sábado, fevereiro 02, 2008
Resposta à questão do Enf. Rui Santos: "Há excesso de Enfermeiros em Portugal"? (ler o post até ao fim p.f.!)
Dou a minha opinião, que vale o que vale. É apenas uma opinião de um dos quase 60 mil Enfermeiros portugueses.
O Enf. Rui Santos (se não estou errado, pertence ao SEP, se estou, as minhas desculpas!), argumenta o seguinte: "Se a resposta for não. Então o problema é económico e causado pela falta de um verdadeiro plano de emprego para os enfermeiros em Portugal".
Colega, lá estamos na lógica da batata: "Não há Enfermeiros a mais, há emprego a menos!" Note que "não é o mundo que se deve adaptar aos Enfermeiros. Sãos os Enfermeiros que se devem adaptar à realidade"!
Bom, deixo-lhe a minha opinião (embora resumida, pois sobre isto poder-se-ia escrever um livro):
a
Em resposta à sua questão: penso que sim. Penso que em Portugal existem Enfermeiros suficientes (contando com os "activos" juntamente com os já formados (e desempregados)).
Antes de mais repare que muitos deles existem, mas não estão a trabalhar, pelo que, se estivessem, engrossariam ainda mais as fileiras de Enfermeiros. Portugal não pode almejar um rácio como o aclamado "rácio médio da OCDE" - não temos organização, estruturas, competências ou um sistema virado para a Enfermagem que requeira tantos Enfermeiros.
Além disso, note que a própria OCDE afirma que a tendência futura é a diminuição do rácio Enfermeiro/Médico, por razões que aponta no mesmo (cirurgias pouco invasivas, planos anestésicos evoluídos, tratamentos ambulatórios, etc. - os argumentos não são meus, são da OCDE!).
Note: muitos Enfermeiros não significa por si só mais qualidade. Bons Enfermeiros no "sítio" certo com competências adequadas, isso sim, significa qualidade. Isto é ainda mais grave se pensarmos que o ensino de Enfermagem em Portugal, neste momento está fragilizado, atingido pela cultura do facilitismo e apresenta um déficit de qualidade ( em termos de planos formativos, pessoal docente, estágios adequados, excesso de alunos, crivos de admissão pouco "apertados", tetc...)
Um exemplo: No recente "EHCI 2007 Report" (Ranking dos Sistemas de Saúde) esta questão é bem visível. A Aústria ficou classificada em 1º lugar e a Irlanda em 16º. Agora reparem que a Irlanda tem o mais alto rácio de Enfermeiros do mundo (mais de 15/mil habitantes) e a 2ª mais alta relação entre Enfermeiro/Médico (tem 5,5 vezes mais Enfermeiros do que Médicos)! A Aústria tem um rácio ligeiramente superior à metade da Irlanda e uma relação Enfermeiro/Médico de 2.6 (notem quem em 1990 tinha 3,2, portanto decresceu!) Apesar de tudo o sistema de saúde da Austria é globalmente melhor do que o da Irlanda, apesar de todos os rácios serem inferiores. Todos estes indicadores têm como fonte a OCDE.
Não esquecer: Nos rácios da OCDE são incluídos técnicos e auxiliares de Enfermagem o que sobrestima as contas.
A OCDE avisa para o facto: "Practising nurses are defined as the number of actively practising nurses employed in all public and private settings, including self-employed nurses. The data should include both fully qualified nurses (with post-secondary education in nursing) and vocational/associate/auxiliary/practical nurses, with a lower level of nursing skills but usually also registered or licensed. Midwives, nursing assistants without nursing qualifications, and nurses working in administration should in theory be excluded. However, about half of OECD countries include midwives in their figures and a number include non-practising nurses (resulting in an OVERESTIMATION)"
Temos de pensar também neste assunto sob o ponto de vista da própria classe.
Precisamos de mais Enfermeiros? Como sabe, o excesso banaliza os profissionais, tornando-os frequentes e pouco valorizados. Nos países cujo rácio de Enfermeiros é elevado, são precisamente aqueles onde os Enfermeiros têm uma visibilidade social fraca, são mal remunerados (sempre abaixo do trabalhador médio desqualificado) e encarados como auxiliares e não como profissionais de igual autonomia e dignidade relativamente às restantes classes da saúde. Os Enfermeiros no activo juntamente com os já formados (e desempregados) são suficientes!
O ensino de Enfermagem nesses países é um ensino técnico, pouco prestigiado e reconhecido. Por outro lado, e como o mundo não é apenas o SNS, os Enfermeiros ficam à mercê do interesse privado, que, como sabe, explora-nos (de uma forma pouco ética!) gratuitamente ou então com valores ridículos não compatíveis com a função dos Enfermeiros.
Resta-nos ser ponderados e gerir os nossos recursos. A mim parece-me que a posta nos cuidados de saude primários, evitariam a recorrência aos secundários e como tal não seria necessário mais Enfermeiros - muitos deles poderiam enveredar pela carreira preventida dos CSP. Isso significa reorganização.
Além disso, note que os Enfermeiros desempenham muitíssimas tarefas e funções não designadas e não vocacionadas para os Enfermeiros (muitas pertencem a AAM's, administrativos, etc...), logo se excluísse da sua rotina essas tarefas, veria que o tempo disponível de Enfermagem aumentaria para a realização de tarefas exclusivas dos Enfermeiros.
Depois, há que reflectir acerca dos actuais competências dos Enfermeiros. Não estão desactualizadas e muitas delas desfazadas do actual grau académico? Eu penso que sim...
Acho que, colega, nem a nós próprios nos valorizamos. Um dia, quando chegar à altura de fazer o devido balanço, veremos que somos demasiados, que não podemos seguir rácios populistas se queremos ser uma classe forte, com valor, reconhecimento e prestígio. Urge dar ênfase à qualidade em detrimento da quantidade. Não acha?
a
É que a exigência de um número exagerado de Enfermeiros pode ter um efeito inverso, ou seja, como em Portugal todo o pessoal de Enfermagem é altamente qualificado e com um grau académico de índole superior, obviamente os custos económicos são elevados.
Se o número de profissionais crescer exponencialmente, o governo (tutela), tentará seguir os passos de quase todos os países e criar uma classe de auxiliares de Enfermagem, como forma de poupança. É necessário equilibrar as nossas exigências, tendo também em conta o âmbito sócio-político-económico! É preciso cautela!
a
Se queremos dignidade, temos de reflectir sobre estes aspectos.
Fonte da Imagem: TVI
Comments:
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Para que todos possam saber:
« "De facto, ao ter terminado a vigência do congelamento de escalões em 31 de Dezembro de 2007 e ao não ter entrado em vigor o novo regime de vínculos, carreiras e remunerações, em 1 de Janeiro de 2008, a progressão nos escalões deve operar-se a partir desta data, de acordo com o previsto no regime remuneratório ainda vigente – o Decreto-Lei nº 353-A/89, de 16 de Outubro.
Contrariamente ao que já está a ser divulgado, pela Direcção Geral da Administração e Emprego Público, através da Circular nº 16/GDG/07, no sentido de que os serviços aguardem a entrada em vigor do novo regime de vínculos, carreiras e remunerações, para então procederem à progressão de acordo com as normas que ali vierem a ser fixadas, a progressão deve processar-se de imediato.
Estando em vigor o Decreto-Lei nº 353-A/89 e estabelecendo o mesmo que a progressão nos escalões se processa automaticamente, só resta aos serviços processar o pagamento da diferença salarial dali decorrente, sob pena de estarem a violar indiscutivelmente a lei.
A Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública apela aos trabalhadores que estão nas condições de mudança de escalão, para que exijam junto dos serviços de pessoal o cumprimento da lei.
E se tal não acontecer, aconselha a que se dirijam aos serviços de contencioso dos Sindicatos da Função Pública para interporem o competente recurso do acto ilegal praticado pelos serviços.
A Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública considera que esta situação é mais um acto do Governo, atentatório dos legítimos direitos dos trabalhadores da Administração Pública, que a todo o custo, mesmo de manobras dilatórias, procura poupar dinheiro à custa de quem carrega em anos sucessivos uma indesmentível degradação dos seus salários.(Fonte:Federação dos Sindicatos da Função Pública) »
Fonte: cogitare, blog de enfermeiros
Teixeirinha
« "De facto, ao ter terminado a vigência do congelamento de escalões em 31 de Dezembro de 2007 e ao não ter entrado em vigor o novo regime de vínculos, carreiras e remunerações, em 1 de Janeiro de 2008, a progressão nos escalões deve operar-se a partir desta data, de acordo com o previsto no regime remuneratório ainda vigente – o Decreto-Lei nº 353-A/89, de 16 de Outubro.
Contrariamente ao que já está a ser divulgado, pela Direcção Geral da Administração e Emprego Público, através da Circular nº 16/GDG/07, no sentido de que os serviços aguardem a entrada em vigor do novo regime de vínculos, carreiras e remunerações, para então procederem à progressão de acordo com as normas que ali vierem a ser fixadas, a progressão deve processar-se de imediato.
Estando em vigor o Decreto-Lei nº 353-A/89 e estabelecendo o mesmo que a progressão nos escalões se processa automaticamente, só resta aos serviços processar o pagamento da diferença salarial dali decorrente, sob pena de estarem a violar indiscutivelmente a lei.
A Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública apela aos trabalhadores que estão nas condições de mudança de escalão, para que exijam junto dos serviços de pessoal o cumprimento da lei.
E se tal não acontecer, aconselha a que se dirijam aos serviços de contencioso dos Sindicatos da Função Pública para interporem o competente recurso do acto ilegal praticado pelos serviços.
A Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública considera que esta situação é mais um acto do Governo, atentatório dos legítimos direitos dos trabalhadores da Administração Pública, que a todo o custo, mesmo de manobras dilatórias, procura poupar dinheiro à custa de quem carrega em anos sucessivos uma indesmentível degradação dos seus salários.(Fonte:Federação dos Sindicatos da Função Pública) »
Fonte: cogitare, blog de enfermeiros
Teixeirinha
Mais uma vez, parabéns pela sua eloquência.
Não poderia estar mais de acordo com a sua posição nesta matéria.
Iremos todos pagar bem caro este erro estratégico.
Não poderia estar mais de acordo com a sua posição nesta matéria.
Iremos todos pagar bem caro este erro estratégico.
Volto mais uma vez a dar-lhe toda a razão.
Parabéns e boa sorte para este blog e para a enfermagem. (ela precisa...)
Parabéns e boa sorte para este blog e para a enfermagem. (ela precisa...)
Queria só dizer-lhe que o adicionei à minha list de blogs favoritos no meu Blogue
saudeeportugal@blogspot.com
Bem haja e continue o bom trabalho
saudeeportugal@blogspot.com
Bem haja e continue o bom trabalho
Há várias maneiras de dar emprego aos enfermeiros recem formados:
uma é os enfermeiros reduzirem as suas acumulações;
Outra é deixarem de prestar, os cuidados mínimos, apenas. Coeçarem a atender todos os aspectos que o doente requer (Ver revista do JN de domingo pela alta comissária)
Com estas medidas prende-se a atitude dos chefes que devem esforçar-se por melhorar a qualidade dos cuidados através de raciios maisajustados, não estando a exigir muito dos que estão a dar mais do que podem.
Quanto mais enfermeiros a trabalhar adequadamente, menores são os custos do SNS.
uma é os enfermeiros reduzirem as suas acumulações;
Outra é deixarem de prestar, os cuidados mínimos, apenas. Coeçarem a atender todos os aspectos que o doente requer (Ver revista do JN de domingo pela alta comissária)
Com estas medidas prende-se a atitude dos chefes que devem esforçar-se por melhorar a qualidade dos cuidados através de raciios maisajustados, não estando a exigir muito dos que estão a dar mais do que podem.
Quanto mais enfermeiros a trabalhar adequadamente, menores são os custos do SNS.
Magistral Estratega, o grande herói.
Sempre a pavonear-se por aí...
Desta feita, a querer "colar-se" à onda do Doutor Enfermeiro.
Grande lata!
Sempre a pavonear-se por aí...
Desta feita, a querer "colar-se" à onda do Doutor Enfermeiro.
Grande lata!
« Com estas medidas prende-se a atitude dos chefes que devem esforçar-se por melhorar a qualidade dos cuidados através de raciios maisajustados».
Infelizmente, as dotações de enfermeiros dos Serviços, dependem mais do Enfermeiro Director / CA do que do Enfermeiro Chefe.
A este cabe o importante papel de reinvindicar...fundamentando.
Ás vezes, reinvindicar, poucos frutos dá.
Teixeirinha
Infelizmente, as dotações de enfermeiros dos Serviços, dependem mais do Enfermeiro Director / CA do que do Enfermeiro Chefe.
A este cabe o importante papel de reinvindicar...fundamentando.
Ás vezes, reinvindicar, poucos frutos dá.
Teixeirinha
A matéria de progressões não é tão simples como estão a fazer passar. Já está regulamentada em oficio-circular que enviei ao moderador do blog.
Atentamente
Atentamente
Olá caro colega, antes do mais o agradecimento por ter passado pelo meu blog e por se dado ao trabalho de colocar um post no seu blog sobre as minhas afirmações.
Da leitura que faço do seu artigo, modestamente entendo que tem uma perspectiva que se resume apesar de todas as estatisticas ao seguinte "só teremos poder reivindicativo se formos poucos". Muito escreve mas expremido é isso que diz.
Continuo a ser, um ser atento e continuo a afirmar que na maior parte dos serviços não existem enfermeiros em número suficiente para a prestação de cuidados e para o gozo de elementares direitos.
Se não vejamos quantos enfermeiros no seu serviço gozaram as 105 horas de formação a que têm direito?
Será que todas as enfermeiras gozaram as horas de amamentação a que têm direito?
Quantos serviços têm horas extraordinárias programadas nas escalas?
Sabe quantos feriados são devidos aos Enfermeiros, já trabalhados e ainda não gozados ?
Mais, conhece a circular do MS sobre calculo de necessidades de Enfermeiros, Quantos serviços a cumprem?
Conhece as recomendações da OMS sobre o número de famílias por Enfermeiros. 300 a 400. Quantos CS ou USF cumpre este rácio?
Colega compreendo que do ponto de vista reivindicativo era muito bom se fossemos 100 ou 200 no país todo. Mercantilizavamos a profissão à vontade.
Mas o meu objectivo são dotações seguras e capacitantes de boas prestações.
Caro Doutor Enfermeiro quanto à qualidade julgo ser a capacidade em mobilizar conhecimentos e para isso o trabalho ainda agora está a começar a ser feito.Certificação de competÊncias por ex.
Mas com poucos Enfermeiros, onde fica a capacidade de intregrar para mobilizar ?
Por último o que acha dos quadros das instituições actualmente sob ocupados em nº de Enfermeiros, um erro de quem calcolou necessidades ?
Ainda bem que não conhece nenhum serviço com esta realidade. Já agora é de que localidade, será portugês ?
Da leitura que faço do seu artigo, modestamente entendo que tem uma perspectiva que se resume apesar de todas as estatisticas ao seguinte "só teremos poder reivindicativo se formos poucos". Muito escreve mas expremido é isso que diz.
Continuo a ser, um ser atento e continuo a afirmar que na maior parte dos serviços não existem enfermeiros em número suficiente para a prestação de cuidados e para o gozo de elementares direitos.
Se não vejamos quantos enfermeiros no seu serviço gozaram as 105 horas de formação a que têm direito?
Será que todas as enfermeiras gozaram as horas de amamentação a que têm direito?
Quantos serviços têm horas extraordinárias programadas nas escalas?
Sabe quantos feriados são devidos aos Enfermeiros, já trabalhados e ainda não gozados ?
Mais, conhece a circular do MS sobre calculo de necessidades de Enfermeiros, Quantos serviços a cumprem?
Conhece as recomendações da OMS sobre o número de famílias por Enfermeiros. 300 a 400. Quantos CS ou USF cumpre este rácio?
Colega compreendo que do ponto de vista reivindicativo era muito bom se fossemos 100 ou 200 no país todo. Mercantilizavamos a profissão à vontade.
Mas o meu objectivo são dotações seguras e capacitantes de boas prestações.
Caro Doutor Enfermeiro quanto à qualidade julgo ser a capacidade em mobilizar conhecimentos e para isso o trabalho ainda agora está a começar a ser feito.Certificação de competÊncias por ex.
Mas com poucos Enfermeiros, onde fica a capacidade de intregrar para mobilizar ?
Por último o que acha dos quadros das instituições actualmente sob ocupados em nº de Enfermeiros, um erro de quem calcolou necessidades ?
Ainda bem que não conhece nenhum serviço com esta realidade. Já agora é de que localidade, será portugês ?
Caro Rui,
as suas considerações são conceptualizadas e dirigidas para um mundo que gostaria que existisse, e não para o mundo que temos e que vivemos.
Repare, o rácio de Enfermeiros aumentou muitíssimo nos últimos 10 anos. É possível constatar melhorias no gozo dos direitos que refere? Não. Ou seja, continua tudo igual. Igual não, pior.
A demanda excessiva de Enfermeiros trouxe os rendimentos baixos (há Enfermeiros a auferir o salário mínimo!), trouxe os estágios não remunerados (assim não vale a pena contratar Enfermeiros!), e com a precarização e instabilidade, os jovens aceitam todas as condições impostas! Assim, lá se vai o gozo dos feriados, 105 horas para formação, horas de amamentação....
Por estranho que pareça, é mais gozar estes direitos com menos Enfermeiros (paradoxo, não é?)... Veja, se alguém vem protestar contra o não cumprimento da lei vigente, a resposta do empregador é simples - "Rua! Há mais quem queira trabalhar!"...
Por outro lado exigir tantos Enfermeiros, vai levar sem dúvida ao caminho da (re)criação da classe dos auxiliares de Enfermagem, pois, como sabe e bem entende, a condição económica manda neste mundo capitalista!
Parece-me que esqueçe os Enfermeiros do privado! De que vale ter direito a amamentação (por ex...) quando se aufere 2 euros/hora? Com esse rendimento nem sequer é possível ter um filho.... logo, não precisa de amamentar!
Vários sites internacionais da especialidade consideram que em Portugal, os AAMS's são equivalente aos "auxiliary nurses". Se os contabilizar para efeitos de rácio, tal como fazem os países, lá terá o rácio que muita gente anseia, mas poucos vão gostar...
Compreenda-me. Por minha vontade, cada utente teria direito a um Enfermeiro, mas tal não é possível... Assim voltaríamos à lógica da batata ("Não há Enfermeiros a mais, há emprego a menos!"). Eu digo "não há poluição excessiva no planeta, há pouco espaço para poluir!"...
Por fim, sim, também temos de pensar, e muito, na política salarial, quantos mais somos., menos teremos....
Conhece actualmente algum Enfermeiro motivado com a sua profissão?
as suas considerações são conceptualizadas e dirigidas para um mundo que gostaria que existisse, e não para o mundo que temos e que vivemos.
Repare, o rácio de Enfermeiros aumentou muitíssimo nos últimos 10 anos. É possível constatar melhorias no gozo dos direitos que refere? Não. Ou seja, continua tudo igual. Igual não, pior.
A demanda excessiva de Enfermeiros trouxe os rendimentos baixos (há Enfermeiros a auferir o salário mínimo!), trouxe os estágios não remunerados (assim não vale a pena contratar Enfermeiros!), e com a precarização e instabilidade, os jovens aceitam todas as condições impostas! Assim, lá se vai o gozo dos feriados, 105 horas para formação, horas de amamentação....
Por estranho que pareça, é mais gozar estes direitos com menos Enfermeiros (paradoxo, não é?)... Veja, se alguém vem protestar contra o não cumprimento da lei vigente, a resposta do empregador é simples - "Rua! Há mais quem queira trabalhar!"...
Por outro lado exigir tantos Enfermeiros, vai levar sem dúvida ao caminho da (re)criação da classe dos auxiliares de Enfermagem, pois, como sabe e bem entende, a condição económica manda neste mundo capitalista!
Parece-me que esqueçe os Enfermeiros do privado! De que vale ter direito a amamentação (por ex...) quando se aufere 2 euros/hora? Com esse rendimento nem sequer é possível ter um filho.... logo, não precisa de amamentar!
Vários sites internacionais da especialidade consideram que em Portugal, os AAMS's são equivalente aos "auxiliary nurses". Se os contabilizar para efeitos de rácio, tal como fazem os países, lá terá o rácio que muita gente anseia, mas poucos vão gostar...
Compreenda-me. Por minha vontade, cada utente teria direito a um Enfermeiro, mas tal não é possível... Assim voltaríamos à lógica da batata ("Não há Enfermeiros a mais, há emprego a menos!"). Eu digo "não há poluição excessiva no planeta, há pouco espaço para poluir!"...
Por fim, sim, também temos de pensar, e muito, na política salarial, quantos mais somos., menos teremos....
Conhece actualmente algum Enfermeiro motivado com a sua profissão?
A maioria enfermeiros possuem o defeito, como diz Rui Santos, de se acomodarem, trabalhando em boas ou menos boas condições. Como o referido colega disse essas situações acontecem, todos nós as toleramos, agora quando há desemprego e antes quando não o havia... a questão é porquê?
De facto protestamos e reivindicamos pouco, mas será melhor fazê-lo, cara Teixeirinha, sob pena de sermos ainda mais penalizados... O enfermeiro director não passa de um peão nomeado politicamente (aqui está o ponto fraco) para colocar os enfermeiros ao serviço das administrações.
Estou a aguardar com desassossego a revisão da carreira, pois desconfio que vamos ser penalizados nas horas de qualidade. Será que vamos auferir como licenciados? Se isso não acontecer iremos ter capacidade de união para protestarmos?
Caro Rui Santos, a formação de enfermeiros deve ser ajustada, mas concordando consigo em relação às dotações, sob pena de estarmos caminhar para uma involução da qualidade dos enfermeiros, pois há medida que as vagas aumentaram e escolas abriram, não existiriam: professores suficientes com a qualidade necessária; campos de estágio suficientes com as oportunidades de aprendizagem necessárias; um número de estudantes por estágio adequado; enfermeiros a orientar com a qualidade e preparação necessárias. Vêm aparecendo novos campos de estágios em lares, creches, etc... A qualidade da formação em enfermagem tem, inexoravelmente, que se ressentir.
Soube há pouco que um grupo de muitos estudantes de enfermagem fez estagio em lar durante a manhã, orientados por uma única professora, os enfermeiros só iam à tarde, isto para dizer que a professora não se consegui multiplicar e os estudantes foram orientados por ajudantes de lar... GRAVE!!
A OE continua teimosamente a alhear algumas das suas responsabilidades como a certificação da qualidade do ensino nas escolas, dos orientadores, campos de estágio...
De facto protestamos e reivindicamos pouco, mas será melhor fazê-lo, cara Teixeirinha, sob pena de sermos ainda mais penalizados... O enfermeiro director não passa de um peão nomeado politicamente (aqui está o ponto fraco) para colocar os enfermeiros ao serviço das administrações.
Estou a aguardar com desassossego a revisão da carreira, pois desconfio que vamos ser penalizados nas horas de qualidade. Será que vamos auferir como licenciados? Se isso não acontecer iremos ter capacidade de união para protestarmos?
Caro Rui Santos, a formação de enfermeiros deve ser ajustada, mas concordando consigo em relação às dotações, sob pena de estarmos caminhar para uma involução da qualidade dos enfermeiros, pois há medida que as vagas aumentaram e escolas abriram, não existiriam: professores suficientes com a qualidade necessária; campos de estágio suficientes com as oportunidades de aprendizagem necessárias; um número de estudantes por estágio adequado; enfermeiros a orientar com a qualidade e preparação necessárias. Vêm aparecendo novos campos de estágios em lares, creches, etc... A qualidade da formação em enfermagem tem, inexoravelmente, que se ressentir.
Soube há pouco que um grupo de muitos estudantes de enfermagem fez estagio em lar durante a manhã, orientados por uma única professora, os enfermeiros só iam à tarde, isto para dizer que a professora não se consegui multiplicar e os estudantes foram orientados por ajudantes de lar... GRAVE!!
A OE continua teimosamente a alhear algumas das suas responsabilidades como a certificação da qualidade do ensino nas escolas, dos orientadores, campos de estágio...
...Certificação dos Campos de Estágio dos Enfermeiros.
Á imagem do que já se passa com os médicos ( para o Internato), creio ser urgente que a Ordem dos Enfermeiros chame a si esta iniciativa.
Li e reli os posts dos colegas rui santos e doutorenfermeiro.
Creio haver razões num e noutro post...em função da legislação vigente é óbvio que faltam enfermeiros nos Serviços; é obvio que o poder reinvindicativo de uma classe baixa, sempre que a oferta se torna excedentária relactivamente á procura, mesmo que essa procura esteja subavaliada.
« O enfermeiro director não passa de um peão nomeado politicamente (aqui está o ponto fraco) para colocar os enfermeiros ao serviço das administrações. »
Caro colega desassocego, provavelmente a «luta» dos enfermeiros vai ter que começar por aqui...tornar o Enfermeiro Director mais interventivo e defensor dos enfermeiros, por forma a que os doentes tenham melhores cuidados. Nem que isso lhe possa trazer «desassocegos» no CA.
Bom Carnaval
Teixeirinha
Á imagem do que já se passa com os médicos ( para o Internato), creio ser urgente que a Ordem dos Enfermeiros chame a si esta iniciativa.
Li e reli os posts dos colegas rui santos e doutorenfermeiro.
Creio haver razões num e noutro post...em função da legislação vigente é óbvio que faltam enfermeiros nos Serviços; é obvio que o poder reinvindicativo de uma classe baixa, sempre que a oferta se torna excedentária relactivamente á procura, mesmo que essa procura esteja subavaliada.
« O enfermeiro director não passa de um peão nomeado politicamente (aqui está o ponto fraco) para colocar os enfermeiros ao serviço das administrações. »
Caro colega desassocego, provavelmente a «luta» dos enfermeiros vai ter que começar por aqui...tornar o Enfermeiro Director mais interventivo e defensor dos enfermeiros, por forma a que os doentes tenham melhores cuidados. Nem que isso lhe possa trazer «desassocegos» no CA.
Bom Carnaval
Teixeirinha
De uma maneira geral, concordo com muito do que foi dito até aqui.
Contudo, vejo as coisas de outro modo: há um CANCRO na Enfermagem Portuguesa, e alguns ENFERMEIROS, são os grandes responsáveis por isso.
Há pessoas por aí todas vaidosas por serem chefes e directores de hospitais, mas todos sabemos que pouco ou nada fazem numa lógica de defesa da profissão...
Há pessoas por aí todas vaidosas por andarem a dar aulas numa escola, nalguns casos sem possuir qualquer tipo de formação pós-graduada...
Há pessoas por aí que preferem trabalhar a 3 ou 4 € perto de casa, do que ir ganhar 10 € a 300 Km de distância...
Há pessoas por aí (OE) que dizem que os hospitais deviam ter dotações seguras, mas todos sabemos que quando vão fazer algum tipo de visita a um hospital, não vão observar "in loco" a realidade diária de utentes e profissionais... às vezes penso: "que bom seria ter um Marinho Pinto" na Enfermagem! Sim, porque mais vale morrer de pé, do que andar de joelhos toda a vida (grande Che Guevara).
Há pessoas por aí (SEP e afins) que reivindicam isto e aqueloutro, mas já nem seuqer os mais desfavorecidos na classe, lhes dão ouvidos. Há muito a cultura do deixa andar...
Há pessoas por aí que trabalham em 2 ou 3 locais enquanto que outros "chucham" no dedo; curioso é que vêem isso como perfeitamente normal. Afinal, "são as regras do mercado".
Há pessoas por aí que exibem curriculuns fantásticos. Daqueles de encher o olho. Uns porque deram aulas, outros porque foram directores aqui e acolá, outros porque "abriram" o serviço X, outros porque foram "convidados" a trabalhar no serviço Y... Ai se isto fossem um Big Brother... Tantos atropelos se cometem por esse Portugal...
Portanto amigos, muitos dos nossos inimigos já estão cá dentro. Corremos sérios riscos de vida se não invertermos este cenário.
E como se não bastasse, há ainda os inimigos exteriores: uns não nos reconhecem o devido valor (políticos), outros querem que trabalhemos de graça (gestores), outros querem silenciar-nos (médicos), outros querem lançar-nos uma OPA (AAM), outros querem conquistar-nos campos de acção (farmacêuticos - cuidados de saúde primários; fisioterapeuta - reabilitação dos utentes; doulas - acompanhamento peri-parto...)
Àh, e receio até, que os próprios utentes, na sua globalidade, não nos vejam como fundamentais como outros profissionais de saúde!
O futuro não se avizinha promissor. Claro que não poderia estar mais interessado hoje do que nunca em mudar de ramo...
O enfermeiro que gostava de viver noutro planeta.
Contudo, vejo as coisas de outro modo: há um CANCRO na Enfermagem Portuguesa, e alguns ENFERMEIROS, são os grandes responsáveis por isso.
Há pessoas por aí todas vaidosas por serem chefes e directores de hospitais, mas todos sabemos que pouco ou nada fazem numa lógica de defesa da profissão...
Há pessoas por aí todas vaidosas por andarem a dar aulas numa escola, nalguns casos sem possuir qualquer tipo de formação pós-graduada...
Há pessoas por aí que preferem trabalhar a 3 ou 4 € perto de casa, do que ir ganhar 10 € a 300 Km de distância...
Há pessoas por aí (OE) que dizem que os hospitais deviam ter dotações seguras, mas todos sabemos que quando vão fazer algum tipo de visita a um hospital, não vão observar "in loco" a realidade diária de utentes e profissionais... às vezes penso: "que bom seria ter um Marinho Pinto" na Enfermagem! Sim, porque mais vale morrer de pé, do que andar de joelhos toda a vida (grande Che Guevara).
Há pessoas por aí (SEP e afins) que reivindicam isto e aqueloutro, mas já nem seuqer os mais desfavorecidos na classe, lhes dão ouvidos. Há muito a cultura do deixa andar...
Há pessoas por aí que trabalham em 2 ou 3 locais enquanto que outros "chucham" no dedo; curioso é que vêem isso como perfeitamente normal. Afinal, "são as regras do mercado".
Há pessoas por aí que exibem curriculuns fantásticos. Daqueles de encher o olho. Uns porque deram aulas, outros porque foram directores aqui e acolá, outros porque "abriram" o serviço X, outros porque foram "convidados" a trabalhar no serviço Y... Ai se isto fossem um Big Brother... Tantos atropelos se cometem por esse Portugal...
Portanto amigos, muitos dos nossos inimigos já estão cá dentro. Corremos sérios riscos de vida se não invertermos este cenário.
E como se não bastasse, há ainda os inimigos exteriores: uns não nos reconhecem o devido valor (políticos), outros querem que trabalhemos de graça (gestores), outros querem silenciar-nos (médicos), outros querem lançar-nos uma OPA (AAM), outros querem conquistar-nos campos de acção (farmacêuticos - cuidados de saúde primários; fisioterapeuta - reabilitação dos utentes; doulas - acompanhamento peri-parto...)
Àh, e receio até, que os próprios utentes, na sua globalidade, não nos vejam como fundamentais como outros profissionais de saúde!
O futuro não se avizinha promissor. Claro que não poderia estar mais interessado hoje do que nunca em mudar de ramo...
O enfermeiro que gostava de viver noutro planeta.
Caro doutor enfermeiro . Afinal continuamos na mesma.Andamos às voltas e vamos parar ao mesmo local.Uma vez ouvi um Enfermeiro dizer estas palavras : Os doentes são internados em Hospitais e Clínicas , passam pelos cuidados no ambulatório , ....porque precisam essencialmente de CUIDADOS DE ENFERMAGEM. Todos sabemos que as Escolas de Enfermagem todos os anos produzem 2000 ou mais enfermeiros , que nem todos os enfermeiros que leccionam têm o que é exigido aos doecentes , que os campos de estágio ficam aquém do exigido , que as saídas profissionais são cada vez mais problemáticas ..etc...tantos etc... só que andamos calados demais...silenciosos...temos blogs ..(ainda bem) mas precisamos de exteriorizar a nossa indignação a nível nacional. Não duvidem do poder negocial dos Enfermeiros..basta unirem-se..e isso é que é difícil... ando decepcionada ou estarei em crise existencial ???? Uma abraço a todos e bom Carnaval...máscaras já nós temos.
Gostaria só de acrescentar um aspecto.
Todos falam que os locais de estágio não são os melhores e que os profissionais que lá trabalham não são bons formadores/orientadores, certo?
O que é triste perceber é que muitos desses locais até são teoricamente de qualidade (hospitais centrais, USF, hospitais de especialidades), mas de facto, por culpa nossa, o ensino não é o melhor. É necessário, como alguém já referiu, que a Enfermagem olhe para si e perceba que, se estamos como estamos, a culpa é muito nossa. Quantos são os que tiram o curso e raramente se actualizam? Quantos trabalham apenas por trabalhar sem se preocuparem com os resultados das intervenções descuidadas e infundamentadas que executam? Quantos só executam e não pensam "porquê"?
Para que nos ouçam socialmente, temos que falar melhor e mais alto, mostrando através da investigação e da sua fundamental aplicação na prática, que a Enfermagem existe cientificamente e é necessária.
Ou seja, só depende de nós a melhoria da nossa situação. Deixemo-nos de greves e passemos a discussões politicamente relevantes.
Nelson Santos
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Todos falam que os locais de estágio não são os melhores e que os profissionais que lá trabalham não são bons formadores/orientadores, certo?
O que é triste perceber é que muitos desses locais até são teoricamente de qualidade (hospitais centrais, USF, hospitais de especialidades), mas de facto, por culpa nossa, o ensino não é o melhor. É necessário, como alguém já referiu, que a Enfermagem olhe para si e perceba que, se estamos como estamos, a culpa é muito nossa. Quantos são os que tiram o curso e raramente se actualizam? Quantos trabalham apenas por trabalhar sem se preocuparem com os resultados das intervenções descuidadas e infundamentadas que executam? Quantos só executam e não pensam "porquê"?
Para que nos ouçam socialmente, temos que falar melhor e mais alto, mostrando através da investigação e da sua fundamental aplicação na prática, que a Enfermagem existe cientificamente e é necessária.
Ou seja, só depende de nós a melhoria da nossa situação. Deixemo-nos de greves e passemos a discussões politicamente relevantes.
Nelson Santos
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