quinta-feira, novembro 11, 2010

Doutor Enfermeiro conversa com... Enf. José Gomes

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O blog Doutor Enfermeiro tem uma nova rubrica. Um conjunto de entrevistas, regulares, objectivas, acerca dos temas mais marcantes do sector da saúde, centrado concretamente na Enfermagem, sem nunca colocar de parte outras actualidades de interesse. Serão sempre convidadas um conjunto de personalidades relevantes para o assunto em debate.
O próximo rol de entrevistas versarão sobre o Pré-Hospitalar e o papel dos Enfermeiros no Sistema de Emergência. 
Entre os próximos convidados encontram-se Operacionais do INEM (VMER, Helicóptero, CODU, SIV, CIPSE), Ex-Presidentes do INEM, Sindicalistas, Presidentes de Associações Profissionais ligadas à Emergência, Enfermeiros dos Corpos Directivos da Ordem dos Enfermeiros, entre outros.
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José António Gomes
Bacharelato concluído em 1999
Licenciatura em Enfermagem concluída em 2000
Frequenta Pós-Graduação em Gestão de Unidades de Saúde
HSJ desde 1999-2007 (SU Adultos, Unidade Hemato-Oncológica e UCI Cirurgia Cardio-Torácica)
Ambulância SIV de Porto/Gondomar desde 2007
Representante dos Enfermeiros SIV da Região Norte de 2009-2010

1 – Enfermeiros no pré-hospitalar: sim, não ou “permita-me que explique”?
Sim, sem qualquer margem para dúvida.
É indiscutível a melhoria do socorro a partir do momento em que os profissionais de saúde passaram a estar presentes no pré hospitalar.
O Enfermeiro com a sua formação académica e experiência acumulada em meio hospitalar contribui de forma fundamental para o bom funcionamento do SIEM e pela melhoria do socorro prestado a população.

2 – Portugal: faz sentido Técnicos de Emergência Médica com competências alargadas (sobrepostas às dos Enfermeiros, por ex. cateterização para acessos, administração de fármacos, etc)?
É um tema controverso, mas não sou fundamentalista nesse aspecto.
A necessidade de formação acrescida para os técnicos de ambulância de socorro é mandatória. Com o aumento da formação, não vejo problema em alargarem as suas competências de acordo com os seus conhecimentos e experiência.
Para a definição destas competências terá que haver um pronunciamento da Ordem dos Enfermeiros e Ordem dos médicos em conjunto com INEM e Ministério da Saúde.
No que diz respeito as competências em concreto e para que não haja dúvidas, existem procedimentos que poderiam ser efectuados pelos técnicos da mesma forma como certos utentes também aplicam algumas técnicas no domicílio após ensino pelo pessoal de enfermagem.
Quero ainda acrescentar que este acréscimo de formação e competências só poderá ser feito em equipas profissionais que dependam directamente do INEM, ao qual caberá a fiscalização, monitorização e avaliação da actividade desenvolvida. Desta forma a população será beneficiada através da prestação de cuidados seguros e com qualidade.
Qualquer decisão não poderá colocar em risco a população. As competências estão intimamente relacionadas com a formação de base e experiência de cada categoria profissional.

3 – Enfermeiros nos CODU: sim, não ou “permita-me que explique”?
Sim. Foi um erro o seu afastamento.
Com a configuração actual o enfermeiro era uma mais-valia no acompanhamento dos meios. Não se compreende que depois do parecer positivo por parte dos responsáveis das Delegações Regionais o CD do INEM tenha sem qualquer fundamentação afastado os Enfermeiros. Foi mais um exemplo da falta de rigor no planeamento e gestão de recursos humanos do INEM.

4 – SIV: um projecto pré-hospitalar com futuro?
Sim, sem qualquer dúvida, mas para isso tem de haver coragem política para investir no projecto e não desvirtuar o propósito inicial da sua criação.
A qualidade que acrescentou no pré hospitalar é inegável. Apenas bastaram 3 anos para que fosse considerado um projecto indispensável a nível nacional no pré hospitalar.
Após alguma desconfiança inicial por parte dos parceiros, é neste momento bandeira de propaganda do governo pelo seu serviço de excelência, é exigida a sua presença em muitos locais onde a reestruturação da rede de urgências se faz sentir e acima de tudo conseguiu ganhar em pouco tempo a confiança da população.
É necessário regulamentar o projecto, fazer um planeamento para uma abrangência nacional de forma sustentada.

5 - SIV: incrementar as competências dos Enfermeiros e tornar o projecto mais abrangente a nível nacional?
A abrangência a nível nacional já estava prevista no inicio mas o projecto nunca foi concluído.
É de consenso geral que os protocolos devem ser revistos, devem progredir para uma maior autonomia do enfermeiro. O facto de o projecto actual estar consolidado poderá ser um bom indicador para aumentar competências no doente crítico.
A missão SIV deve ser de socorro primário, no entanto o transporte secundário em situação muito especiais também poderá acontecer para rentabilizar e maximizar as potencialidades do meio. Isto já acontece nas VMER e HELI.
Curiosamente e apesar dos Enfermeiros SIV estarem na vanguarda ainda lhes falta o reconhecimento por parte do próprio INEM. Neste momento é o parente pobre, quase de segunda classe.

6 – Helicópteros: 5 a nível nacional: são poucos, satisfazem as necessidades ou são de mais?
Não podemos abrir e fechar meios conforme as modas políticas. Mais uma vez aqui está presente a falta de planeamento. Estando os meios a funcionar é necessário fazer uma avaliação sobre a sua actividade e de que forma pode ser optimizada.
Neste momento temos que avaliar quais os benefícios em relação o investimento realizado e quais os benefícios que poderíamos obter se a verba fosse utilizada em meios terrestres.
No entanto qualquer decisão deve estar inserida no plano estratégico do pré hospitalar que ainda não existe.

7 – VMER: deveriam ser da responsabilidade do INEM ou continuam alocadas aos Hospitais?
Acho que deveriam continuar alocadas aos hospitais, mas estes teriam que garantir obrigatoriamente o seu funcionamento e serem responsabilizados pela sua inoperacionalidade. 
A VMER terá de ser garantida como qualquer sector do SU e deixar de ser encarada como algo estranho ao hospital.

8 – VMER: concorda com um modelo de VMER (com actividade protocolada) tripulada por dois Enfermeiros com formação complementar e experiência em cuidados críticos e pré-hospitalares?
Não concordo. Todos sabemos que existe uma grande rotatividade dos médicos da VMER devido à dificuldade que existe em poder assegurar os turnos. 
Desempenham um excelente trabalho mas os constantes obstáculos criados pelos hospitais, a fraca remuneração a longo prazo faz com que seja cada vez mais difícil arranjar médicos para esta actividade. Se for alterada a constituição da VMER, fará sentido aproveitar a experiência do projecto SIV e dota-lo de competências acrescidas com constituição de equipa semelhante. 
O uso do Enfermeiro para condutor é desperdício de um recurso qualificado pelos motivos óbvios.
No panorama actual não faz sentido quando a VMER está inoperacional por falta de médico o enfermeiro ficar na base. É um desperdício de recursos financeiros e de pessoal qualificado. A VMER nunca vai sozinha para uma ocorrência, é sempre activada uma ambulância. Numa vítima em estado grave não haveria beneficio em ter presente o enfermeiro da VMER com actuação protocolada? Os enfermeiros SIV também estão muitas vezes sozinhos com um TAE em situações críticas, sem qualquer outro apoio.

9 – Pré-hospitalar: Modelo Anglo-Saxónico (Scoop and Run) ou Franco-Alemão (Stay and Play)?
O modelo deverá estar adaptado a realidade existente no país. Portugal tem tido bons resultados no socorro pré hospitalar com o modelo Franco Alemão.
Temos uma logística, um planeamento, uma aceitação social, ganhos de saúde que não podem ser esquecidos e simplesmente optar por outro sistema que não trás ganhos acrescidos. 
A mudança de paradigma neste momento traria custos acrescidos numa altura de dificuldade económica e nenhuns ganhos objectivos em termos de saúde.

10 – Técnicos de Emergência Médica ou Enfermeiros?
Existe espaço para as duas classes profissionais exercerem a sua actividade no pré hospitalar.
Não devemos entrar este tipo de discurso, devemos pensar no pré hospitalar de forma a melhor servir a população.

Comments:
Excelente entrevista DE.

Parabéns.
 
O enfº josé gomes é um excelente profissional.
 
grande zé ;)
 
Concordo plenamente!
 
Confiramamos que é sem dúvida um grande Enfermeiro em altura e na profissão. Já nos tempos de estudante era dinâmico . .

Abraço Sérgio e Vera ( ex-caloiros seus, )
 
Mais prático que o anterior colega(nota-se que trabalha "mesmo" no teatro das operações)...mas, continuou a fugir a grande questão que foi colocada no número 2...Não vejo nenhum enfermeiro a ensinar os PC a cateterizarem veias, a administrarem fármacos EV, a entubar nasogastricamente ou a algaliar, entre outras coisas...
 
Mais prático que o anterior colega(nota-se que trabalha "mesmo" no teatro das operações)...mas, continuou a fugir a grande questão que foi colocada no número 2...Não vejo nenhum enfermeiro a ensinar os PC a cateterizarem veias, a administrarem fármacos EV, a entubar nasogastricamente ou a algaliar, entre outras coisas...
 
acho uma boa ideia esta das entrevistas mas pelos vistos o DE só entrevista pessoas ligadas oas inémicos. Porque será?
 
acho uma boa ideia esta das entrevistas mas pelos vistos o DE só entrevista pessoas ligadas oas inémicos. Porque será?
 
Sobre o comentário do EAZB: não concordo consigo, são 2 grandes profissionais no terreno, embora operando com meios diferentes.
Ao analisarmos os conteúdos das duas entrevistas, vê-se que de certo modo o Enf José Gomes seguiu os juízos do Enf Leitão, ou seja foi uma segunda opinião em relação a outra que já era do conhecimento público.
Para mim são sem dúvida duas boas entrevistas, mas não posso deixar de valorizar a coragem do primeiro entrevistado, pois foi o primeiro que deu a cara publicamente sem receios.
Todos falam, todos opinam sobre estas matérias, mas dar o corpo ao manifesto não é para todos
Parabéns DE pela iniciativa
 
Eh pá ou é impressão minha ou este senhor enfermeiro não é contra o aumento de competências aos Técnicos?

O entrevistado não disse nada de novo pois existem guerras atrás de guerras sobre o pré-hospitalar mas 90% dos TAE não querem substituir o enfermeiro mas sim ter mais formação de qualidade e obter mais competências para as ambulâncias básicas não serem tão básicas e assim ajudarem muito mais a vitima do que se ajuda agora!

Eu não compreendo como é que um popular embriagado pode aplicar "glucagon" a um diabético da sua família em hipoglicémia de " LO " e eu como profissional do INEM numa ambulância de emergência não o posso fazer e tenho que fazer papa de açúcar durante 40m á espera de uma VMER!!

Basicamente foi isto que o entrevistado disse, e sempre foi também a minha opinião como TAE, dar formação a serio para um aumento de competências para realmente ajudar A SERIO as vitimas.
Ninguem quer substituir ninguem.

Boa entrevista só mostra muitos horas no terreno, ainda bem que ainda há enfermeiros destes que realmente compreende a realidade das coisas sem corporativismos.
 
A enfermagem sem o assunto INEM estou a ver que era muito desinteressante... Essa área representa muitos poucos postos de trabalho, e que tal abordar outras áreas, pois um enfermeiro é polivalente e não se forma apenas para o INEM!!!
 
E vai daí, a burra soltou-se...
É espantosa a preocupação que certos enfermeiros têm com os outros. Até os ajudam a formar sindicatos como as versões dos TAE onde 500 tipos da mesma classe formam um sindicato com a ajuda dos enfermeiros do SEP que, também aqui gostam dr angariar almas para o Pai Criador do Partido.
São tão ingénuos estes enfermeiros...
Por acaso já viram algum TAE a preocupar-se com os deveres dos enfermeiros?
O que anda aí na mota pela cidade do Porto (vi um em Campanhã a fazer e a dizer asneiras tantas), está tutelado e a ajudar quem?
Os médicos têm mais facilidade em dominar tae do enfermeiros, por isso aquele limitado alcandorado a comandante prefere tae, porque são mais reverentes.
Também não vejo os médicos a preocuparem-se com os enfermeiros.
Preocuparem-se com as leis e com os outros é próprio de alguns enfermeiros. Parece que são os únicos que estão sempre a roubar alguma coisa a alguém, mesmo daquilo que são competências. exclusivas suas.
Santa Luzia ilumine estes colegas ceguetas.
 
A grande pergunta é: a quem pertence o pré-hospitalar?
As enfermeiros, é a resposta.
Os que têm medo de andar sós, mas não têm de ser chaufers de VMERE (o E final é de Enfermeiro), é melhor contratarem o inspector Max que mostra as suas habilidades na TVI ao domingo de manhã antes da sagrada missa.
 
ALGUÉM DISSE:

"A enfermagem sem o assunto INEM estou a ver que era muito desinteressante... Essa área representa muitos poucos postos de trabalho, e que tal abordar outras áreas, pois um enfermeiro é polivalente e não se forma apenas para o INEM!!!"


Representa poucos, mas podiam representar muito mais...daí a importância entende??? e se não for defendido ainda poderá representar muito menos...

a sua mente limitada chegou lá???
 
Alguem se esqueceu de mencionar que foi graças a prepotencia, arrogancia, desrespeito e afronta perante os restantes operacionais do INEM (nomeadamente totes e tae's) que este senhor e os seus restantes colegas foram afastados do codu. (Vulgo "chutados")

É a ele que agradecemos a tomada de decisão do CD do INEM! Fossemos todos minimamente humildes e ainda hoje estavamos no CODU! Eu sei do que falo, EU ESTAVA LÁ!
 
grande amigo ,profissional e grande homem . Abraco ENF CARLOS NEIVA
 
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