quarta-feira, agosto 10, 2011

Outcomes do blog DE


"Depois de ter denunciado neste blog que no meu serviço os enfermeiros eram obrigados a pedir diariamente as análises de sangue (preencher requisições), acabou-se! Eles andam aqui a espiar e a mensagem chegou lá direitinha
(link para comentário anónimo)

Comments:
Verdade seja dita, goste-se ou não deste blogue, o certo é que tem MUITA força...
 
eu tb já denunciei aki uma koisa e resolveu-se no prazo de uma semana. bem haja!!!!!!
 
"Obrigados a pedir análises????"
E a dignidade profissional onde está??? Também os obrigam a interpretá-las e agir em conformidade. Bajoladores. Assim está a Enfermagem.
Ninguém é obrigado ao que quer que seja se o mesmo não corresponder ao estipulado.Ex.Administrem um IM por via IV por ordem médica e vão ver onde vão parar.....
 
obrigado a todos pelo k fazem pela dignificação de tão nobre profissão e contra quem sem escrupulos, principios ético-deontológicos e moral nos tentam derrubar...
 
Por acaso (quer dizer, não é so por acaso) este blogue é conhecido em todo o lado. Quando digo todo o lado é TODO O LADO.
 
Muita coisa tem que ser denunciada!
Conheça por gentileza o blog:

www.oladoobscurodaenfermagem.blogspot.com
 
Caro Dr Enf, peço desculpa por estar a deixar um post fora do tema mas gostaria de saber a sua opinião sobre a formação dos centros de idoniedade e da certificação de competências que a ordem está a preparar e já agora o que pensa dos ordenados que a ordem irá pagar em parte (tudo o que seja acima de 1200 euros até ao topo de carreira de chefe) dos membros desses centros.

Obrigado
 
Nunca pensei que um simples blogue mudasse tantas coisas na enfermagem. parabens
 
O comentário das análises é meu.

Trabalho nesse serviço há alguns meses e o que me foi dito à chegada é que era assim mesmo, que eram os enfermeiros que "pediam as análises" há muitos anos e que nunca ninguém tinha conseguido alterar a situação; inclusivamente alguém terá contestado essa situação de puro esclavagismo, e terá sido afastado da equipa ou não sei quê...

A verdade é que depressa compreendi que ali não se "pediam análises", mas preenchiam-se requisições com o mesmo tipo de análise, estando os enfermeiros devidamente instruidos para acrescentar a calcémia e hormonas da tiróide nas tiroidectomias, atrevendo-se alguns a acrescentar albuminémia quando o doente estava mais desnutrido e tal e tal...

Vale a pena dizer que não só eram os enfermeiros a "pedir as análises" ou preencher papéis, como NÃO ASSINAVAM O PEDIDO e alguns até davam as requisições ao médico de urgência interna para ele rubricar. Inacreditável!!!

COLEGAS: Isto é um retrocesso de décadas na enfermagem portuguesa, alimentado por ENFERMEIROS relativamente jovens. Compreendo que a situação de precariedade laboral faça com que as pessoas tenham medo de assumir posições, mas não pode ser.

Confrontada por um aldo com esta triste realidade, por outro com a minha forma de ser e estar na profissão, comuniquei à chefia do serviço que não concordava com a situação, quando o volume de trabalho excedesse a minha capacidade habitual de resposta a primeira tarefa que não faria seria o pedido de análises, esqueci-me imensas vezes de fazer esse pedido e sempre que o fiz ASSINEI com o meu nome e nº mecanográfico, identificando a minha profissão antes do nome. Ainda houve alguém que me disse com um certo ar de repreensão (uma enfermeirita nova): "Tenho reparado que assinas os pedidos, mas não se assina. Vai assim em branco." Perguntei-lhe porquê. Ela disse-me que era mesmo assim que tinha ficado acordado. Perguntei-lhe entre quem. Ela disse que já era assim quando para lá foi.
Respondi-lhe que ela devia assinar TUDO o que escrevesse, mesmo TUDO.

Em breve conto mais uma cena, pois este serviço é rico em coisas destas!

abraços,

VV
 
Cirurgia II? hospital Santa Maria? acontecem quase-crimes lá.
 
e não sou enfermeiro mas envergonho-me do comportamento de alguns "butchers" desse serviço de cirurgia
 
Clap... clap... clap...

Palminhas! É engraçado é que em tanto tempo de existência deste blog tantos enfermeiros ainda executem tantas funções de auxiliar.

Porque é que os enfermeiros não podem requisitar (autonomamente, talvez apoiados por protocolos) um pedido de sangue e a colheita ser feita por um técnico de análises? Não têm competências suficientes? Porque não adquiri-las? Porque não evoluir?

No H.S.João, a partir do momento em que o material de penso passou a ser prescrito obrigatoriamente pelo médico, este vinha perguntar ao enfermeiro o que devia prescrever, pois não tinha conhecimentos para tal; ao fim de pouco tempo, os enfermeiros passaram a prescrever os referidos materiais, para desagrado dos médicos, que no entanto tiveram de se render ás evidências. A isto chama-se evoluir.
 
Obrigados a pedir análises????"
E a dignidade profissional onde está??? Também os obrigam a interpretá-las e agir em conformidade. Bajoladores. Assim está a Enfermagem.
Ninguém é obrigado ao que quer que seja se o mesmo não corresponder ao estipulado.
Assino por baixo, faziam porque queriam ...para bajular ... aí o Sr. Doutor isto, ...etc. é uma vergonha ... o que se passa nesta profissão ... os novos criticam os velhos e vão assim subindo na vida ... e mais não digo ...
Isto não deveria ser feito ... a evolução não é nenhuma ... é um grande retrocesso ... quanto mais denunciado ... não são obrigados a isso ... porque o fazem??? bajulação!!!!!!!!
 
Caro Dr Enf, peço desculpa por estar a deixar um post fora do tema mas gostaria de saber a sua opinião sobre a formação dos centros de idoniedade e da certificação de competências que a ordem está a preparar e já agora o que pensa dos ordenados que a ordem irá pagar em parte (tudo o que seja acima de 1200 euros até ao topo de carreira de chefe) dos membros desses centros.

Obrigado
 
OMFG, com tanto narcisismo blogueiro só falta demonstrar a influência deste blog na migração das aves...
 
"OMFG, com tanto narcisismo blogueiro só falta demonstrar a influência deste blog na migração das aves..."


Meu caro, essa relação há muito que está estabelecida. Por vezes lá aparece uma "ave rara". Não é?
 
Hospital de Santa Maria (Lx)

http://www.ordemenfermeiros.pt/documentos/Documents/Parecer%2010_CE_08.06.2010_DotacaoEnfermeirosBO.pdf
 
Gostaria de um email para contato. Obrigado desde já.

Meu email é: pautafeliconio@gmail.com
 
"Doutor Enfermeiro disse...
"OMFG, com tanto narcisismo blogueiro só falta demonstrar a influência deste blog na migração das aves..."


Meu caro, essa relação há muito que está estabelecida. Por vezes lá aparece uma "ave rara". Não é?

1:23 PM"

Muito bom! lol...
 
"Gostaria de um email para contato. Obrigado desde já."

doutorenfermeiro@hotmail.com
 
Caro Dr Enf, peço desculpa por estar a deixar um post fora do tema mas gostaria de saber a sua opinião sobre a formação dos centros de idoniedade e da certificação de competências que a ordem está a preparar e já agora o que pensa dos ordenados que a ordem irá pagar em parte (tudo o que seja acima de 1200 euros até ao topo de carreira de chefe) dos membros desses centros.

Obrigado
 
Os Enfermeiros não são obrigados a coisa nenhuma desde que não faça parte do seu conteúdo funcional.
Sou Enfermeira e com muita pena , tenho assistido a situações idênticas a estas, ao longo da minha vida profissional. Alguns Enfermeiros até "gostam" de ser obrigados a executar funções médicas, não sabem nem nunca souberem impôr-se com funções da sua área.
Eu nem só me recusava a fazê-lo como tinha coragem para denunciar porque nunca pactuei nem fui conivente com situações como esta.
Ao anónimo das 10.48 e 10.50 se tem conhecimento de "quase-crimes" no serviço de cirurgia do referido Hospital, porque não as denuncia? Nao se esqueça que pode ser a próxima vitima.
Sr João Silva gostei do seu comentário.
Todos nós, profissionais de Saúde, temos um papel importante na mudança, mas para isso temos que dar o nosso contributo todos os dias no nosso local de trabalho. Temos que perder o medo de dizer "NÃO FAÇO", temos que perder o medo de represálias,temos que deixar de alimentar situações que em nada dignificam as nossas fardas. Não podemos esquecer que hoje somos profissionais amanhã utentes e podemos ser as vítimas dum sistema que ajudamos a criar e alimentamos.
 
"Ai não... requisitar sangues... nem pensar!... limpar o chão? claro... temos competências para isso e temos mais conhecimentos que as auxiliares ou as empregadas de limpeza!"

Ainda bem que os enfermeiros nem sempre foram assim, senão as enfermeiras ainda seriam prostitutas, a satisfazerem todos os desejos dos doentes, incluindo os sexuais.
 
Anónimo(a) das 10:54

Essa atitude de não contestar aquilo que lhes é imposto pelos médicos tal como o que designa erradamente por "requisitar sangues", é que se enquadra num modo de pensar característico dos tempos em que as enfermeiras, tidas como anjos, feiticeiras, prostitutas e tudo o que lhes quiser atribuir (os estereótipos não povoam apenas a mente da população, mas estão muito presentes na baixa auto-estima profissional que os próprios enfermeiros têm) em que fazia parte da formação das enfermeiras adverti-las que não era necessário dominar o conhecimento médico, mas realizar tarefas domésticas de rotina, sem julgamento crítico ou iniciativa; as enfermeiras deviam ser disciplinadas e obedientes.

Como vê, nos tempos actuais existe gente aqui na enfermagem que se está literalmente borrifando para esse legado do passado e adopta uma posição contra as imposições dos pequenos deuses da saúde.

Sabe porque é que nós não gostamos de "requisitar sangues"? Porque não somos nós que decidimos o que deve ou não ser "requisitado", quando e porquê. A lógica que preside a este tipo de requisição de análises é a realização de um trabalho sem lógica nem justificação, mecanizado e que pode ser realizado por qualquer acéfalo sem que isso perturbe o sistema.

Se a todos os doentes internados num recobro são pedidas análises, pergunto-lhe qual é a justificação que encontra para se pedir um hemograma e um estudo bioquímico a um doente operado há 3 horas a uma hérnia ou a uma vesicula? E porque é que, se não houver vaga no recobro e o doente for do bloco para a enfermaria depois de submetido exactamente às mesmas cirurgias, já não "beneficia" das mesmas análises dos "colegas" que tiveram vaga no recobro?

Que prestígio sente em estar a preencher papéis para o Dr assinar? Papéis que são requisições de análises cujos resultados não vai muitas vezes consultar ou se os consultar não pode decidir nada a não ser informar o médico que o INR está não sei quê, a Hb tal tal e o hematócrito subiu para não sei quantos %. Isto dá cá um prestígio do catano!

abraços
 
Ao anónimo das 10.54 esclareço que as Enfermeiras não satisfazem desejos de doentes. As Enfermeiras cuidam de doentes, provavelmente desconhece o significado da palavra cuidar,não precisam de "requisitar Sangues", que não é sinónimo de requisitar análises ,nem precisam de limpar o chão. Os Enfermeiros/as têm inúmeras funções que mais ninguem desempenha o que os torna insubstituiveis. Não sinto necessidade de comparar os meus conhecimentos com os dos médicos, porque, ao longo da minha vida profissional, já aprendi com médicos mas também já ensinei muito a alguns médicos.
Não sinto necessidade de declarar guerra á classe médica, porque só respeito quem me respeita e não sou das Enfermeiras que cumpre ordens médicas, cumpro prescrições médicas e nem sempre. Não faz parte das funções dos Enfermeiros preencherem "papeis" para os Senhores Doutoures assinarem, nunca o fiz embora saiba que ainda há muito quem o faça.
As Enfermeiras não são anjos,não são Feiticeiras nem prostitutas, são "Gente que cuida de Gente", São simplesmente Enfermeiras.
Anónimo das 10.54 se tiver coragem para se identificar, tal como eu o faço,talvez tenha umas coisas para lhe dizer.
Anónimo das 7.34 estou de acordo consigo, sou das Enfermeiras que orgulhosamente se borrifa para o legado do passado a que se refere.
 
@ Júlia Rodrigues

Adianta dizer-lhe que me chamo Joaquim, Sebastião ou António?

Enche a boca no cuidar, talvez nos queira explicitar, pelo menos a mim, o que é isso. Mas atenção que não quero teorias vagas e sem conteúdo, quero uma definição prática, quero que me diga ao certo o processo e sobretudo os resultados.

Borrifa-se para o passado, para aquele em que as enfermeiras deixaram de ser empregadas do médico, não aprende com ele, por isso está condenada a ficar estagnada no presente (que já é passado), não é empregada do médico, é empregada dos doentes e assim sendo continuará para sempre a sê-lo.
 
Já me esquecia...
@ anónimo 7:37:

Pelo que percebi, "o denunciador" assinava (naturalmente)as requisições, ou seja, era o requisitador. Fazia-o sem saber o que fazia? Então porque não adquirir competências e conhecimentos para saber o que requisita, porque requisita e saber como actuar perante os resultados? Os valores analíticos não são importantes para a prática de enfermagem? E colher o sangue, não é " um trabalho sem lógica nem justificação, mecanizado e que pode ser realizado por qualquer acéfalo sem que isso perturbe o sistema"? Esse e muitos outros que executa e não reclama...
 
Ao Anónimo das 10:54 e 12.02:

Sr Anónimo, gostaria de tratá-lo pelo nome porque para as pessoas que CUIDAM é importante tratar pelo nome( até fazem questão de tratar pelo nome que mais gosta quem necessita de cuidados), mas para mim Sr Anónimo também serve.
Reparei que do seu comentário das 10:54 faz parte a palavra TEMOS, se é Enfermeiro tenho vergonha que faça parte da classe a que, orgulhosamente, pertenço.
Relativamente ao significado da palavra CUIDAR, poderia dar-lhe algumas referências bibliográficas para se informar, mas não vou fazê-lo, porque quem afirma que "encho a boca no cuidar", não merece tal trabalho, tal perda de tempo. Poderia dizer-lhe que significa: tratar, responsabilizar-se; prestar atenção, interessar-se,..., mas prefiro que o SR descubra o verdadeiro significado quando, um dia, necessitar que alguém cuide de si. Como vê, não precisei de teorias vagas e sem conteúdo, a definição prática, o processo e os resultados deixo para o Sr Anónimo descobrir quando, um dia, estiver numa cama e necessitar de CUIDADOS de Enfermagem.
Se sabe ler e interpretar, no meu comentário, refiro-me ao comentário das 07:37 (por lapso escrevi 07:34), quando afirmo que me borrifo para o legado do passado, é para esse legado que me borrifo.
Estou de acordo com o referido comentário (07:37).
Só para esclarecê-lo, porque também me borrifo para o que escreveu a meu respeito, vou dizer-lhe que nunca fui criada de nenhum médico nem de nenhum doente (se me conhecesse, garanto-lhe, que não me definiria desta forma) fui, sou e serei sempre Enfermeira, simplesmente Enfermeira, GENTE QUE CUIDA DE GENTE.
Para terminar, pode escrever o que lhe apetecer e quiser, vivemos num País com liberdade de expressão, mas não vou perder nem mais um minuto consigo, Sr Anónimo, porque mais uma vez me vou borrifar e ignorá-lo.
 
Cara Júlia:

Infelizmente sou enfermeiro e com muita vergonha, não pela profissão em si, mas por aquilo que os enfermeiros portugueses fazem dela, pelos colegas que tenho, pela "enfermeiragem". Colegas a quem se pede uma definição concreta e que nos falam em conceitos vãos e nos mandam descobrir a nós, porque eles próprios ainda não descobriram, elas próprios não sabem o que andam aqui a fazer, não sabem o seu lugar e o contexto do seu trabalho, cumprem rotinas e falam em cuidados individualizados, não sabem os resultados do seu trabalho porque não querem trabalhar para eles, por isso são ineficientes e ineficazes, são uma engrenagem defeituosa do sistema e são tratados como tal, deixam-nos pensar que são licenciados, mas pagam-lhes como meros técnicos pois é esse o trabalho que executam. Gabam-se que não são empregados de ninguém, mas não passam de empregados de todos, empregados do sistema, sem autonomia, sem liberdade, sem poder. O que me envergonha ainda mais, cara colega, é que não têm noção disso ou se têm "borrifam-se" para isso, "borrifam-se" para a profissão que exercem, para o seu passado e para o seu futuro. Felizmente em breve vou começar a exercer a minha profissão noutro contexto, noutro país, com enfermeiros de verdade, enfermeiros que aprenderam com o seu passado e trabalham no presente com ambição no seu futuro e vou-me poder "borrifar" para "a enfermeiragem" que mina a enfermagem deste Portugal, que está também podre, onde só alguns se safem, porque só esses têm noção de si próprios e do que contexto que os rodeia. Não perca mais tempo comigo, pois as minhas palavras são demasiado duras e certeiras, perca tempo com a gente que quer cuidar, com a gente que se está "a borrifar" para si porque procuram o que não lhes pode dar, procuram resultados, procuram soluções para os seus problemas e não palavras mansas e uma insuficiente mão amiga.

cumps, Rui Silva (ou Sr Anónimo)
 
Anónimo das 12:12,

O seu discurso deixa transparecer um conjunto de incongruências entre alguma eventual actividade prática de enfermagem que possa ter (e sobre este aspecto tenho sérias dúvidas), mas com todo o contexto em que se praticam cuidados de saúde (aqui já é uma questão de senso comum e não me espanta tanto).

Não me parece que seja enfermeiro. Mas poderá, eventualmente, ter feito uma licenciatura em enfermagem ou outro curso. Mas se é enfermeiro deve pertencer ao grupo dos que detestam o que fazem e vivem penosamente o caminho de um trabalho pelo qual não sentem qualquer gosto.
Um dia a ciência, muito ao jeito do DE, vai explicar porque é que as coisas são assim. Mas são. Talvez não se tenha dado a plena mielinização nos axónios que ligam o seu cortex à região pré-frontal, ou talvez tenha traços daquele 1% da população que, embora se emocione como os outros, têm um cérebro que não é capaz de construir sentimentos como a empatia, a solidariedade, a preocupação com o outro, étc. Por isso talvez tenha essa dificuldade em clarificar para si mesmo o que é cuidar de alguém.

Se não sabe o que é cuidar no âmbito geral da vida (cuidar de si mesmo, cuidar da sua família, cuidar dos seus amigos, cuidar o planeta onde vive, cuidar os animais, étc.), é capaz de ter mesmo essa dificuldade em entender o que é cuidar no âmbito dos cuidados de saúde.

Mas existe um cuidar cheio de especificidades nos cuidados de saúde. Esse cuidar não é apanágio da enfermagem, mas sustenta uma forma de estar transversal a todas as profissões que lidam com as pessoas.

(continua no comentário seguinte)

VV
 
Anónimo das 12:12:

(continuação do comentário anterior)

Não é necessário citar autores nem dizer que os outros disseram aquilo que nós próprios, como pessoas, já experimentámos e vivemos e sobre o qual já reflectimos. Talvez as nossas reflexões sejam mais esclarecedoras, sempre que estamos a pensar e falar sobre valores. Tudo isto é possível porque o cuidar é um valor, visto que se coloca no campo do desejável, daquilo que sentimos ser mais humano para preservar a nossa existência. É um conceito "guia", que orienta as nossas acções e no qual podemos situar as nossas reflexões sobre a vida e o embrutecimento que pode ocorrer na ausência de certos valores.

Se colocamos as coisas neste ponto, isto é, o conceito de cuidar numa dimensão abstrata, podemos sempre pensá-lo sem provas científicas, mas como uma orientação filosófica com argumentos da vida sobre os quais a ciência terá muito a dizer no futuro.

Não gosta de pensar que a enfermagem tem bases filosóficas? Que não se limita a actos técnicos, manuais e mecanizados? Pois, pense então que existe um desfasamento muito grande entre os resultados que a ciência e a técnica nos proporcionam, e a angústia e o sofrimento dos seres humanos. Por isso ainda não atingimos o ponto em que falar de ciência e de cuidar se possa fazer num mesmo tom. Aliás, diria até que dada a evolução que a ciência tem tido - e sobretudo os processos que se usam para o seu desenvolviemto - nos faz suspeitar que existirá sempre a necessidade de cosntruir ideias ou conceitos motivadores da expressão da natureza humana, abertos à reflexão e ao enriquecimento com tudo o que possa tornar mais humana a nossa vida.

(continua no comentário seguinte)

VV
 
Anónimo das 12:12:

(continuação do comentário anterior)

O Cuidar vem de cuidado. O cuidado é uma atenção dada ao que se vai fazer, certo? Estive a regar as plantas da minha varanda, com cuidado para não deixar que a água transbordasse dos vasos e sujasse o chão; étc.

Na saúde esse cuidado requer também atenção, só que estamos a falar de uma atenção especial, redobrada, particular e específica para cada gesto que temos como profissionais. Enquanto a regar as plantas utilizo a perícia e o conhecimento anterior que tenho da situação, na saúde recorro a instrumentos próprios da minha profissão que me permitem exercer essa atenção de forma específica: a capacidade de escutar e as competências profissionais inerentes ao tipo de ajuda que vou prestar (se sou médico, enfermeiro, técnico, auxiliar, administrativo, étc).

Esta ação é especial na saúde porquê? Porque é pensada, repensada, criada em cada momento e por isso singular. E porque decorre numa relação altamente desiquilibrada (sobre isto podemos falar noutra ocasião) entre quem cuida e quem é cuidado. E porque estamos numa relação que não é uma relação familiar, social ou profissional, desenvolvemos de forma mais cuidada e muito específica uma forma de estar perante a pessoa de quem cuidamos: temos que ser capazes de combinar, naqueles segundos imediatos, os conhecimentos que o nosso cérebro guardou e adequar os saberes globais àquela situação particular, a destreza dos gestos que já repetimos não sei quantas vezes ou que nunca realizámos; uma forma de ser adequada ao momento, a própria intuição que nos permite "ver por dentro".
No limite estaremos a criar algo, estamos a dar um cunho pessoal ao momento que vivemos com as pessoas de quem cuidamos, mas para isso não basta tudo o que referi, não chega que se seja excelente do ponto de vista técnico e vagamente bem intencionado do ponto de vista humano. Interessa que toda a atenção que se constrói seja qualificada, adequada. Os cuidados que prestamos (vertente instrumental em que a atenção foca o acto, que embora possam ser realizados com cuidado sem cuidar da pessoa) são justamente reveladores da qualidade dessa ação, do cuidado que se teve com alguém.

Porém, cuidar no âmbito dos cuidados de saúde, não sendo algo tão complicado como vigiar um ventilador, é complexo. Exige que se olhe a globalidade sem desprezar os detalhes, valorizando ao mesmo tempo as interacções que se estabelecem entre esses elementos particulares e que são interações únicas. É mais ou menos como conduzir nas estradas de Portugal.

Agora, se cuidar é de todos os profissionais de saúde, porque é que a enfermagem capitaliza alguns pontos fortes neste domínio?

Os enfermeiros são os profissionais que vivem uma maior proximidade com os doentes, não só espacial, como temporal e de situações de vida. O espaço de liberdade no domínio deste cuidar é amplo pois não estamos limitados por regras redutoras que a cientificidade impõe a outros campos. O enfermeiro dispõe também de mais meios e mais tempos de ação na medida em que aproveite a miríade de pequenas coisas que se podem fazer no dia a dia, algumas com o pretexto de criar outras oportunidades de cuidar.

Nem sempre enquadramos as nossas intervenções na filosofia que o conceito de cuidar encerra; prestar cuidados pode ser feito de forma meramente instrumental. Então, se assim é:

O que é que o enfermeiro faz no seu dia a dia que se pode enquadrar no conceito de cuidar?

Quais são os elementos que caracterizam um profissional (ou o que se requer) capaz de prestar cuidados de enfermagem numa perspectiva de cuidar?

Sobre isto darei a minha opinião noutra ocasião.

VV
 
Sr Rui Silva:

Pelo seu discurso, por muito que se esforce, jamais será um Enfermeiro.
É e será sempre (se não aprender nada com a vida) apenas mais um licenciado em Enfermagem, daqueles frustrados que nunca quiseram ser Enfermeiros mas que, infelizmente, foi a única saída. Provavelmente é mais um Licenciado, contratado e explorado que nem pode abrir a boca porque senão é despedido.
Descarrega a sua "raiva", a sua revolta, de uma forma pouco ou nada inteligente.
A Enfermagem em Portugal precisa de mudanças profundas, sem dúvida, mas não precisa do contributo de Licenciados frustrados que nada sabem sobre Enfermagem.
A "Enfermeiragem" deste país fica grata ao País que o acolher, aos "Enfermeiros de verdade" que vão ser seus colegas, porque Licenciados em Enfermagem há muitos em Portugal, Enfermeiros continua a haver muito poucos.
A "Enfermeiragem" deste País deseja-lhe uma boa viagem e só tem uma coisa a dizer-lhe: JÁ ONTEM ERA TARDE.
Nós, "Enfermeiragem", por cá vamos continuar a lutar por aquilo em que acreditamos.
 
Caro VV:

Ia dizer-lhe que nunca pensei que coubesse tanta demagogia num “comment”, mas reparando bem, precisou de três. Não deixo no entanto de me espantar com esta capacidade geralmente presente nos enfermeiros para falar tanto sem dizer nada. Vou assim tentar “pescar” algo no meio das 1144 palavras que se deu ao trabalho de escrever.
O meu pedido de uma definição prática/concreta do cuidar continua por dar, continuo com o “cuidar numa dimensão abstrata” mas do que escreveu vou transcrever algumas coisas:
“sentimentos como a empatia, a solidariedade, a preocupação com o outro”… até aqui não me parece que esteja a falar de profissionalismo, mas de voluntariado ou vocações, talvez de padres/missionários.
“Esse cuidar não é apanágio da enfermagem, mas sustenta uma forma de estar transversal a todas as profissões que lidam com as pessoas.“… “cuidar é de todos os profissionais de saúde”… Mas só quem não sabe fazer mais nada é que enche a boca no cuidar (e apenas nisso).
“o cuidar é um valor”…” É um conceito "guia"” … “orientação filosófica”… “ainda não atingimos o ponto em que falar de ciência e de cuidar se possa fazer num mesmo tom”… “uma forma de estar”… “a própria intuição”… “dar um cunho pessoal”… “não estamos limitados por regras redutoras que a cientificidade impõe”… agora leva-me a pensar que a enfermagem é um religião ou uma filosofia de vida, quando é ou deveria ser uma profissão com todas as particularidades a isso subjacentes.
“criar outras oportunidades de cuidar”… Quando não se tem nada para fazer inventa-se (ou cria-se), preocupante é o facto de haver tanta coisa para fazer, tanta coisa importante e os enfermeiros não as quererem (talvez por não as saberem) fazer.
Devo dizer-lhe que o seu discurso me soa a professor de enfermagem, que se refugia em palavras bonitas para fugir à falta de cientificidade, de conhecimentos verdadeiros; por certo também terá umas palavras bonitas para escrever uns quantos comentários a falar de ética/deontologia. Talvez até viva mesmo num mundo imaginário de felicidade e bondade, mas acredite que a realidade é bem diferente e quem gere a saúde (onde estamos incluídos) tem perfeita noção da mesma e preocupa-me que essas pessoas possam ler estas palavras que por vezes são proferidas nos comentários destes blogs e se dê conta que está a pagar cerca de €1000 mensais aos enfermeiros (que ainda pedem mais) para isto, para tanto floreado, quando o escasso dinheiro não chega para coisas mais importantes, não chega para aquilo que os doentes querem e que os levou a recorrer a uma instituição de saúde (julga que foi a empatia ou a solidariedade de quem lá está?). Pedi para me falarem do processo e sobretudo dos resultados, porque é isso que realmente importa, sobretudo se facilmente quantificáveis, pois só isso nos torna importantes no sistema, só isso impede a nossa extinção e estimula a nossa evolução e é (muito) preocupante que os enfermeiros não tenham a clara noção disso.
Como complemento do que disse, indico-lhe a última resposta que dei à colega Júlia.
 
Sou Enfermeira há vinte e oito anos e uma coisa que aprendi é que de facto há coisas que não valem nada, não acrescentam nada, não contribuem em nada PARA UM MUNDO MELHOR e por isso DEVEMOS POUPAR ENERGIAS PARA LUTAS DIGNAS E deixar que essas coisas se reduzam á sua natural insignificância.
 
@ últimos comentários/respostas...

Lutem, lutem contra quem quer mais e melhor... quando derem conta que o maior inimigo são vocês próprios vão lutar contra quem?

Ignorem-me à vontade, mas a verdade é que "ignorar os factos não os muda".
( William Shakeaspeare)
 
esta situação,leva-nos a pensar que a enfermagem portuguesa não está assim tão desenvolvida como julgamos.Pelos vistos em alguns serviços,roça o pré-histórico.
bem haja ao blogue.
 
Rui Silva,

A sua opção de fazer recortes ao texto como forma de argumento não deixa espaço para muito mais. Não é possível debater ideias num registo tão formatado como o seu.

Mesmo assim, e perante alguém que revela uma grande imaturidade profissional, vou tentar não pensar em si como um caso perdido. Isto porque, apesar da sua baixa auto-estima profissional, é capaz de estar apenas zangado de forma passageira com a vida e com a profissão, situação que se resolverá logo que encontre o seu lugar ao sol. Se não for na enfermagem, se sente que não era isto que gostava de fazer o re4sto da vida, porque não mudar de rumo? Porque não ter a coragem de recomeçar? Prefere ser enfermeiro o resto da vida? Lá fora as coisas não são muito diferentes de cá, embora se pense o contrário. E cá estamos num claro momento de "selecção natural" e só 20% dos licenciados terão emprego nos próximos 10 anos. Já viu?

Mas enquanto não se decide, pense bem:
O que é para si uma profissão?
O que é para si a enfermagem?
Porque é que escolheu esta profissão?
O que é que sentiu durante a formação básica, inicial, na licenciatura?
É muito importante para si mostrar que é importante no sistema?
Está preocupado com a extinção da profissão ou com o estado de saúde da população?

Pelos seus comentários parece-me que tem uma visão inovadora e bastante criativa da enfermagem. Quer partilhar connosco?

O que é que fazia num turno das 16h às 24h num serviço de internamento de medicina por exemplo, como enfermeiro? (isto em condições ideias, naturalmente).

VV

PS nº 1

Sou enfermeira há mais de 20 anos e sempre trabalhei no terreno, quer ao nivel dos cuidados de saúde primários, quer hospitalar, em serviços públicos, privados e de solidariedade social, em Portugal e no estrangeiro. Não tenho qualquer dificuldade em falar de enfermagem.

PS nº 2
Quanto às "palavras bonitas", porquê tanto preconceito? Porque é que os enfermeiros que não são professores não hão-se ser capazes de dizer "palavras bonitas"?

PS nº 3
O que me preocupa não é que quem gere a saúde e paga 1000 euros aos enfermeiros leia aquilo que no seu entender é "tanto floreado", mas que veja o que anda a pagar a gente que nunca deveria ter tido autorização para ser enfermeiro.
 
Isabel,

A que coisas se refere?
 
Anónimo das 5:17

Fulminante e brutal!!!!
 
@ VV:

Ao contrário do que possa pensar e chega a sugerir, não se trata de uma situação passageira e não pense que só trabalho há meia dúzia de anos. Durante estes anos, pensei que a enfermagem portuguesa estava mal e tenho lutado para a mudar na medida do que me é possível, mas a verdade é que desisti e por isso vou mudar de país. Apesar de não acreditar no que me diz (porque tenho contato direto com colegas a trabalhar noutros países), se realmente a realidade nos outros países não for muito diferente da realidade da enfermagem portuguesa, então devo concluir que provavelmente a enfermagem não está mal, eu é que estou mal na enfermagem e por isso mudo de rumo, porque a enfermagem não pode passar disto, porque como oiço muitos enfermeiros dizer "alguém tem de o fazer" e a enfermagem está condenada a ser eternamente o parente pobre da saúde(/doença)... mas ainda não perdi a esperança e a história demonstra que muitas vezes quem se atreve a ser do contra, a pensar de maneira diferente acaba por levar a sua avante e ver reconhecido o seu esforço. Como vê, já pensei bem na minha vida e no que fazer com ela, mas quanto ás suas perguntas, uma profissão é algo que está legalmente definido. Para mim, a enfermagem (portuguesa) é neste momento muito menos do que o que podia/devia ser. A razão da escolha foi a de muita gente (pelo menos daquilo que os estagiários manifestam)... fui enganado, não só no momento da escolha, mas durante a referida "formação básica"... apregoam/prometem uma realidade que não existe. É importante mostrar que se é importante no sistema, mas mais que isso, é importante ser efetivamente importante no sistema, para não sermos colocados à margem deste (como de resto acontece cada vez mais - veja-se o último post do DE). A minha visão da enfermagem não tem nada de inovador/criativo, passa muito pela realidade de outros países e pela realidade que é ensinada/prometida nas nossas escolas (politécnicas!). Sobre o que fazer em cada turno e em cada serviço é esmiuçar demais algo que dava demasiado "pano para mangas" para este sítio, mas como exemplo, posso dizer-lhe que acho que os enfermeiros deviam capacitar mais o doente nas suas AVDs em vez de fazer por ele, desenvolver o máximo da sua autonomia, mas também lhe posso dizer que o local ideal para um enfermeiro é nos cuidados de saúde primários, onde podem maximizar a sua autonomia de promoção da saúde/prevenção da doença, mas isso, já é outra história. Quanto aos "PS":
1. não percebo como sendo enfermeira há tanto tempo não se apercebe das perdas que temos sofrido ao longo destes anos, da diferença entre a realidade da enfermagem não há muitos anos atrás com a atual; 2. "palavras bonitas" foi dito com o sentido de palavras vãs, sem conteúdo, demagógicas. 3. a (alguma pouca) sorte da enfermagem e da saúde no geral é que não são pessoas como a colega que gerem/pagam.

"Saudações cordiais"
 
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