quinta-feira, janeiro 31, 2008
Abertura de Escolas de Enfermagem/Faculdades de Medicina...
Perspectiva-se, em Bragança, a abertura de mais um curso de Enfermagem privado. A Ordem dos Enfermeiros refere não ter influência neste âmbito, e envereda pela passividade não respeitando duas das atribuições patentes no seu estatuto ("Zelar pela função social, dignidade e prestígio da profissão de enfermeiro, promovendo a valorização profissional e científica dos seus membros" e "fomentar o desenvolvimento da formação e da investigação em enfermagem, pronunciar-se sobre os modelos de formação e a estrutura geral dos cursos de enfermagem").
Nunca emitiu qualquer comunicado a repudiar a formação excessiva de Enfermeiros.
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Atirar areia para os olhos dos Enfermeiros é moralmente punível, e um desrespeito total. Principalmente quando a OE não cumpre as suas atribuições!
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P.s. - Um pouco por todo o mundo (exceptuando o continente Africano), a oferta de Enfermeiros começa a exceder a procura. Existem mentes ingénuas que pensavam de a escassez era infinita e eterna...
Em muitos países, os Enfermeiros são agora pagos com um salário mais baixo do que um trabalhador desqualificado...
Outros profissionais de saúde são, pelo contrário, cada vez mais bem pagos, e a sua oferta cada vez mais ponderada e adequada, e a sua formação, cada vez mais rigorosa e controlada.
quarta-feira, janeiro 30, 2008
Infelizmente, existem alguns membros de outras classes com comportamentos anti-democráticos...
infelizmente, e por motivos de força maior, os comentários ficaram sujeitos a moderação a partir deste momento. É uma medida temporária, embora sem data prevista para a sua reversão (espero que seja rapidamente...).
Alguns profissionais/estudantes de outras classes profissionais da saúde não souberam manter a sua postura. Este blog não está vocacionado para cenários caracterizados pela falta de educação, civismo e consciência, como tal, foi tomada a referida providência.
O doutorenfermeiro.blogspot.com pretende ser um espaço aberto para discussão e troca de opiniões entre Enfermeiros. No entanto, é bem-vinda a presença de outros profissionais, desde que a cordialidade e o respeito sejam mantidos por todos sem excepção. O sentido da opinião será sempre livre.
A todos os colegas, peço imensa desculpa pelo incómodo, esperando que o mesmo seja breve.
Obrigado.
Abertura de mais uma Escola Superior de Saúde privada? Outra?
Os alunos de Enfermagem de Bragança já nem têm locais de estágio para todos. Agora, a CESPU numa perspectiva meramente comercial quer abrir mais uma Escola Superior de Saúde.
O próprio presidente do Instituto Politécnico de Bragança receia, pois afirma que "é uma área que vai ficar saturada e com excesso de profissionais, o que já acontece na Enfermagem e tecnologias da saúde. Temo que possa não ser sustentável"...
Mas que insustentável, é uma exploração a olhos vistos.
Todos sabemos que a qualidade do ensino de Enfermagem está em causa com o número de cursos e vagas actualmente disponibilizadas.... se abrirem mais, que futuro para a Enfermagem?
Penso que a Ordem dos Enfermeiros (OE) tem-se demitido da sua função primordial: regulação da profissão. Mesmo que se argumente que a OE não tem influência directa sobre esta questão, existem alternativas de actuação junto da tutela respectiva. No entanto, a OE não mostra vontade em intervir, pois continua a sua conivência com este fluxo formativo "rumo ao rácio médio da OCDE" (que há-de ser a destruição da Enfermagem em Portugal - brevemente "postarei" um reflexão assente em dados concretos que permitirá desmistificar este assunto de uma vez por todas...).
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O desemprego tem causado mossa na classe: humilhação, exploração, diminuição do status social, etc... Se a OE não se recorda, eis as atribuições patentes nos seus estatutos (artigo 3º, ponto 1 ) que não são minimamente respeitadas :
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- Zelar pela função social, dignidade e prestígio da profissão de enfermeiro, promovendo a valorização profissional e científica dos seus membros;
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- Fomentar o desenvolvimento da formação e da investigação em enfermagem, pronunciar-se sobre os modelos de formação e a estrutura geral dos cursos de enfermagem.
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Portugal não tem condições para formar os Enfermeiros que forma. Acho curioso o argumento que o governo apresenta qaundo o tema se reposta à abertura de mais faculdades de Medicina: "mais nenhuma universidade portuguesa tem condições para desenvolver formação nessa área", ou então: "nenhuma das propostas foi demonstrada como tendo o mínimo de qualidade para ser autorizada a funcionar e a formar médicos".
Não se compreende então a evidente facilidade na abertura de cursos de Enfermagem.
Não se compreende então a evidente facilidade na abertura de cursos de Enfermagem.
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A Ordem dos Médicos (OM), essa, é bastante concreta e clara na sua posição, quando se propôs a abertura de mais faculdades de Medicina: "lutará incansavelmente contra o alargamento excessivo do numerus clausus e qualquer tentativa de formar Médicos a mais, pelo que rejeita a criação de mais Faculdades de Medicina. O número de Médicos a formar deve estar de acordo com as necessidades do país de modo a impedir o desemprego ou o subemprego Médico, que apenas traria benefícios aos grandes grupos económicos que pretendem dispor de mão-de-obra barata".
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Quem consegue observar diferenças de atitudes entre a OM e a OE?
terça-feira, janeiro 29, 2008
Última hora: Ministro da Saúde exonerado!!
O Ministro da Saúde, Correia de Campos, foi proposto para exoneração há poucas horas!
A nova Ministra da Saúde chama-se Ana Jorge, e é directora do serviço de Pediatria do Hospital Garcia de Orta ( ex-presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo). Portanto, uma médica. Ou melhor, outra médica.
Ainda não foi desta que houve coragem política para colocar um Enfermeiro na condução dos destinos da saúde em Portugal....
Entretanto a Ordem dos Enfermeiros já reagiu.
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O doutorenfermeiro.blogspot.com vasculhou um pouco o baú dos mistérios e descobriu uma coincidência...engraçada: uma foto do ex-Ministro da Saúde, Correia de Campos, e ... Ana Jorge (quem mais?). Os mais observadores vão achar isto muito "Serendipitous".
A vida é uma caixinha de surpresas... e mais não digo.
"Ministro da Saúde quer salários justos e rede hospitalar organizada"
"Chamou a Lisboa os Presidentes dos Conselhos de Administração dos Hospitais EPE para decidir com justiça acerca da massa salarial de quem trabalha, naquelas unidades.
Antes de saírem e, sendo a constituição do grupo homóloga (só Presidentes), já podemos antever que nada de bom vai acontecer a certos grupos Não Médicos, onde se incluem os Enfermeiros, obviamente.
Antes de saírem e, sendo a constituição do grupo homóloga (só Presidentes), já podemos antever que nada de bom vai acontecer a certos grupos Não Médicos, onde se incluem os Enfermeiros, obviamente.
Estão a ver os directores de serviço a distribuírem as benesses pelos amigos mais esforçados, não vá escorregar algo para os Não Médicos. Depois é só dar umas côdeas aos que controlam o pessoal Não Médico e já está feita a justiça que o ministro pretende, pois já temos exemplos desses.
Como nós gostavamos de poder acreditar nas falaciosas palavras...
Simplesmente, a nossa experiência não nos deixa sonhar.
Duma coisa podemos deixar garantia testada: não haverá organização no SNS, hospitais ou outras unidades assistenciais, enquanto os enfermeiros não se impuserem com o seu espírito organizador.
A ideia que transmitiu ao seu antecessor, que falava de directores de serviço como a única solução para a desorganização e baixo rendimento, sempre a cargo dos mesmos protagonistas, deu os resultados que estão à vista de todos.
Vamos citar um parâmetro desta apagada e vil tristeza: não sabemos classificar o desperdício de ter um cirurgião emérito a fazer horário de pessoal e postado à porta do serviço a ver a hora de entrada; a conferir as requisições de material; à procura de jeito para imitar quem faz isto com naturalidade. Se fosse cirurgiar, sempre conseguiria aliviar um pouco a lista de espera e aplicar os seus conhecimentos, de forma útil, que tão dispendiosos ficaram ao Estado, para acabarem em simples e grotescos amanuenses...
"Depois vamos construir grupos de consenso, que serão técnicos, (de quê?) mas trazem já o sentido do vosso pulsar", explicou, admitindo também conversas com os sindicatos. Uma tarefa que Correia de Campos admitiu que vai ser complexa e que demorará alguns meses, mas que irá ajudar a modernização do sistema hospitalar e "a acabar com as injustiças existentes".
Dessas injustiças é o principal responsável, pois esta displicência com que "admite" conversas com os sindicatos, deixa antever a natureza do grupo de consenso.
Com os sindicatos não há conversas; há negociações, que são um direito constitucional que lhe assiste e que o ministro viola, desde que está no cargo.
Lembramos que o Acordo Colectivo de Trabalho por que esperamos e que fizemos em Janeiro de 2005, para os Hospitais SA, que transformou em EPE, aumentando o seu número, é bem a prova de que injustiças Sua Excelência fala.
Os Não Médicos que se preparem para a luta, porque o mais desenfreado espartaquismo vai passar a ser instrumento de subordinação, na mão dos directores de serviço, por isso foram só eles.
O nosso Sindicato deplora veementemente esta política de distruibuição dos dinheiros públicos. Há uma via de atribuir salários com justiça. Essa é, como o Ministro está farto de saber, a via da negociação, com regras e não como compra de favores com o erário público.
Será que ainda não percebeu o fracasso das USF, por causa das injustiças salariais que legitimou?
Será, o grupo do consenso uma nova Unidade de Missão com o presidente da Associais dos Clínicos Especializados, à semelhança do que fez com os Clínicos Gerais, para fazer a mesma injustiça que fez nas USF?
Sabe como é grande a desmotivação dos Não Médicos, onde se englobam os Enfermeiros. Eles querem ser representados pelo seu Sindicato e não pelos directores de serviço. A Constituição da República confere-lhes esse direito.
Preparam-se e mobilizem-se para a luta, porque vamos precisar do vosso apoio generoso para vergarmos estes ministros transviados da legislação negocial, a sentarem-se à mesa das negociações e a não admitirem por qualquer aceno de simpatia, conversar com os sindicatos. Com os Sindicatos não se conversa: negoceia-se aquilo que é do interesse para os associados.
Ponham os olhos no exemplo das Enfermeiras Finlandesas, em 2007.
Nós já fizemos o mesmo, em 1976. A estratégia foi semelhante.
Está a chegar a hora de repetirmos a façanha e impedirmos a criação de elites de controlo, desnaturadas.
Queremos negociar com direito e rejeitamos esmolas de favor.
Sem o empenho dos enfermeiros não há melhoria dos serviços. Mas esse empenho tem um preço justo e esse é aquilatado pelo Sindicato.
É uma vergonha que andem a fazer contratos individuais violando o princípio constitucional que determina "para trabalho igual, salário igual": ora a contratação que fazem é desigual no salário e no trabalho.
Não sabemos pois, a que justiça se reporta o Ministro da Saúde.
Colegas, pedimos que leiam e divulguem, aos interessados as nossas preocupações e estratégias. Estamos a chegar a uma fase de ruptura inevitável."
Fonte: www.sen.pt (in JN 26 - Janeiro - 2008)
Desafiante?
Numa tertúlia realizada recentemente em Coimbra que versava sobre o tema "Os Enfermeiros na vida política", o presidente cessante da Secção Regional do Centro, Enf. Amílcar de Carvalho, afirmou que "o mercado de trabalho é árido para os jovens licenciados, mas é desafiante"...
Não sei qual será a parte mais desafiante. A exploração? A precariedade? A humilhação? A escassez de emprego?
O salário, esse sim, é um verdadeiro desafio. Sobreviver um mês com ele, é um autêntico Lisboa-Dakar!
domingo, janeiro 27, 2008
Venha daí um aplauso...
A Enf.ª Maria Augusta de Sousa foi reempossada. O meu dedo-adivinho não falhou.
Numa assembleia onde faltou quase toda a gente convidada, o discurso foi o previsto: OCDE, rácios, falta de Enfermeiros (pelo menos teve a decência em afirmar que os Enfermeiros andam a ser explorados), e o discurso lírico a que já estamos habituados.
Os Enfermeiros merecem mais. Hoje o tempo escasseia, mas no próximo post, humildemente (não passa de uma simples opinião pessoal!), explicarei à Digníssima Bastonária porque é que Portugal nunca vai ter um rácio médio como o da OCDE, a influência das competências e responsabilidades profissionais na dimensão quantitativa da classe, as consequências e significados do desequilíbrio entre os rácios das diferentes classes da saúde e as verdadeiras formas de estimular a criação de emprego.
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Já que nos próximos 4 anos vamos ter "esta" Ordem, então as críticas construtivas e sugestões também são bem-vindas. Ou não?
sábado, janeiro 26, 2008
Um dedo que adivinha...
Hoje, 26 de Janeiro, a Enf.ª Maria Augusta Sousa, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, vai estar no "Jornal das 7" da Sic Notícias.
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"Em debate vão estar os desafios que se colocam à Ordem nos próximos quatro anos (mandato de 2008 a 2011), a realidade da Enfermagem portuguesa e «o estado de saúde» do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente no que diz respeito às reformas em curso".
"Em debate vão estar os desafios que se colocam à Ordem nos próximos quatro anos (mandato de 2008 a 2011), a realidade da Enfermagem portuguesa e «o estado de saúde» do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente no que diz respeito às reformas em curso".
Fonte: www.ordemenfermeiros.pt
Como eu tenho um dedo que adivinha, sei de antemão quais as declarações da Bastonária respeitante a cada um dos temas em debate. Vamos lá ver se tenho a razão do meu lado (à noite teremos a confirmação):
Realidade da Enfermagem Portuguesa - "blá, blá... faltam 33 mil Enfermeiros... blá, blá, blá... o ensino é escasso, blá, blá, blá..."
Estado de Saúde do SNS - "Em termos éticos, respeitante à questão em vigor, a relação do âmbito da perspectiva é singular em termos sociais. Por outro lado, a essência traduz-se num rol de factores, de uma forma discreta, que permite a remodelação da globalidade do SNS. As competências bidimensionais características, desenvolvem-se na conjuntura profissional, sempre com uma linha de orientação multidisciplinar. Ah, é verdade, e faltam 33 mil Enfermeiros em Portugal..." (qualquer semelhança com um discurso político-diplomático, onde se fala muito e diz pouco, é pura coincidência...)
Reformas em curso - "Para o efeito é necessário formar mais Enfermeiros, pelo menos 33 mil... o rácio da OCDE diz que é necessário haver 1 Enfermeiro para cada 2 habitantes... blá, blá, blá..."
Esperemos que esteja mais desperta (o sono apertava...) do que no último "Prós e Contras". E por favor, Digníssima Bastonária, diga qualquer coisa de objectivo! Tome posições concretas, e por favor, não afirme que faltam (33 mil) Enfermeiros em Portugal...
sexta-feira, janeiro 25, 2008
3 anos
O doutorenfermeiro.blogspot.com faz hoje 3 anos...
Quase 90 mil visitas. 459 posts. Uma média diária de mais de 500 visitas (com um máximo de 1200). Mais de 5000 comentários. Obrigado.
quinta-feira, janeiro 24, 2008
VMER's, USF's, "estágios", SEP e a obcessão dos "33"...
Os últimos tempos foram ricos em acontecimentos. Os Enfermeiros fizeram parte de quase todos. À boleia deles andou sempre.... a Ordem dos Enfermeiros...
1º Tópico
"Idoso caiu de maca no Hospital de Aveiro". Lamento. Mas também lamento a excessiva "politização" e mediatização destes casos mais recentes.
2º Tópico
O fim dos TAE (Tripulantes de Ambulâncias de Emergência) nas VMER (Veículo Médico de Emergência e Reanimação) em Portugal. A VMER do CODU-Lisboa já funciona com Enfermeiros. Restam alguns TAE's em Coimbra e na Figueira da Foz (e um no norte), que vão ser substituídos em breve. Dentro de pouco tempo, a equipa exclusiva da VMER será Enfermeiros/Médico. Há quem defenda (eu sou um deles) que o célebre autocolante do pára-brisas ("MÉDICO"), deve ser substituído por "MÉDICO/ENFERMEIRO".
3º Tópico
Unidades de Saúde Familiar (USF) - Desigualdades entre os incentivos dos Médicos e Enfermeiros causam desconforto e reflectem uma tremenda injustiça. Há quem diga mesmo que os incentivos propostos aos Enfermeiros são "migalhas que caem da mesa dos médicos, o que é profundamente escandaloso num País civilizado e, dito, democrático".
Mais grave, os incentivos dos Médicos incidem sobre áreas da competência dos Enfermeiros. Vergonhoso!!
4º Tópico
Privados abusam dos estágios não remunerados dos Enfermeiros. Apesar disso o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) continua a apregoar que "faltam 33 mil Enfermeiros". Faltam "33 mil" há 5 anos atrás, faltam "33 mil" agora, e parece-me que faltarão "33 mil" daqui a 5 anos...
Arrisco dizer que o SEP é o sindicato dos eternos "33 mil".... mesmo quando é difícil encontrar colocação para "33", faltarão sempre os "33 mil" da praxe...
Não sei qual é concepção de poder reinvidicativo destes senhores, mas uma coisa é certa, quando todas as classes lutam do sentido do refreamento profissional no domínio quantitativo, enquanto que os Enfermeiros pregam no deserto árido e contra o vento....
Faz parte de uma estratégia errada: evocar a falta de 33 mil Enfermeiros para tentar desbloquear 2 ou 3 mil vagas... pouco mais do que isto será!
O problema é outro. Devemos adequar a formação às necessidades explícitas do mercado. E não, tentar adequar o mercado à oferta existente. É evidente que a solução não passa por aí. Ou alguém pensa que sim?
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Portugal tem uma política de saúde desconcertada que se reflecte numa distribuição errónea dos profissionais, principalmente Médicos e Enfermeiros. Sobretudo Enfermeiros. Porquê?
Existem poucos Enfermeiros nos Cuidados de Saúde Primários. Se Portugal apostasse devidamente nesta área, a necessidade de profissionais nos Cuidados de Saúde Secundários (hospitais) diminuiria, os episódios de urgências diminuiriam, os internamentos diminuiriam, etc... Todo o sistema funcionaria melhor, sem dúvida, com esta mobilização/redistribuição de recursos. Nem vale a pena explicar porquê...
Onde faltam Enfermeiros? Nas chefias, nas coordenações, na gestão, nos Departamentos de Formação, etc... A posição do Enfermeiro enquanto pivô da saúde continua a não estar devidamente preenchida...
Votemos à táctica dos "33 mil". Dou-vos o exemplo dos professores. Estes rapidamente se aperceberam que o seu excesso não seria resolvido com os sucessivos protestos para admitir mais profissionais, para reduzir as turmas e aumentar o rácio de professor/aluno, etc... a solução passa pela diminuição das vagas no ensino superior.... os advogados partilham desta ideia, os engenheiros, os médicos, etc...., os Enfermeiros, como sempre, não.
Já não há paciência para tanto autismo. A classe de Enfermagem está profundamente desmoralizada...
terça-feira, janeiro 22, 2008
Mais visibilidade!
Esta última semana foi acima da média relativamente à visibilidade dos Enfermeiros na comunicação social. Desde o debate na SIC, onde a nossa bastonária este presente (cometeu uma gaffe na questão das probabilidades) à discussão do caso dos Enfermeiros da sobrelotada urgência de Faro, que, por escrito, pediram a intervenção da Enfª. Maria Augusta de Sousa.
Na semana anterior decorreu um encontro de extrema importância para a Enfermagem. Uma reunião entre o Secretário de Estado da Saúde, Dr. Francisco Ramos, e a Ordem dos Enfermeiros.
Debateram-se assuntos de interesse primordial, tais como a dotação de Enfermeiros nas instituições do SNS ("necessário definir e estabilizar conceitos estruturantes no que respeita às dotações de pessoal"), o importantíssimo processo de Bolonha ("o reconhecimento de competências somente para os detentores de uma formação de 2º Ciclo de Bolonha - grau académico de mestre. Só assim se poderá garantir que a preparação dos enfermeiros não sofrerá nenhum retrocesso."), a passagem da Enfermagem para o ensino universitário ("a Ordem dos Enfermeiros defende a transição do ensino da Enfermagem para o Sistema Universitário (abandonando, assim, o ensino Politécnico)"), o modelo de certificação de competências ("garantir um modelo futuro que salvaguarde processos adequados de desenvolvimento de competências profissionais, bem como a sua certificação"), etc...
No entanto, a OE "esqueceu-se" de focar assuntos de importância básica para a Enfermagem, tal como o excesso de escolas, excesso de formação e a discrepância entre o índice de qualidade dos vários cursos/instituições. Ainda que a tutela responsável por estas questões seja outra, há que chamar a atenção de todos para esta grave situação, que afinal de contas está na raíz de todos os problemas...
Mais uma vez, os Enfermeiros do sector privado (vítimas do mercado concorrencial) foram esquecidos... e abandonados ao sabor do vento....
segunda-feira, janeiro 21, 2008
A excessiva "preocupação" com os Enfermeiros....
Fico lisonjeado com a preocupação de outros profissionais para com os Enfermeiros.
Preocupam-se com a nossa formação, visibilidade social, salários, condições de vida, etc...
Se os Enfermeiros são assim tão "desprezáveis", porque é que, "vossas excelências" os comentadores menos dignos, passam o vosso precioso tempo neste blog?
Lá diz o povo e com muita razão: "quem desdenha, quer comprar"... A inveja é feia. Os blogs servem para outros fins que não a expressão de sentimentos recalcados.
a
Se os Enfermeiros são "uma classe profissional sem estatuto, influência, poder económico, conhecimento, organização, executantes de afazeres simples e pouco gratificantes", então qual é o vosso interesse em nós?
Diversificai os vossos proveitos: existem blogs pertencentes a membros de outras classes profissionais mais ricas e poderosas (ex. médicos, farmacêuticos e TAE's), onde o vosso tempo é mais bem empregue!
a
Recomendo um simples Ben-u-ron® (passo a publicidade), para atenuar as cefaleias causadas pelas excessivas preocupações....
Por estas paragens encontram-se simplórios (Enfermeiros), cujas inquitações não são merecedoras da vossa atenção! Ide, e a sapiência vos acompanhe.... não vos fazeis rogados, ide, os simplórios não ficarão descontentes...
sábado, janeiro 19, 2008
Paramédicos em Portugal?
As vozes que defendem a profissionalização do socorro pré-hospitalar ecoam agora mais do que nunca. Muitos entendem que o INEM, Ministério da Saúde e outras organizações devem sentar-se à mesa para discutir esta questão.
Há quem sugira a criação do "paramédico" tipo anglo-saxónico, ou seja, um profissional sem formação base superior em saúde, mas a quem é administrado um curso de emergência e poderá praticar alguns actos Médicos/Enfermagem, tal como a administração protocolada de fármacos.
Há quem sugira a criação do "paramédico" tipo anglo-saxónico, ou seja, um profissional sem formação base superior em saúde, mas a quem é administrado um curso de emergência e poderá praticar alguns actos Médicos/Enfermagem, tal como a administração protocolada de fármacos.
Esse tal "paramédico" (Técnico de Emergência Médica) surgiu em determinados países num periodo em que a escassez de mão-de-obra de Enfermagem se fazia sentir, pelo que a necessidade em dotar a emergência pré-hospitalar de profissionais, obrigou a esta solução.
No entanto em muitos desses países, os Enfermeiros começam agora a emergir e a afirmarem-se nesse domínio.
Em Portugal, existem profissionais de Enfermagem suficientes para que não seja necessária a criação do paramédico não-Enfermeiro.
Os Enfermeiros são profissionais altamente qualificados, com uma formação académica superior, pelo que será desejável e exequível, e com vantagens evidentes, implementar um conceito mais fiável, exigente e moderno - o Enfermeiro Emergencista Pré-Hospitalar.
Esse Enfermeiro seria especialista na área (necessidade de criação de uma especialidade para o efeito), com uma formação teórico-prática extensa e avançada no sentido de se enquadrar como elemento central dos cuidados pré-hospitalares.
Nurse TV - A vida dentro de....
...um helicóptero tripulado com Enfermeiros...
...uma ambulância tripulada com Enfermeiros...
Gestos básicos de Enfermagem?? - Usurpação de Funções
Mais um atentado à Enfermagem. Então os sapientes que tudo sabem e dominam, precisam de formação em "Gestos Básicos de Enfermagem"?
A Cooprofar (Cooperativa dos Proprietários de Farmácia), puxou pelos "neurónios" e pretende leccionar aos farmacêuticos o seguinte (programa formativo):
A Cooprofar (Cooperativa dos Proprietários de Farmácia), puxou pelos "neurónios" e pretende leccionar aos farmacêuticos o seguinte (programa formativo):
a
1. Administração de primeiros socorros.
1.1 Exame da vitima
1.2 Alterações cardio-respiratórias
1.3 Choque
1.4 Hemorragias
1.5 Feridas
1.6 Queimaduras
1.7 Fracturas e Lesões
1.8 Traumatismos
1.9 Acidentes domésticos
2. Administração de medicamentos
2.1 Métodos e vias de administração de medicamentos
3. Administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação
4. Gestos de Enfermagem aplicados a programas de Cuidados Farmacêuticos
1.1 Exame da vitima
1.2 Alterações cardio-respiratórias
1.3 Choque
1.4 Hemorragias
1.5 Feridas
1.6 Queimaduras
1.7 Fracturas e Lesões
1.8 Traumatismos
1.9 Acidentes domésticos
2. Administração de medicamentos
2.1 Métodos e vias de administração de medicamentos
3. Administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação
4. Gestos de Enfermagem aplicados a programas de Cuidados Farmacêuticos
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Pois é, mas além da ilegalidade cometida, tal tem um nome: usurpação de funções dos Enfermeiros.
Se as farmácias querem ter assistência de Enfermagem, a estratégia passa por contratar Enfermeiros, e não por invenções formativas.
Se as farmácias querem ter assistência de Enfermagem, a estratégia passa por contratar Enfermeiros, e não por invenções formativas.
Vamos ver o que a Ordem dos Enfermeiros diz acerca disto (usurpação de funções)....
sexta-feira, janeiro 18, 2008
Os Enfermeiros portugueses são ricos?
Aqui (Saúde SA), diz-se que os Enfermeiros portugueses são os profissionais de Enfermagem mais bem pagos do mundo.
"(...) não se compreende que Portugal apresente o mais elevado nível de remuneração (2005) relativamente a este grupo profissional (...)"
E argumentam com relações estatísticas da OCDE. De facto, isto não passa de uma falsa aparência. Pura ilusão.
Para este efeito, a remuneração dos Enfermeiros portugueses foi comparada ao gross domestic product (GDP) per capita de Portugal, ou seja, a grosso modo a analogia foi estabelecida entre o nosso salário e a "riqueza" do nosso país.
Como em Portugal o salário médio de um Enfermeiro é superior ao trabalhador médio, foi possível obter um rácio salarial como aquele que podem constatar no gráfico que encima o post.
Em relação a todos os outros países, o rácio é inferior porque os Enfermeiros são mal pagos relativamente ao trabalhador comum do país em questão.
Só alguém de má fé e alheio ao sector da saúde, poderá dizer que os Enfermeiros portugueses são bem pagos... ainda por cima quando ainda vigora uma carreira de Enfermagem obsoleta e desadequada ao nosso perfil académico.
quarta-feira, janeiro 16, 2008
Remunerações dos Enfermeiros...
Até agora, a OE, sindicatos e comunicação social, têm focado os Enfermeiros e os seus problemas no âmbito dos serviços de saúde e utentes.
Então e a perspectiva da carreira profissional? Para além da excelência do exercício profissional e qualidade dos cuidados, existe também a dimensão laboral (âmbito económico). Estou a referir-me concretamente às remunerações dos Enfermeiros.
O International Council of Nurses procedeu ao estudo e concepção de um relatório (2007) que versa sobre as remunerações dos Enfermeiros nos diferentes contextos. Infelizmente Portugal não é um dos países contemplados no mesmo.
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As conclusões a tirar do referido relatório são simples. Os Enfermeiro em traços gerais, exceptuando países como os Estados Unidos (sector privado), auferem salários baixos. Muitos colegas ficam com a falsa sensação que os Enfermeiros em alguns países são bem pagos. Falacioso. São-no se compararmos as suas retribuições com a realidade portuguesa, pois se a comparação recair sobre o país em questão (ex. Irlanda, Inglaterra, Suíça, Luxemburgo, Alemanha, etc...), então constata-te que os profissionais de Enfermagem são mal pagos (ver gráficos do relatório). Em alguns países (ex. França), os salários dos Enfermeiros rondam o salário mínimo.
Tivemos oportunidade de testemunhar há pouco tempo uma greve massiva dos Enfermeiros finlandeses, no sentido de reivindicar salários mais elevados. Estes auferiam remunerações ainda mais baixas do que o salário médio do respectivo país. Tiveram sucesso. Esta iniciativa ficou conhecida para alguns como o efeito Finlândia.
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Nos países com excesso de Enfermeiros relativamente às vagas disponíveis, o cenário agrava-se, como é lógico.
Apesar de tudo (e ainda que muita gente queira desviar a atenção dos Enfermeiros para outros pontos), a Enfermagem, como profissão, regula-se numa lógica de competição de mercado.
Os Enfermeiros têm-se distanciado cada vez mais de outros profissionais de saúde (no estudo existem comparações com Médicos e Fisioterapeutas), para pior, entenda-se. Apenas no sector público dos EUA é que os Enfermeiros em início de carreira auferem de melhores rendimentos comparativamente a Médicos.
a
Em Portugal, de uma forma geral, os rendimentos dos Enfermeiros caíram a pique. Principalmente no sector privado, onde muitos Enfermeiros recém-licenciados trabalham neste momento a título gratuito ou simbólico.
A existência de um excedente de Enfermeiros no mercado e a ausência de acordos laborais (como os farmacêuticos por ex.) fragilizou a classe, aniquilando por o seu poder de reivindicação.
Quando associações profissionais declaram haver "falta de Enfermeiros" e reclamam "mais profissionais", esquecem-se que nem todos os Enfermeiros exercem no SNS. Muitos colegas trabalham apenas no privado, onde o elevado número de Enfermeiros já causou estragos a nível salarial (existem clínicas pequeníssimas que recebem centenas de currículos todos os meses!!!).
A muitos já foi oferecido o salário mínimo nacional! A outros 2 e 3 euros/hora!!
A
Actualmente não existem estratégias que permitam regular as retribuições da classe, e existem claras incompatibilidades entre a profissão e os respectivos salários, pois estes vezes não reflectem a responsabilidade, risco, penosidade e o grau académico inerente à classe de Enfermagem.
Por outro lado, a aguardada carreira de Enfermagem tarda em ser uma realidade, o que torna a situação injusta e lesante. Fazendo as contas, o estado deve largos milhões de euros aos Enfermeiros.
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O excesso prejudica. Dizer que "nos países da UE há, em média, quatro enfermeiros por um médico" é enganador. A maioria do países da UE não têm falta de Enfermeiros, mas tem carência de Médicos. A Grécia é a única excepção: tem mais Médicos do que Enfermeiros!
No "Índice Europeu do Consumidor de Serviços de Saúde 2007" onde Portugal ficou em classificado em 19º lugar, a Grécia encontra-se em 22º, com uma pontuação idêntica à do nosso país, ou seja, não se comprova a existência de uma relação específica entre o rácio Enfermeiro/Médico e a qualidade de um sistema de saúde. (Um dos países com mais Enfermeiros por Médico é a Irlanda. Apesar disso, notem que outros países com um rácio Enfermeiro/Médico inferior ficaram muito melhor classificados!)
A conclusão inespecífica é que habitualmente os melhores sistemas de saúde têm mais Enfermeiros (mas isso é lógico e característico em quase todos os sistemas do mundo!), mas daí a falar em rácios de 4 para 1, vai um grande passo. A
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Quer queiramos quer não, a visibilidade, status profissional e sócio-cultural, poder, prestígio, motivação e auto-realização de uma classe profissional depende directamente do seu poder económico!
Bastonária da OE na SIC
A Enfª. Maria Augusta de Sousa (MAS), vai estar amanhã, quinta-feira, dia 17, na SIC no "Especial Informação" para "um debate (...) sobre o caso de uma criança que aos 9 anos teve um AVC e que está em estado vegetativo".
"Em debate estarão as questões relacionadas com a suspensão e abstenção de tratamento em doentes terminais.
Para além da Enf.ª Maria Augusta Sousa, em estúdio estará o Prof. Rui Nunes, responsável pelo Serviço de Bioética e Ética Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, a Dr.ª Isabel Santos, do Instituto Nacional de Emergência Médica, e a mãe da criança".
Para além da Enf.ª Maria Augusta Sousa, em estúdio estará o Prof. Rui Nunes, responsável pelo Serviço de Bioética e Ética Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, a Dr.ª Isabel Santos, do Instituto Nacional de Emergência Médica, e a mãe da criança".
Comentário:
A questão não versa directamente sobre assuntos internos dos Enfermeiros, mas, estaremos atentos à eloquência da Enfª. MAS como representante de todos os Enfermeiros.
E por favor senhora bastonária, exprima a sua/nossa opinião objectivamente, e por uma vez, diga alguma coisa sem divagar. Será pedir muito?
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Fonte: www.ordemenfermeiros.pt
SEP - "Enfermeiros dos Centro de Saúde não estão preparados para urgências"
A Comunicação Social dá conta de uma conferência de imprensa realizada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que afirma que "os Enfermeiros a trabalhar em consultas abertas alertam não ter preparação para responder a casos de emergência ou urgência devido a falta de formação e traquejo clínico".
Apesar da mudança da perspectiva do atendimento, os doentes em situações de urgência, ainda que subjectiva, continuam a dirigir-se ao ex-serviços de urgência.
"Os enfermeiros afirmam não se sentir preparados para responder a utentes que, por exemplo, recorreram a consultas abertas em Peso da Régua com casos de edema da glote, choque anafilático, enfarte e intoxicação por organofosforado".
Esta posição é aplicável a Médicos e Enfermeiros. A questão é lógica. Os colegas dos Cuidados de Saúde Primários não têm, salvo excepções, formação e experiência neste domínio. A sua abrangência profissional estava dirigida, até agora, para outros objectivos e funções.
Os dirigentes do SEP declararam ainda que, algumas Ambulâncias SIV's não estão operacionais 24 horas/dia.
a
Fonte: www.rtp.pt
segunda-feira, janeiro 14, 2008
O mito do emprego para Enfermeiros "desabou"....
"Este post é dedicado, em especial, à digníssima bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Enfª. Maria Augusta de Sousa, em homenagem ao esforço e dedicação que NÃO tem dispendido para dignificar a Enfermagem."
Hoje foi um dia ímpar para a Enfermagem em Portugal. Pela negativa. O motivo? Está/esteve patente em vários jornais de referência e nos meios de comunicação audio visual (rádio e televisão).
Antes de prosseguir, deixo um artigo publicado hoje no Jornal Público (clicar no link para o ler na íntegra):
"Metade dos enfermeiros não conseguiu emprego na sua área de formação seis meses depois de ter terminado o seu curso, revela um inquérito feito pela Federação Nacional de Associações de Estudantes de Enfermagem (FNAEE) junto das cerca das 40 escolas de Enfermagem do país no final do ano passado.
Por ano saem das escolas de Enfermagem cerca de três mil licenciados. Porque não encontram emprego na sua área de formação, hoje é possível ver enfermeiros a trabalhar em lavandarias, caixas de supermercado, até como ajudantes de Pai Natal na última época festiva. (...)
E há quem tente não perder a prática frequentando intermináveis estágios profissionais não remunerados, afirma o presidente da FNAEE, Gonçalo Cruz. (...)
O crescendo de escolas e vagas não parou desde o momento em que foi criada a licenciatura em Enfermagem, em 1999, diz Gonçalo Cruz. Metade são privadas e as propinas mensais podem oscilar entre os 350 e os 500 euros. O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) estima que haja no desemprego 2500 enfermeiros e há 15 mil em formação, o que significa que "o problema vai agudizar-se", defende a dirigente sindical, Guadalupe Simões. "No mínimo, era preciso colocar um travão e diminuir o número de vagas". Defende ainda que a decisão de aumentar o número de enfermeiros, embora seja função do Ministério da Ciência e Ensino Superior, também convém ao Ministério da Saúde porque assim "desvaloriza o trabalho de enfermagem".
(...) A falta de emprego leva a que muitos profissionais tentem fazer voluntariado ou estágios não-remunerados, diz. "Alguns hospitais estão ilegalmente a recebê-los", sublinha Guadalupe Simões, explicando que os enfermeiros têm estágios integrados no seu curso, não precisam de mais, e assim os hospitais evitam admitir profissionais pagos.
Ao mesmo tempo, com a quantidade tão grande de alunos nas escolas, começa a ser muito difícil arranjar-lhes "estágios com qualidade" integrados no curso. (...)"
Mas não foi só o Jornal Público que deu conta da notícia (neste mesmo jornal, o editorial também foi dedicado aos Enfermeiros). A Antena 1, SIC, Diário Digital, também.
Hoje, muitos argumentos são utilizados para justificar o desemprego em Enfermagem. Mas pelo menos em um deles, todos estiveram de acordo: desregulação grave do ensino da Enfermagem em termos quantitativos. Eu acrescentaria também, que a desregulação da dimensão qualitativa é igualmente preocupante.
Existem carências em termos de cuidados de Enfermagem? Sim, existem. Mas, a formação deve ser adequada às disponibilidades do mercado. Quer queiramos quer não, até as profissões da saúde se regulam pela lógica da oferta/procura.
Jovens colegas, não se iludam. O problema base da Enfermagem é o excesso de vagas no curso superior. "Se fossem colmatadas as actuais carências de Enfermeiros no SNS, já não haveria ninguém no desemprego" - dizem alguns!
Correcto, mas também não se esqueçam que tal só adiaria a situação, pois várias fornadas de milhares de Enfermeiros são produzidas todos os anos, logo, a breve prazo a questão do desemprego colocar-se-ia novamente. O ritmo de formação de Enfermeiros não está em consonância com a capacidade de absorção dos mesmos.
Temos que fomentar a união e a sintonia entre os Enfermeiros. (Um exemplo: muitos jovens colegas defendem o fim da acumulação dos Enfermeiros. Mas são esses mesmos jovens que, logo que conseguem um duplo emprego, lançam-se sem pensar duas vezes. Após terem emprego garantido, despedem-se das velhas reivindações, e ficam indiferentes aos problemas dos recém-licenciados)
Tenho recebido alguns e-mails que curiosamente me questionam: "o Doutor Enfermeiro é recém-licenciado? É que a forma como luta pela Enfermagem dá a entender isso..".
Não, não sou recém-licenciado, sou Enfermeiro dos quadros do Ministério da Saúde (e sim, também sou profissional liberal...). Preocupo-me com todos. Todos devemos-nos preocupar com todos. É esse o espírito de grupo.
Já há vários anos atrás, a ex-bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Enfª. Mariana Diniz de Sousa, se mostrou preocupada com a proliferação de Escolas de Enfermagem ("esta proliferação de estabelecimentos de ensino de enfermagem vai desregular o fluxos de formação, criando um excesso de oferta dentro de oito a dez anos, e, mais grave, coloca questões preocupantes relativamente à qualidade do ensino em algumas instituições mais recentes, designadamente pela insuficiência de pessoal docente (enfermeiros) para o ensino das cadeiras e disciplinas específicas de enfermagem"), e com a qualidade das mesmas.
a
Para se abrir uma faculdade de Medicina é preciso levar a discussão à Assembleia da República, é preciso encomendar e consultar estudos técnicos e apresentar condições especiais para o efeito. Pouco mais, e era necessário referendar a sua abertura. A abertura de Escolas de Enfermagem faz-se de ânimo leve, sem garantias de qualidade, sem corpos docentes experientes, sem garantias de campos de estágio com os padrões requeridos, etc.
a
Aqui, a OE tem a suas responsabilidades. Não basta falar, é preciso actuar. A Enfª. Maria Augusta de Sousa não afirma incessantemente que a missão de uma Ordem profissional é regular? Pois é, mas de regulação não temos visto nada. É mais fácil abrir uma escola do que um supermercado.
Logicamente, mais escolas significam mais alunos que consequentemente se traduzem em mais Enfermeiros.
A lógica da OE é errada. Não se formam os profissionais e só depois se reivindica a sua falta. Racionalmente, primeiro averigua-se as necessidades, depois as disponibilidades de admissão, e só depois se forma um profissional. Com que ânimo pensa a senhora bastonária, que os alunos chegam ao curso e aos estágios, quando já sabem que o seu futuro é o desemprego.
Depois, também é necessário perspectivar o lado financeiro. Caso a OE não tenha reparado, os Enfermeiros são profissionais altamente qualificados que prestam serviços à sociedade em troca de uma remuneração. O tempo da caridade e boa vontade já passou. E dificilmente a 2 euros/hora alguém sustenta a casa e alimenta uma família.
Depois, também é necessário perspectivar o lado financeiro. Caso a OE não tenha reparado, os Enfermeiros são profissionais altamente qualificados que prestam serviços à sociedade em troca de uma remuneração. O tempo da caridade e boa vontade já passou. E dificilmente a 2 euros/hora alguém sustenta a casa e alimenta uma família.
Talvez um dia a família coma rácios ao almoço, mas para já são indigestos. Talvez um dia o carro se mova a rácios, mas para já é necessário combustível.
a
E mesmo quando existem millhares de Enfermeiros no desemprego, a senhora bastonária afirma que "faltam mais de 30 mil Enfermeiros" para o rácio médio da OCDE. Mais uma vez lembro que esses rácios contemplam nos seus cálculos os famigerados auxiliares de Enfermagem, que não existem em Portugal (por isso é que as contas não batem certo!), mas existem por essa Europa fora.
Agora pergunto eu (uma questão sobre planeamento): suponham que o défice dos Enfermeiros nos Hospitais/Centros de Saúde é colmatada... e depois? O que faríamos com os milhares de Enfermeiros que continuariam a sair das escolas todos os anos?
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Mas ao invés de tirar os óculos da utopia, a OE prefere lamentar o comportamento da comunicação social. Não gostou que o Enf. Azevedo tivesse dito na Antena 1 que a senhora bastonária esteve nos programa Prós e Contras meia "ensonada"? Mas esteve, todos vimos. Não gosto que tivesse dito que "só disse lá duas coisecas sem valor"? Mas só, todos ouvimos. Não gostou que tivesse dito que não havia Enfermeiros no painel de convidados? É para ver o estado a que deixou chegar a Enfermagem...
a
Colegas, protestem, façam-se ouvir: mail@ordemenfermeiros.pt
domingo, janeiro 13, 2008
Em 2003 escrevia-se assim... (ler o post até ao fim, p.f.)
Foi este o título de um artigo publicado pelo Gabinete de Imprensa da Ordem dos Enfermeiros, em 2003. Passaram desde então apenas 5 anos, mas tudo mudou.
Uma gestão formativa completamente desvirtuada da realidade, lançou a profissão ao "mar negro" da angústia, exploração e desemprego.
Há 10 anos, por exemplo, tudo era diferente. Os convites para trabalhar sucediam-se a um ritmo frenético, muitas vezes semanal - "Por favor, venha colaborar com a nossa instituição, será bem recompensado!" - diziam. Os Enfermeiros, por vezes, chegavam mesmo a ser disputados por vários Enfermeiros-Directores em simultâneo!!
Nos hospitais, como o salário base era o estipulado para a função pública, os Enfermeiros eram aliciados com outros argumentos: turnos extraordinários pagos!
Nas férias, muitos colegas rumaavam a outros hospitais, para prestação de serviços sazonais mediante remunerações chorudas. No fim, regressavam.
A conjuntura foi mudando lentamente. Em 2003, o referido artigo começava com a seguinte afirmação: "O panorama mundial dos recursos humanos em enfermagem é considerado crítico". E vários exemplos foram apresentados:
"Os EUA registam, actualmente, 126.000 vagas para enfermeiros (...), para agravar ainda mais este quadro, os enfermeiros americanos no activo estão a envelhecer (...). (...) o ingresso de alunos nos cursos de enfermagem caiu (...).
"O Canadá, por seu turno, enfrenta a reforma de cerca de 50 por cento dos enfermeiros actualmente no activo nos próximos 15 anos, sendo previsível que em 2016 tenha 113.000 vagas por ocupar."
"Presentemente, no Reino Unido, são necessários 22.000 enfermeiros (...)"
Sobre Portugal dizia-se assim:
"No que a Portugal (...) para que se alcance o ratio médio da EU - de 5,9 enfermeiros por mil habitantes -, faltam cerca de 20.000 profissionais."
Mas, o mesmo artigo chamava a atenção para as "excepções":
"Entre as excepções a este panorama internacional de carência de enfermeiros, encontra-se Espanha, onde, de acordo com indicações do governo existem 13.000 enfermeiros desempregados (...) "
"Na Região do Pacífico, bem como em Hong-Kong, Coreia e Taiwan, verifica-se um excedente de enfermeiros"...
a
Comentários:
Este artigo foi escrito tendo por base considerações excessivamente optimistas do Conselho Internacional de Enfermagem.
O Reino Unido, por exemplo, experimenta presentemente dificuldades na colocação de Enfermeiros. A imigração de profissionais de outros países e o aumento formativo próprio, tornaram quase impossível as colocações no centro de Londres, onde o cenário se inverteu, e os Enfermeiros se tornaram agora alvo de exploração e mão-de-obra barata (Fonte: BBC News).
Este ano, só no Reino Unido, formar-se-ão mais de 20 mil Enfermeiros (!), pelo que as autoridades (Ministério da Saúde) já admitiram que não haverá emprego para todos (Fonte: BBC News).
Ao contrário de outras classes profissionais do sector da saúde, que são cada vez mais bem remuneradas e cuja formação é escrupulosamente controlada, a Enfermagem foi tomada de assalto por um boom sem precedentes, que, a manter o ritmo, fará dos Enfermeiros, uma das classes com maior incidência e prevalência de desemprego.
Tomemos outro exemplo, Espanha. Há uns anos, os relatos noticiosos davam conta de mais de 50 mil médicos desempregados (!!). Os Enfermeiros também foram assolados pela epidemia do desemprego altamente qualificado. Resultado: remunerações baixíssimas, poder reivindicativo em queda livre, e diminuição do influência dos vários profissionais nas estratégias delineadas no sector.
Como foi resolvido? Fácil. Os médicos, esses, de uma forma soberba e inteligente, souberam gerir as vagas disponíveis para o ensino, diminuindo as mesmas de uma forma radical, dando preferência à dimensão qualitativa. Até então, os médicos sujeitavam-se aquilo que hoje os Enfermeiros portugueses infelizmente já conhecem: estágios profissionais não remunerados.
Actualmente com a situação da formação médica perto da estabilização, os seus salários voltaram a subir, assim como a sua auto-realização e satisfação profissional.
E os Enfermeiros, como resolveram a sua situação? De uma forma autista, não resolveram. Presos ao paradigma "ainda-faltam-Enfermeiros-para-suprir-as-verdadeiras-necessidades", continuam com desemprego, baixos salários (no privado chegam a auferir cerca de 2 euros/hora!), instabilidade e incerteza profissional, humilhação e rebaixamento pessoal, e no final de tudo, continuam sem suprir quaisquer necessidades.
Outro exemplo, França. Há vagas disponíveis para Enfermeiros? Sim, há. No entanto convém deixar claro que o salário de um Enfermeiro francês ronda o salário mínimo de França. Ou seja, não há incentivos para a profissão. Daí as vagas...
sábado, janeiro 12, 2008
Já perdi "a conta"...
... ao número de vezes que me pediram:
"Sr. Enfermeiro, dê-me uma injecção para acabar comigo por favor...";
a
... ao número de vezes que me pediram:
a
... ao número de vezes que me pediram:
"Sr. Enfermeiro, não me deixe morrer...";
a
... ao número de vezes que me pediram:
a
... ao número de vezes que me pediram:
"Sr. Enfermeiro, não se esqueça de mim por favor...";
a
... ao número de vezes que me pediram:
a
... ao número de vezes que me pediram:
"Sr. Enfermeiro, não me deixe aqui sozinho(a)...".
a
Já perdi "a conta" a tanta coisa....
a
Já perdi "a conta" a tanta coisa....
sexta-feira, janeiro 11, 2008
Ar fresco...
Todos os meses sou presenteado centenas de e-mails (obrigado!) de todos os tipos, sobre todos os assuntos, desde do agradecimento e apoio ao pedido de ajuda bibliográfica (nem sempre possível, infelizmente....), passando pelas "ameaças"...
Há algum tempo atrás, publiquei aqui um mail enviado por um colega que, na referida altura, me pareceu pertinente. Neste momento aguardo autorização de uma outra colega para publicar o seu respectivo. Entretanto, aqui ficam algumas notas informativas relativas a novos sites, blogs e jornadas, cujos autores tiveram a amabilidade de os comunicar:
a
"Este site conta com a participação dos Enfermeiros, Médicos, Dietistas e Assistentes Sociais que desempenham funções numa Instituição de referência no tratamento de doentes do foro oncológico"
a
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaarevoltadoenfermeiro.blogspot.com"Este Blog aparece com um Grito Primal. É um escape pessoal que demonstra a minha revolta interna face ao abismo que a Enfermagem portuguesa está a rumar. Este blog é de todos os que acreditam na revolta!!"
a
15 - 16 Fevereiro
Contacto: Enf. Augusta Costa (Centro Saúde Alijó) - 259 959 210
quarta-feira, janeiro 09, 2008
Índia - publicidade "cancro da mama"
Num país de costumes ainda pouco flexíveis no domínio feminino, foi original a forma que a Indian Cancer Society encontrou para chamar à atenção deste flagelo.
A VMER tripulada só por um Enfermeiro...
A notícia foi veiculada pela RTP, entre outros.
"A VMER, afecta ao Centro Hospitalar do Alto Minho (CHAM), foi hoje socorrer os feridos num acidente em Vila Fria, Viana do Castelo, apenas com um enfermeiro"
A denúncia partiu de um bombeiro: "Este profissional dos Municipais de Viana do Castelo, disse à Lusa que, "por lei", a tripulação de uma VMER (viaturas médicas de emergência e reanimação) é sempre constituída por um médico e um enfermeiro."
Que justificação deram aos bombeiros?
"O que nos disseram é que a médica destacada para a VMER do CHAM estaria, nessa altura, a fazer outro serviço, o que também é proibido por lei, já que o pessoal médico não pode fazer rigorosamente mais nada, no período em que está escalado para essas viaturas".
O que é que o CODU disse?
"O que aconteceu é que o CODU decidiu, mesmo assim, enviar também para o local a VMER do CHAM, só com um enfermeiro, porque as informações que recebera, de quem telefonou a informar do acidente, apontavam para uma situação de muita gravidade", acrescentou frisando tratar-se "de um reforço".
Qual a posição do INEM acerca da tripulação da VMER só por Enfermeiro?
"O porta-voz do INEM disse à Lusa que a tripulação de uma VMER é constituída por médico e enfermeiro, mas ressalvou que, em situações muito excepcionais, a viatura pode seguir apenas com um enfermeiro".