segunda-feira, agosto 10, 2009

Vitamina C.



"O conhecimento é em si mesmo um poder"
- Francis Bacon -


As cunhas nos corredores da profissão chovem em barda. Acho que todos sabem, mas poucos têm uma noção real.

Nos dias que correm não conheço ninguém que não tenha um irmão, filho, primo, cunhado, amigo, namorado, vizinho ou periquito que seja Enfermeiro.
No desespero qualquer poeira serve para a vitamina "C". Antigamente era a "C". Agora serve qualquer vitamina a qualquer preço. Tanto faz que seja através do electricista ou segurança do Hospital, da empregada de limpeza ou técnico de manutenção da Clínica, pelo estafeta ou pelo jardineiro sei lá de onde, toda a gente quer um lugar. A 1, 2 ou 3 euros/hora ou uma remuneração mensal indigna, tanto faz. À borla também serve.
Para aumentar as possibilidades, organiza-se uma jornada familiar: aparecem currículos pela mão da mãe, do tio, do avô ou até do cão.

Mas há cunhas inteligentes: a minha favorita é... a do "Doutor":

- Meu filho vai falar com o "Doutor" Bolota (por exemplo)! Ele trabalha no hospital e arranja-te uma vaga! É Médico, portanto deve ser muito influente...

O "Doutor" Bolota, lá vem, corredor abaixo com um punhado de currículos debaixo do braço, pedir uma cunha ao... Enfermeiro, quem mais?
Os currículos (com ou sem cunha) são uma vergonha - não se podem inventar competência ou formações! "Lavar material no consultório do Dentista da esquina" não serve para um currículo de Enfermeiro. Erros ortográficos crassos também não. Um dos meus critérios favoritos é simples: não sabe escrever Português, não tem capacidades para ser Enfermeiro. Para muita pena minha, o que hoje é um critério, há uns anos atrás era algo óbvio.
Já quase nem é preciso abrir concursos. Toda a gente numa Instituição tem "pedidos". Para uma vaga apenas, até já as cunhas fazem fila... São centenas, minto, milhares...

Como tudo isto não bastasse, a formação ministrada pelas Escolas de Enfermagem (fatia substancial) é deplorável. Tão fraca que me deixa absorto.

A pouco e pouco vou deixando de colaborar na formação de alunos de Enfermagem. Não concebo consumir energia na formação de indivíduos para o desemprego. Isso não me motiva. Ensinar a "seco" não é para mim, tal como não é para imensos colegas.

Atirar colegas meus para a humilhação desgasta-me. Como o cenário é devastador, imensos Enfermeiros (os mais experientes e competentes) abandonaram o "barco" (sem paciência, motivação ou vontade...), de tal modo que agora é possível ver um Orientador com 2 ou 3 meses de experiência profissional ou um Professor com 2 ou 3 anos de experiência, sem qualquer mais-valia ou grau académico, sem competências, sem conhecimento, sem nada... Ainda nem se dominam, já andam a ensinar outros! Que paupérrimo! Os moldes industriais de formação são os inimigos do saber.

Depois (reflexo do que escrevi atrás), temos colegas recém-licenciados que não sabem o que é uma hipercaliémia ou quantas gotas tem um mililitro. Não sabem que um centímetro cúbico contém 20 gotas porque é um mililitro. Para muitos isto - tão simples e básico - é um quebra-cabeças! Por favor não me peçam para ensinar gente assim! Mas ainda há excepções e ainda bem. Há bem pouco tempo passou pelas minhas "mãos" um dos melhores alunos que já alguma vez conheci. São pequenas ilhotas de esperança. Por vezes, dou comigo a pensar: "se todos os membros desta classe fossem assim, 90% dos problemas nunca existiriam "...

Sou contra as cunhas. Sou a favor do mérito pessoal e profissional.
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P.s. - Doí-me o peito ao ver tamanhas pilhas de currículos...

Comments:
Isto tudo não passa de encobrimento por parte dos oftalmologistas, que se estão a proteger a todo o custo. Não hove troca nenhuma de medicamentos, essa é uma historia da carochinha que agora estão inventar para desviar a atenção da verdadeira questão que é -

O AVASTIN NÃO É NEM NUNCA FOI UM MEDICAMENTO COM INDICAÇÃO PARA USO OFTALMOLOGICO.

Sei do que estou a falar,ja li na bula do avastin, e la não diz em lado nenhum que é para uso oftalmologico, e COMO TOSDOS SABEMOS SE NÃO DIZ NA BULA É PORQUE NUNCA FOI TESTADO PARA O EFEITO PELAS ENTIDADES COMPETENTES. Há uns meses atras, antes desta polemica questionei um oftalmologista sobre este facto, que me disse que o aplicava em tom de experiencia, pois falou disso com colegas num congresso.
O avastin começou a ser usado por iniciativa dos oftalmologistas contra as indicações das farmaceuticas que , lembrem-se já tinham emitido um comunicado para as entidades hospitalares sobre o facto de não existirem estudos que apoiem o uso de avastin em oftalmologia. Os oftalmogistas so começaram a usar avastin por dois motivos :

Pois parece ter propriadades que ajudam com a pressão intra-ocular e porque 1 frasco de avastin custa em media 400 euros e da para vários doentes , enquanto que o medicamento testado e aprovado para uso oftalmologico pelas farmaceuticas custa mais de 1000 euros e so da menos doentes.

Reparem que fizerm a aspiração do liquido do globo ocular dos doentes , mas espantosamente ainda não sairam os resutados a disser se afinal o liquido é avastin ou liquido de lavar louça. Os resultados não sairam mas incrivelmente já sabem que a culpa não é do avastin mas de algo que aconteceu no manuseamento ou percurso do mesmo. Mas tambem com tanto tempo para forjar os resultados não me ademira nada que o resultado seja que o liquido colhido nos doentes não seja o avastin. SÓ MESMO EM PORTUGAL.
 
Como o compreendo...
 
O exemplo das gotas não terá sido dos mais felizes. Eu já soube, mas esqueci há muito... não me voltou a fazer falta e conhecimentos não utilizados, é melhor "reciclá-los", para dar lugar a novos, caso contrário, podemos não ter "espaço" para adquirir conhecimentos novos e que nos sejam utéis e este sim, é a meu ver um problema de muitos colegas. Se nós começássemos a reparar primeiro na trave nos nossos olhos antes de repararmos no "cisco" nos olhos dos colegas, 99% dos problemas nunca existiriam.
 
Sim senhor doutor enfermeiro.
Só agora é que dá conta que também contribuiu para esta chacina na Enfermagem.
Se náo lecciona-se, alguém o faria por si.
Os meus parabens a todos os enfermeiros e doutores que contribuiram para o desemprego e pouca vergonha toda na classe de Enfermagem
 
Tenho um familiar no desemprego.
Quem arranja local onde possa entregar o curriculum.
Precisa de trabalho.
 
O Azevedo mudou...

Agora é HD!!!

Saiu da Covadonga. Já não é principe Visigodo.

Agora é um "artista" HD, tipo "disco duro". É a modernidade!!!
 
Caro LP, ainda não percebeu que o "homem" é "infalivel" ???!!!
 
Presumo que o seu percurso académico tenha passado por um bacharelato ou licenciatura, curso de especialidade e terá efectuado também um mestrado, provavelmente não há muito tempo (tudo isto são presunções da minha parte). Mas, e a avaliar pelos comentários que faz, pelos post’s que coloca, pela forma como desdenha de classes profissionais que têm de facto prestigio académico-cientifico reconhecido (não discuto “valores humanos”, éticas e similares, deixo isso para a OE), de uma forma simplista acho que se os enfermeiros só não abusam do que o poder e o dinheiro permitem, porque, simplesmente, e de uma forma geral, não o têm. Agora a inveja, a vulgaridade e a má educação para já não falar numa quase iliteracia e na forma vergonhosa de utilização da língua portuguesa repugnam-me. Voltando ao assunto inicial, pergunto-lhe: em que escola se formou? De onde vêm os seus conhecimentos? Existe instituições de mérito reconhecido que presumo o tenham formado a si? Quais são essas escolas com rigor técnico-cientifico comprovado? (Infelizmente, eu não conheço nenhuma e fiz bacharelato, complemento de formação e especialidade em escolas publicas; em nenhuma delas encontrei grande rigor cientifico e disciplina académica... a experiência da “especialidade” foi tão má que até custa falar no assunto!)
 
Tenho pena que desista de formar alunos de enfermagem.
É pena! Porque achando-se tão bom enfermeiro como se insinua seria uma mais valia passarem alunos maus pelas suas mãos e com a sua enorme competência torná-los em melhores futuros enfermeiros. Sempre acreditei que corrigir o que consideramos que as escolas fazem mal está nas nossas mãos. Chumbar quem deve ser chumbado e valorizar quem deve ser valorizado! Assim começamos a filtrar enfermeiros! Agora se desiste desta função (motivante ou não!) só está a contribuir para que se formem mais maus enfermeiros!
 
"temos colegas recém-licenciados que não sabem o que é uma hipercaliémia ou quantas gotas tem um mililitro".
Será que quem sabe isto é um bom aluno? Não me parece.
Algo infeliz este tipo de exemplo.
Choca-me mais o desrespeito pela privacidade dos doentes, a falta de sensibilidade..Afinal ainda há algo que nos define como enfermeiros.
Jonathan.
 
"Se náo leccionasse, alguém o faria por si."

Eu não lecciono.
 
""temos colegas recém-licenciados que não sabem o que é uma hipercaliémia ou quantas gotas tem um mililitro".
Será que quem sabe isto é um bom aluno? Não me parece.
Algo infeliz este tipo de exemplo.
Choca-me mais o desrespeito pela privacidade dos doentes, a falta de sensibilidade.."


Este tipo de comentário faz-me lembrar os ignorantes. Tudo o que referiu deve estar presente nas características de um profissional de Enfermagem. Mas tem que estar assente numa base científica forte para que possa ser cultivado.

Deixe um familiar seu (espero quer nâo) entrar em risco de vida num serviço de urgência. Sei que vai rezar para encontrar bons profissionais, que dominam a ciência, que sabem, que estudaram! Isso não implica que não respeitem...

Já estive em risco de vida, aí - acredite! - só desejei encontrar profissionais inteligentes, sábios, cultos... nem imagina como nessas alturas nos esquecemos da pivacidade... desde que nos salvem a vida.
Respeito e privacidade devemos todos, não só os Enfermeiros. Não serve para distinguir alguém. Despromover o conhecimento é a melhor forma para fazer ofuscar uma profissão.
 
"Já estive em risco de vida, aí - acredite! - só desejei encontrar profissionais inteligentes, sábios, cultos..." e que soubessem quantas gotas tem um mililitro? Reafirmo que não terá sido o melhor exemplo, como também não o é o respeito e privacidade que de facto devemos todos e não distingue ninguém. O nosso problema de conhecimentos é mesmo não possuirmos uma VERDADEIRA base científica "própria", única, com um conjunto de saberes e competências só nossas. Na minha humilde opinião, está na hora de nos preocuparmos mais com uma enfermagem científica do que uma enfermagem humanista ou holística. Sei que (provavelmente) a maioria dos colegas não concordará comigo e preferem continuar a possuir um pouco do conhecimento dos médicos, um pouco dos psicólogos, um pouco até de mecânicos e diria até trolhas. Assim, não há nada em que sejamos verdadeiramente especialistas e portanto, seremos sempre substituíveis, a não ser que a nossa mão-de-obra seja a mais barata, como acontece actualmente.
 
já disse que não posso ler este blog que fico deprimida? não posso...as coisas que escreve deixam-me um profundo nó no peito...licenciei-me com uma média que era isso mesma, mediana, tive uma nota muito boa no estágio de final de curso, no serviço onde sonhava trabalhar...esperei e desesperei cinco meses seguidos, acabaram por me chamar, trabalho lá há um ano, todos os dias sinto que não sei nada e todos os dias tenho alguma coisa para ler, pesquisar, procurar... distraio-me e não é pouco, às vezes acontecem-me parvoíces que me fazem sentir vontade de me atirar de encontro à parede (como me esqueci de escrever isto ou aquilo? como me esqueci de passar isto ou aquilo aos meus colegas?)..não sou brilhante, mas procuro ser cumpridora...amo os meus doentes...emociono-me, vibro, vivo com eles todas as vitórias e derrotas, muitas vezes não sou reconhecida, muitas vezes as pessoas não têm noção do meu papel...não tive nenhuma cunha, não fui uma aluna brilhante, faço muita porcaria e atrapalho-me mil vezes...sou humana, sou uma jovem enfermeira..olhe não sabia que 1cc tem 20 gotas (mas sim sabia que o cc equivale ao ml)...mas sei reconhecer uma isquémia de um estoma, sei reconhecer o sofrimento dos meus doentes e procuro estar ao lado deles quando sofrem, procuro lembrar-me de tudo o que me dizem e de tudo o que é importante saber e dizer...mas sim concordo consigo, a enfermagem perde e muito pela quantidade de escolas que formam alunos com curriculos medíocres, subpreparados para o exercício profissional, tem toda a razão mas nem nas escolas com enorme tradição e óptima reputação (caso da minha) tudo o que se forma é trigo, nem nas medíocres privadas tudo o que se forma é joio...e é pena que ainda que em seco se tem capacidade para isso que não continue a formar...porque eu, recem-licenciada mediana sei que se tivesse tido alguns professores extraordinários a coisa hoje me correria melhor...porque creio que o problema não está em quem forma, está nas políticas de formação, nos jogos de interesse, na total ausência de consideração pelos profissionais existentes e pelos projectos de profissionais que lutam para se formar para no final se verem privados do exercício...bem creio que só escrevi disparates e que acabo de fazer aqui uma composição totalmente verborreica, mas do que li do que escreveu, foi a reacção que me suscitou...
 
Sou recém-lincenciada e infelizmente o meu curriculum deve estar amontuado em vários hospitais e clínicas onde entreguei...
Tive uma proposta de contracto para trabalhar como auxiliar de enfermagem mas com a licenciatura de enfermagem, a 3,5€ à hora e a recibos verdes... ah e só fazia noites... a minha resposta?! NÃO, OBRIGADA!!
Mas infelizmente, houve colegas que aceitaram...
Mas é muito triste, mesmo muito, alguns hospitais estarem como estão e dizerem "não precisamos de enfermeiros!"... e claro, ver colegas meus que não reprovaram em ensinos clínicos devido à tal vitamina C na própria faculdade e já terem entrevistas marcadas para trabalhar... é deprimente!!!!
Essa tal vitamina C só resulta para alguns, é pena que não resulte para mim também, sinceramente... porque agora é apenas isso que funciona...
 
O que mais impressiona, é alunos a reprovar em estágio, já vi imensos, e depois a escola atribui-lhes positiva.

Aos alunos de hoje faltam-lhe duas coisas que no meu tempo eram regra:
Humildade e Responsabilidade
 
A questão do mililitro é importantissima para a administração de terapêutica!
No entanto para a autonomia, concordo com o LP, é necessário criar a nossa base de conhecimentos própria, em que mais ninguém vem retirar daqui. ou se quiser, tem que pedir!
Porque no percurso da história de enfermagem, começamos estas lides laborais ao lado de... médicos! A corrigir erros e maximizar actos terapêuticos. Daí em diante, a nossa autonomização foi sempre conturbada, com luta, com coragem...
e infelizmente após o período de enorme cresimento que a nossa enfermagem teve, desde há 25/30 anos, estamos a assistir a um delínio que custou tanto mas tanto a levantar, a construir, a desenvolver e implementar. O futuro... incerto!
Acima de tudo, tal como diz o DE, "Despromover o conhecimento é a melhor forma para fazer ofuscar uma profissão".
 
Assumidamente partilho a mesma opinião do DE. O podre de enfermagem começa nas escolas e fico absorto quando nem sequer é nos serviços onde termina.

Passaram pelas minhas mãos alunos com competências que permitiam o ingresso directo na vida de cantoneiro, cozinheira ou costureira de rendas finas. Poderiam ser instaurados processos-crime com certos atentados que os actos reflectidos (sim, reflectidos... pois nem passaria pela cabeça de ninguém fazer coisas que estes olhos já viram) de gentes vestidas de farda branca com um brazão ao peito da forma do cifrão, bem como as próprias instituições que os acolhem e facultam a passagem pelas filtragens duvidosas.

Foi este o motivo que me fez abandonar o barco e seguir rumo por novos mares.
Não há volta a dar, a putrefacção da classe começa e acaba nas escolas, nos ditos eruditos de enfermagem que lá leccionam e vergonhosamente fabricam ignorantes, mentecaptos e incultos à velocidade de mg/kg/h.

Enfermagem é boa, para servir de rampa de lançamento para outra vida.

Cumprimentos a todos.
 
com uma enfermagem científica do que uma enfermagem humanista ou holística. Sei que (provavelmente) a maioria dos colegas não concordará comigo e preferem continuar a possuir um pouco do..

Claro que não concordam. Para a dita "enfermagem humanista ou holística basta ter "opiniões" e discursos sem qualquer conteúdo, mas cheios de frases feitas e floreados, coladas de qualquer novela ou revistas tipo Caras, Activa e similares. Quer exemplos: cursos de especialidade de uma ex-escola autónoma e "brilhante” corpo docente da mesma. Também não é de descurar o “blog” ou qualquer coisa similar da ESEP, com a Prof.ª Olga?? (não me lembro o apelido). Pode ainda servir de exemplo (pela qualidade, note-se) de todo o “trabalho cientifico” produzido por alunos e professores nas diversas etapas da sua aprendizagem.
 
Eu estudei na ESEP, e felizmente ainda sou do tempo em que já se falava em holístico, mas em que a parte científica era mais importante. No meu estágio final, estagiei ao lado de colegas de outras ecolas, que tinham muita dificuldade em farmacologia, por exemplo, e eu nem por isso. Também é verdade que me fartei de estudar, mas notei que estava melhor preparada que eles. No entanto, hoje em dia já orientei alunos da minha escola, e é muito triste ver como não percebem nada de farmacologia ou médico-cirúrugica, ou ver como não têm o respeito e a responsabilidade que nos eram incutidos. E ainda é pior depois do bolonha!!!
 
É verdade, tive uma cadeira na escola que me ensinou a contar gotas, gotas para todos os géneros e feitios, tive também uma cadeira que me ensinou a fazer camas, com triangulos nos lençois para todos os gostos e feitios, tive também, para minha sorte, um orientador de estágio que me disse que se me visse a fazer uma cama estava chumbado. Ah grande orientador!!
Sempre ao mais alto nivel...
 
O que são conhecimentos próprios de enfermagem?

Porque é que se reclama tanto da falta de produção de investigação a sério em Enfermagem e ninguém de dá ao trabalho de fazer um estudo simples, bastava uma coisa tipo descritiva transversal: de fácil desenho...

Não esquecer que os enfermeiros "maus" produzidos hoje em dia, foram-no por enfermeiros ditos "competentes" de antigamente...

De referir também que existem alguns entraves à produção de estudos científicos, por parte de enfermeiros, que não podem ser escamoteados... Por exemplo quem é o enfermeiro ou grupo de enfermeiros que consegue fazer um ensaio clínico controlado aleatório (o melhor tipo de estudo)? Nenhum porque é muito caro! Médicos e farmacêuticos só os produzem com o patrocínio da indústria (qualquer que ela seja).

A maioria dos estudos propalados tão cientificos por estes (dizendo que os de enfermagem não valem de nada) nada de novo trazem e nem meta-análises são conclusivas. Servem apenas para produzir currículo.

Face ao ritmo que novos artigos e estudos são feitos (aos milhares todos os anos) faz pensar que os progressos na saúde sejam tão escassos para tanta informação e dinheiro gasto...

Talvez seja altura de pensar que os enfermeiros não estão assim tão errados e que a nossa forma de agir é a mais correcta: agir simples e eficazmente, tentando prever futuras necessidades e evitando-os.

Há uns anos ninguém usava o termo cuidado, só os enfermeiros, não será isto um alerta de que se querem apropriar do nosso modo de actuar?

Andamos nós a invejar os outros quando às tantas sempre fomos nós que estivemos a agir bem. Saibamos capitalizar o facto de termos sido nós a inventar a roda apesar de outros terem inventado o carro que por ela é puxado...
 
Eu estudei na ESE S. João, e no geral a totalidade dos professores que leccionavam exigiam de nós um conhecimento e base cientifica sólidos que nos permitisse actuar ans diversas situações. Sim, porque todas as intervenções autónomas deevem estar assentes em fenómenos e diagnosticos de enfermagem!! Reconheço que o conhecimento cientifico era mais exigido que o holístico!! Reconheço que deglutia CIPE no 1º ano! Sei que por todos os campos de estágio que passei era orientada por professores da minha escola! Também sei que a exigencia era um primor! Agradeço muitos aos meus professores pelos alunos que formaram! Sim, porque no S. João reprovava-se! Depois da fusão não tive conhecimento que a gestão pedagógica mudasse tanto como referem, mas tive oportunidade de falar com uma professora que me confessou a enorme dificuldade em leccionar alunos com formações pedagógicas tão dispares! Continuo a acreditar em Professores como o Abel Paiva; a Antónia; O Filipe; a Nazaré; a Alexandrina.. O Paulo Parente! Não falem do que não conhecem! Quem foi aluno do S. João sabe reconhecer o mérito destes professores brilhantes!!!
 
É por estas e outras opiniões infelizes destes comentadores anónimos que temos a dignidade que temos e somos o que somos!!!!

Sensibilidade e respeito pelos doentes são chavões que se criaram nas escolas e de que todos falam mas não sabem o que é. È como o "prestar apoio emocional"!! Todos o escrevem mas poucos o sabem fazer!!!!
Os alunos de hoje são desprovidos de conteudos e valores e das escolas não levam nada! Andam em bandos, orientados por colegas pouco mais velhos e sem experiência, sem humildade e com a crista levantada!!

Respeito?? Dignidade???
Sensibilidade???

Por favor estudem e aprendam aquilo que na prática nos diferencia!! Ser atencioso e respeitar os outros é um valor que adquire de berço e não por se ser enfermeiro.

QUE CHACHADA!!!!!
 
Gotas? O que são gotas?

Quer se queira quer não, toda a ciência começa na inquietação do espírito e no questionar permanente de tudo o que nos rodeia. Mesmo interrogando-nos sobre o que nos é apresentado como factual, real, dado adquirido e irrefutável. Aqui entra a filosofia que cursa a par do desenvolvimento da ciência e do nosso crescimento pessoal, profissional e intelectual.

As gotas são preparações farmacêuticas com substâncias activas com concentrações normalmente superiores às encontradas em xaropes, por exemplo.

Os dispositivos (dispensadores, que é um termo muito na moda) têm um tubinho que é o conta-gotas que serve não só para contar o nº de gotas, mas também para se saber que volume de produto e concentração de ingredientes se vai administrar.

Há factores diversos que influenciam a consistência e espaço ocupado por um produto. Portanto, a massa e o volume desse produto são determinados por Leis físicas relacionadas com a constante de aceleração da gravidade, o diâmetro da extremidade do conta-gotas, a tensão superficial desse tubo e uma constate que todos nos lembramos que é o Pi (escreve-se com um ró) cujo valor é inesquecível para 80% dos alunos médios = 3,1416.

Digamos que, quando a força do peso do líquido excede a tensão superficial do tubinho do conta-gotas, a gota desprende-se; quando se solta a gota é que temos a massa respectiva, que depende dessa tensão e do diâmetro da extremidade do conta-gotas.

Sim, claro que há um conta-gotas oficial, padronizado, mas que mesmo assim não garante (nem pretende garantir isso) que a quantidade de produto seja igual em todas as gotas. Aliás, o tamanho da gota varia ainda com a densidade do líquido, com a temperatura e com o ângulo de queda da gota (o volume e a massa da gota aumenta com a amior inclinação do conta-gotas).

O conta-gotas medicinal das farmacopeias americana, francesa, italiana..., tem um diâmetro externo de 3 mm e dispensa 20 gotas de ÁGUA por ml, a uma temperatura de 25 graus centígrados (i.e., água destilada), mas apenas se posicionarmos o conta-gotas com uma inclinação de 0 graus.

Porém, as coisas não são tão lineares e se em vez de água destilada quisermos medir alcoól a 70 graus por exemplo, um ml já tem... 54 gotas! E se for glicerina? 1 ml serão.. 25 gotas! Mas, se queremos extrato de Hammamélis (que eu uso)? Então, 1 ml são... 50 gotas!

Há tabelas com os cálculos para medicamentos e a variabilidade em termos de volume por gota. É sempre importante ler a bula porque normalmente vem lá a dizer essa equivalência.
Quando não se tem essa informação, o melhor é calibrar o conta gotas com procedimentos tão lógicos como simples: contar o nº de gotas que cabe em 2 ml e assumir que metade é a quantidade aproximada de 1 ml.

O nº de gotas ainda é importante para calcular o ritmo de uma perfusão e para isso não basta aplicar a conhecida fórmula de Vol total/3xnº horas; é necessário verificar qual é a indicação do fabricante do sistema de perfusão e isso vem gravado no invólucro. Habitualmente são os tais 20/1, mas já encontrei sistemas em que não eram 20 mas 21 gotas por ml. para o cálculo de microgotas é ainda mais importante, porque se trata de uma medida mais sensível aos factores que influenciam a massa e volume da gota.

Claro que na escola só me ensinaram os cálculos, mas hoje em dia não se espera que a escola sirva tudo ao estudante. As pessoas têm que ter interesse em aprender mais e fazer esse caminho do conhecimento. Pelo menos para saberem porque é que dão injecções com alcoól a 70 graus e não a 96 graus. É Físíca, aquela disciplina que não servia para nada...

VV
 
Continue Doutorenfermeiro! A sua análise é brilhante! Claro que provoca ventos e tempestades! Afinal quem não se sente, dizaem que não será filho de boa gente. Não é assim?
 
"No entanto, hoje em dia já orientei alunos da minha escola, e é muito triste ver como não percebem nada de farmacologia ou médico-cirúrugica, ou ver como não têm o respeito e a responsabilidade que nos eram incutidos. E ainda é pior depois do bolonha!!!"

Olhe que os professores que lá estão são exactamente os mesmos que à uns anos atrás.
Não percebi a crítica.

Caro "doutor enfermeiro":
Olhe que a enfermagem não é sõ salvar vidas. Aliás..nem é o que nos distingue dos outros profissionais. Há inúmeros contextos de actuação dos enfermeiros, e na MAIOR parte dos casos, o que nos torna importantes, não é saber quantas gotas perfazem 1 mL.
Será que já atentou no objecto de estudo da enfermagem? :)

Jonathan
 
"amontuado!!!, ou será que quis dizer "amontoado".
 
Volto a repetir que este blog é... fabuloso. Um grupo de "enfermeiros" brilhantes, perfeitos, sérios e conhecedores juntam-se num blog para criticar negativamente:
- Os sindicatos (constituídos por colegas enfermeiros);
- A OE (cujos representantes são colegas enfermeiros);
- Os enfermeiros que criticam os comentários do Blog;
- ...
Agora também não prestam os alunos (futuros colegas) e os professores (colegas enfermeiros)

Com tanta selectividade fica difícil escolher alguém com valor.

Talvez estes colegas queiram dar o seu contributo integrando os grupos que tanto criticam para fazerem melhor...

Talvez não fosse pior. Aliás...tenho a certeza que tudo iria ser bem melhor.
Cumpt.
 
Acabei de ler isto e acho que rflete melhor que tudo o ser enfermeio em portugal -

"Durante estes anos a trabalhar em serviços de saúde tenho percebido situações que até têm alguma piada se não fossem tão frequentes. Situações que se referem às diferenças de tratamento para com o Médico e para com o Enfermeiro, por parte dos Utentes dos Serviços de Saúde.

Se o Médico vem à noite falar com o doente…

É humano e dedicado.

Se o Enfermeiro vem à noite ao quarto sem ser chamado…

É porque não tem mais nada para fazer.

Se o Sr. Doutor chama o Auxiliar para trazer um urinol ao doente…

É porque ele se preocupa.

Se o Enfermeiro chama o Auxiliar para trazer um urinol a um doente…

Não devia chamar o Auxiliar, devia ir lá buscá-lo!

Se o Médico faz uma massagem a um doente, porque ele apresenta uma dor…

A massagem é fantástica, milagrosa e de efeito imediato…

Se o Enfermeiro faz uma massagem a um doente…

Ele não quer é chamar o médico.

O Doente chama…o médico não vem?

É porque está ocupado com outra situação grave. Ou então o Enfermeiro não o chamou!

O Doente chama…o enfermeiro não vem?

Deve estar surdo! O melhor é gritar!

O Doente trata o Enfermeiro por TU… O Enfermeiro corrige?

Este enfermeiro é muito arrogante, convencido…Tem a Mania que é Doutor!

O Doente trata o Doutor, sempre por Doutor claro!

O Doente dá ordens ao Enfermeiro? É Normal!

O Doente pede, clama, implora, mendiga, pela atenção do Sr. Doutor … É normal!

O Doente recusa-se a tomar um medicamento, que segundo ele lhe está a fazer muito mal, o Enfermeiro explica a necessidade do medicamento…Nada convence o doente…Nem pensar… Chega o médico…sorri para o Doente… e diz: _ Então vamos lá tomar o comprimido? O Doente manda o Enfermeiro trazer um copo de água!

O Enfermeiro devia agradecer a todos os santos o ordenado milionário que ganha ao fim do mês…

Mas não há dinheiro que pague suficientemente um bom médico!

Os enfermeiros após vários turnos seguidos a vivenciar tudo isto, vão ficando com o fácies fechado, olhar baço e triste, as palavras saem sem um sorriso… Resmungam uns com os outros, resmungam com os chefes, com o sistema, com a vida…

Mas não é nada disso que os está a afectar, o que os magoa realmente é os Seres Humanos de quem cuidam se esquecerem, tão facilmente, que os Enfermeiros também são Seres Humanos que merecem respeito!"
 
Não posso deixar de comentar este post. Sou recém-licenciada e continuo à procuro do 1º emprego. Apesar de ser indiscutível que um enfermeiro tenha de aliar ao seu exercício profissional a cientificidade inerente à complexidade da saúde humana, eu pergunto, quantos enfermeiros se dedicam à investigação na área de enfermagem?
Será a questão das gotas e dos mililitros assim tão decisiva para intitular um aluno como ignorante?Confesso que não tinha conhecimento de quantas gotas tem um mililitro...
Apesar de concordar que existem escolas privadas a mais neste país (muitas que deixam muito a desejar) , considero que por vezes comentários como "Estes alunos de hoje em dia...no meu tempo eu sabia fazer isto, aquilo e o outro...", que tanto se ouvem pelos serviços me deixam um pouco revoltada.
 
Brilhante sr das 4:45 PM
 
VV

PARABÉNS!

Ficámos... ou ... recordámos que há gotas e gotas, assim como há enfermeiros e enfermeiros, médicos e médicos, etc...
 
Há enfermeiros que retiram o ar da ampola de HBPM antes da administração, há outros que não!
Há enfermeiros que fazem 1º os tratamentos de penso a soluções de continuidade limpas e dp prosseguem para as infectadas, outros fazem ao contrário...
haverá sempre profissionais assim. Uns sabem, outros sabem e justificam, outros não sabem, e fazem como protocolado, outros seguem apenas o rumo do barco (para mal ou bem)...
Não quero dar a entender que assim se deve aceitar e manter!!!
 
Sant'iago,

Talvez fosse interessante clarificar se o ar das seringas de HBPM deve ou não ser retirado antes da administração. É que, na hipótese de isso acontecer, duas outras coisas acontecem também: não se administra a totalidade do medicamento e não se providencia um "túnel" para a retirada correcta da agulha de modo a diminuir o risco de laceração das estruturas sub-cutâneas, especialmente importante no caso do medicamento em causa pelo risco de hematoma.
Acrescentaria só ao seu comentário que na questão das feridas me preocupa ainda mais que não seja explicado (ou que não se discorra) que a regra do centro para a periferia não é universal.

É tudo uma questão de nos interrogarmos sobre a lógica das coisas.

VV
 
A questã da relação gotas e microgotas por mililitro, é simplesmente indispensável para uma correcta administração de terapêutica, nomeadamente em crianças. A culpa não é dos alunos, mas de quem ministra o ensino de enfermagem contando apenas com seringas elétricas e perfusoras. Nem quero imaginar certos cenários...
 
O doutor enfermeiro fala de boca cheia porque no tempo dele entrava logo para o quadro com a 4ª classe.Foi assim que entraram milhares de enfermeiros nos anos 70.
 
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Novo grupo para reflexão de Enfermagem (a promessa é: o que quer que ali se escreva, chegará a "quem de direito")! 

Para que a opinião de cada um tenha uma consequência positiva! Contribuição efectiva!