quarta-feira, agosto 19, 2009

Clientes...


Incomoda-me o termo "cliente" quando associado à Saude. A etimologia nem sequer é controversa. O termo está intimamente relacionado com o comércio e ao contrário do que se pode pensar, com o subalternismo e dependência.

Tanto é "cliente" um indivíduo que recorre voluntariamente a uma qualquer Instituição de Saúde privada para um vulgar check-up, como alguém que, fruto do acaso, sofreu um grave acidente de viação e deu entrada em estado crítico num Serviço de Urgência? O primeiro talvez será, o segundo muito dificilmente.

Alguns teóricos desinspirados afirmaram que deveríamos tratar os utentes (eu prefiro assim) como "clientes". Se seguirmos à risca essa proposição, então damos conta que afinal não somos cidadãos, maridos, esposas, amigos, etc. Somos todos uns meros clientes (até os reclusos!). O mundo é uma clientela gigante.

Se nós dissermos que determinado rabisco é arte, então não presta, não tem valor. Mas se um Marchand afirmar que o mesmo rabisco é arte, então passa a ser arte. Inacessível e de incalculável valor. Eu não queria transpor este raciocínio para certos teóricos e teorias.

Comments:
Não diria melhor
 
Concordo plenamente com a sua opinião...
Apesar de na realidade (e cada vez mais) o mundo da saúde ser um mundo ligado aos negócios/economia/empresas, o termo "cliente" eticamente não se deveria enquadrar numa situação aguda de doença, uma vez que dá ênfase à questão negocial (serviço/cliente) e não à situação primordial que é o estado de saúde/doença do doente!
 
Cliente? Utente?

Eu prefiro "Pessoa".
 
"Pessoas" somos todos. A questão está na designação em função do contexto. Senão não há Professores, crianças, carteiros, políticos, etc. Não sabemos quem é quem. São todos pessoas.
 
Não podia estar mais de acordo, caro DE!!!
C2
 
O maior problema, é que os enfermeiros, sobretudos os ditos cujos gesrores embarcaram nessa.
CLIENTE.
 
A realidade de muitos hospitais públicos é de lógica empresarial, daí o termo clientes. O cliente, doente ou não, tem direitos e pode exigi-los. É nosso dever informá-lo e facultar-lhe os meios de reclamação. O consentimento informado é a regra. Como vê, os cuidados de saúde não se compadecem com caridade, bondade ou outras parvoices do género. Aqui a relação é terapêutica, com base na competência, e com respeito pelos direitos do cliente. Velhos e novos do restelo, dignificam assim a enfermagem nO HOSPITAL, EPE, onde trabalho, sem qualquer complexo pelos primordios da profissão.
 
Foi a evolução organizacional do sistema nacional de saúde, ou no que o quiseram tornar.
mas, na generalidade, os enfermeiros e alguns outros profissionais de saúde, ainda tratam os clientes no seu domínio em que se encontram - a saúde - onde os designam de doentes.
O ser que padece, o ser enfermo, o ser com necessidades alteradas.
A clientela só serve nsa estatísticas hospitalares e para de um modo generalista conseguir abranger todos os que usufruem de uma instituição de saúde, já que nem todos são doentes, como bem sabemos.
 
O conceito de cliente em saúde é uma treta... Cliente implica ter escolha no quando e como quer ter o produto, coisa que não existe nem pode existir em saúde...
A pessoa não é suficientemente informada para poder escolher o produto, o produto é um serviço que tem um grau maior ou menor de variabilidade consoante o "vendedor" e portanto nunca pode ser igual.

Terminem com este termo estúpido por favor...
 
E consumidor de serviços de saúde? Ou utilizador, vá...
 
Ali atrás achavam estranho haver enfermeiros que não sabiam o que é Epidemiologia, já que essa é uma cadeira no curso base. Pois bem, o que é um facto, é que várias vezes ouvi a pergunta: “Mas o que é isso? Serve para quê?” Se calhar, eram pessoas que faltavam às aulas…

Coitadinha da Sr.ª Enf.ª “LisboaGate”:
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1338956&seccao=Sul
Dois dos mais importantes vereadores de António Costa na Câmara de Lisboa – Ana Sara Brito (Habitação) e Cardoso da Silva (Finanças) – foram colocados em suplentes na lista candidata ao próximo mandato. A candidatura do PS conta com a mulher de Guterres e, na lista para a Assembleia Municipal, com dois nomes de peso no panorama cultural

A polémica em torno dos 14€/hora dos enfermeiros da VMER transmontana faria sentido se a selecção para esses lugares fosse séria e transparente. Como não é, pergunto aos “drivrer-nurses”: acham que estão a desempenhar funções arriscadas? Simples: troquem com o pessoal das enfermarias de Medicina Interna!
 
Caros colegas a terminologia "cliente" é no meu ver a mais adequada em termos eticos e semanticos. Vejamos: Cliente é aquele que estabelece um "contrato" com uma entidade, seja individual ou colectiva. Assim sendo e tendo em conta que numa relação contratual existem sempre "clausulas" que tem de ser cumpridas pelos dois lados, ou seja os direitos e os deveres,faz todo o sentido que tambem na saude esta designação seja aplicada. Assim salvaguarda-se o respeito pelos direitos do doente tais como o direito a ser atendido de uma forma adequada etc., e tambem se salvaguarda o cumprimento por parte do cliente dos seus deveres como por ex. acatar as recomendações e indicaçoes ao longo do processo de tratamento. Se a designação fosse outra tal como por exemplo "o utente" á partida esta componente respeitante ao cumprimento dos deveres do utente nao é contemplada. Mesmo no caso de um individuo que se encontra num episodio agudo de doença, por ex politraumatizado em coma, o "contrato" celebrado anteriormente com o seu sistema ou subsistema de saude confere ao mesmo o respeito pelos seus direitos. Assim mesmo numa situação aguda de doença o individuo deve continuar a ser designado de cliente.
Parece-me estranho uma profissao como a enfermagem, em que tanto se debate a autonomia/subserviencia e tanto se apregoa uma maior decalage das outras areas profissionais no ambito da saude, continuara existir profissionais que prefiram a utilização de termos como doente, paciente (provenientes da semantica medica)e efermo ( Mais uma vez area medica mas com conotação mais religiosa) do que cliente, termo que confere ao prestador de cuidados uma posição mais profissional( em que o individuo escolhe prestar serviço a alguem em vez de ser "obrigado" a faze-lo)valorizando-o consequentemente.
 
Não podemos compactuar com a atitude mercantilista das EPE...Portugal não pode cometer o mesmo erro dos Estados Unidos...O próprio Obama já se consciencializou de que a Saude não pode ser vendida ao privado/seguradoras...Esta foi uma má filosofia adoptada.
Os cuidados de saude têm que estar acessiveis a qualquer pessoa, seja rica ou pobre.

Cumprimentos da enf.ª blogista PlanetaM
 
A terminologia «cliente», por tradicionalmente associada a consumo pago de um serviço ou de um item, produz, de forma compreensível, uma espécie de «formigueiro epistémico», em quem acredita que a relação médico/enfermeiro-utente/doente não é sujeitável a um contrato negocial puro.

Trata-se, no entanto, de semântica, e , como tal, embora de enorme relevância, não absolutamente fundamental.

É certo que o contrato entre o observador e o observado se assemelha a uma relação de comunicação entre emissor-receptor, mas plena de imensos ruídos de fundo, de que as relações económicas puras estão isentas.

Dito de outro modo: se vou a um café e peço um café curto, e ele vem comprido, queixo-me, não pago, peço outro. Se vou a um médico e peço que me cure de uma neoplasia da mama, e ele não o faz, o que faço eu?

Mas esta terminologia tem também a vantagem de nivelar o emissor pelo receptor de cuidados, conferindo uma dimensão mais telúrica ao acto de tratar e cuidar, isto é, mais susceptível de reclamação, e por conseguinte de «cuidado», quando o acto não é adequado.

E há, depois, os problemas conhecidos com as outras designações: (im)pacientes (podem ser saudáveis em prevenção primária, ou doentes que não «padecem»), doentes (podem não o estar), utentes (de quê, ao certo?).

Em todo o caso, não recordo nenhum artigo, mesmo do Reino Unido com as suas PPP, em que sejam referidos «clients» ou «customers», mas sempre os tradicionais «patients» ou «subjects».

Mas mais importante que isto tudo, o formigueiro não me larga...
 
A terminologia «cliente», por tradicionalmente associada a consumo pago de um serviço ou de um item, produz, de forma compreensível, uma espécie de «formigueiro epistémico», em quem acredita que a relação médico/enfermeiro-utente/doente não é sujeitável a um contrato negocial puro.

Trata-se, no entanto, de semântica, e , como tal, embora de enorme relevância, não absolutamente fundamental.

É certo que o contrato entre o observador e o observado se assemelha a uma relação de comunicação entre emissor-receptor, mas plena de imensos ruídos de fundo, de que as relações económicas puras estão isentas.

Dito de outro modo: se vou a um café e peço um café curto, e ele vem comprido, queixo-me, não pago, peço outro. Se vou a um médico e peço que me cure de uma neoplasia da mama, e ele não o faz, o que faço eu?

Mas esta terminologia tem também a vantagem de nivelar o emissor pelo receptor de cuidados, conferindo uma dimensão mais telúrica ao acto de tratar e cuidar, isto é, mais susceptível de reclamação, e por conseguinte de «cuidado», quando o acto não é adequado.

E há, depois, os problemas conhecidos com as outras designações: (im)pacientes (podem ser saudáveis em prevenção primária, ou doentes que não «padecem»), doentes (podem não o estar), utentes (de quê, ao certo?).

Em todo o caso, não recordo nenhum artigo, mesmo do Reino Unido com as suas PPP, em que sejam referidos «clients» ou «customers», mas sempre os tradicionais «patients» ou «subjects».

Mas mais importante que isto tudo, o formigueiro não me larga...
 
1984event... Não considero a saúde um serviço como qualquer outro.
Considerando-o um direito e não um serviço opcional ou de escolha da parte da pessoa (o exemplo de politraumatizado é disso ilustrativo) tal designação de cliente confere um sentido quase mercantilista à coisa.
 
1984event... Não considero a saúde um serviço como qualquer outro.
Considerando-o um direito e não um serviço opcional ou de escolha da parte da pessoa (o exemplo de politraumatizado é disso ilustrativo) tal designação de cliente confere um sentido quase mercantilista à coisa.
 
Paciente! Doente!
Se fosse nos E.U.A, seria cliente!
Aquele Abraço colegas enfermeiros.
 
Caro colega Magistral Estratega:
o que esta em causa com a palavra "Cliente" nao sao so respeito pelos direitos do individuo assim como tambem os deveres do mesmo. Vejamos se o colega se dirigir a um serviço e for mal atendido na condição de "utente" como reclamaria? afinal o colega apenas utiliza o que lhe é apresentado nao podendo exigir mais ( por definição de palavra). Ora se for cliente perssupoe-se que em caso de nao cumprimento das clausulas do contrato por parte do prestador de cuidados ( mau atendimento) possa exigir que as mesmas sejam cumpridas ou resercido de indemenização ( idependentemente da natureza da mesma) por incumprimento.
Agora na prespectiva do profissional. Certamente ja deve ter tido " utentes" que sugerem que tem todo o direito a fazer tudo o que lhes apetece porque tem "direito a saude", ou ate utentes que julgam e verbalizam que enfermeiro tem de fazer determinada acção porque "Eu e que sou o utente!" E tem toda a razão. enquanto utente perssupoes-se que utilizem sem condicionamento pois utente e aquele que utiliza, usufrui de algo. Concorda? Entao torna-se necessario que nesta relação individuo profissional de saude haja tambem uma responsabilização do individuo pelo cumprimento das regras inerentes ao tratamento do mesmo e ao respeito pelos outros.
Como ja disse anteriormente pena é que continuemos a tentar encontrar os "sentimentos" , o " carinho" e a "dedicação" nas nossas acções e linguagem ao inves de optarmos por uma postura pragmatica, coerente e acima de tudo tendencialmente cientifica. E pena que muitos de nos continuem a seguir a maxima "O enfermeiro é o advogado do doente". E depois venham falar de subserviencia!!!
Desculpem o desabafo
 
Vá lá, não terem pensado em freguês!
Gosto muito do termo freguês faz-me lembrar a lota! E toda a gente sabe que se fazem bons negócios na lota...
 
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