quinta-feira, maio 13, 2010

Ironias do alarido!

Anda para aí um burburinho esquisito. Certas mentes tresloucadas atreveram-se a profanar a classe de Enfermagem. Uns arrimam com afirmações de carácter difamatório, exclamando que as Escolas de Enfermagem andam a formar gente a mais! Uns quantos ingénuos tiveram a insensatez de clamar - pasmem-se! - que há desemprego entre os Enfermeiros! Há ainda quem vocifere que a esmagadora maioria dos recém-licenciados em Enfermagem atravessam longos interregnos afastados do contexto clínico, e que uma fracção substancial talvez nunca conseguirá exercer sequer!
Proliferam também, pelos quatro ventos, vozes inconsequentes que garantem que os Enfermeiros deixaram de ter poder de reivindicação! Certos mentiroso alvitram que os salários têm "caído"...

Lamento, mas este cenário é impossível! Sim, impossível! Se a Bastonária argumenta que os rácios da OCDE roçam, quase, os 10 Enf/mil habitantes e Portugal afigura-se nestas matemáticas com uns paupérrimos 6 Enf/mil habitantes... então como pode ser?
A conclusão é fácil: os Enfermeiros são uns queixinhas! Atingiram (apenas) ainda pouco mais de metade dos rácios de referência e se queixam? Já se lamentam? Pura ignorância! 
Com 60 mil Enfermeiros em Portugal há desemprego? Impossível!

Para nos situarmos próximos da treta da OCDE precisamos de 100 mil Enfermeiros! E vamos com sorte: a Noruega tem 31 Enf/mil habitantes! Portanto, é só fazer as contas, cá o Portugalito tem que dispôr de 310 mil Enfermeiros!
Por favor Escolinhas de Enfermagem: toca formar mais, que a romaria ainda vai longe! Ordem dos Enfermeiros: urge escrever uma cartinha ao Mariano Gago a explicar a necessidades de não-sei-de-quê-não-sei-que-mais-pré-pé-peu-pardais-ao-ninho, não?

Há gente que avisou, avisou, avisou, mas não. Sem qualquer enquadramento legal relativo a dotações, andamos a atrás dos gigantes imaginários... 59,999 Sanchos Panças e uma Dona Quixota!
Um recado: rácios e dotações não são a mesma coisa!


Pelo menos, fruto do suor e de tanto pregar aos peixinhos, já muita gente parece ter compreendido, porquê que os rácios da OCDE, ou até da OMS, não são extrapoláveis para Portugal!

Comments:
"Difamar"; algo que vós fazeis tão bem, senhor Doutor.
 
Quero ver alguns Srs Professores a cair do altar e a regressarem ao mundo das bacias e das fraldas recheadas!
Pois é, a vida é dura!!
 
Só há desemprego porque há enfermeiros a mais...e porque há quem faça 2X, 3X, 4X, ...
 
Ironia ao mais alto nível.
 
anonimo das 12:55, os enfermeiros trabalham 2x ou mais pq têm filhos para sustentar casas para pagar e comida para comprar. sim, nao pense que sobra para muito mais a um enfermeiro que trabalha ha 13 anos e recebe uns miseros 1140euros, depois de um ano de sacrificio a tirar a licensiatura.
tb acho graça qd oiço alguns prof. enfermagem dizer que a culpa é dos enf. em duplo, qd eles proprios fazem duplo....lol.. haja tino.

só trabalho em duplo pq preciso, ninguem faz 54h/ semanais com 2 folgas por mês porque sim.... pensem antes de escrever qualquer coisa
 
Não percebo agora essa ironia DE, ao ritmo da formação duvidosa de algumas escolas de enfermagem, qualquer dia são mais os enfermeiros no desemprego do que os a trabalhar.
tenham juízo e valorizem a enfermagem
 
É preciso fechar algumas escolas de enfermagem, para a profissão voltar a ter dignidade, não tenham dúvidas. Nos anos 90 o último aluno a entrar teria média de 15/16, ou mais nalgumas escolas. Atualmente entram alunos com 9,5 valores (os piorzinhos, os mais baldas, etc, etc...). Onde é que isto irá parar? Acordem ordem dos enfermeiros e sindicatos, deixem de falar em falta de enfermeiros, rácios e dotações... e mandem fechar as ecolas de enfermagem com menos qualidade, nomeadamente as privadas.
 
Caro DE

As coisas não são bem assim.

Mesmo com as dificuldades que tantas vezes aponta nas estatísticas da OCDE, o que é certo é que o ratio enfermeiro/habitante em Portugal é muito baixo.

Se consultar a estatística da OCDE de 2009 verá que, na «definition and deviations» se encontra:

«Midwives,nursing aids who are not recognised as nurses,and nurses working in administration and research should normally be excluded.» Embora a maioria dos países inclua «associate professional nurses» que farão trabalho menos diferenciado, não conheço nenhum estudo de equiparação profissional transversal a todos os países (a conclusão a que poderíamos chegar é que equivalem aos enfermeiros generalistas portugueses). Em todos os países são contabilizados os enfermeiros, que fazem trabalho de enfermagem, de forma genérica (ignoremos para já eventuais diferenças na aquisição académica de competências ou em diferentes concepções do acto de enfermagem).

Portugal é o 5º pior país, com uma razão de 5.1 por 1000 habitantes. A diferença é tão gritante (na Noruega são 31.9) que continuaria a sê-lo, mesmo se incluísse os assistentes operacionais nas contas lusas.

Além de que, mesmo comparando com a Áustria, o único país que só contabiliza enfermeiros hospitalares, ficamos ainda assim a perder (7.4 por 1000 habitantes neste país).

É certo que as estatísticas valem o que valem, as formações são distintas, a definição de acto de enfermagem é distinta, e os critérios de contabilização são, também, distintos. Em todo o caso parece-me evidente que a razão portuguesa é desproporcionalmente baixa (até que não sabemos se comparando estes indicadores entre países, ficaríamos a ganhar ou perder).

O facto de se achar que os enfermeiros deviam ser melhor remunerados não pode servir de pretexto para ignorar outra evidência, a de não os haver em número suficiente para um SNS produtivo (em saúde publica) e eficaz (em termos económicos).

Ainda mais se contarmos com o mais que previsível envelhecimento populacional e a reforma dos nados no «baby boom».
 
Ahaha óptimo post, adorei!!
Enquanto houverem 41 escolas de enfermagem, onde na maioria reina a caça à propina, com qualidade de ensino duvidoso, isto nao há-de mudar..
 
Sempre disse que os objectivos dos Professores de Enfermagem são opostos aos dos Enfermeiros, infelizmente quem dita os destinos dos Enfermeiros em Portugal tem sido os Professores.
Os Enfermeiros comem e calam, como é habitual
 
pois os professores nas escolas estão muito bem !!! ganham muito melhor ....
Gostava de os ver no desemprego ou a trabalharem nas medicinas, aí compreendiam-nos.

as escolas não fecham porque os professores vão para o desemprego

Micas
 
Caro ronyjux:

O verbo haver só se conjuga quando é auxiliar de outro verbo.
 
Ao Sábado os enfermeiros são todos altamente qualficados (grau 3, licenciados, mestres e doutores), ao Domingo o Ensino é péssimo e os alunos péssimos.

Alguém me explique sff.

Obrigado.
 
O facto dos enfermeiros serem altamente qualificados (alguns deles)não invalida o facto do ensino de enfernagem neste momento ser péssimo e os alunos sairem mal formados!
Uma coisa não tem rigorosamente nada a ver com a outra!
A maioria dos enfermeiros não são mestres nem doutores em enfermagem, são sim notras áreas e qual é o problema?
Percebeu? ou
Quer que lhe faça um desenho?
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

AmazingCounters.comVisitas ao blog Doutor Enfermeiro


tracker visitantes online


.

Novo grupo para reflexão de Enfermagem (a promessa é: o que quer que ali se escreva, chegará a "quem de direito")! 

Para que a opinião de cada um tenha uma consequência positiva! Contribuição efectiva!