quinta-feira, dezembro 10, 2009

Arrumar a nossa casa!


"É mais útil algumas vezes a extirpação de um erro, que a descoberta de muitas verdades"

- Mariano J.P. Fonseca, Filósofo, séc. XVIII -


Recebi, por culpa do post anterior, alguns comentários e imensos e-mails.
Alguns versavam sobre a necessidade destas discussões serem efectuados à porta fechada, outros, sobre o facto destas afirmações - porventura - denegrirem a classe, e, houve até, quem demonstrasse preocupação pelo aproveitamento que outros blogs (ou lá que o que são) fizeram do referido post.

A introspecção e o diagnóstico dos erros/lacunas não são motivo de opróbrio. Deveriam ser, ao invés, a força motriz para a extirpação das falhas. A ignomínia reside na recusa da assumpção de fragilidades. Para quem conhece a história da Enfermagem (e não só), isto é um apanágio que caracteriza a bravura dos Enfermeiros - a classe que mais evoluiu nos últimos 40 anos!

Nenhuma outra classe da Saúde (ou outro contexto) pode declarar imunidade ao que quer que seja. Conheço Médicos para quem "retenção de CO2" é um mistério e Farmacêuticos a garantir que a calvície se "deve às lavagens frequentes do cabelo" (ouvi eu numa farmácia, enquanto um balconista tentava impingir umas ampolas quaisquer a um pobre crédulo), ou que metade de 0,150 é 0,75!

Como está a casa dos outro não me interessa, o meu desejo é "arrumar" a nossa/minha "casa". Altos e baixos fazem sempre parte integrante da história de uma profissão. A arte consiste em aprender com os baixos para ensinar nos altos.

Relativamente às afirmações lamacentas de outros blogs, são como o apêndice nos apendicectomizados - a última das preocupações.

Comments:
O seu erro continua a ser considerar a enfermagem como um trabalho eminentemente intelectual, quando na realidade é um trabalho eminentemente prático. Tanto, que durante decadas foi feito por pessoas unicamente com formação prática (não é o meu caso, só tenho 48 anos). Isso não desprestigia ninguém.
Desprestigiante só é para quem queria um emprego diferente, e acabou neste.
Não percebo nada de retenção de CO2 e não tb me interessa. Para isso existem os médicos. Eles são o decisor final, portanto que assumam as responsabilidades, já q tb ganham para isso. Vou andar a assumir conflitos e riscos por 1200 euros por mês, quando ao lado está o "doutor" a receber 3 ou 4000 sem fazer nenhum? Pelo menos q faça o papel dele, estude e dê ordens com nexo.
 
Soares, acabou de escrever um verdadeiro manifesto anti-enfermagem. Desculpe, está na profissão errada.
É por filosofias dessas que a Enfermagem está como está...
Isto se realmente for Enfermeiro, claro...
 
"O seu erro continua a ser considerar a enfermagem como um trabalho eminentemente intelectual, quando na realidade é um trabalho eminentemente prático. Tanto, que durante decadas foi feito por pessoas unicamente com formação prática (não é o meu caso, só tenho 48 anos)."


Olhe os arquitectos, trabalho intelectual feito por pessoas sem formação até há bem pouco tempo... e nem por isso deixa de ser trabalho intelectual...
 
Se quiser nao publique este comentário, como tem feito, nao publicar o que não lhe agrada.


Já gostei mais de si do que gosto (também pouco que lhe importa).

Mas que há muita muitos posters e comentários, aqui publicados, que em nada beneficiam os enfermeiros essa é uma realidade
 
Desculpe mas também acho...

Por vezes a sua intenção até é boa mas começam os comments e desaba numa verdadeira barbaridade.
Já gostei mais de si...mas quem me envergonha verdadeiramente são os comentários sobre a profissão que também me levam a pensar que não vêm de enfermeiros...
O seu papel falha na triagem deses comentários...
Pode triar este e deitá-lo fora que não me ofendo, mas por favor não ignore o conteúdo...
Obrigada
 
Caro colega Soares.
Prefiro acreditar que se equivocou ao dizer que "o último decisor é o médico". É mentira!
O último decisor é sempre o doente. Ponto final!
Tenho 26 anos, mas penso que quando o último decisor for o médico, então vamos ter um sistema profundamente coorporativista e capitalista, onde só se faz uma cirurgia se for vantajoso para o médico, só se "gasta" tempo e dinheiro num doente se este apresentar potencial financeiro, isto é, se for um bom negócio, tudo isto acompanhado pela impossibilidade de reacção, reivindicação e autonomia por parte dos doentes.
A saúde passa a ser um serviço com fins lucrativos e não um direito previsto na constituição.
Penso que cada vez mais, os enfermeiros têm que assumir um papel activo junto dos doente, mais comcretamente no aconselhamento, acompanhamento e tratamento, o que implica a aquisição de competências técnicas mas também científicas, porque se não for assim, mais vale contratar apenas auxiliares de acção médica e TAEs.
Talibã das Beiras: Sempre ao mais alto nível.
 
DE parabéns pelo seu trabalho. continua a ser a consciência mais proeminente da enfermagem.

Continuo a passar no blog quase diariamente.

Cumprimentos, desassossego
 
(":::quando o último decisor for o médico, então vamos ter um sistema profundamente coorporativista e capitalista..."
Desta vez (à semelhança de muitas outras), as pretensões de "alto nível" do chocante e original Talibã das Beiras, ficam em meros comentários ingénuos. (Antes ingenuidade do que patetice pura.)
 
A Enfermagem como ciência do simples "saber fazer" pensei que já estava em vias de extinção, mas afinal estava redondamente enganada; esta ainda é a visão de alguns dos protagonistas desta profissão, basta ler o 1º comentário aqui apresentado.

Na Enfermagem do século XXI já não se aplicam as "técnicas de Pavlov"...Sou Anti-Retrocesso e esta não é a minha visão do "Ser Enfermeiro".

Cumprimentos da colega Planeta M
 
As máximas que a enfermagem tem de adoptar são em meu entender:
Saber Ser;
Saber Estar;
Saber Fazer;
Mas sem o Saber SABER as outras são impossíveis.
Nem sempre estou de acordo com o "Talibâ das Beiras " mas no comentário dele existe muita verdade. Poderia explicar melhor o que se passa já em muitos hospitais mas, corro o risco de enfurecer as "doutas autoridades"....PUTZ

MB
 
A enfermagem cresceu tanto nos últimos 40 anos que continuamos mais abaixo do que todos os outros.
Olha se não evoluissemos!!!!!
 
Já viram por acaso médicos delatarem publicamente colegas incompetentes, burros como portas, oportunistas, que se vendem aos laboratórios por umas viagens e afins?? E mais, toda a gente conhece....

Já viram?
O caso dos "piratas" foi abafadinho... O bastonário com um ar angélico, como se nunca tivesse viajado patrocinado, afirmou desconhecer tais situações.Pois...
Isto tudo para dizer que enoja ouvir o filho de uma prostituta chamar puta á mãe para que ela mude de vida!
Entende Sr Dr Enfermeiro?
 
Caro DE, onde é que assino por baixo? Brilhante análise. De qualquer maneira algum proteccionismo requere-se, mas penso que sob a forma de autoregulação por parte dos comentadores (refiro-me a Enfermeiros).
Colega Talibã das Beiras, concordo consigo, no entanto a referência aos TAE era desnecessária, é injusta e na prática sobrevaloriza-os em reflexões em que nem nos lembramos que eles existem.
P.S. O comentário do "colega" Soares é indigno de um Enfermeiro, reflita se sabe o que significa tal coisa e resumir a sua forma de estar como Enfermeiro a uma mera questão de massa salarial em lugar da sustentação técnica e cientifica é um atentado a todos os valores inerentes à Enfermagem Portuguesa (até nas piores -digo menos boas-, escolas se defende o principio do saber-saber, saber-fazer e saber-ser, se o conseguem operacionalizar ou não é outra história). Pense em tirar outro Curso Superior, porque deste não deve ter aprendido muita coisa...
Cumprimentos,
C2
 
Autonomia? Nos últimos trinta anos, lutámos muito dia a dia nos serviços, para agirmos autonomamente, excepto na prescrição, como tem sido expressão corrente, mas hoje ressurge cada vez mais a figura do Enfermeiro(a) do senhor doutor. É jovem, tem mo máximo quinze anos de serviço, nunca fez uma especialidade, adquiriu um escalão devido à formação em serviço e nunca investiu na profissão. É o preferido dos médicos no serviço, disponibiliza-se incondicionalmente aos seus horários e hábitos. Galvaniza os mais jovens, nesta estranha forma de poder. Esquecia-me de dizer, são LICENCIADOS.
 
E o mais estranho é que os comentários vêm principalmente de uma geração dos 50 anos que, supostamente, contribuiram para a evolução de Enfermagem nos últimos 40 anos...foram a irreverência da Enfermagem aquando do seu inicio em Portugal! Agora cortam as pernas quando mostra-se irreverência? Fala o roto do rasgado!
Acho que aumentar a autonomia de Enfermagem é o próximo passo...
Não entendo essas mentes retrógradas que outrora foram irreverentes...Acho que é um retrocesso...

É pôr tudo num monte e rebentar...
 
Caros colegas, é óbvio que o Soares não é um enfermeiro... será um qualquer AAM ou TAE com dor de cotovelo por não ser emfermeiro e que desconhecendo a realidade da enfermagem diz o que se pode ler...
 
Já não há pachorra para ler neste e no post anterior tanta frustração... por muito que custe a alguns vejam quais as reais razões porque os médicos têm o estatuto que têm... e devíamos era fazer o mesmo de deixarmo-nos de tretas humanistas que não nos têm levado a lado nenhum. Eles são poucos (logo, damos mais valor a um recurso escasso), especializam-se por razões técnicas e não por humanismos e filosofias de cuidar... entre outras...
 
Repito a minha mensagem para que seja lida tb aqui..

Por onde começar? porque o problema e vastissimo...
sou docente, não obstante todas as barbaridades expressas nos post's e por todos, agora iluminados com o receio de diminuir a classe, etc...
acho que deveríamos ter a coragem de assumir o que foi dito pelo DE.
Não há dúvida que os alunos que entram em escolas publicas, pelo facto de entrarem com boas médias, são com certeza pessoas com capacidade intelectual, cientifica...mas depressa se deixam arrastar pelo ambiente académico, leia-se, festas e bebedeiras, dia sim, dia não..
saberão vocês o quão preocupante é alcoolismo nos alunos durante os 4 anos de curso?
Vingam aqueles que se entregam de modo sério ao que interessa, e felizmente há bastantes...
Muitos lutam apenas pelo 10 val. a quase todas as disciplinas, 'querem passar'; bioquimica, microbiologia, anatomia, fisiologia, etc. são um assombro, chega mesmo o 10...
nas disciplinas de enfermagem faz falta o 'caring', com certeza que sim, e se ele fosse bem abordado seria um salto gigante (contrariando o anónimo que referiu o contrário), mas que não se veja o caring despojado dos conhecimentos técnicos, relacionais e todos os outros transversais que ajudam a atingr as competências, o assunto refere-se a complexidade e não a superficialidade;
Depois existem as escolas privadas, sobre as quais deviam ser aplicados critérios apertados de avaliação e acreditação dos ciclos de estudos e, sobretudo, sobre as boas práticas que desenvolvem (ou não!)
Infelizmente os hospitais abrem mais vagas de estágio para estas escolas do que para as públicas, ora... fácil de justificar, 'porque recebem dinheiro';
as escolas públicas vivem hoje dramas para programarem estágios, as privadas não!
Mas das privadas ninguém vai ao campo de estágio, os objectivos (sempre iguais para todos os anos e estágios, estilo chapa3) são enviados pelos alunos, bem como a avaliação;
Conhecimento cientificos, ai...que problema.. em geral colam-se aos nossos alunos para "cravar" uns apontamentos
... ... ...
não vale a pena escrever mais!
Caro DE, mais uma vez, tocou numa ferida que urge debater seriamente, a nível nacional!
Não concordei com o modelo de desenvolvimentpo profissional da OE, mas hoje acredito que o exame à Ordem é imprescindivel para aferir e apurar quem detém (ou não) as competências minimas desejadas.
Obrigada, e elogio a sua agudeza
PS
 
aquilo que quero é que vocês aprendam a ser mais felizes. Tb já tive 25 anos e já comprei querras desnecessárias, entretanto a vida ensinou-me a encarar as coisas com mais sentido prático. Quer queiram quer não, o sistema implica prescrições médicas, decididas e assinadas por eles e executadas por nós. É assim no mundo todo em grau maior ou menor. Evidentemente, de forma pontual, algumas intruções discutem-se e anulam-se, conversando civilizadamente.
Algum dos colegas ultrajados que nem acredita que eu seja enfermeiro, gosta quando um auxiliar desrespeita deliberadamente as instruçoes que lhes damos? Acham que a equipa funciona melhor assim?
Lemdo estes posts entendo porqe é que alguns estudantes nem querem tocar nos doentes, afinal queriam era prescrever, decidir, etc. Ou seja queriam ser médicos. E depois quem executava as vossas ordens? Os famosos "auxiliares de enfermagem"´q serão tão bons pra nós?
Desculpem mas vocês é que estão a denegrir a classe, e a desgastarem-se desnecessariamente. Concentrem energias em lutar por carreiras e salários q isso sim, é importante especialmente para a vossa geração.
 
Afinal o qual ou quais são as áreas da ciencia em que a enfermagem portuguesa é autonoma e simultâneamente interessam ao cliente?
É uma dúvida que sempre me acompanhou. Teorias à parte evidentemente...
 
Parece que afinal com esta ficamos por aqui...
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

AmazingCounters.comVisitas ao blog Doutor Enfermeiro


tracker visitantes online


.

Novo grupo para reflexão de Enfermagem (a promessa é: o que quer que ali se escreva, chegará a "quem de direito")! 

Para que a opinião de cada um tenha uma consequência positiva! Contribuição efectiva!