quarta-feira, julho 21, 2010

Relatório (técnico) minoritário?

Está neste momento em consulta pública (até 15 de Setembro) o Relatório do Grupo Técnico para a Reforma da Organização Interna dos Hospitais,  elaborado por um "Grupo Técnico a quem foi solicitado que, com independência, produzisse um relatório que, para além do diagnóstico da realidade hospitalar, propusesse uma nova matriz organizacional dos hospitais do SNS, tendo por base os princípios de melhoria do acesso, de incremento da qualidade dos serviços prestados e da satisfação efectiva dos utentes e dos profissionais".

Já cumpri o meu dever como cidadão e profissional de saúde: li e analisei o referido documento. Se nós estivessems numa nação terceiro-mundista, era uma leitura agradável, mas aqui, em Portugal, não.
É um relatório... romanceado e demagógico. Não precisamos de mais diagnósticos, eles já existem e muito bem definidos (todos sabem o que está mal!). Esse não será, porventura, o problema! O problema é a etapa seguinte: a concepção estratégica, a operacionalização, a consubstanciação, a execução, a refoma...!!

Em primeiro lugar, um missão desta índole (que se preze) deve ser transparente, começando logo pela justificação, com base em critérios, da nomeação selectiva dos membros que a integram. Sem querer desclassificar os actuais indigitados, faço men ção a esta questão pelo rigor que deve ser exigido nestes âmbitos:  clareza e objectividade - quem são escolhido e porquê (pormenorizadamente)?

Em segundo lugar, apraz-me a existência de 2 Enfermeiros neste "Grupo Técnico" (tive conhecimento deste facto em meados do mês de Março). No entanto, se o objectivo de toda esta missão é a reforma da organização interna dos hospitais, parece-me pouco ambicioso que a composição do mesmo seja restrinja a Médicos (maioria), Enfermeiros e Administradores Hospitalares. Provavelmente - no meu ponto de vista - talvez (digo eu) fosse proveitoso obter outras perspectivas, caso contrário, todo o processo corre o sério risco de se tornar pobre, com uma aplicabilidade relativa, afectada pela falta de envolvimento de todas as classes.

Em terceiro lugar: poderia estender-me aqui em comentários ponto-por-ponto, numa análise exaustiva e pormenorizada, mas julgo que não valerá a pena. Três ou quatro frases resumem todo o conteúdo do referido relatório: sem novidades, sem estratégia que desenhe uma verdadeira reforma e sem espírito inovador e empreendedor. Invoca algumas questões de uma forma muito superficial quando as mesmas careciam de profundidade.
Prefere, ao invés, dissertar sobre assuntos já demasiado batidos e banais, que qualquer profissional do sector conhece.

É possível constatar também que muito das ideias-base foram importadas do NHS (Sistema de Saúde Inglês), mas apenas de uma forma "aromatizada". Mais grave ainda, recorrem a informações antigas (algumas com mais de 5 anos) relativas à gestão - talvez desconheçam que no último ano o NHS sofreu uma reforma que incrementou a autonomia do papel da Enfermagem neste âmbito e conduziu os Enfermeiros à liderança do sistema.

Por fim, um relatório oficial, organizado e concebido por orientação ministerial, que se propõe a diagnosticar e conceber estratégias reformistas que usa o etcetera... não me convence. No rigor não existe etcetera.
Fica muito claro que esta -  pretensa - reforma será mais do mesmo, ou seja, nada. Além de tudo, discutir agora o que já se discutiu há 15 ou 20 anos noutras realidades é... frustante.

Comments:
A primeira medida ,mais importante,era este governo deixar funções.
 
Mais uma das muitas para encher o papo de alguns e mostrar nada aos outros, ou seja; enquanto se vão agendando reuniões, discussões, e mais, o MS vai resolvendo com o SEP o que mt bem quer. Os outros são verbos de encher, só espero que o Azevedo, SE, não se cale e ponha as ideias dele para melhor representar os Enfermeiros
 
O Ministerio da propaganda ao serviço do Sr Engenheiro,dando esperança aos Portugueses com uma discussão publica em periodo de férias de Verão.
Para compôr o ramo, duas enfermeiras,antes que o grupo se indignasse.Estão representados.....
 
Ola Lara , quando nao se sabe o que se diz, é melhor estar calada.
Continua com a tua paixão e que sejas muito feliz.
 
Por acaso já leram o despacho 30/2010 do gabinete do Secretario de Estado Adjunto e da Saúde?
 
Nem tácnicos de diagnóstico, nem fisioterapeutas, nem farmacêuticos, enfim... sempre médicos, sempre dos mesmos para cobrirem as costas a si proprios (sem desmerimento a quem é médico, quem dera a mim que tivessemos enfermeiros a fazer lobby À nossa profissão, mas é o que se vê..).
entretanto, também já podem incluir no grupo as "secretárias clínicas" =D

meu deus, por onde a Saúde está a ir, aliás, a cair....
destrói-se assim uma profissão (enfermagem), e se destrói um bastiao de democracia, o SNS.
Parabens ministra, sim senhor, secretário de estado!
óptimo trabalho, hein??
 
Ao anonimo das 1.15 AM
Por acaso sei o que digo, conheço bem a nossa classe e sei quem são os abutres da enfermagem. Conheço a politica da saude e como ela se faz... ou não sabe que o SEP, OE e Ministerio são a panela?
 
Enquanto a mentalidade for esta os enfermeiros serão assim representados nos grupos de trabalho.

http://sociologias-com.blogspot.com/2010/06/la-guerre-menee-par-lindustrie.html

La guerre menée par l’industrie pharmaceutique contre nos santés
Dr Pascal Sacré

http://sociologias-com.blogspot.com/2010/05/big-pharma-ceux-qui-font-de-nos-vies.html
 
vejam como os Enfermeiros em nada contribuiram para a crise e como estão a ajudar ,involuntariamente mais que muitos, o Pais a sair da crise.
360.000.000€/ano é o "contributo "da Enfermagem Portuguesa
http://saudeeportugal.blogspot.com
A discriminação a que os enf estão a ser sujeitos em nada ajuda a resolução dos problemas do SNS.Não são cegos só não querem ver.
 
A reforma do sistema de saúde em Portugal tem de ser radical e cortar amarras com com médicos...tudo e todos sobre o seu controle tem de acabar rapidamente...vejam o sistema Finlandês...directores clínicos não têm obrigatoriamente de ser médicos, assim como Presidentes de Conselhos de Administração; enfermeiros chefes sim,assim como médicos directores de serviço, melhor "Chefes de Serviço", responsáveis pela gestão das suas equipas, a direcção do serviço deve ser colegial (enfermeiro e medico); a departamentação em duas grandes categorias dos hospitais; GESTÃO HOTELEIRA E GESTÃO DE SAÚDE entregue a equipas diferentes, com orçamentos independentes coordenadas por um conselho de administração colegial...em Portugal é a politica do "deixa andar" e da submissão a interesses corporativistas: assim nunca levantarão a cabeça, andarão sempre em terrenos do "faz de conta"...AFASTEM OS MÉDICOS DA GESTÃO DA SAÚDE CINCO ANOS E VERÃO QUE RESULTADOS EXCELENTES CONSEGUIRÃO...VERÃO ELES ENTRAR ÁS 8 E SAIR A HORAS...E LENTAMENTE A SUA ARROGÂNCIA DE CLASSE ESPECIAL ACABAR...ENGRAÇADO QUE ISSO SÓ SE VÊ EM PORTUGAL...
 
Não sendo do ambito do post,mas gostaria de deixar esta informação
http://www.acs.min-saude.pt/pns2011-2016/2010/07/23/apeo-2/
APEO: Capacitação e Responsabilização do Cidadão
Leiam o contributo destes e mais colegas para o plano nacional de saúde 2011-2016.
 
Qual o contributo dos Enfermeiros, nomeadamente das suas hierarquias de topo para a construção de soluções que procurem melhorar o SNS?
A constituição desta comissão espelha bem essa mesma contribuição, sendo até bem generosa !

Vejam que nela não existe representação de outras classes, como os farmacêuticos ou os técnicos de saúde, pelo que os Enfermeiros devem dar-se por muito satisfeitos pelo facto de ainda lá terem assento!
 
Para usar a terminologia do Francisco Louçã, o problema dos Enfermeiros é serem demasiadamente "Mansos"!Mas existem outros tios e tias que de mansos não têm nada e vão ganhando terreno .
 
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