros são mais "indiferenciados" e onde a Enfermagem ainda desempenha dum papel de "auxiliares dos médicos"!

Em Portugal existe uma má rentabilização de Enfermeiros. Usá-los paras as tarefas exclusivas da Enfermagem era uma óptima medida. Analogamente, os médicos têm afirmado que existe uma má redistribuição dos mesmos, mas com argumentos falíveis e menos sólidos: têm listas de espera para cirurgia, consultas em atraso, etc...o que demonstra objectivamente falta de médicos. Ou será reflexo das "reduzidas" competências/autononomia dos Enfermeiros?
Mas se os médicos tivessem que preparar os seu próprio bloco operatório antes da cirurgias, repôr stocks nos seus consultórios, etc, veria que APARENTEMENTE haveria muita falta de médicos... Compreende o raciocínio? Estou certo que sim. Os médicos apenas se dedicam à função EXCLUSIVAMENTE médica.

Por seu lado, os Enfermeiros englobam no seu quotidiano uma multiplicidade de funções que, muitas vezes, "cabem" a outros profissionais ou então podem ser delegadas noutros (sob supervisão). Trata-se de má gestão ocupar um profissional licenciado com tarefas indiferenciadas.

Os salários reflectem isso mesmo: quantos mais profissionais, menos dinheiro se poderá atribuir à remuneração de cada um - falando friamente! Um exemplo: pagaria a um engenheiro informático salários exorbitantes para ele transportar computadores? Logicamente - como bom gestor - não! Isso é perfeitamente executável por alguém com um mínimo de formação, não requer um licenciado!

O problema dos Enfermeiros é o excedente de profissionais que se criou, e agora, muitos, pretendem encontrar uma solução à força, nem que seja reivindicando para os Enfermeiros tarefas dos AAM's, ou então outras não compatíveis com o grau académico da nosa classe!!! Esta banalização que o excesso de oferta traduz, só torna a enfermagem mais débil, com uma formação menos rigorosa e uma visibilidade que desce a passos largos!

Muitos de nós vêem a introdução de mais AAM's como um "roubo" de lugares de Enfermagem. Eu não. Muitos colegas dizem, acerca de outras questões, cada "macaco no seu galho" - nesta questão aplica-se o mesmo princípio!

Estou certo que muitos colegas não conseguirão os seus empregos, mas não podemos reduzir o nível do patamar técnico e científico da profissão só para que mais colegas sejam absorvidos! Isto é um problemas de excesso de escolas e vagas e não de falta de emprego!Acha correcto um enfermeiro licenciado proceder "fazer uma cama" (como acontece, infelizmente, ainda em algumas instituições - aqui estou certo que aparentemente haverá falta de Enfermeiros)?
Eu não, nem acho que se deva pagar muito dinheiro por esta tarefa, pelo contrário devemos dirigir os Enfermeiros para outras tarefas bem mais complexas, "desmonopolizando" os cuidados exclusivamente médicos, agilizando os sistemas de saúde e incrementado a autonomia e satisfação dos Enfermeiros. E com salários mais elevados!!
Existem outras formas (finitas) de desbloquear emprego para os enfermeiros: alargamento das suas competências é a mais lógica! Deixar de lado a "arrumação de stocks" para atender utentes, deixar de "montar e desmontar processos" (em algumas instituições) para atender utentes, deixar os "aspectos administrativos" para atender utentes, deixar "as camas por fazer" para atender utentes, etc...
Que tal gerir competências para poder intubar sozinho, desfribrilhar sozinho, prescrever certos fármacos (para que o trabalho dos Enfermeiros não tenha que ser sucessivamente interrompido por pedidos aos médicos para prescrever isto ou aquilo), orientar grávidas sem supervisão médica (requerendo exames complementares de diagnóstico), consultas de saúde mental/comportamental sem que se dependa do médico, assegurar os transportes intra-hospitalares de risco, requerer certos meios complementares de diagnóstico (ex. um utente cai na enfermaria, e apresenta com suspeita de fractura da mão - não seria sensato o enfermeiro ter poder para requerer desde logo o exame, para depois ser avaliado pelo médico/Enfermeiro, ou é necessário andar atrás do médico para tal?)

Mas digo-lhe mais: para ser sincero, penso que a "Saúde Geral" (clínica geral e familiar) e todas as suas competências deveriam ser um campo de actuação (depois das alterações curriculares necessárias) por excelência dos Enfermeiros! Infelizmente ainda está enraizado como função médica, assim como noutros países a punção venosa é um acto médico! É uma questão de mentalidades e adequabilidades profissionais! Assim, certamente poderia orientar a saúde dos indivíduos e respectivas famílias de forma autónoma e global (holítica!), reservando para os médicos o diagnóstico, estudo e investigação das patologias nas suas várias especialidades!!

Ou prefere tornar-se naqueles países onde as Enfermeiras gerem as agendas médicas, marcando-lhes as consultas? Não queira colega. Chegamos até aqui, agora não vale a pena regredir, pois não?

Comments:
Concordo e assino por baixo!

Nem mais!

Há que definir bem o nosso acto de Enfermagem, as nossas competências e o no público-alvo, i.e., não os stocks, os inventários ou processos, mas as pessoas...

E isto deveria ser uma questão prioritária da OE!

Cumprimentos!
 
Já tinha lido esta resposta do Dr Enfº ao colega magistral estratega num outro post e penso que estes problemas são suficientemente graves para que se discuta sobre eles pessoalmente.

Tantos colegas falam na tal "REUNIÃO"!!

Ela é precisa urgentemente!

Se alguém tiver disponibilidade de providenciar espaço, depois será só marcar data e hora e divulgar.

Aposto que haverá muita adesão!

Saudações
 
"Mas digo-lhe mais (depois das alterações curriculares necessárias), para ser sincero, penso que a clínica geral (e todas as suas competências) deveria ser um campo do enfermeiro! (infelizmente ainda está enraizado como função médica)"

Isto resume a sua verdadeira vocação. Terá de entender melhor a expressão "cada macaco no seu galho".
 
O enfermeiro (?!?!?) magistral (?????), há muito que nos anda a surpreender com a visão que tem da enfermagem...

A sumidade (!) chega ao ponto de sugerir que deleguemos os cuidados de higiene nos senhores AAM (http://www.forumenfermagem.org/index.php?option=com_smf&Itemid=&topic=1219.msg11295).

Um génio...
 
Citando-me ... "Ou será que os enfermeiros andam a fazer coisas menores e fora da sua competência legal que os impedem de prestar os seus cuidados de enfermagem levando a que estes não sejam prestados inflacionando as supostas horas de cuidados de enfermagem não prestadas?"

Talvez até devesse ter dado mais ênfase a esta parte.

O que o último "anónimo" referiu enquadra-se um pouco nesta lógica apesar de este ter pecado por ser redutor e não se ter dado ao trabalho de ler a totalidade de todos os textos. Mas também mais não se pode pedir não é? lolol

Ao colega doutorenfermeiro e aos demais que responderam na base da seriedade: penso que não defendi absolutamente nada que contrarie os interesses dos enfermeiros e se tiverem lido com atenção e até ao fim o meu post (integral),em saudeeportugal.blogspot.com, poderão ver que defendo o desenvolvimento de mais competências ou o reconhecimento de muitas que já executamos (as mais diferenciadas) e que nos concentremos nas mais diferenciadas pois são precisamente por passarmos demasiado tempo com as outras que pode existir uma inflação de horas de enfermagem não prestadas e que levam a um cálculo de falta de enfermeiros.

Pequei por não ter dado ênfase a esta parte, peço desculpa mas o anónimo até acaba por me dar razão ao defender que eu tenho a opinião que tenho acerca do tema que ele falou, e em relação a outros menores(na presunção de serem menos diferenciados) que poderiam ser feitos por administrativos e afins.

Agradecia que lessem até ao fim...
 
Ah! e mais... se tiver lido o meu post original até ao fim terá reparado, ou pelo menos subentendido que defendo exactamente o mesmo relativamente às competências. Apenas dei mais ênfase ao raciocínio de como obter o reconhecimento destas por formas menos empíricas baseando o seu reconhecimento na evidência científica. Não abordei pormenorizadamente quais as competências que nos poderiam ser atribuídas ou reconhecidas, apenas um caminho possível para chegar lá.

Cumprimentos ao doutorenfermeiro e aos demais.
 
Ex.mo colega Magistral Estratega,
peço desculpa, mas de facto não tinha reparado nesse ponto. Muitas vezes a leitura rápida é inimiga da leitura atenta.
Por outro lado, este post também não pretende ser uma resposta no sentido literal, mas sim um comentário (vou alterar o título) que pretende dirigir a atenção dos mais "distraídos" para esta questão.
O número de Enfermeiros é obviamente uma questão polémica. Em parte alguma as classes mais especializadas e de formação refinada são as mais numerosas, sob a pena da despromoção, desvalorização, banalização e subestimação das suas competência e valor científico e social.
Penso que é uma questão compreensível e pacíficamente aceitável.
Neste momente as nossas competências não estão em consonância com a nossa formação ou potencialidades.
Quando não podemos prescrever legalmente um paracetamol, que é de venda livre ao público, ou não podemos ajustar legalmente as doses de insulina prescritas pelo médico, quando qualquer leigo diabético o faz, ou não poder desfribrilhar quando no estrangeiro um cidadão com formação básica o faz...
Penso que está na altura de subir para o próximo "degrau", não?
 
Totalmente de acordo doutorenfermeiro.

Se por um lado, pelas regras de jogo actuais, sublinho esta parte, em Portugal existem falta de enfermeiros a exercer (disto não abdico) por outro acho indissociável essa falta de enfermeiros do desvio das nossas reais responsabilidades, possíveis e reais competências, assim como do seu reconhecimento por parte de das entidades competentes. Agora só temos é de escolher o caminho como podemos provar ou impôr isso.
 
Inteiramente de acordo com as ideias expressas neste post. Estarei sempre disponível para trabalhar neste sentido.
Agora... com a MAS e seus apoiantes, e são muitos, vejo com dificuldade esta realidade para os próximos 4 anos. MAS e o seu grupo de elite, como sabe (eu sei que sabe) não têm esta visão. E são eles quem dirigem os destinos da enfermagem. E nada vejo na actualidade que nos leve a supor que alguma vez iremos por este caminho. Lamentavelmente! Por isso a minha filosofia agora é "whait and see". Mais 4 anos no deserto...
 
Colegas, venho pedir um momento de reflexão e se possível um momento de união. Como já deve ser do vosso conhecimento a reunião de 2ª Feira (24 de Março) entre a OE e o Ministro Mariano Gago não correu NADA BEM, pelo contrário (1º Ciclo).
Penso ser um momento de bater o pé, falarmos todos a mesma linguagem, ou seja, 2º CICLO JÁ. Se as educadoras de infância entre outros têm o 2º ciclo, porque devemos ficar satisfeitos com muito menos. Mais, será que a enfermagem em Portugal não está no patamar de 2º Ciclo. É fulcral, agora e não depois, conversarmos e debatermos o futuro da enfermagem. Era bom o tema e ordem do dia ser processo de Bolonha 2º Ciclo para os enfermeiros.
Falemos do assunto nas escolas, nos sindicatos, na ordem, nos hospitais, nos centros de saúde, lares, clínicas, ou seja, no café, na cama, em todo o lado. Informem, procurem informar, procurem informação, não podemos parar de falar nisto até conseguirmos.
OS ENFERMEIROS UNIDOS JAMAIS SERÃO VENCIDOS
É altura de todos, Directores, Supervisores, Chefes, Enfermeiros Especialistas e Enfermeiros de todas as áreas unirem esforços. Temos de fazer pressão. Não vamos, nem podemos esperar por alguém e/ou por entidades, cada um tem de falar e mostrar a sua indignação, frustração e revolta. CHEGOU O MOMENTO ou é agora, ou nunca mais será. Vamos falar e obrigar a falar.
 
Colegas, venho pedir um momento de reflexão e se possível um momento de união. Como já deve ser do vosso conhecimento a reunião de 2ª Feira (24 de Março) entre a OE e o Ministro Mariano Gago não correu NADA BEM, pelo contrário (1º Ciclo).
Penso ser um momento de bater o pé, falarmos todos a mesma linguagem, ou seja, 2º CICLO JÁ. Se as educadoras de infância entre outros têm o 2º ciclo, porque devemos ficar satisfeitos com muito menos. Mais, será que a enfermagem em Portugal não está no patamar de 2º Ciclo. É fulcral, agora e não depois, conversarmos e debatermos o futuro da enfermagem. Era bom o tema e ordem do dia ser processo de Bolonha 2º Ciclo para os enfermeiros.
Falemos do assunto nas escolas, nos sindicatos, na ordem, nos hospitais, nos centros de saúde, lares, clínicas, ou seja, no café, na cama, em todo o lado. Informem, procurem informar, procurem informação, não podemos parar de falar nisto até conseguirmos.
OS ENFERMEIROS UNIDOS JAMAIS SERÃO VENCIDOS
É altura de todos, Directores, Supervisores, Chefes, Enfermeiros Especialistas e Enfermeiros de todas as áreas unirem esforços. Temos de fazer pressão. Não vamos, nem podemos esperar por alguém e/ou por entidades, cada um tem de falar e mostrar a sua indignação, frustração e revolta. CHEGOU O MOMENTO ou é agora, ou nunca mais será. Vamos falar e obrigar a falar.
 
EXCELENTE!!! MAGNIFICO!!!

Doutor enfermeiro, este "post" traduz na integra a ENFERMAGEM, na quak eu me revejo.

Cumprimentos e continuação de um bom trabalho.

NEL
 
caro colega anonimo.

a educaçao de infancia (ou educaçao basica como é agora chamada) tem 2º ciclo porque o primeiro ciclo é geral e resulta numa uniao do curso de ensino basico e educaçao de infancia... depois do primeiro ciclo escolhem a área do 2º (ou ed de infancia ou ensino basico) e so podem exercer uma das áreas e unicamente depois da conclusao do segundo ciclo.

isto foi apenas uma aparte para esclarecer.

relativamente à nossa enfermagem, penso que estamos realmente num momento chave.

como sabem somos acho que o unico ( corrijam-me se estiver errado) curso de enfermagem a nivel europeu onde o ensino dura 4anos. nos restantes fica-se pelos 3. ou seja na pratica temos competencias que outros colegas nao têm... assim de repente lembro-me na inglaterra que por exemplo os enfermeiros nao podem exercer na área da enfermagem de saude mental, pediatrica, entre outras, com o curso geral tem que fazer um curso à parte.

ja se pedirmos equivalencias para la sao-nos concedidas equivalencias para todas as áreas da enfermagem (gerais).

acho que estamos um avançados em relaçao à enfermagem europeia (e mundial!) e acabamos por pagar por isso, pois o bolonha veio uniformizar equivalencias, e em vez de os demais paises passarem para o nosso patamar, parece-me que tentaram que a enfermagem regredisse, e só nao passou para 3 anos pela questao dos cursos de complemento para enfermeiros bachareis!

Que está mal todos sabemos, que é preciso mudar idem... mas o que é certo é que continuamos todos muito sossegados e agarrados aos lugares...

é como aquela conversa do funcionario publico que se queixa que o trabalho no estado está muito mau, que assim nao pode ser... e que quando se lhes diz para irem entao para o privado calam a boca e engolem em seco...

apoio a enfermagem acima de tudo, e se houvesse uniao como houve com os professores recentemente os problemas resolviam-se... mas nem sequer uma pessoa competente temos à frente dos nossos destinos...
 
BRILHANTE!!!
Simplesmente "BRILHANTE" este post!
Parabêns DoutorEnfermeiro!
Venho passando mais ou menos esta mensagem há vários anos!
Infelizmente, parece que muitos Enfermeiros se acomodaram às fraldas e às
bacias!
Ás vezes até acho graça quando alguns colegas (os tais das fraldas e das bacias) reclamam por uma melhor remuneração!
Enfim...
Tenho esperança que a mentalidade vá mudando!
 
Assim é que é!
Se os Enfermeiros começarem a institucionalizar o hábito de pensar;
mas de pensar ainda pela sua cabeça;
se treinarem para captar que tenta diminui-los para poder explorá-los melhor, jamais seremos vencidos.
Já agora o Bolonha não é para faciliatr o reconhecimento de acções de formação, também extra-escolares?
Esta dos níveis não serão as escolas a pretenderem prolongar a dependência galinácea dos Enfermeiros?
Quer-me parecer que sim.
Não andará por aí escondidido o espírito dos antigos auxiliares e dos antigos enfermeiros?
Não estarão uns a pretender cavalgar os outros em noe da união?
Acordei a pensar nisto.
Gardingo
 
Olá, gostava apenas de deixar um curto comentário. Descobri o seu blog hoje, mas vou passar a lê-lo frequentemente!

Antes de mais gostei muito do seu post. Sou aluna de enfermagem do 4º ano, portanto acabo em Julho, e vejo de facto o meu futuro muito negro.
Espero que venha a mudar, pois não me imagino noutra profissão. Concordo absolutamente com o facto de que as escolas formam cada mais e mais alunos, não se preocupando minimamente com o que lhes irá acontecer quando acabarem o seu curso. Só para terem uma ideia, quando comecei, a minha turma tinha 55 alunos mais ou menos, e a turma do actual 1º ano tem 63 mais coisa menos coisa. Não consigo perceber.


Cumprimentos!
 
COMUNAS!!!!!!!!!!!!!!!!!!
 
Temos que nos centrar em faz aquilo que é nosso.

Ter a coragem de não assumir as tarefas que não são nossas só porque ninguém as quer.

Para quando a definição do acto de enfermagem?
Ainda não percebi o porquê da OE não o defenir!

Temos que Inovar!
 
Ao longo dos anos os enferneiros foram perdendo capacitação técnica e competências.
As escolas incentivaram isso. A OE concorda.
Os enfermeiros professores das ESE sabem ensinar muito pouco, os alunos passam 4 anos a divagar sobre a problemática da enfermagem no mundo actual e a importância da higiene e blá blá blá
Na actualidade e no tipo de sociedade em que vivemos as pessoas contratam quem sabe fazer. No privado pagam mais a um fisioterapêuta, a um terapêuta da fala do que a um enfermeiro e sabem porquê? Porque para os gestores privados esses técnicos geram mais dinheiro...e o trabalho das higienes (o apogeu da enfermagem, segundo os pseudoteóricos) é menos diferenciado. E de certa forma têm razão. E trabalho diferenciado a supervisão e algumas higienes - agora todas?? Aproveitar a higiene para fazer umas mobilizações passivas? contrata-se um fisioterapêuta que faz um programa de reabilitação...podia ser um enfermeiro? podia. Onde estão os especialistas? Os enfermeiros passam o seu tempo a lavar doentes nas medicinas....para quê?
Um professor de medicina ou mesmo de fisioterapia muitas vezes mantém a sua actividade profissional - opera doentes, reabilita, etc...Um professor de enfermagem devia fazer aquilo que apregoa - pegar num avental e ir a banhos....
Claro que nalguns casos os banhos deviam ser dado por pessoal mais qualificado (enfermeiro) agora em muitos casos, um auxiliar de enfermaria/AAM ou que quizerem chamar, sob supervisão de enfermeiros, e com alguma formação poderiam fazer. Assim era mais fácil ganhar mais, desempenhar funções mais diferenciadas, como por exemplo as mobilizações passivas...agora assim...epá o pessoal depois de um banho quer é dar o outro e o outro....é em serie (tal AAM...) enfim...
Com a falta de médicos que existe no país os enfermeiros terem regredido funções é obra....e não é normal...
Crescemos academicamente perdendo funções técnicas...O que interesa é o que se faz (agora se se é licencido ou não...)Aliás olhando para bolonha e para os outros países parce qie regressámos ao Bacharel!!!Só que cá chamam licenciado!É mai chique...
Era muito bonito termos os doentes cuidados só por uma categoria de enfermeiros, licenciado, fazia-lhe a cama, dava comida, a higiene, tudo...mas em que país e em que mundo é que as pessoas vivem?
Das duas uma ou se diminui o ordenado aos LICS enfermeiros ou se encontra outra categoria menos diferenciada de enfermeiros para os mais diferenciados ganharem mais...simples, ou talvez não...
 
Daqui a 10 anos...


Um menino regressa da escola cansado e faminto e pergunta à mãe:
"Mamã, que há de comer?"
"Nada, meu filho."
O menino olha para o papagaio, que têm na gaiola, e pergunta:
"Mamã, porque não há papagaio com arroz?"
"Porque não há arroz."
"E papagaio no forno?"
"Não há gás."
"E papagaio no grelhador eléctrico?"
"Não há electricidade."
"E papagaio frito?"
"Não há azeite."

E o papagaio contentíssimo gritava:

-"VIVA SÓCRATES !!! VIVA SÓCRATES


M.C.
 
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
 
Se os Enfermeiros não fizerem higienes e não mudarem fraldas, é claro que não serão necessários tantos enfermeiros, logo as escolas terão menos candidatos, logo os docentes ficarão desempregados!
Como resolver esta questão??
Fácil, continuar a apregoar nas Escolas que o enfermeiro é que tem que mudar a fralda e fazer a higiene ao doente, para que os docentes não percam o tacho.
Enquanto essa gente dominar a OE, continuaremos a retroceder cada vez mais, enfim...
 
É por este post e por muitos destes comentários que eu tenho vergonha de ser enfermeiro.
Acho incrível como nest blog só se falam de duas coisas:
- comparação com a classe médica
- denegrir a imagem das Escolas de Enfermagem.

Já pensaram que aquilo que ensinam nas escolas poderia perfeitamente ser aquilo que na prática fazemos? Mas não, dá demasiado trabalho! É bem melhor despachar as coisas para ir tomar um café (ou dois, ou três), ficar na treta com os colegas, dormir mais durante a noite.... enfim!

Quanto aos cuidados de higiene (os cuidados menores, como dizem aqui) percebam a importância e a oportunidade que nos é dada nesses momentos para observar o estado geral do doente e aproveitar esses dados para direccionar os cuidados para as reais necessidades dos doentes e não as nossas necessidades como enfermeiros. Expliquem-me como podem os auxiliares fazer isto... O que fazem eles com aquilo que (eventualmente) observam? Nada...

Mas sim, dá muito trabalho!

Vamos ser realistas. Os enfermeiros têm é "dor de cotovelo" da classe médica porque ganham mais, têm (na generalidade) uma postura diferente da nossa (e mais apetecível) e portanto querem que o "povo" nos veja como a classe médica. E nesse caso, "dar banhos" não ajuda....

Pois é, preocupem-se com a qualidade dos vossos cuidados e acreditem que os resultados virão.
 
Este comentário foi removido pelo autor.
 
"Vamos ser realistas. Os enfermeiros têm é "dor de cotovelo" da classe médica porque ganham mais, têm (na generalidade) uma postura diferente da nossa (e mais apetecível) e portanto querem que o "povo" nos veja como a classe médica. E nesse caso, "dar banhos" não ajuda...."

Caro Nélson,
suponha que teve uma académica intensa, rigorosa e dirigida para a profissão de engenharia aeronáutica, por exemplo. Tirou licenciatura, pós-graduação, mestrado e doutoramento na área. Virou toda a sua atenção para a investigação em fisiologia do voo...
Agora suponha que quando o empregam, pagam-lhe muito mal e que 70% do seu tempo é ocupado a limpar e lavar aviões! O que acha?
Não é que se menos digno.
É simplesmente uma questão de aproveitamento de "skills", rentabilização de esforços e enquadramento de conhecimentos teóricos na prática.
Se se preocupar com ISTO os resultados virão.
 
E eu pergunto-me... limpar e lavar aviões eram tarefas contempladas na formação e prática da engenharia aeronáutica? É que se sim, não vejo qualquer problema... Possivelmente até permitiria avaliar o estado de conservação dos aviões...
 
Caro Nelson, vai-me desculpar, mas obviamente "limpar e lavar aviões" não são tarefas contempladas na formação e prática da engenharia aeronáutica. Porquê? Porque não será muito rentável e lógico utilizar mão-de-obra especializada e devidamente formada em tarefas indiferenciadas.
Para avaliar o estado de conservação? Essa já tem "barbas".
Mal dos médicos, por exemplo, se cada vez que tivessem de avaliar um utente, necessitassem de lhes dar banho...
Transpondo para a nossa prática. Concordo com as higienes por Enfermeiros em casos que se justifique mão-de-obra especializada: utentes em cuidados intensivos vários, orto-traumatologias, cirurgias médio e muito complexas, etc... compreende a necessidade de ter mão-de-obra especializada nestes casos?

Agora, um caso social com , que necessita de ajuda para tomar banho... tenha paciência, há que ser coerente.

Ou será necessário um engenheiro para lhe lavar o carro sem problemas?

Será necessário em economista para levantar dinheiro numa ATM?

Será necessário um matemático para lhe fazer a conta da mercearia?
 
Por nós fazermos a nossa avaliação durante os cuidados de higiene, os médicos não precisam de dar banho para fazerem a deles. Há confiança naquilo que o enfermeiro observa. Confiaria na avaliação de uma auxiliar? Eu não.

E só revela mesmo pequenez de pensamento ao comparar os cuidados de higiene de um enfermeiro ao levantamento de dinheiro com um economista e as contas da mercearia por um matemático.
 
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