terça-feira, setembro 26, 2006
Ex.mo Sr. Anónimo
Ex.mo Sr. Anónimo,
Antes de prosseguir com a minha resposta, deixe-me desde já prestar-lhe uma explicação (voluntária) acerca do título deste blog.
É que, no seu comentário, faz denotar que a questão dos “doutores” está intimamente relacionada com os enfermeiros recém-formados. Eu não sou enfermeiro recém-formado. Sou Enfermeiro (licenciado), com um mestrado (título académico) e uma licenciatura a concluir noutra área (fruto de uma paixão intelectual). Trabalho como Enfermeiro, com prazer e dedicação. Deixo claro desde já (visto que já foi acusado outrora), que não pretendo ser médico, comparado a médico ou confundido com um médico. Nunca me candidatei à licenciatura em medicina, nem irei ou pretendo fazê-lo.
O título deste blog, “Doutor Enfermeiro”, surgiu devido a uma questão pragmática actual, e alude sob um ponto de vista “pseudo-irónico-causalista” este assunto. Ou seja, sim, os Enfermeiros são licenciados (vulgo doutores), mas têm o seu título individual e característico (“Enfermeiro”). Não pretendemos que nos chamem doutores. O título é reflexivo e apenas reproduz a viragem que decorreu na profissão. Não pretende a assumpção de coisa alguma, mas evidentemente, cada indivíduo (leitor) interpreta-o à luz do seu conhecimento acerca da profissão. O seu conhecimento acerca deste item é notoriamente discrepante do meu.
O sr. Anónimo encontra-se no direito de exercício e julgamento cognitivo com a total liberdade que a constituição da República Portuguesa lhe confere.
Vossa excelência, que se mostra tão indignado e indiferente à questão do uso dos títulos académicos (“Mas relativamente aos titulos isso é tudo uma grande treta (eu por acaso até sou doutor (não só devido à minha licenciatura mas pq até sou doutorado) e não faço questão de usar qq títulos. É pura vaidade meus senhores pois eu não sou melhor que um pedreiro ou servente que carrega o balde de cimento que fez a minha casa!”), mostrou-se preocupado acerca dos títulos dos Enfermeiros de uma forma parcial e retrógada. Num momento em que a Enfermagem é das classes com maior incidência de aquisição de títulos académicos nos hospitais (elevada percentagem de mestres), superando mesmo a classe médica (maioria é apenas licenciada), é legítimo pensar numa reformulação da carreira nas suas vertentes científicas, técnicas e humanas. Relembro que os Enfermeiros não querem com isto substituir quem quer que seja. Faz parte apenas da questão formativa característica e inerente aos Enfermeiros. A perspectiva meramente técnica e subordinada dos enfermeiros, deve ser RAPIDAMENTE abandonada (o que vem acontecendo progressivamente).
No que toca à prescrição de ALGUNS fármacos por parte dos Enfermeiros serve apenas para agilizar o sistema de saúde e o atendimento aos utentes. Numa perspectiva actual, os Enfermeiros são dependentes dos médicos na intervenção farmacológica. Ou seja, tome por exemplo, um Enfermeiro sozinho numa ambulância. Este está severamente limitado na sua actuação, acarretando prejuízos graves para a vida humana. Ora, grande parte dos Enfermeiros sabe actuar com muita precisão, e sob algoritmos protocolados poderia intervir farmacologicamente. Actualmente numa questão de vida/morte, o Enfermeiro poderá actuar. Mas todo este processo deveria ser legalmente coberto e clarificado. Nos cuidados continuados, por exemplo, os Enfermeiros deveriam ter autonomia na escolha de analgésico e outros fármacos. O que se verifica em grande parte dos casos, é que o médico apenas regista a administração que o enfermeiro previamente já havia feito. Este tipo de situações não estão contempladas na lei, mas deveriam estar. Não é necessário um médico para administrar um simples paracetamol (note-se: medicamente não sujeito a receita médica), é necessário um médico. Qualquer Enfermeiro deveria estar apto (após certificação de formação farmacológica) a administrar fármacos durante o suporte avançado de vida, deveria poder desfibrilhar sem presença de médico, deveria poder intubar (de facto, imensos enfermeiros fazem-no em pretensão do médico). As experiências levadas a cabo no Reino Unido com a prescrição por Enfermeiros têm revelado resultados espantosos, similares aos médicos e em certas áreas, com menor percentagem de erros técnicos!!
Os Enfermeiro sabem certamente a que me refiro.
É uma questão de qualidade de cuidados.
Em relação aos Enfermeiros na sua globalidade, penso que começa a existir um certo receio da “imposição” dos Enfermeiros na sociedade. Lembro-me do “burburinho” que causou um artigo de Dr. Kuteev-Moreira, que referia a existência de estudos que apontavam a profissão de Enfermagem como uma das cinco mais prestigiadas da actualidade. Portugal inclusivé.
Nos EUA existem estudos que confirmam esta tendência. Estudos esses colocam o prestígio dos Enfermeiros à frente dos engenheiros, advogados, professores, etc… Não sou quem o afirma, são estudos de opinião pública.
Os Enfermeiros não pretendem assumir o lugar de ninguém, apenas demonstrar a qualidade dos seus cuidados e a utilidade pública da profissão. Não prendemos títulos, mas sim formação que nos permita evoluir. E que outra profissão teve um evolução tão célere como a Enfermagem nos últimos anos? Se reflectir bem, absolutamente nenhuma.
Antes de prosseguir com a minha resposta, deixe-me desde já prestar-lhe uma explicação (voluntária) acerca do título deste blog.
É que, no seu comentário, faz denotar que a questão dos “doutores” está intimamente relacionada com os enfermeiros recém-formados. Eu não sou enfermeiro recém-formado. Sou Enfermeiro (licenciado), com um mestrado (título académico) e uma licenciatura a concluir noutra área (fruto de uma paixão intelectual). Trabalho como Enfermeiro, com prazer e dedicação. Deixo claro desde já (visto que já foi acusado outrora), que não pretendo ser médico, comparado a médico ou confundido com um médico. Nunca me candidatei à licenciatura em medicina, nem irei ou pretendo fazê-lo.
O título deste blog, “Doutor Enfermeiro”, surgiu devido a uma questão pragmática actual, e alude sob um ponto de vista “pseudo-irónico-causalista” este assunto. Ou seja, sim, os Enfermeiros são licenciados (vulgo doutores), mas têm o seu título individual e característico (“Enfermeiro”). Não pretendemos que nos chamem doutores. O título é reflexivo e apenas reproduz a viragem que decorreu na profissão. Não pretende a assumpção de coisa alguma, mas evidentemente, cada indivíduo (leitor) interpreta-o à luz do seu conhecimento acerca da profissão. O seu conhecimento acerca deste item é notoriamente discrepante do meu.
O sr. Anónimo encontra-se no direito de exercício e julgamento cognitivo com a total liberdade que a constituição da República Portuguesa lhe confere.
Vossa excelência, que se mostra tão indignado e indiferente à questão do uso dos títulos académicos (“Mas relativamente aos titulos isso é tudo uma grande treta (eu por acaso até sou doutor (não só devido à minha licenciatura mas pq até sou doutorado) e não faço questão de usar qq títulos. É pura vaidade meus senhores pois eu não sou melhor que um pedreiro ou servente que carrega o balde de cimento que fez a minha casa!”), mostrou-se preocupado acerca dos títulos dos Enfermeiros de uma forma parcial e retrógada. Num momento em que a Enfermagem é das classes com maior incidência de aquisição de títulos académicos nos hospitais (elevada percentagem de mestres), superando mesmo a classe médica (maioria é apenas licenciada), é legítimo pensar numa reformulação da carreira nas suas vertentes científicas, técnicas e humanas. Relembro que os Enfermeiros não querem com isto substituir quem quer que seja. Faz parte apenas da questão formativa característica e inerente aos Enfermeiros. A perspectiva meramente técnica e subordinada dos enfermeiros, deve ser RAPIDAMENTE abandonada (o que vem acontecendo progressivamente).
No que toca à prescrição de ALGUNS fármacos por parte dos Enfermeiros serve apenas para agilizar o sistema de saúde e o atendimento aos utentes. Numa perspectiva actual, os Enfermeiros são dependentes dos médicos na intervenção farmacológica. Ou seja, tome por exemplo, um Enfermeiro sozinho numa ambulância. Este está severamente limitado na sua actuação, acarretando prejuízos graves para a vida humana. Ora, grande parte dos Enfermeiros sabe actuar com muita precisão, e sob algoritmos protocolados poderia intervir farmacologicamente. Actualmente numa questão de vida/morte, o Enfermeiro poderá actuar. Mas todo este processo deveria ser legalmente coberto e clarificado. Nos cuidados continuados, por exemplo, os Enfermeiros deveriam ter autonomia na escolha de analgésico e outros fármacos. O que se verifica em grande parte dos casos, é que o médico apenas regista a administração que o enfermeiro previamente já havia feito. Este tipo de situações não estão contempladas na lei, mas deveriam estar. Não é necessário um médico para administrar um simples paracetamol (note-se: medicamente não sujeito a receita médica), é necessário um médico. Qualquer Enfermeiro deveria estar apto (após certificação de formação farmacológica) a administrar fármacos durante o suporte avançado de vida, deveria poder desfibrilhar sem presença de médico, deveria poder intubar (de facto, imensos enfermeiros fazem-no em pretensão do médico). As experiências levadas a cabo no Reino Unido com a prescrição por Enfermeiros têm revelado resultados espantosos, similares aos médicos e em certas áreas, com menor percentagem de erros técnicos!!
Os Enfermeiro sabem certamente a que me refiro.
É uma questão de qualidade de cuidados.
Em relação aos Enfermeiros na sua globalidade, penso que começa a existir um certo receio da “imposição” dos Enfermeiros na sociedade. Lembro-me do “burburinho” que causou um artigo de Dr. Kuteev-Moreira, que referia a existência de estudos que apontavam a profissão de Enfermagem como uma das cinco mais prestigiadas da actualidade. Portugal inclusivé.
Nos EUA existem estudos que confirmam esta tendência. Estudos esses colocam o prestígio dos Enfermeiros à frente dos engenheiros, advogados, professores, etc… Não sou quem o afirma, são estudos de opinião pública.
Os Enfermeiros não pretendem assumir o lugar de ninguém, apenas demonstrar a qualidade dos seus cuidados e a utilidade pública da profissão. Não prendemos títulos, mas sim formação que nos permita evoluir. E que outra profissão teve um evolução tão célere como a Enfermagem nos últimos anos? Se reflectir bem, absolutamente nenhuma.
Comments:
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Gostei do Título:Doutor.Não quero dizer que somos menos, sem ele. Mas se os profissionais de saúde são chamados de doutor, por que o Enfermeiro, não pode? É só isso.
Dizer que não faz diferença, é mentira, porque faz.Acho que devemos sim aceitar este título.é um plus, não adianta negar.Ah! temos tb que nos unirmos mais e mais. Afinal, o que seria do Hospital sem a Enfermagem?
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Dizer que não faz diferença, é mentira, porque faz.Acho que devemos sim aceitar este título.é um plus, não adianta negar.Ah! temos tb que nos unirmos mais e mais. Afinal, o que seria do Hospital sem a Enfermagem?
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