segunda-feira, abril 28, 2008

Afinal, quem "acompanha" o doente terminal?


O afamado Jornal Tempo Medicina (n.º1288) afirma que "o médico é a figura principal no acompanhamento do doente terminal".

Parece-me que os Enfermeiros andam enganadinhos. Apesar de "acompanharem" os respectivos utentes 24 horas/dia, afinal, os médicos é que são o principais acompanhantes!

Julgo, sem margem para dúvidas, que é um trabalho multidisciplinar. Apesar de tudo, há uma confusão de papeis no sector da saúde, sendo de ressalvar o velho hábito do qual a classe médica ainda padece: autoproclamação, constante e habitual, do estatuto de "figura central" do mundo, arredores e tudo o que houver para além do infinito.
Não haja dúvidas que a Saúde carece de mudanças e transformações.

"Talvez a morte tenha mais segredos para nos revelar que a vida..."
- Gustave Flaubert -

Comments:
Mais uma vez a razão está do seu lado. Os enfermeiros é que estão lá 24 horas por dia, 365 dias por ano.... e os médicos é que são a figura central??
 
Já agora parabéns. Há muita união em torno do seu site!
 
Pela minha experiência longa com esses doentes,posso afirmar que eles "acompanham" somente á distancia e só mesmo para prescrever medicação anti-algica
 
"Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Duma Terra sem amos
A Internacional.

Messias, Deus, chefes supremos,
Nada esperemos de nenhum!
Sejamos nós quem conquistemos
A Terra-Mãe livre e comum!
Para não ter protestos vãos,
Para sair deste antro estreito,
Façamos nós por nossas mãos,
Tudo o que a nós diz respeito!"

Enfermeiros, uni-vos!!! Abaixo os médicos!!! Abaixo os exploradores!!!
 
O médico será sempre o "senhor doutor", por mais anos que passem, infelizmente isso será sempre assim.
O enfermeiro tem que "aturar" o doente, a família deste e os vizinhos destes, resolver os problemas de todos, mas o médico é que leva os louros.
Sou enfermeiro à 13 anos e tenho presenciado situações que só visto.
Muitas pessoas só quando são internadas é que se apercebem realmente como temos um papel importantíssimo.
 
Qual senhor doutor qual quê. Abaixo os doutores!!! Temos de derrubar essa corja se queremos consideração!!!
 
Querem uma "imagem" que é o paradigma daquilo que acontece?

_ Quando aparece um doente com uma situação aguda grave, e dá entrada nas urgência, vejam quantos técnicos de diferentes áreas da saúde vão para junto dele! Enquanto há esperança de o salvar todos por lá ficam, quando o final do caminho se torna evidente, quem é que lá fica?...

_ Eu respondo: os Enfermeiros e Auxiliares!...

Cumprimentos

ENFERMAGEM XXI
 
A atitude de maior intimidade que muitos médicos têm com o doente terminal é a notificação do óbito...
E lá andam os enfermeiros atrás das "vedetas" dos imaculados Doutores a mendigar analgésicos, anti heméticos ou sedativos para a pobre PESSOA, a qual deixou de ter importância para o doutor médico. Muitos fogem a sete pés dos doentes terminais e das suas perguntas...e dos familiares… e o medo enorme da depressão respiratória provocada pelos medicamentos utilizados no alívio da dor e do sofrimento da PESSOA humana...é eu dor insuportável e depressão do centro respiratório não ligam muito bem, mas enfim…Mas há um problema mais grave, que é o da habituação!...no além??
Claro que nem todos os médicos são assim, mas que há muitos…há…alguns são excelentes médicos a procurar a cura, mas quando o doente entra nesta fase final…
Quantos doentes morrem em intenso sofrimento nos hospitais deste país, sem qualquer tipo de apoio farmacológico minimamente eficaz?
Quantos médicos existem com uma enorme relutância na utilização de estupefacientes?
Eu se estiver numa situação dessas, de grande sofrimento e dor, quero que o meu enfermeiro possa aliviar o meu sofrimento, dando-me se necessário medicação para o efeito, e quero negociar o horário dessa medicação com ele, porque quero ser eu a decidir...nessa altura não quero depender dos caprichos únicos e individuais do médico, o qual estará com certeza muito mais preparado para tratar doenças e não para gerir sofrimento e dor como o enfermeiro deverá estar...
Para quando uma especialização de enfermagem de cuidados paliativos com efectivas ganhos de competências técnicas a esse nível?
Senhores da OE, acordem? Não tardará muito a surgir uma profissão qualquer tipo “paramédico paliativo” a reivindicar algumas das coisas que escrevi!
Há que ajudar as pessoas a morrer com dignidade! E, na minha opinião, isso passa pela capacitação de um grupo de enfermeiros especialmente treinados para o efeito, trabalhando em equipa, é claro. Se isto for feito estaremos também a libertar o trabalho do médico para outras áreas e onde a sua actuação será mais profícua.

FILIPE
 
É engraçado que existe um fenómeno relacionado com este acompanhamento ao doente terminal por parte do médico: quando este aparece das duas uma: ou o paciente está morto ou morre pouco tempo depois!!!O próprio doente apercebe-se de que quando á sua volta vagueiam os vultos de bata lívida e chocalho ao pescoço, a morte se anuncia como eminente. Depois desaparecem misteriosamente, antecipando o último exalo, como os animais que correm em êxodo quando pressentem a tempestade. O Enfermeiro, esse enfrenta a tempestade do fim de uma vida até esta se alplacar para sempre.
 
A minha experiência de cuidados paliativos é a de cuidar de crianças em fase terminal de doença oncológica e posso-vos dizer que felizmente não vai de encontro à maior parte dos relatos descritos. Aqui, os oncologistas têm sempre o cuidado de realizar uma tabela de analgesia e sedação (contínua e/ou em SOS) adequada a cada situação e regra geral não existe nenhum drama acerca de possíveis depressões respiratórias (nem da parte médica nem da nossa) uma vez que elas hão-de chegar mais tarde ou mais cedo, se bem me entendem... Com este apoio farmacológico, é-nos mais fácil dar alívio e algum conforto às crianças e consequentemente aos seus familiares. De qualquer forma e apesar disso, penso que o enfermeiro, tendo uma posição de especial relevo nestas situações (é quem mais acompanha e melhor sabe acompanhar) deveria conseguir (de alguma forma) participar mais activamente nas decisões e planeamento de todo o processo. Nesse sentido seria natural ser criada uma especialidade no âmbito dos cuidados paliativos porque acho que o enfermeiro tem uma actuação primordial nesta área, podemos considerar que somos o profissional mais priveligiado de toda a equipa multidisciplinar. Claro que com o privilégio vem a responsabilidade e o respectivo desgaste... Espero que me entendam quando eu falo de privilégio, quero dizer que somos de facto o profissional mais adequado e bem formado (e tb com mais "espírito de sacrifício") para responder às necessidades destes doentes e por isso deveríamos aproveitar esta área para desenvolver competências e autonomia. É também uma área em que, se o nosso trabalho fôr bem realizado, geralmente nos dá o reconhecimento almejado e uma boa visibilidade profissional por parte da sociedade (o que pode ajudar a mudar mentalidades). Além de que, é mais que sabido, que Portugal presta maus cuidados paliativos aos seus doentes, e que mais tarde ou mais cedo terá de reformular algumas coisas no serviço de saúde para dar resposta a um problema que tende a aumentar. E como todos nós sabemos que é uma área mal amada, poderíamos também aproveitar isso a nosso favor. Era uma boa bandeira para a OE agarrar.

Paula
 
Sr./Srª das 2.28PM.
A classe de Auxiliares de Enfermagem foi extinta em 1975.O curso era feito nas escolas de enfermagem do País e Tinham como sindicato, o sindicato dos enfermeiros.Não está a confundir Aux.de Enfermeiros com AAM ?????
ABRAÇO
 
Caro anónimo das 9.47 h, não escrevi "Auxiliares de Acção Médica", apenas para poupar nas linhas! E sei muito bem o que são, o que fazem e porque é que adquiriram esta designação em vez de Auxiliares de outra coisa qualquer!...
Já por aqui ando há alguns anos!!!...

Mas tudo bem!

Cumprimentos

ENFERMAGEM XXI
 
O acompanhamento médico é muito simples: já não há nada a fazer! É desta forma que grande parte dos médicos "acompanham" o doente em fase terminal. Não fará a morte parte da vida? Não haverá ainda muito a fazer? Mas o problema não é dos médicos mas sim dos seus curriculuns escolares que não os preparam para enfrentar aquilo que no fundo nos espera a todos.
 
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