quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Especialidades para quê?



No dia 18 do mês do presente mês foram publicado em Diário da República os regulamentos das competências específicas para as várias especialidade da Enfermagem. Em primeiro lugar, importa referir que algumas foram extintas, outras criadas (ou reformuladas), sendo que parte das mesmas se mantiveram.
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Quanto a mim, tal como a contribuição que disponibilizei, não concordo com a estrutura e organização das mesmas. Estão edificadas sem uma linha dorsal que suporte a sua abrangência, determinadas focam a sua especificidade na pessoa, outras na área, numa tónica avulsa, despropositada. 
Não respondem às exigências na sociedade ou da crescente complexidade do sector, mas às vontades de um qualquer teórico descontextualizado. As lacunas são mais do que muitas, mas o aspecto mais negativo e nefasto, prende-se com o facto de, em pleno séc. XXI, as competências dos Enfermeiros especialistas se manterem (à semelhança do passado, ou atrofiarem até...). 
Em boa verdade, as competências de um especialista relativamente a um generalista não se consubstanciam em nada. Assentam num enquadramento vazio, sem perspectivas evolutivas, sem motivação para o desenvolvimento, sem estratégias ou skills de intervenção que permitam, objectivamente, dar resposta a necessidade, secundarizando o papel - scope - da Enfermagem.
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Enquanto assistimos a evoluir de outras profissões, ao ajustamento das suas competências às novas realidades, perspectiva-se um regredir de uma Enfermagem que, autonomamente, nada oferece ao cidadão, que se afasta cada vez mais da ciência, que cada vez mais deixa abrir brechas onde outros criam nichos assistenciais.
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Assim, terei de dar razão, ao poder de decisão, Administradores, Presidentes de Conselhos de Administração, etc, que indagam, cada vez mais frequentemente: "especialistas para quê?". "Nada mais oferecem. O que é que um especialista apresenta mais do que um graduado experiente?". 
Se ninguém sente a necessidade da sua existência (apenas e só mesmo os Enfermeiros), para que existem? Apenas uma ou duas especialidades é que acrescentam e materializam, efectivamente, uma diferenciação científica, técnica e funcional, relativamente à Enfermagem geral.
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Além da completa desarticulação das mesmas com a carreira (progressão e reconhecimento económico), parece-me que cada vez mais, a especialidade sem torna injustificável para o empregador. Existem, como devem saber, várias instituições que não albergam especialistas por decisão própria. Todavia, apesar da contra-argumentação, os números e os factos corroboram a sua posição. 
Na grande oportunidade de inverter a situação, nada se concretizou, nenhuma negociação com o Ministério da Saúde se encetou, nenhuma proposta de upgrade funcional, nenhuma vontade em evoluir foi manifestada. Uma lista considerável de possibilidade de êxito e incursão para Enfermeiros ficou pelo caminho.
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Parece-me que a continuar este rumo, nos afogamos num mar conceptual que teima em balizar o âmbito da Enfermagem, que parece estar a ser concebida não de acordo com os requisitos da ciência ou da sociedade, mas sob a capa da cumplicidade abstracta de quem se afasta da ciência e da coerência a passos preocupantes, fugindo incoerente e cegamente das ciências da vida.

ENQUADRAMENTO LEGAL

Regulamento que define o Perfil das Competências Comuns dos Enf. especialistas   (estabelece o quadro de conceitos aplicáveis na regulamentação das competências específicas para cada área de especialização em Enfermagem) link
(Regulamento n.º 122/2011. D.R. n.º 35, Série II de 2011-02-18)

Enf. especialista em Enfermagem em Pessoa em Situação Crítica link
Regulamento n.º 124/2011. D.R. n.º 35, Série II de 2011-02-18  

Enf. especialista em Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública link
Regulamento n.º 128/2011. D.R. n.º 35, Série II de 2011-02-18

Enf. especialista em Enfermagem de Reabilitação link
Regulamento n.º 125/2011. D.R. n.º 35, Série II de 2011- 02-18

Enf. especialista em Enfermagem de Saúde da Criança e do Jovem link
Regulamento n.º 123/2011. D.R. n.º 35, Série II de 2011-02-18

Enf. especialista em Enfermagem de Saúde Materna, Obstétrica e Ginecológica link
Regulamento n.º 127/2011. D.R. n.º 35, Série II de 2011-02-18

Enf. especialista em Enfermagem de Saúde Mental link
Regulamento n.º 129/2011. D.R. n.º 35, Série II de 2011-02-18

Enf. especialista em Enfermagem em Saúde Familiar link
Regulamento n.º 126/2011. D.R. n.º 35, Série II de 2011-02-18

Comments:
Doc enfermeiro,

concordo ctg nesta materia.

Como se diz por cá " muita parra e pouca uva"... é mesmo muito blá, blá, blá e pouco conteudo funcional. Já p/ não falar do desenquadramento e futilidade de certas especialidades.

Esta OE está mesmo a precisar de levar uma volta.
 
Se em países desenvolvidos a especialidade se torna uma necessidade, pela seu deborçar mais concreto numa determinada área, não concordo nada com a extição das especialidades. São necessárias e a sua área de intervenção permite uma intervenção mais específica, em que o colega tem mais competências que lhe permite em determinada área. E isto em serviço da comunidade e do país. Outros tempos também não havia VEMER nem INEM, e hoje veja-se a sua importância e necessidade. Isto chama-se progresso. As especialidades deveriam também abranger os colegas do pré-hospitalar, como acontece por exemplo em Espanha.
 
Finalidade dos enfermeiros especialistas na instituição onde exerço funções (HUC-EPE)?
Resposta: São serviçais dos enfermeiros chefes. Raramente prestam cuidados de enfermagem directos aos doentes. A maior parte limita-se a estar no paleio pelos diversos espaços físicos existentes nos serviços (principalmente corredores) e a preencher papelada chata que os enfermeiros chefes lhes delegam. Não acreditam? Questionem-se: "O que fazem os enfermeiros especialistas no meu serviço? E na minha instituição?
Salvo os verdadeiros enfermeiros especialistas (os competentes) que trabalham nos HUC... São poucos, mas bons! A estes o meu obrigado por dignificarem a Enfermagem!
 
e outras areas tão importantes como os cuidados paliativos e a saude do idoso? será q os enfermeiros n merecem ser reconhecidos nessas areas que têm investido? continuo a dizer.. ordem? desordem isso sim...
 
"...Em boa verdade, as competências de um especialista relativamente a um generalista não se consubstanciam em nada..."
ISTO É QUE É FILOSOFIA DE.ESTOU 1000 % DE ACORDO COM AS SUAS PALAVRAS.AS ESPECIALIDADES COMTEMPORÃNEAS,SÓ SERVEM PARA QUE AS PESSOAS SE TENTEM PROJECTAR NA ENFERMAGEM,E DEIXEM OS CUIDADOS DE "CABECEIRA".COMO DIZ-E MUITO BEM-QUALQUER ENFERMEIRO VETERANO(QUER SEJA GRADUADO OU NÃO)TEM MAIS CONHECIMENTOS DE CUIDADOS QUE QUALQUER CHEFE,QUALQUER ESPECIALISTA OU OUTRO QUALQUER ENFERMEIRO QUE SEGUIU O CAMINHO BUROCRÁTICO DA ENFERMAGEM.
SIMILARMENTE UM MÉDICO COM ESPECIALIDADE É O VÉRTICE DO CONHECIMENTO NA PIRÂMIDE DA SUA ESPECIALIDADE.
UM ENFERMEIRO QUE FOI TIRAR UMA ESPECIALIDADE FORA DO SEU CAMPO DE ACTUACÇÃO,E DEPOIS A VAI EXERCER SABE MUITO MENOS QUE QUALQUER ENFERMEIRO GENERALISTA DO SEU NOVO SERVIÇO.
PARECE (E DE ACORDO COM ESTE POST),A MENTALIDADE NA ENFERMAGEM ESTÁ A MUDAR.SERÁ QUE FUTURAMENTE VAMOS TER UMA ENFERMAGEM MENOS OPORTUNISTA,E MAIS EFICIENTE ????....
 
Como tem tanta, tanta, mas tanta razão DE...
 
CAUSAS???... Tal como tudo na Enfermagem... isto das especialidades é decidido/pensado por pessoas afastadas dos cuidados que não percebem nada de nada a não ser de dar algumas aulas descontextualizadas da realidade enganando os verdadeiros enfermeiros.

A OE vai mudar e os profs sair.
Querem uma OE melhor votem na Lista com menos profs seja ela qual for.

Cumprimentos
 
A reabilitação e a saúde materna e Obst. (e nem sempre ...)são excepções que confirmam a regra
 
É bem verdade. Uma mão cheia de nada :(
 
As especialidades visam áreas abrangentes dos cuidados de enfermagem - são updates; as especializações são evoluções focalizados em situações que podem ser comuns a várias áreas que já estejam abrangidas por especialistas - são upgrades. Ser especialista não é estritamente ser especializado. Partindo deste entendimento, está traçado o limite que separa a experiência (isolada) do conhecimento e fica claro que não existe objectivamente necessidade de especialistas em tudo: o que deve existir é enfermeiros especializados em cuidados paliativos, em saúde desportiva, em feridas, e tal e tal, através de pós-graduações ou outros cursos e formações. As especialidades integram grupos alargados de competências específicas e ao mesmo tempo abrangentes.

Penso que as especialidades devem acompanhar a forma como os cuidados de saúde estão organizados. Quer se queira, quer não, a estrutura dos cuidados de saúde tem um peso esmagador sobre toda e qualquer filosofia de cuidados.
Esta nova grelha de especialidades é uma aproximação razoável à realidade. Porém sinto em alguns casos limita o especialista e espartilha os cuidados.

Quanto ao exercício efectivo das competências de enfermeiro especialista, penso que não podemos dizer que estas são insuficientes na medida em a realidade dos serviços de saúde nem sequer permite que o enfermeiro especialista desenvolva um trabalho na sua área. São enfermeiros que ajudam na gestão e realizam tarefas logísticas e administrativas. Nem sequer acompanham os colegas na prestação de cuidados supervisionando e participando activamente na gestão clínica dos casos, área fundamental nestas profissões em que a regulação é inter-pares. Qualquer dia temos outros a supervisionarem o nosso trabalho e já faltou mais para isso.

O reconhecimento económico é nulo e por vezes até se torna prejudicial para o próprio enfermeiro ser especialista. Cada um pensará à luz das suas realidades.

Penso que no futuro todos os enfermeiros deveriam ser especialistas. Não me faz sentido existir um especialista de manhã e nos restantes turnos não. Não me faz sentido andar um especialista em reabilitação a fazer levantes dos doentes a quem outro colega ajudou nos cuidados de higiene. Não me faz sentido um enfermeiro especialista não ter uma aproximação ao todo que o doente é, para lhe prestar cuidados pontuais. Todos devem ser especialistas.

VV
 
Não são as especialidades que fazem as pessoas mas as pessoas é que tiram proveito ou não do que aprenderam...No meu serviço os especialistas exercem a sua especialidade, com muita garra, mesmo os contratados.
 
Sou Técnico de Saúde há bastantes anos e de facto nunca percebi o porquê de haver especialidades de enfermagem. Pareceu-me sempre mais uma tentativa de concorrência com a profissão médica. Pareceu-me também uma tentativa para tentar conquistar o espaço de outras profissões, como por exemplo, dos fisioterapeutas com a enfermagem de reabilitação. Uma das especialidades que sempre mais me intrigou é a Comunitária porque na prática, em termos concretos, no que é que se traduz? Que técnicas especiais é que os enfermeiros com esta especialidade desenvolvem? Acho que a enfermagem se deve dedicar àquilo que as pessoas esperam que são os cuidados a sério. Como potencial doente que sou, espero dos enfermeiros serem bons a fazer curativos, a detectar indicadores de risco e por aí fora. Tudo o resto são pseudo-teorias vazias de pragmatismo.
 
Realidade nua e crua: As especialidades em enfermagem surgiram apenas pela necessidade que alguns enfermeiros tiveram de se sentirem mais médicos. Como isso as torna desligadas da prática pois a maioria não serve para nada, é mais um tiro no pé da enfermagem. Tal como o ano de Internato o será pois apenas trará mão de obra barata e menos necessidade de séniores.

Este é um caminho errado. Este é um caminho que não levará a nada. No dia em que o enfermeiro deixar de ser um elemento aglutinador de cuidados de um serviço, à semelhança do que tem acontecido à Medicina Interna na área médica, não é mais útil ao sistema. Os cuidados gerais de enfermagem são muito mais importantes que os cuidados "especializados" de Enfermagem.Parece-me é que, por desgosto ou falta de motivação, não são aproveitados.
 
concordo com a VV que focou dois aspetos importantes: o update e o upgrade.
contudo fiquei com a dúvida: aquilo que a VV caracteriza como update não é o upgrade, e vice-versa?
o upgrade será 'grau acima' e update uma 'actualização'. assim upgrade é a especialidade e a especialização é a update - evoluções focalizados em situações que podem ser comuns a várias áreas que já estejam abrangidas por especialistas.
fica a questão?
cumps
 
Resposta ao Técnico Superior:

Logo se vê porque falou na Enfermagem de Reabilitação...pois é, é uma das poucas especialidades que traz mais valia à profissão e aos doentes e seus familiares. Mas vamos ao que interessa, porque eu explico-lhe a importância desta especialidade:

Em 1994, terminei esta especialidade e tive a sorte de poder exercê-la, sim porque muitos não quiseram e outros tantos não puderam, e comecei a trabalhar com utentes do foro neurológico. E qual era o figurino que encontrei: doentes que eram trabalhados pelos outros técnicos em 5 ou 10 minutos e com uma abordagem muito analítica. Estes doentes como é óbvio estavam muito atrasados no seu processo de reabilitação. Assumi que eu trabalharia todos os doentes com problemas, supervisionaria o trabalho dos enfermeiros generalistas e das auxiliares de acção médica ( nessa época era assim que se designavam, como deve saber) e assim a abordagem destes doentes deve ser geral ( global ) e não parcial, (analítica)Os utentes mais dependentes eram para eu trabalhar, ás medida que o seu grau de dependência ia evoluindo, ficavam para os generalistas com a minha supervisão... e assim foi durante 4 anos, todos os dias... foram 4 anos muito cansativos, mas muito enriquecedores.
Se no inicio os técnicos iam ao serviço, no final aguardavam pelos doentes, muito mais evoluídos para trabalhar no departamento, doentes com equilíbrio sentado, de pé etc...

Mas não pense que isto se fazia sem muito trabalho, eu era dos primeiros a ir para o WC com os doentes e sabe que mais?? Grande lição que eu aprendi: um bom duche, solicitando a participação do doente é um grande momento terapêutico para estes doentes e todos os dias vinham familiares para eu lhes ensinar a cuidar dos seus doentes ( quais são os outros técnicos que o fazem? Poucos!!!) compreende as grandes diferenças?? A equipa de enfermeiros e auxiliares eram liderados por mim enquanto gestor de cuidados e não por um técnico de outra área...
Acredito que alguns enfermeiros queiram seguir as indicações de elementos que lhes são estranhos à profissão, mas não é a grande maioria.

A Ordem dos enfermeiros, não está preocupada se os especialistas com reabilitação exercem ou não!! Ter um especialista com reabilitação numa consulta de oftalmologia ou não é igual... aqui é que está a questão.

Resumindo: Especialista, é enfermeiro que adquiriu competências além das genéricas e deve colocá-las em prática é um imperativo social.

Muitos que fizeram especialidades, nunca as exerceram, foi só para subir...

Se tiver mais dúvidas cá estarei para o esclarecer... penso que não devem restar dúvidas.

Neste pais, que se diferencia é abafado, silenciado, para que se possa dizer que é inútil e desnecessário...

Que sejam dadas condições para que todos os especialistas exerçam e depois avalia-se...ok? Não é atirar pedras antes e denegrir!!

É verdade que algumas especialidades na pratica em nada se diferenciam de um generalista...mas isso remete para a necessidade que os profs tiveram de criar especialidades e agora mestrados para continuarem a viver bem nos estabelecimentos de ensino onde trabalham... enganam a perna à rã!!!

Mas como tem sido os teóricos a dominar a Ordem..o resultado está à vista: uma desgraça.

Quem tem que ir para a frente é quem está no terreno, com os doentes, famílias...não é quem se divorciou deste mundo há muitos anos.

Dúvidas????
 
Ainda não percebi umas coisas...

Então os colegas acham que a formação de base é boa para aquilo que é suposto um enfermeiro fazer?

Ainda concebem a prática de enfermagem por generalistas ou ainda não perceberam que o intuito é não existirem generalistas e o enfermeiro especialista é aquele que presta cuidados diferenciados e não Os cuidados diferenciados?

Se a abordagem do enfermeiro é a pessoa o que pretendiam? Abordagem ao ventilador? Abordagem à algália?

O que está na legislação é algo muito genérico mas suficientemente global para poder enquadrar lá as diferentes intervenções nos mais diferentes âmbitos.

Um enfermeiro especialista em enfermagem na pessoa crítica pode exercer tanto no pré.hospitalar, como no BO como nos cuidados intensivos como na urgência por exemplo... Depois há sim que definir que intervenções técnicas por exemplos, deve este enfermeiro dominar, à semelhança do que se passará noutras especialidades.


PS: boa explicação sobre a enfermagem de reabilitação ;)
 
MAS QUEM TANTO REFILAM! PORQUE NÃO FORMAR UMA LISTA PARA CANDIDATAREM-SE À OE! NUNCA OUVIRAM QUE CRITICAR DE FORMA NEGATIVA É MAIS FÁCIL DO QUE DE FORMA CONSTRUTIVA!!!!!
DOUTORENFERMEIRO JÁ COMEÇAS A IRRITAR COM TANTA ARMA APONTADA À OE! NAS TUAS CRITICAS DIVAGAS DE TAL FORMA QUE NÃO SE CHEGA A PERCEBER BEM O QUE QUERES DIZER COM CERTAS COISAS! PARECES MAIS UM POETA...TIPO MANUEL ALEGRE! ESCREVES, ESCREVES MAS AO FIM AO CABO NÃO DIZES NADA! CRITICAR, TODOS TÊM DIREITO, MAS DE FORMA CONSTRUTIVA!
DÁ IDEIAS, INTERVÉM DENTRO DA OE!

DPR AÇORES
 
Santiago,

A utilização dos termos é justamente no sentido inverso ao pensamento comum: a especialidade é um update porque implica, na minha perspectiva, um acréscimo ao que já existe e não configura obrigatóriamente uma troca, mas um aumento; o upgrade implica deixar para tráz algo, fazer uma troca, para adoptar uma versão mais recente que permita melhorar as funcionalidades: isto é o que se faz quando se interiorizam guidelines que recomendam mudança de práticas, i.e., deixar cair procedimentos errados nem que para tal se tenha que trocar de cabeça para entender as novas realidades.

Mas, independentemente da analogia, o que quis sublinhar foi justamente a pertinência de haver ambas as situações, sendo que todos devemos ser especialistas e devemos de nos especializar em matérias que muitas vezes até são comuns a todas as especialidades.

VV
 
Ao anónimo que acha que não devem existir enfermeiros especialistas e falou na reabilitação como exemplo, muito teríamos a conversar sobre o assunto.

Compreendo a sua ignorância que decorre justamente de nunca ter precisado, de não ser enfermeiro e de provavelmente ouvir opiniões de enfermeiros que estão desiludidos com o momento actual.

Mas talvez em breve muitos fisioterapeutas não necessitem mais de fazer o frete de andar pelas enfermarias, a fazer cinco minutos de suposta reabilitação só para constar que por lá passaram. Sei que há excepções, mas só me lembro de uma. Portanto, talvez no ginásio se sintam mais motivados para realizar as tarefas prescritas pelo médico fisiatra, deixando que os enfermeiros autonomamente ajudem as pessoas com dependência a realizar os levantes, a marcha, os cuidados de higiene, a alimentação, a vestir-se e despir-se, étc.; deixando que os enfermeiros façam os ensinos terapêuticos de respiração controlada, as drenagens posturais e tudo o que o doente necessita no momento em que necessita. Esta é a nossa área e o fisioterapeuta intervém em momentos pontuais definidos normalmente pelos médicos ou pelos enfermeiros que muitas vezes sugerem ao médico que peça fisioterapia porque eles próprios não têm disponibilidade nem são pagos para fazer mais do que os cuidados básicos.
 
As especialidades de enfermagem caíram em descrédito porque durante mto tempo foram usadas apenas para subir na carreira, deixar de prestar cuidados o mais depressa possível e passar a arrumar comprimidos e preencher papéis. Ainda hoje é assim, salvo algumas excepções. No meu serviço a única especialista é a chefe, que não presta cuidados...a sub-chefe é uma enfermeira graduada que por acaso desempenha mto bem o seu papel.Precisavamos de 2 ou 3especialistas em Reabilitação, mas noutros serviços existem alguns que andam apenas a tratar de burocracias.
Na minha opinião os conteúdos funcionais dos especialistas são mto gerais e idênticos ao conteúdo funcional do generalista. As próprias especialidades, muitas delas não passam de generalidades. Não percebo a divisão da saúde comunitária em saúde publica e familiar. Por outro lado, há especialidades que poderiam ser divididas em várias.
Para o comentador W, não percebo porque pode haver uma especialidade de saúde infantil, ou saúde materna por ex, e não pode haver de Cuidados Paliativos? O acompanhamento das crianças e mulheres grávidas/puerperas será mais importante do que o acompanhamento a pessoas com doenças crónicas e em fim de vida?
Para aqueles que se interessam pelos Cuidados Paliativos, está a ser estudado pela OE, o perfil de competências para o especialista de cuidados é pessoa em situação crónica e Paliativa.

Ana
 
Ana,

A Saúde Pública não tem os mesmos objectivos nem métodos que a Saúde Familiar, nem se debruça objectivamente sobre as mesmas problemáticas.

Não desvalorizo os cuidados paliativos, área na qual me formei e desenvolvi alguma investigação. Porém, os cuidados paliativos são muito específicos, tal como a enfermagem peri-operatória, os cuidados em transplantes, a hemodiálise, a neonatalogia, etc. Daí serem alvo de formação pós-graduada, mas que não tem que ser uma especialidade. Aliás, embora de forma não muito aprofundada, a especialidade de enfermagem médico-cirurgica tem um conjunto de unidades de crédito decorrentes da formação na área dos cuidados em fim de vida; suponho que outras especialidades também tenham, visto que é um tema transversal a muitos settings. E para quem quiser aprender mais, pode por exemplo fazer uma pós-graduação.

VV
 
O problema de opinar sem se ler os documentos é que não se fala do que se devia.

"o conjunto de competências
clínicas especializadas, decorre do aprofundamento dos domínios de
competências do enfermeiro de cuidados gerais"

Sabem o que isto quer dizer?
 
O que era necessário era (há muito tempo...) definir OBJECTIVAMENTE quais as competências/funções específicas dos enfermeiros especialistas e definir dotações por serviços. Isso nunca foi feito, com uma TÉNUE excepção ao nível da reabilitação e da saúde materna e obstétrica!...

Depois de negociarem uma carreira onde acabaram com a categoria de especialista isto parece uma patetice!

Um enfermeiro especialista tem de ter funções diferentes de um generalista e tem de estar enquadrado nos serviços/instituições/carreira...
 
O ganho de qualidade de saúde que os bons enfermeiros de reabilitação acrescentam nos serviços de cirurgia, medicina, neurologia, pneumologia, ... nos cuidados de saúde primários é avassalador.

É bom pensar na pessoa, no utente ... nas suas necessidades globais e poder ajudar!
 
Uma opinião/sugestão sobre as especilaidades para quem entender (se é que alguém "ouve" alguém na enfermagem...)

1 - Deveriam ser criadas dotações de especialistas por serviço;
2 - As especialidades em questão deveriam ser dadas obrigatoriamente nas escolas e em contexto de mestrado;
3 - Deveriam depois existir sub especialidades adquiridas e validadas por competências adquiridas em prática clínica/formação profissional, ...;
4 - A categoria de enfermeiro especialista deveria estar claramente contemplada na carreira;
5 - A lógica de todos os enfermeiros serem especialistas não faz sentido e é um obstáculo ao desenvolvimento da profissão - é preciso elencar uma listagem gigantesca de argumentos para se perceber porquê?

Cada um que use a sua cabeça para pensar e encontrará diversas razões ...
 
Arranjar um ou outro exemplo pontual não é justificação suficiente. No global, a realidade é que as especialidades em enfermagem traduzem-se em muito pouco na prática, tal como já foi admitido aqui por diversos enfermeiros. Mas falei do exemplo da área da reabilitação e que suscitou algumas reacções. Mas também falei do exemplo da famigerada especialidade comunitária e em relação a essa ninguém disse nada. Na prática em que é que se traduz? E não vale justificar com teorias. Nas equipas domiciliárias, o que é que distingue um enfermeiro com essa especialidade de outro que não a tenha? Eu respondo: nada. Resumindo, como já aqui foi dito, a criação de especialidades na enfermagem serviram interesses de estatuto (a velha rivalidade com a classe médica) e economicistas (tentativa de arranjar argumentos para ganhar mais). Porque a verdade é esta: a prática de enfermagem que realmente interessa aos utentes é a que está ligada aos cuidados de enfermagem que qualquer enfermeiro tem que dominar ao fim dos 4 anos de curso (claro que com melhorias através de formação contínua). O resto são tretas meramente teóricas.
 
Esqueci-me de referir mais uma coisa: quem falou do pouco tempo que os fisioterapeutas passam com os doentes nos internamentos hospitalares, diga quantos enfermeiros há em média por hospital e quantos fisioterapeutas... É fácil falar-se de barriga cheia.
 
Para a Ana: a especialista de Saúde Materna não acompanha só a grávida e a puerpera! Quem faz os partos eutócicos, acompanha o trabalho de parto, no seu Hospital? ou será que trabalha num CS? mesmo aí as especialistas de saúde materna fazem um grande trabalho, aliás devem de ser das poucas especialidades que exercem e que os Blocos de Partos não funcionam sem elas/es, ou quer alguém de paliativos ou reabilitação a fazer-lhe o parto???!!!!
 
Um enfermeiro especialista só tem sentido se fizer algo mais específico, mais diferenciado, senão não trás nada de novo e não tem interesse. Claro que continuará a ser enfermeiro e a ter uma visão global da pessoa que cuida- essa é uma mais valia importante, mas tem de se diferenciar do generalista...senão deixa de fazer sentido.

Eu só vejo isto acontecer na materna e na reabilitação!

Também não vejo a lógica de todos serem especialistas no futuro. Na enfermagem isso "desorganiza" completamente o sentido das especialidades.

Se numa UCI poderá ter lógica ter só enfermeiros especialistas (pessoa em situação crítica e também alguns de reabilitação), numa enfermaria isso não me faz muito sentido e no momemnto económico que vivemos é muito complicado vender essa necessidade - independente das ideologias de cada um, trata-se de uma constatação PRÁTICA da coisa...

Mas se falarmos que os serviços de internamento de medicina interna deveriam ter pelo menos 30% de enfermeiro especialistas obrigatoriamente 20% de reabilitação já fazia todo o sentido - estou só a dar um exemplo.

Se queremos crescer como profissão temos que fazer uma coisa que já deviamos ter feito há muito tempo que é criar diferenciação sem perder o sentido holistico do cuidar em enfermagem.

Se não for assim a enfermagem está condenada ao fracasso e vale mais admitir isso já. Não queremos evoluir ... assim o pessoal que anda a perder tempo a estudar deixa de o fazer e fica tudo mais saudável e feliz. Esta cantiga de querer tudo e não querer nada, de ser especialista para manter as mesmas funções é que não entendo
 
Enquanto especialista em Saúde Materna a exercer as minhas funções de especialista (e nada acima disso) em Cuidados de Saúde Primários não posso estar de acordo com estas palavras! A minha especialidade e a forma como a ela me dedico é uma mais valia à Unidade e ás utentes que acompanho!!!
Outras sim, seria discutível a sua existência.
Sandra
 
Parabens Belmiro Rocha, as competências e a Autonomia da Enfermagem de Reabilitação estão bem vincadas. Agora os Senhores Fisioterapeutas não se incomodem porque nós enfermeiros de Reabilitação não precisamos de prescrições para tratarmos os doentes,e até podemos prescrever.
 
Concordo com as especializações em enfermagem, não com o modo como estão a ser realizadas.
Uma correria entre escola, trabalho, estágios….sacrifício pessoal e familiar…e depois?
O bicho homem comporta-se como cão em palheiro, não come nem deixa comer.
Enfermeiros não acomodados que sentem a profissão e os cuidados de saúde á rasca poderão associar-se a esta onda de despertar de consciências?
Afinal os problemas de uns são de todos
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=12201
 
A culpa dos enfermeiros especialistas serem assessores de chefes é dos próprios chefes!!!!
Onde é que está a necessidade de um especialista realizar trabalho do chefe?????

Os especialistas têm de mostrar valor acrescentado ao que faziam anteriormente e funcionar como motor de desenvolvimento de si próprio e dos seus colegas.

è necessário as equipas terem enfermeiros que demonstrem capacidade de decisão e poder de reflexão! È isso que supostamente também vão buscar ás especialidades ou não!!!!??????

Também dá jeito a muitos deles que os chefes lhes deleguem funções para assim terem que fazer menos!!!!

Pois é!!! Peguem no problema de frente!!!!
 
Restaram dúvidas!! O Técnico superior ficou com dúvidas... acredito que não leu bem...os enfermeiros especialistas devem ter condições para exercer a sua especialidade, o que é verdade é que muitos tem que pedir por favor para exercerem, sim as administrações dá-lhes jeito tê-los como generalistas... e a alguns dos especializados dá-lhes jeito continuarem no serviço onde sempre estiveram, que muitas vezes não tem nada a ver com a sua especialidade!! Portanto fui claro: todos a exercer a especialidade em que investiram e depois avaliamos...nada disto se faz, por culpa de todos! Há que garantir que quem faz uma especialidade mostre que valeu a pena... eu mostrei... e há muitos mais por esse país. Fico triste é com todos os que não renderam uma gota de água e a verdade também não pode ser escondida...

Lógica das lógicas: especialista deve exercer, e só decorrente da sua acção é que poderemos verificar se há ganhos em saúde ou não. Também não duvido que das especialidades feitas para prof. ganhar dinheiro, pouco sairá de útil... foi útil para as escolas... como é que os prof. continuam a receber bem?!!!

Criando falsas necessidades...
 
Chefe sem assessor disse II

Também sou chefe e tenho uma especialista em enfermagem de reabilitação...não quero que seja minha assessora, quero que se desenvolva enquanto especialista, e que a administração a coloque como supra-numeraria para poder exercer durante todo o ano e não apenas enquanto é possível, por não haver enfermeiros de férias... isto como se sabe os chefes não tem poder de fazer... mas fazer o que se pode já não é mau...

Acredito que muitos dos especialistas cuja especialidade não contribui em nada para uma diferenciação dos generalistas, queiram encostar-se ao chefe para ir fazendo algo diferente...
 
Para W:
A especialidade médico-cirurgica, para mim é a mais abrangente de todos, cabe la tudo, e felizmente que a OE ja a dividiu em várias, ou pelo menos está a planear dividi-la em saude do idoso, doente critico e cuidados paliativos e talvez outras. Eu tb tenho formação em Cuidados Paliativos, pois fiz um mestrado e estive 2 anos a estudar, investigar e estagiar nesta área. Como deve calcular, os conteúdos programaticos de cuidados paliativos na esp.médico-cirurgica são mto resumidos, visto que têm que dar atenção a mtas outras áreas.Os cuidados Paliativos, tal como a Reabilitação,são transversais.Ha doentes paliativos na Pediatria, na comunidade, e em quase todos os serviços de um hospital.Qual a diferença entre a Saude materna e obstétrica, por ex, e os Cuidados Paliativos? é que, de uma forma mto geral, uma acompanha no processo de nascimento e a outra na morte.Havendo uma especialidade para o nascer faz sentido que tb haja para o morrer. Não acha? ou será diferente?
Em relação á saude familiar, surge para dar visibilidade aos enfermeiros de família, que acho importante, mas penso que poderia estar englobado na Comunitária.

Para o colega das 9:27:

Peço desculpa, mas provavelmente não me expressei bem. Não ponho em questão a importância dos especialistas de saude materna, antes pelo contrario, são realmente dos poucos que se evidenciam e se destacam dos demais. Apenas referi mulheres e puerperas para abreviar, pois o que eu queria dizer é que o acompanhamento de uns não é mais importante que os outros.è obvio que um colega de reabilitação n vais fazer um parto nem um de saude materna vai controlar sintomas de um doente que está em fase terminal, por ex.

Ana
 
Ésta é a Verdade:
Enf Director = Primeiro Ministro.

Enf Supervisor = Secretário de Estado.

Enf Chefe = Deputado

Enf Especialista= Secretário de Deputado.

Enfermeiro = Povo.

O sitema é F_ _ A!!!
 
Sou enf generalista no meu serviço há um enfermeiro a exercer enfermagem de reabilitação e o que noto é uma melhoria significativa dos cuidados prestados. Curiosamente ouvi uma médica a comentar que tinham aumentado muito os doente a irem à fisioterapia... a razão é que o meu colega de reabilitação "agarra" cedo os doentes criando condições para eles irem para o ginásio, para além de encontrar novas necessidades...

É preciso é exercer ...
 
Se os médicos são todos especialistas, porque é que os enfermeiros, que dirigem igualmente os cuidados ao cidadão, não hão-de ser todos especialistas também?

Ou ainda anda por aí a mentalidade de quantos menos formos melhor é a divisão do bolo?

Ridículo! Para além de estar em causa a qualidade dos cuidados, quantos mais formos maior é o poder de reinvindicar e demonstrar a importância do nosso trabalho.

Num futuro não muito distante extinguir-se-ão os "generalistas", designação que calha bem sempre que se pensa no enfermeiro "pau para toda a obra". Não creio que se no futuro se vá continuar a insistir que é bom que o enfº esteja apto a trabalhar numa maternidade, para depois passar por uma hemodiálise, passar uns tempos no centro de saúde, fazer bloco operatório, urgência, cuidados intermédios, medicina e, porque não, cirurgia (de preferência com ortopedia, urologia, plástica, ginecologia, vascular e geral). O enfermeiro deve ser especialista para a área na qual pretende desenvolver o seu projecto profissional. Isso de "generalista" é ridículo num mundo em que a especialização já marcou a rota do futuro.

Aquilo a que muitos dos mais antigos se recusam aceitar, está já e com muita naturalidade, na mente de muitos jovens que avançam já para mestrados académicos visto não terem 2 anos de curso, e logo que os completem pedem creditação das unidades teóricas fazendo a especialidade num tiro. Esses vão ser os especilistas, e vão ser todos!

VV
 
Os srs. enfermeiros continuam sem responder às minhas questões, e só vejo gente a divagar em torno de teorias, ou seja, muita parra e pouca uva. Depois li um ou outro comentário em que foi revelado a velha estratégia dos enfermeiros e aquilo que realmente pretendem com as suas especialidades: concorrer CONTRA outras profissões, quererem passar por cima delas para que no futuro só existam, tal como há 100 anos, médicos e enfermeiros com todas as especialidades possíveis e imaginárias. É pois a velha táctica belicista dos enfermeiros portugueses que gostam de se autodenominarem profissão moderna e progressista mas que no fundo são retrógrados. Atacar as outras profissões é o vosso objectivo. Vejo pouco respeito por parte dos enfermeiros perante as outras profissões e portanto perante o que deve ser a interdisciplinaridade dos cuidados de saúde conforme defende há várias décadas a própria OMS.
 
nada melhor no mundo do que um blog como este onde os enfermeiros podem (livremente e sob anonimato) dizer mal uns dos outros... sinal de subdesenvolvimento... não vejo no mundo coisa igual (e já percorri, por força das circunstâncias ... muitos países desenvolvidos onde não vejo coisa que se pareça...
Jose Manuel
 
Dúvidas:
Se na carreira já não há especialistas, como se designem os actuais especialistas de carreira? São graduados como os outros, ou nem isso?
Se na carreira já não há especialistas e se para concorrer a principal é preciso ter uma especialidade, quem é que reconhece essa especialidade? A instituição onde foi realizada ou a OE? Então eé preciso o enfermeiro inscrever-se na OE como especialista e pagar os 99euros ou não?
Para a supervisão dos internatos é preciso ter a competência certificada na OE, certo? Então, quanto é que se paga para se ser certificado pela OE como competente para ter internos? Não tem que se ser especialista? Basta fazer um curso de supervisão? Como é que vão ser escolhidos os 3 mil?

da geração ai pod, ai pád e ai péde, péde!
 
Sr.Tec Sup de Saúde:

Muitas das profissões "fala" nasceram da velha enfermagem...informe-se melhor antes de verborrear disparates. E se estudar mais um pouco verificará que muitos das profissões que existem são apenas especialidades de enfermagem: podia-lhe dar exemplos mas já que é tão sabichão não deverá ser dificil documentar-se...

Sr.VV

A enfermagem é bem diferente da medicina e na maioria dos serviços continuam a ser necessários enfermeiros generalistas.

Se todos se tornarem especialistas será o fim dos cuidados "especialistas".

Continuaremos na mesma rotina do costume ...

Os cuidados especializados de enfermagem carecem de conhecimentos, treino e tempo disponível...com todos especialistas poderão adquirir os conhecimentos...mas muito rapidamente vão perder o treino por falta de tempo para treinar! Esta etapa já está em curso dada o actual (miserável) contexto sócio económico).

Daqui a uns anos lembre-se do que lhe estou a dizer agora...

Cumprimentos

Vicente Santos
 
... Só espero que agora não comecem com o mau feitio de que "a minha especialidade é melhor do que a tua", nha nha nha nha nha!... É só o que nos falta é andarmos a perder tempo com esse tipo de disputas.

Quanto à colega que defende os cuidados paliativos, porque eles são transversais a vários contextos de cuidados, estou totalmente de acordo e é isso que faz com que devam ser alvo de uma especialização. Se estivessem restritos a uma área abrangente, faria todo o sentido que fossem uma especialidade. Isto é a minha perspectiva, mas aceito outras maneiras de ver as coisas, desde que as ideias sejam expostas de forma educada porque para gente mal formada já me bastam alguns dos médicos com quem tenho que trabalhar diariamente.

Independentemente das áreas que agora se consensualizaram para englobarem as especialidades, é notória a evolução na formação dos enfermeiros e isso joga a favor desta profissão no mundo cão que é o dos cuidados de saúde.

Faço votos para que muitos e muitos enfermeiros se joguem na formação académica, em estágios e experiências no estrangeiro, em projectos e grupos de trabalho, em tudo o que trouxer dinâmica à enfermagem.
Os lucros das escolas vão estar cada vez mais na linha da frente nas questões da formação, mas isso acontece com quase todas as profissões. O que temos é que ter muito mais gente da prestação envolvida na formação porque a formação não se vai buscar apenas às escolas.

VV
 
Técnico Superior:

Como deve entender este meio de informação não é o mais adequado(comentário em blogue) para lhe explicar/esclarecer as suas dúvidas. Com certeza não sendo perito nas áreas que mencionou não o poderei elucidar porém na área a que me diz respeito( Situação crítica)e que considero ser perito (dentro do que é "teoricamente" um perito posso esclarecê-lo perfeitamente.

Quer um exemplo? Dar-lhe-ei mais de recomendado...

Um enfermeiro perito/especialista em enfermagem na pessoa em situação crítica pode reconhecer uma situação clínica em que a vida da pessoa está em situação crítica, nomeadamente uma pessoa pálida, com hematemeses e dor torácica: Um enfermeiro perito poderia imediatamente iniciar oxigenoterapia, reconhecer a necessidade de realizar ECG( e fazê-lo) assim como a necessidade de colheita de sangue( e tipagem) assim como a restante monitorização de SV e possível actuação em caso de periparagem.

Se falarmos em procedimentos técnicos o que difere um especialista dum generalista, muitas vezes é o "olhar" perito para a situação. Se me disser que isto não tem importância nenhuma lhe garanto que está redondamente enganado. Ser perito é saber reconhecer problemas e actuar em conformidade (em tempo, em reconhecimento dos problemas: diagnósticos de enfermagem e na actuação assim como na avaliação).

Isto poderá parecer-lhe estranho mas isto é apenas o reconhecimento formal de algo já acontece. O processo de especialização apenas visa garantir quer o reconhecimento prático desta perícia, quer garantir duma forma fidedigna que estas competências foram adquiridas e até apressá-las: Como é óbvio isto pode demorar muitos anos pelo processo normal. Através da supervisão isto pode demorar muito menos tempo e duma forma mais segura para todos.

Trata-se acima de tudo de garantir mais segurança nos cuidados, maior qualidade nos mesmos e maior justiça no reconhecimento das competências.

Desculpe a linguagem menos técnica mas não sei o seu grau de literacia quanto a estes assuntos...
Abraços
 
Técnico superior, vais ficar a falar só...zinho...
 
vv eu sou generalista e não concordo nada consigo. Eu só quero ser enfermeiro especialista se tiver um acréscimo no meu ordenado e se tiver condições para exercer a minha actividade.

Eem relação a isto dou-lhe o exemplo do meu serviço (cirurgia ortopédia) onde EXERCE um enf de reabilitação há já muitos anos. É um dos bons exemplos. É um perito na área, bastante respeitado e muito competente e "sabedor" do que faz. E continua a ser enfermeiro: a trabalhar essencialmente na promoção do auto cuidado / autonomia nas AVD, nas mobilização e transferências, educação para a saúde, ... .Mas sabe porque consegue tudo isto? Poque tirou a especialidade e depois exerceu e dedicou-se a essa área. Se não fosse assim e tivesse que fazer tudo como generalista nada sobrava para o especialista - e esta é a realidade. E nunca ganharia a competencia / experiência que lhe é agora reconhecida.

Por isso se gostava de ser especialista? Gostava se ganhasse mais e se pudesse efectivamente exercer ...

Estou mais realizado como enfermeiro generalista no exercício das minhas funções do que como hipotético especialista frustrado a trabalhar e a ganhar como generalista.
 
Eu não me parece lógico que todos sejam especialistas, mesmo na medicina. O caso da Medicina geral e familiar é tipicamente um caso de má gestão de dinheiro e recursos.
Mas são opiniões. A enfermagem escolheu este rumo o de todos se especializarem e sem pensar em "retribuições" - vamos ver como estrá a enfermagem no futuro com este modelo...eu não tenho grandes expectativas!!!
 
Se a ideia era que todos fossem especialistas ... então ... há dez anos atrás em vez do complemento tinha toda a gente tirado a especialidade!!!

Não percebo qual a estratégia de quem orienta os destinos da enfermagem?
 
Só na enfermagem é que se vê alguém dizer "eu quero só ser generalista". O que é um "generalista"? Porque é que o enfermeiro há-de continuar a ser pau para toda a obra?

Também não defendi em nenhuma intervenção que o especialista não deva ser pago pelo que faz. Claro que deve haver lugar a revalorização e quantos mais forem maior é a força da sua presença. Vejamos a diferença entre serviços onde há um especialista e onde haja 10. É capaz de passar a haver alguma diferença, ou não?

VV
 
VV
É bom viver de ilusões?

É por isso que a enfermagem está como está...

Em nenhum País do mundo deixou de haver enfermeiros generalistas e sabe porquê? Porque eles são fundamentais...

Qual o motivo de acabar com eles?

Como quer organizar um serviço de internamento só com especialistas - passam a trabalhar à tarefa de acordo com a especialidade?

Vão continuar a fazer o mesmo de sempre, na rotina dos banhos, dos pensos, da medicação...mas é que alguém tem de fazer essas tarefas muito importantes. Há é áreas específicas de enfermagem (especialidades) em que é necessário agir de modo mais diferenciado.

Mas alguém tem dúvidas que as especialidades não foram valorizadas porque o governo já sabia que como estava a ser cozinhada a carreira iria ter que subir dois escalões a todos os enfermeiros no futuro ... tem dúvidas disto?

Mas a questão é se é necessário que todos os enfermeiros sejam especialistas - olhe para mim é mais do que lógico que não é necessário nem desejável.

No actual contexto sócio económico pensar colocar Portugal como o único País no mundo com os enfermeiros todos com um único nível de formação (agora todos especialistas e mestres) é um suicídio intelectual. Pode-se fazer isso mas vamos pagar um bom preço e quem paga mais é (curiosamente) quem mais se esforçou para procurar melhorar os cuidados que presta à custa de sacríficio pessoal, familiar, financeiro ...

Era preciso reorganizar as especialidades e criar dotações por serviços / áreas e isto já foi dito! Nada foi feito, claro ... Há serviços em que teriam lógica serem todos especialistas mas muitos outros não ...

Já só falta vir alguém dizer que só se vai lutar realmente pela valorização dos especialistas quando formos todos especialistas (onde é que eu já ouvi esta história antes ...)

Vicente Santos
 
"...quantos mais forem maior é a força da sua presença"

Acho que essa estratégia não vai resultar...
 
Vicente,

Um serviço deve ser organizado de modo a que sejam dadas as melhores respostas aos problemas de saúde da população que serve. As melhores respostas passam também pela prestação de cuidados por enfermeiros com competências avançadas.

Quanto às tarefas que menciona (banhos, pensos, medicação), não as entendo desse modo e na minha visão da enfermagem não as excluo do âmbito das competências do enfermeiro especialista. Como habitualmente não dou banhos nem faço pensos, talvez tenha dificuldade em perceber porque é que essas são áreas para "generalistas".
Também não sou daquelas que pensam que o enfermeiro especialista não deve ter "doentes distribuídos". Como vê, sou tudo ao contrário do pensamento dominante.

Os racios como se diz agora, são apenas por motivos económicos e não porque não se veja na prestação de cuidados por enfermeiros especialistas uma mais valia para o cidadão.


VV
 
VV,

Não acha que os motivos económicos interessam? Ou devemos viver fora da realidade?

Eu nunca disse que os enfermeiros especialistas não devam ter doentes!!! Claro que sim, só que em contextos diferentes e depende obviamente da especialidade!!!

Se não criarem condições específicas para que os enfermeiros exerçam a sua especialidade,elas vão ser mais um ciclo de estudos sem grande interesse prático, pois o que conta é o que se faz.

Pequemos no exemplo dos banhos ( a imaculada função dos enfermeiros)

Se tiver todos enf de reabilitação num serviço e sem aumentar o famoso racio, será que os cuidados de higiene serão diferentes? E se, pelo contrário, tiver um enfermeiro de reabilitação a treinar as AVD nos doentes com lesões vertebromedulares, na higiene, no vestir, etc ... sem perder a visão global do doente - não será melhor? Para o doente... para o enfermeiro que ganha mais competências e treino nessa área específica e para a enfermagem que ganha um verdadeiro especialista num segmento específico da sua actividade...

VV,

Como estamos não vamos a nenhum lado ... é um caminho sem saída e seremos sempre os tais paus para as obras que ninguém quer fazer!

Mas olhe que até nos banhos que falei estão aí os terapeutas ocupacionais a dizer que essa área é deles...

E os TAE na emergência ...

E os podologistas ...

E ...

E nos vamos fingindo que nos especializamos!!

Vicente
 
Vicente,

Já um pouco tarde mas ainda vou tentar clarificar a minha opinião em 2 dos tópicos que menciona: banhos e aspectos económicos.

Os banhos consomem tempo aos enfermeiros que devem fazer o mea culpa pela situação que muitas vezes alimentam. Quantas vezes os enfermeiros não vão, tipo brigada de limpeza, lavar doentes que podem perfeitamente realizar a sua higiene apenas com supervisão ou com ajuda parcial? Falo com conhecimento de causa e sei que para nos despacharmos nem sequer verificamos se o doente é capaz disto ou daquilo. Talvez possamos mudar de estratégia e poupar bastante tempo, ao mesmo tempo que incentivamos o doente ao autocuidado.

Quanto às questões económicas, não são negligenciáveis mas não podem ser a bitola da qualidade dos cuidados que se prestam, especialmente num sistema de saúde onde o desperdício é vergonhoso. Poupe-se em tudo, menos no que toca à saúde das pessoas. Hoje estão lá estranhos, amanhã podem ser amigos nossos, familiares ou nós próprios. Não vamos querer cuidados de segunda ou que se façam restrições aos nossos cuidados porque não há dinheiro. O dinheiro existe e está mal aplicado e mal controlado.

VV
 
VV,

Admiro a sua persistência,sentido crítico e até a forma como expoe as suas ideias, mas não concordo consigo.

Não sou de reabilitação, mas conheço bem essa área e tenho alguns amigos enfermeiros de reabilitação ... e da prática mesmo.

É que incentivar o auto cuidado como fala, pode não ser bem a mesma coisa que treinar AVD de forma metódica e organizada e isso consome muito mais tempo do que "dar o tal banho".

Esse fazer tipo brigado de limpeza por vezes é bastante mais rápido.

É por má prática que fazem isso muitas vezes, mas muitas outras vezes é por falta de tempo e de organização.

Para fazer o tal treino de AVD é preciso saber, ter prática/treino e disponibilidade para passar muito, muito tempo com os doentes a treinar a comer, a vestir, a cuidar da sua higiene ...

Isso não se faz entre dar dois comprimidos e mais uma chamada para a muda da fralda e mil coisas que os enfermeiros "tentam" fazer ao mais tempo.

É preciso mais rigor, conhecimento e competência no que se faz ...

Para mim, o que defende vai levar a médio prazo à perda de dignidade das especialidades e à sua completa banalização. É as minha opinião, mas o futuro o dirá ...

Em relação ao dinheiro, concordo consigo: ele está muito mal distribuido, há muita injustiça ... até corrupção e vivemos num sistema económico "cão"... Mas também não podemos viver fora da realidade socio económica do país e do mundo e passar a viver de ilusões ...e é isso que a nossa ordem e sindicatos têm feito.



Vicente
 
Continuo a ler muitas barbaridades...não me choca tanto o facto de que duvidem do potencial das especialidades, porque realmente merecem um aprofundamento e reforma, mas verifico que são vários os discípulos do Dr. Enfermeiro, desprovidos de qualquer tipo de reflexão crítica, que embarcam fanaticamente em tudo o que lhes é dito...
Para falar, é preciso pensar antes...é preciso saber do que se fala!
Não, não sou especialista e também não penso que as especializações sejam uma forma camuflada de semelhança à classe médica. Sou enfermeira e sinto que devo desenvolver-me numa determinada área. É claro que não esqueço as bases e sei actuar de forma muito genérica em todas as situações (mas será que eu, um dia que esteja do outro lado, quero ser atendida por alguém que sabe meia dúzia de coisas e ao fim não sabe nada? Se não nos focarmos, nunca sairemos da "sepa torta" e continuaremos a ser os profissionais que só sabem "fazer curativos" e "dar injeções". Isto podia desabrochar numa bela reflexão, porque executam-se sim tratamentos e administram-se injectáveis, mas não se fazem pensos, nem se dão injeções...Mais uma vez, gente formada a nível superior, sem conseguir discernir o básico! Neste contexto, como posso esperar que a imagem da profissão mude? Os próprios profissionais defendem acerrimamente a ignorância! Aos que estão tão contra a especialização: há determinados serviços em que ainda se aprende por tentativa e erro, ou pela bondade de alguns colegas. Acham isto plausível? Eu não. Não é digno de profissionais, supostamente qualificados.
Há pessoas que, infelizmente, nunca merecerão a profissão que têm.
Peço desculpa, mas não posso deixar de passar outra mensagem...algumas pessoas :) desencorajam as especializações (cujo conteúdo se prende com áreas funcionais do enfermeiro), mas defendem desmesuradamente a prescrição de fármacos pelos enfermeiros. Curioso, não?
 
Alguem me ajuda a saber que posso fazer para cpnseguir tirar licenciatura ou seja eu ainda fiquei para tras e não consegui tirar o complemento quando ainda todas as escolas tinham logo agora fiquei sem solução viavel pois dizem-me para me inscrever no curso geral pagar como tal e ainda depois fazer as cadeiras que eles depois avaliam qual seriam...vivo em santarem e tirei o curso em beja e aqui nem me aceitam a inscrição pois não fiz aqui o curso...que soluções consigo assim???ajudem-me

 
Concordo plenamente com a necessidade e pertinência da existência do enfermeiro especialista, desde que desenvolvam competências na sua área de formação, o que atualmente não se verifica. o que se verifica é que uma grande percentagem destes profissionais se vira para a gestão e nada mais.
 
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