sexta-feira, abril 13, 2012

Asfixiado...


...pela falta de tempo e excesso de trabalho. Espero, amanhã, retomar o normal funcionamento do blog com o prometido (e atrasadíssimo) post da AG 2012.


Comments:
A propósito da "asfixia" motivada pelo excesso de trabalho, aproveito para perguntar porque é que continuamos a aceitar indecentemente (todos, eu, tu, o sindicato, a ordem, os doentes, as famílias, qualquer cidadão que de repente pode precisar de cuidados de saúde...) que, em período de férias (que é quase o ano todo mas com períodos críticos bem conhecidos), os serviços se mantenham a funcionar com pelo menos menos 20% dos enfermeiros.

Acho que esta situação com a qual fomos sendo coniventes ao longo do tempo, é cada vez mais normal e inaceitável. Foi usada para nos manter sob certas condições de trabalho - já percebemos isso há muito tempo, tal como já entendemos que aos fins de semana e feriados estão criadas as condições para serem prestados cuidados de segunda. Também percebemos que esta história das férias tem sido usada para promover nos enfermeiros um sentimento de uma certa solidariedade obrigatória.
Ambas as situações são perversas: a mensagem que se está a passar aos enfermeiros é perigosa e tende a justificar más práticas; somos menos e portanto os cuidados não podem ser os mesmos ou prestados do mesmo modo.
O facto de a instituição se descartar da responsabilidade de substituir os elementos em falta porque estão a gozar férias é visível quando a mensagem que passa é que temos que ir tapando os buracos uns dos outros porque quando chega a nossa vez também nos sabe bem ir de férias e alguém fica a fazer o seu trabalho mais o nosso.

Acho isto inadmissível. Ninguém faz o seu e o do colega. Se queremos uma enfermagem ao nível dos melhores, temos que exigir condições de trabalho dignas. Há muito enfermeiro no desemprego que pode fazer as vacances dos colegas e não continuarmos com a chachada com que somos concordantes (quem cala consente) e com que outros se vão aproveitando para agradar às hostes.
Ainda estamos em Abril e já trabalho com menos 20% de colegas, que num turno se traduz, não em menos 20% das horas de cuidados de enfermagem mas em pelo menos menos 33%, o que significa que mais de um quarto dos cuidados habituais não são prestados.

Ou talvez isto seja um falso problema e nós estejamos aqui mesmo para trabalhar e calar: não nos pagam para pensar, não é?

VV
 
Qual será a causa desta asfixia Sr Dr Enfº?

O que nos anda a esconder?
Não mereciam os utilizadores deste Blog saber a VERDADE?
 
Porque aparentemente anda a "perder" alguns comentários volto a dar-lhe o meu contributo re-escrevendo aquilo que aqui tinha deixado:

Enquanto o Bastonário da OE (que é um EESMO) anda a dormir, há Enfermeiros que se fazem ouvir caso da nossa Colega Isabel Viçoso:

http://sicnoticias.sapo.pt/1486874

Será que o Enf Germano Couto só aparece para as “fotografias de família” com os políticos?


Se não publica este comentário que embora possa ser desagradável para o nosso Bastonário apesar de ser inteiramente verdadeiro e em nada ofensivo embora possivelmente incomodativo pelo menos serve-me de tomada de consciência de que apesar da mudança de Ordem tudo permanece igual. E eu que fui tonta para acreditar que desta vez poderia ser diferente.
 
Para Pensar:

Hoje tive uma avaria na máquina de Lavar. O técnico deslocou-se a minha casa, esteve uma hora em serviço, lá me resolveu o problema (sem gastar material) e no fim levou-me 60 euros. Paguei e aceitei...
Ora, 60 euros é muito mais do que aquilo que eu ganho num turno no hospital, a cuidar da vida de seres Humanos. Alguns deles acham que sou bem pago; talvez isto seja o reflexo da sociedade em que vivemos, em que de facto as máquinas e os objectos assumem um maior valor em relação às Pessoas.
Investe-se na economia, mas a Saúde é cada vez mais um bem de segunda necessidade e de investimento superfulo. Talvez a solução seja olhar-mos para as Pessoas e vê-los como máquinas, reabilitando-os rapidamente para o seu lugar na esteira produtiva da economia, tal como se repara uma peça avariada de uma grande máquina produtiva.
Como Enfermeiros não temos grandes hipóteses de evoluir neste paradigma. Aos gestores interessam os números, como se os Hospitais fossem uma linha de montagem de cuidados; nós os seus operários.
Como tal não há tempo de olhar o outro e vê-lo como Pessoa, apenas de fazer as tarefas mecanizadas no mais curto espaço de tempo e com o mínimo de tempo de transição entre essas tarefas.
 
Julgo que este pos´t ilustra até que ponto os enfermeiros que visitam este blogue começam a ficar fartos de promessas vãs.

Nos últimos 10-15 anos, viveu-se em Portugal muito acima daquilo que as nossas possibilidades permitiam. Ainda assim, nós enquanto classe, não soubemos organizar-nos de forma a capitalizar algum reconhecimento social e visibilidade.
A anterior equipa directiva da Ordem cometeu alguns erros. O Germano aproveitou esse facto e conduziu uma campanha prometendo aos enfermeiros uma “nova era”. Se estivermos atentos às notícias, percebemos que os próximos 5 anos vão ser duríssimos… Muitas das nossas ambições ficarão na gaveta.

Quanto à Assembleia Geral de Coimbra: pelas minhas contas, já lá vão mais de 2 semanas; não houve tempo para compilar meia dúzia de ideias sobre o que lá se debateu? Francamente…
 
Não percebo o seu comentário VV

No meu serviço só vão de férias o numero de elementos comportável sendo que não reduzo elementos nos turnos nem memo ao fim de semana; enquanto chefe nem sequer assumo um horário realizado fora destes moldes enviando a responsabilidade para quem está acima de mim; os cuidados de enfermagem não podem ser de semana e de fim de semana ou férias e quem pactua com isto é mau gestor ou mau profissional!!!

Agora a passividade desta classe é óbvia já que sempre e desde que me conheço como enfermeira já lá vão mais de duas décadas sempre trabalhámos " de borla" ao acumular horas que a outros são pagas como extra (outros refiro-me a profissionais desta área e a outras porque a lógica é que mais hoars de trabalho são extra, logo pagas!)
 
Eu já não tenho qualquer esperança na Enfermagem em Portugal. Admito...já mandei a toalha ao chão.
 
Porquê tanta asfixia?
Confesse-se Dr Enf!
 
Uma reflexão deveras interessante a do anónimo 4/16/2012 05:11:00 PM.

De facto e com o cada vez mais desinvestimento em Saúde só posso concluir uma coisa: o SNS é para desmantelar, fica só mesmo um pequenino serviço assistencialista para dar o mínimo dos mínimos para que os mais pobres tenham a Saúde suficiente para irem trabalhar. Se tiverem o azar de ter um grave problema de Saúde então só lhes restará definhar.

Quanto à Saúde para os que podem, terá que ser mesmo para os que podem mesmo pagar porque ela é cara, ainda que estou certo que os Profissionais de Saúde como nós não seremos bem pagos antes pelo contrário. Para saber o quão cara é basta ver os EUA em que ou se tem dinheiro para pagar um VERDADEIRO seguro de Saúde carríssimo que cobre tudo ou então temos uns medi-qualquer-coisa que pagam apenas as coisas mais básicas e uns diagnósticos das mais complicadas para que depois o doente se endivide junto da Banca para pagar o seu tratamento e passar o resto da sua vida a viver debaixo de uma ponte e a passar fome para depois de curado ir morrendo aos poucos ou contrair nova doença dadas as precárias condições de vida.

Seja como for num sistema privatizado que visa o lucro para os gestores que não vêem doentes mas clientes, não vêem outra coisa que são os números dos seus relatórios, teremos Profissionais de Excelência pagos como se fossem analfabetos.
 
Anónima das 7:48

Percebeu bem o meu comentário. O que é para si o "número de enfermeiros comportável"? São os que ficam sem os 20% que podem estar ausentes? Esses 20% são substituidos? Se estão menos 20% ao serviço e não há repercussão dessa falta nos turnos, então esses 20 faziam o quê no serviço?

As ausências por férias, à semelhança do que se passa noutros lugares, devem ser preenchidas por outros enfermeiros. É isto que eu penso.

Quanto aos fins de semana, é um problema crónico nos serviços. A justificação dada para estarem escalados menos elementos é que ao fim de semana há menos trabalho, não há tantos médicos (esta é a parte que eu gosto mais na justificação da enfermagem...), não há tantos exames, alterações terap~euticas, idas para bloco, e tal. Isto é uma grande desvalorização do nosso trabalho porque os CUIDADOS DE ENFERMAGEM não podem estar predominantemente dependentes do trabalho de outros profissionais, mas das necessidades dos doentes. E como sabe, há serviços em que as necessidades são idênticas independentemente das dinamicas médicas pois os doentes apresentam elevado grau de dependência em reelação a cuidados especificamente de enfermagem.

Veja: o déficit entre as horas necessárias em cuidados de enfermagem e as horas efetivamente prestadas é igual entre os dias de semana e os fins de semana e férias, entre turnos da manhã e da tarde, entre noites e manhãs, entre tardes e noites? Isso está documentado? Qual é a justificação para as didferenças existentes? Qual é o impacto dessa opção de organização dos cuidados na qualidade dos mesmos? (quando falo aqui em "qualidade" estou a pensar em situações que retratem a realidade o mais fielmente possível e não nas avaliações da treta que se fazem habitualmente para justificar o grupo de trabalho tal e tal...)

Porque é que o doente faz, rotineiramente, o levante de manhã e depois passa o resto da tarde e noite a apodrecer na cama? Porque é que os enfermeiros da tarde não levantam os doentes para que estes possam jantar sentados? Porque é que não se levanta o doente para o levar à casa de banho? Porque é que as saídas de vela são "meia bola e força"? Porque é que se mudam fraldas sem realizar higiene aos doentes? Porque é que há quedas nos hospitais? Porque é que há úlceras de pressão nos hospitais (incidência)? Porque é que se fazem registos completamente desfasados da realidade?

Porque é que os familiares não fazem parte do processo de cuidados e são, cada vez mais, arredados dos hospitais, pelos próprios enfermeiros?

Eu sei que não fica nada bem no atual satus quo da saúde não comungar do espírito que se vive de autêntica farsa nas nossas organizações. Mas eu nunca estive do lado "certo" da enfermagem e continuo a sentir-me muito confortável por poder pensar as coisas a partir do seu sentido primeiro, moral e ético, interior e olhando a vida das pessoas como fim e não meio de chegar a algum lugar ou a alguma coisa.

VV
 
Mas, o que aconteceu nessa celebre AG? Sou um pouco distraido e realmente começo a ficar curioso... alguém que explicar-me?
 
Ao anónimo de 4/16/2012 05:11:00

Se o seu problema é dinheiro, mude de profissão e vá reparar máquinas de lavar!!
 
No meu serviço o nº de elementos ao fim de semana e férias é exactamente o mesmo que trabalha à semana e em férias igual. Normalmente são contratados elementos para o período de férias, se não houver, o pessoal prefere acumular horas que são pagas em tempo na época que não há férias e gozam às 5,6 folgas seguidas, o trabalho é o mesmo à 2ª ou ao domingo.
 
Nao estive na Assembeleia mas pelo que soube foi peixeirada da grossa. Saídos e entrados numa guerra de galos. Para o ano vou tentar ir ao circo, pelo menos é de borla. esqueci-me que pagamos quotas e que também ao contrário da campanha eleitoral vão continuar a sugar-nos o pouco que já recebemos. Borlas nada.
 
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