quinta-feira, março 17, 2011

A poção mágica do empreendedorismo...



O empreendedorismo era um conceito relativamente desconhecido para os Enfermeiros, habituados ao emprego sem dificuldades ditado pela carência que subsistia/subsiste no sector da saúde.

Com a era do desemprego, que resultou do severo desequilíbrio da oferta formativa, o empreendedorismo alugou um espaço no seio da classe. Com os interesses dos docentes/Escolas por demais evidentes e inerentes à necessidade da disponibilização de vagas (como forma de sobrevivências de instituições de ensino), a Enfermagem vigora agora nas tabelas das mais elevadas taxas de desemprego e precariedade.
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A docência, atenta, procura alternativas de (bom) marketing e inova o vocabulário dos aspirantes a Enfermeiros (e não só). Os futuros colegas têm de ser empreendedores e não esperar que o emprego caia por artes divinas (tal como em tempos idos).
Mais uma semi-tolice, oriunda de docentes para quem a ciência é uma coluna semanal da revista Maria e a autonomia um conceito vago, esbatido e dissonante, com raízes na terceira idade canadiana e francesa.

Nem defender o emprego sabem, pois não munem, sequer, os respectivos pupilos de "armas" que lhes permitam ser empreendedores (nem parecem compreender a necessidade da reforma/reenquadramento do ensino). 
Se se enfrentar uma batalha sem apetrechos e descalços, obviamente, não se pode augurar grandes sucessos. Quase garanto, nenhum sucesso. Adorava saber, portanto, como se pode ser "engenhoso" (ler o texto da imagem) na procura de emprego.

Comments:
Há várias escolas a fazer estas actividades. Não vejo mal nenhum que um licenciado em enfermagem crie uma empresa de cuidados de saúde, por exemplo. Qual é o mal? Ou que crie uma ONG, por exemplo. Qual é o mal? Ou que resolva ir para o estrangeiro uma temporada. Porque não?

Hoje o conceito de trabalho seguro para toda a vida tem os dias contados. Não podemos meter na cabeça da geração seguinte tudo aquilo que foi pertença da época em que nos lançámos ao trabalho. Se não os preparamos para o que previsivelmente irá acontecer, eles sentirão a mesma frustração que os actuais licenciados desempregados. Depois andam na rua de bandeirinha! Para quê? Alguém é obrigado a dar emprego a alguém? O Estado é obrigado a absorver toda a mão de obra? Não vivemos numa sociedade de mercado, onde o capital é um valor essencial? Então temos que andar no mercado e é para isso que devemos preparar as pessoas que agora vão começar a tomar decisões importantes na sua vida em relação a carreiras e a formas de lutar para encontrar trabalho.

VV
 
Boa noite. Após ler esta sua reflexão, devo-lhe dizer que pouco percebi da mesma. Lança ideias confusas, incoerentes e muito subjectivas. Em algumas palavras até se torna difícil de discernir se não estará a ser irónico, o que não beneficia quem lê. Em tempos já observei post's bem mais pertinentes, coerentes e interessantes da sua parte. Concordo com a clara excessiva oferta formativa desenquadrada com as reais "procuras" do país. Quando refere "não munem os respectivos pupilos de armas", pode explicar melhor isso por favor?! O que falta aos alunos então, para não caminharem descalços?! É que associar/misturar os fundamentos para a realização de um fórum de empreendedorismo com as características subjacentes ao ensino de enfermagem é muito desajustado.

Cumprimentos,

Enf. Vítor O.
 
Por acaso acho este post excelente, mas está denso, que só percebe quem está por dentro de tudo... é complexo.
 
EMPREENDEDORISMO?!?!?!



"Falar em empreendedorismo em Enfermagem, é esquecer a missão do SNS e os valores da própria profissão. Se o Estado garante uma resposta em tempo útil, mas há uma empresa que resolve o problema mais rapidamente, estamos a falar de empreendedorismo. Mas se a empresa resolve o problema, simplesmente porque o Estado não consegue dar resposta, o profissional de saúde não pode remeter-se ao silêncio, sobretudo se um país esconde esta realidade e ao mesmo tempo quer candidatar-se ao Mundial de Futebol ou ter um TGV!



Estranho também, que aqueles que tanto apregoam a visão holística no cuidar, alinhem em esquemas de “tarefa porta a porta”. Então não eram os enfermeiros que defendem o trabalho em equipa? Uma equipa multidisciplinar, interdisciplinar, transdisciplinar?!?!



Não será o empreendedorismo uma forma de esconder políticas erradas em matérias de vagas nas escolas de enfermagem? Criam-se licenciados a torto e a direito, e depois vamos encaminhá-los para o… “empreendedorismo”?



Qualquer profissional de saúde deve respeitar a Constituição do seu país. Se o fizer, rapidamente concluirá que o SNS não consegue dar resposta aos problemas de saúde de todos os cidadãos. Nesse sentido, pronunciar-se-á junto dos governantes para que se tomem as políticas necessárias para a sua correcção. Depois disso, falemos então em empreendedorismo."



Recomendo a leitura do artigo detalhadamente:

http://senhorenfermeiro.blogs.sapo.pt/4669.html
 
Realmente não consigo perceber...quem faz estas declarações deve pensar que os estudante de enfermagem são todos filhinhos dos papás e que vêm de famílias abastadas para logo em inicio de carreira conseguir ser empreendedor e gerar o seu próprio posto de trabalho!!!! Que condições tem o governo dado a esta classe?? Que dignidade?? Enfim acho que este assinto já foi demasiadamente debatido e as coisas continuam na mesma.... É uma realidade triste...muito triste!
 
Aconselho os senhores utilizadores deste fórum que "rebatem negativamente" a visão do empreendedorismo a fazerem uma pesquisa extensiva sobre a temática e algumas caracteristicas fulcrais do mesmo, que também foram transmitidas neste fórum de empreendedorismo. É muito mais do que afirmam ou reflectem.

Vou exemplificar, que é para perceberem que não ando a pensar em balelas ou situações inadequadas.

Se eu sou enfermeiro e apresento um projecto empreendedor, da criação de uma empresa que fabrique caixas de medicamentos que informaticamente disponham os medicamentos aos idosos nas horas adequadas, estou a ser empreendedor. Inovar. O estado apoia projectos inovadores que fomentem o desenvolvimento, com toda a matéria bem defendida. Aliás posteriormente poderão ser empresas privadas a pagar por este tipo de projectos, pois serão as mesmas detentoras do capital necessário. Agora associar o empreendedorismo a essa série de problemas da profissão é muito redutor...

Enfim...

Cumprimentos...
 
empreender (ê) - Conjugar
v. tr.
1. Intentar; levar a efeito; dar princípio a (uma empresa).
v. intr.
2. Pop. Cismar, ter apreensões.
 
Enfermeiro Vítor Oliveira, compreendo o seu ponto de vista, mas continuo a não concordar consigo.

O empreendedorismo sempre existiu na Enfermagem: seja pela investigação, seja pela aplicação de novos conceitos (conhecimento científico) no dia a dia, seja pelas alterações nas dinâmicas de funcionamento nas instituições de saúde…

E como é óbvio, o exemplo que refere da caixa de medicamentos (chamêmos-lhe “electrónica”), pode partir de um enfermeiro. Duvido é que um único enfermeiro (ou um grupo de enfermeiros) consiga dar seguimento a uma coisa dessas. Se estiver integrado numa empresa farmacêutica, aí já será mais provável. Mas também lhe questiono do seguinte: será que nenhuma empresa ainda se lembrou disso? E isso será comportável para o utente (sabendo nós que alguns ganham tão pouco, que mal dá para os medicamentos)?

E olhe que está enganado: o empreendedorismo é apregoado por aí, como sendo a resposta para a crise (leia-se “problemas da profissão”). Uma coisa não está dissociada da outra. Se tem dúvidas, leia de novo o texto que consta no cartaz do 4º Fórum de Empreendedorismo.

Aceito que me aponte outros exemplos.
 
Olá. Desde já agradeço o seu feedback. É sempre bom discutir situações deste tipo, com pessoas que saibam discutir...
Eu não estou nada ligado ao projecto empreendedorismo da escola, apesar de ser licenciado a partir da ESEnfC.

Eu referi a caixa de medicamentos, porque foi um projecto que avançou à uns anos atrás. E foi apresentado por um grupo de estudantes. Neste caso, pode-se avançar com o projecto pedindo apoio ao estado e constituindo empresa, ou pode tentar a compra da ideia, que esta ultima, penso ter sido o exemplo da caixa de medicamentos. Claro que quando avança com a criação de empresa, poderá ter de contratar outras classes profissionais que o apoiem. E a venda da ideia poderá não servir ao nosso país, mas pode servir a outro, tudo vai depender da capacidade empreendedora do projecto. Outro exemplo, as empresas de apoio domiciliário surgiram a partir do empreendedorismo (que tal como eu concorda que é uma palavra e processo muito abrangente).

Agora, relativamente ao tópico apresentado, refere-se um "fórum de empreendedorismo" em que pelo que sei, ninguém é obrigado a estar presente e são momentos que tanto nesta área como noutras são sempre de louvar pela sua existência. Neste caso porque permite informar e esclarecer quem pretende saber mais, o que a meu ver é um aspecto positivo. O empreendedorismo não é a resposta para a crise do sector em geral, mas sim para uma muito escassa minuria, porque não é fácil e exige muito. E quem quer que seja que transmita isso está errado. Não vai ser "este" que vai dar resposta de emprego aos 300 e tal estudantes que saem de Coimbra anualmente (aspecto esse negativo...), mas pelo menos para os grupos que forem ao concurso e que se classificarem no 1º, 2º e 3º lugar já significará no mínimo algo de positivo (prémios).

Cumprimentos...
 
Nalguns aspectos estamos de acordo. Mas reparei que mencionou a criação de uma empresa (com o apoio do Estado). Afinal somos por um empreendedorismo puro, ou por um modelo semi-empreendedor? Relativamente aos cuidados domiciliários, sendo eu cidadão que paga os seus impostos, porque carga de água é que ainda tenho de pagar a uma empresa privada para receber cuidados a que tenho direito?
Quanto ao debate de ideias, estou plenamente de acordo, não tem problema algum. Mas olhe que há muita gente que participa nestes debates, e que acha que bastará apenas apregoar o “empreendedorismo” para resolver não todos, mas um boa parte dos nossos problemas. E nesse discurso eu não alinho. Até lhe digo mais: é um pouco como o Sócrates – depois de anos de grande incompetência, vêm agora com (mais) “medidas” para solucionar a “crise” que ao longo de anos não só não resolveram como ainda agravaram!
 
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