quarta-feira, março 28, 2012

Ordem dos Médicos emite parecer contra a Ordem dos Enfermeiros!


"A Direcção do Colégio de Pediatria, tomou conhecimento com a maior perplexidade e estupefacção da mensagem do Senhor Bastonário da Ordem dos Enfermeiros defendendo os partos em casa assistidos por enfermeiros." link

O que está em causa, parece-me, porque não é assim tão evidente, será esta nota informativa da Ordem dos Enfermeiros: "Partos em casa motivam campanha de desinformação sobre competências dos enfermeiros especialistas".

Ponto 1 - A sociedade e outras classes profissionais do sector da saúde estavam acostumadas a uma Ordem dos Enfermeiros inerte, apática e desprovida de posições objectivamente declaradas. O cenário mudou. Doravante pugnar-se-à, intransigentemente, pela qualidade dos cuidados de Enfermagem e pela dignidade da profissão.

Ponto 2 - Tentei (com óculos e sem óculos) perceber o seguinte: onde e quando é o Bastonário da Ordem dos Enfermeiros defende(u) os partos no domicílio?! É uma tarefa ingrata; ainda não consegui. Há que saber ler: a Ordem dos Enfermeiros apenas respeita as decisões das futuras mães relativamente à sua vontade em parir em casa. Apenas isso. Nesse contexto a Ordem dos Enfermeiros apenas afirma ser necessário criar condições para o efeito. Ou abandonam-se as pessoas? A Lei obriga a parir num hospital? A lei obriga a parir em cima do diploma da faculdade de medicina?

Ponto 3 - Os estudos são claros: os Enfermeiros detêm sempre melhores taxas de sucesso, comparativamente aos Médicos nos partos de baixo risco (que são aqueles que legalmente os profissionais de Enfermagem podem executar, e portanto passíveis de serem estudados e comparados), de forma invariável relativamente ao contexto: hospitalar ou extra-hospitalar.

"The new study from the National Center for Health Statistics (NCHS), Centers for Disease Control and Prevention (CDC), published in the May (1998) issue of the "Journal of Epidemiology and Community Health," examined all single, vaginal births in the United States in 1991 delivered at 35 to 43 weeks of gestation by either physicians or certified nurse midwives.
After controlling for a wide variety of social and medical risk factors, the risk of experiencing an infant death was 19 percent lower for births attended by certified nurse midwives than for births attended by physicians. The risk of neonatal mortality (an infant death occurring in the first 28 days of life) was 33 percent lower, and the risk of delivering a low birthweight infant was 31 percent lower.
" link

After controlling for a wide variety of social and medical risk factors, the risk of experiencing an infant death was 19 percent lower for births attended by certified nurse midwives than for births attended by physicians."


Ponto 4 - A taxa de mortalidade infantil diminuiu drasticamente em Portugal (tal como em todos os países evoluídos) por vários motivos que não "a presença do médico no trabalho de parto" - tal como se deduz ao analisar os dados que a Organização Mundial de Saúde disponibiliza.

O incremento das qualificações de todos os profissionais, a melhor compreensão científica da gravidez e parto, a evolução das técnicas de diagnóstico e acompanhamento, o apuramento e desenvolvimento tecnológico, a melhor qualidade/condições de vida e informação/pedagogia das grávidas e famílias, a genética preventiva, etc, etc.

Ponto 5 - Escrevi um outro post sobre esta matéria.

Ponto 6 - Alguém tem de estudar mais sobre a língua portuguesa e aprender a ler.   

ARS Centro no Livro do Guiness!

A ARS Centro anda, há 3 anos, às voltas com um concurso de Enfermagem (com sucessivas versões de critérios) e ainda não saiu a lista definitiva! 

A parábola do girassol.

Em apenas dois meses de actividade, a "nova" Ordem dos Enfermeiros já se desdobrou em reuniões de pressing e negociação com todo o tipo de entidades/organismos do sector e grupos políticos.
Os resultados são como os girassóis, passo a expressão. No início são apenas sementes que lançam à terra, previamente lavrada e preparada (outrora infértil...), crescendo e transformando-se em frondosas plantas que se orientam com dinamismo mediante as condições do meio. E daí nascem mais sementes e a natureza conduz as suas maravilhas. Por fim, quando o agricultor levanta os olhos têm à sua frente um enorme campo de magníficos e eficientes girassóis.
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Mais duas sementes plantadas:
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"OE contesta “despromoção” da Urgência do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho" link
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Relevo em particular esta intervenção da Ordem para onde é possível ter a noção do crescente e importante poder político da mesma. Na semana seguinte à assumpção desta posição... o Ministro da Saúde cedeu às pretensões da mesma! Nota muito positiva. Mais cuidados de Enfermagem disponíveis...
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"Secção Regional da R. A. dos Açores conquista reposição de reembolsos dos actos de Enfermagem de Reabilitação" link
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Mais uma vez o par acção-reacção da Ordem. Interveio politicamente e teve implicações directas, com sucesso notório e célere - estabelecendo importantes alianças institucionais ao nível dos cuidados de Enfermagem, desta feita no âmbito da Reabilitação.
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É bom ver dinamismo e capacidade influenciadora. Por ora são sementes, um dia serão girassóis. Quando o agricultor é inteligente, a colheita é boa.

sábado, março 24, 2012

Assembleia Geral da Ordem dos Enfermeiros

A decorrer neste preciso momento em Coimbra...
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Nota (25/03/2012): brevemente tecerei o comentário sobre a AG.

quinta-feira, março 22, 2012

Médicos criticam Enfermeiros: a polémica dos partos no domicílio...

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(Parte 1)

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(Parte 2)

No fulcro de todo o barulho está mediatização dos Enfermeiros e sua exigência para a autonomização das suas funções enquanto parteiros, consignadas em directivas europeias e transpostas para o direito português, mas que, inexplicavelmente, continuam apráxicas.
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Depois da interessante alusão da SIC ao tema partos no domicílio, no programa Boa Tarde, onde esteve presente a Enf. Lúcia Leite, Especialista em Saúde Materna e Obstétrica, actual Vice-Presidente da Ordem dos Enfermeiros, e das declarações corporativistas do Dr. João Carvalho, Presidente do Colégio de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos...

"Os obstetras criticam o facto de os enfermeiros estarem a fazer publicidade em relação aos partos em casa, uma prática que os médicos obstetras entendem ser arricada e um «regresso à Idade Média».

«Portugal conseguiu uma baixíssima taxa de morbilidade e mortalidade maternas e neonatais, uma das melhores da Europa, senão a melhor, à custa de uma assistência hospitalar altamente qualificada».

Este responsável lembrou ainda que os enfermeiros que estão a promover o parto no domicílio são «pessoas pouco qualificadas, sem qualificação nenhuma ou escassa para poder assistir ao parto de forma autónoma e muito menos para assistir ao recém-nascido»"

... convém dizer o seguinte:

1. Existe uma confusão patente entre os conceitos "natural" e "domicílio". Muitíssimos Enfermeiros, onde eu me incluo, defendem o parto natural, nos casos previstos, sem contra-indicações que comportem riscos associados. 
Parir no domicílio consubstancia uma prática diferente, principalmente em Portugal, país atrasadote neste âmbito, por pressão médica. Não existe qualquer quadro legal que regulamente o mesmos. 
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Não se disponibiliza aos Enfermeiros a tal autonomização prevista na Lei (que prevê a requisição de exames de diagnóstico e prescrição de fármacos, permitindo cumplicitamente que o parto se vigie sem "olhos internos"). Portanto, para que não existam equívocos: não se disponibilizam meios adequados para a execução do procedimento; não se disponibilizam contextos hospitalares cuja ambiência seja idêntica ao espaço familiar.  
O desejo de parir em casa deve ser analisado caso-a-caso, mediante critérios rigorosos, entre eles os de risco clínico, para que o único risco não controlado seja o que advém da imprevisibilidade.
Logicamente o parto em contexto extra-institucional encerra um risco de mortalidade acrescido, mas sem expressão estatística.

2. Muitos pretendem colar a imagem dos Enfermeiros ao(s) (insucessos do) parto domiciliário, mas atenção: inúmeros médicos estão, também, envolvidos, tal e qual os Enfermeiros! Não só envolvidos no entrecho, mas também nos casos de insucesso (embora não publicitado!). Alude-se sistematicamente aos casos de insucesso, mais esquecem-se dos milhares casos de sucesso.
Portanto, esta posição dos Médicos contra os Enfermeiros carece de coerência, uma vez que os seus próprios colegas estão envolvidos. Parece-me sensato direccionar as críticas para o procedimento e não para uma classe em particular!

3. Os Enfermeiros reivindicam o retorno à naturalidade do parto, sempre que a condição de saúde (mãe/feto) o permita, e criticam a elevada e não fundamentada ingerência médica/tecnológica num fenómeno que é por si... natural. Mais uma vez: o conceito de naturalidade reporta-se ao fenómeno, não ao local. Os Enfermeiros não defendem partos no mato (muito menos nas ambulâncias!).

4. Os Enfermeiros são os profissionais mais habilitados e experientes para o follow-up de grávidas e partos de baixo risco; todavia, para que melhorem ainda mais a sua performance necessitam que lhes sejam reconhecidas as tais competências previstas pelas referidas directivas. Os estudos são claros: os Enfermeiros detêm sempre melhores taxas de sucesso, comparativamente aos Médicos nos partos de baixo risco (que são aqueles que legalmente os profissionais de Enfermagem podem executar, e portanto passíveis de serem estudados e comparados), de forma invariável relativamente ao contexto: hospitalar ou extra-hospitalar.

5. A taxa de mortalidade infantil diminuiu drasticamente em Portugal (tal como em todos os países evoluídos) por vários motivos que não  "a presença do médico no trabalho de parto" - tal como se deduz ao analisar os dados que a Organização Mundial de Saúde disponibiliza.
O incremento das qualificações de todos os profissionais, a melhor compreensão científica da gravidez e parto, a evolução das técnicas de diagnóstico e acompanhamento, o apuramento e desenvolvimento tecnológico, a melhor qualidade/condições de vida e informação/pedagogia das grávidas e famílias, a genética preventiva, etc, etc.
  
Vários países detêm melhores indicadores que Portugal. Analisando pormenorizadamente os dados, percebemos que em muitos desses países os Enfermeiros seguem a gravidez em toda a sua globalidade e executam o parto sem intervenção médica, sem esquecer que também o fazem no domicílio sob condições controladas. Conclui-se que a grandeza do sucesso não está na figura do Médico, mas sim num conjunto de factores (em cima descritos). Nas situações graves, a colaboração de todos os profissionais é a chave do sucesso!
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Disclaimer: os links que comprovam as várias afirmações, não estão, como repararam inseridos no post. O dia já vai na sua vigésima sexta hora.... a seu tempo, se necessário, apresentá-los-ei. É uma questão de justiça familiar.

Greve geral!


"O turno da noite dos enfermeiros registou uma adesão à greve geral de 52%, um valor ligeiramente acima daquele que foi registado na paralisação de novembro passado." link

Taxas moderadoras em Enfermagem


terça-feira, março 20, 2012

Dar visibilidade à Enfermagem!


Cumprindo as metas a que se propôs, o Enf. Germano Couto, Bastonário da Ordem dos Enfermeiros, este presente no casino da Figueira da Foz, como resposta um convite para a rubrica "Jantares com Ordem", que tem contado com vários Bastonários

Como sempre, foi incisivo e objectivo (quão diferente da Enf. Maria Augusta de Sousa, que não deixou saudades!):

"Portugal deve investir em Enfermagem, se quiser ter melhores indicadores de saúde e imprimir maior rentabilidade ao Sistema». Embora Portugal tenha hoje um dos melhores Sistemas de Saúde do mundo, é também dos mais caros, abundam as ineficiências e era possível gastar menos com a mesma qualidade"

"A profissão «não tem sido devidamente valorizada, sobretudo pelos agentes políticos», o Bastonário da OE acredita que com o atual Ministério da Saúde «pode haver uma luz ao fundo do túnel»"

"Portugal está a investir milhões na formação de enfermeiros e está a deixá-los emigrar «a custo zero» (...) detendo estes uma qualidade de formação considerada das mais sólidas do mundo e um exemplo para muitos países"

"Deu como exemplo o que sucede em Inglaterra que está atualmente a encerrar Escolas de Enfermagem «porque já percebeu que Portugal forma enfermeiros gratuitamente e exporta-os de braços abertos»"

"O Enf. Germano Couto fez questão de deixar claro que os enfermeiros não se querem substituir aos médicos. Falou da complementaridade das duas profissões e das «zonas cinzentas», como lhe chamou, embora considere que há competências dos enfermeiros que estão subaproveitadas"

"Os enfermeiros já prescrevem cuidados de Enfermagem, ajudas técnicas e fármacos de venda livre, aludiu o responsável. Mas poderiam fazer muito mais, nomeadamente em termos de seguimento de doentes crónicos, onde está provado «que existiria maior satisfação dos utentes». O sistema de saúde está muito «centrado no médico e pouco no cidadão»"

"Referiu ainda que, por razões «económico-financeiras», a maior parte dos enfermeiros especialistas está exercer cuidados gerais e não é contratada para funções mais diferenciadas, sendo que «os mais penalizados são os cidadãos que não obtêm os cuidados especializados de que necessitam». Há também o risco dos enfermeiros especialistas, com o passar dos anos, por não exercerem a especialidade, perderem as competências que possuíam"

"Nos primórdios, as preocupações da instituição estavam relacionadas com a organização interna da estrutura, com a criação de padrões de qualidade e com as condições de exercício profissional; nos dias de hoje, têm que ver com a descapitalização humana das unidades de saúde, com a ausência de regulamentação do «Exercício Profissional Tutelado» e com a necessidade de dotações seguras nos serviços"


domingo, março 18, 2012

Estou na idade dos "porquês"!


Porque é que os sindicatos não pressionam para a efectivação da real valorização dos Enfermeiros Especialistas? 
 
Porque é que os sindicatos não pressionam para que o diploma das Direcções de Enfermagem seja publicado?

Porque é que os sindicatos não pressionam para a abertura de concursos para Enfermeiros Principais?

sexta-feira, março 16, 2012

Não havia dinheiro para os Enfermeiros!!


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Médicos, em pleno "troikismo", estão a negociar nova tabela salarial: "Na proposta governamental a primeira posição remuneratória tem o montante de 2128,34 euros e a última (3ª posição do assistente graduado sénior) tem o montante de 3827,57 euros, o que é inaceitável, naturalmente"! link
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Reuniram ontem (15/03) com o MS/Governo! Nada a opôr. E o dinheiro indevidamente subtraído aos Enfermeiros?

quinta-feira, março 15, 2012

Aumenta a entropia na Enfermagem...

Estamos agora a colher a falta de planeamento estratégicos para a profissão na última década:
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A propósito desta última peça jornalística, o DE teve acesso ao anúncio de trabalho publicado:


Recordo-me há uns anos, os teóricos do apocalipse, vociferarem a "falta de Enfermeiros", "rácios inferiores à média europeia" e "a necessidade de haver mais Enfermeiros para que todos possam ver os seus direitos cumpridos (segundo afirmavam, até à data não eram em virtude da escassez de profissionais). Havia emprego pleno, salários razoáveis, exercício liberal com reconhecimento económico satisfatório, motivação e orgulho em ser Enfermeiros!
O que temos agora? Desemprego total, salários vergonhosos, falta de valorização, desprezo e humilhação - a banalização!
Não constatei melhoras secundárias ao aumento exponencial de Enfermeiros no país...  a anarquia reina e reina bem.

Dor em Pediatria (excelente livro do Enf. Luís Batalha).


"Este livro apresenta, numa primeira abordagem, uma revisão da evidência científica relativa às teorias da dor mais proeminentes, neurofisiologia do desenvolvimento da dor, sua avaliação, prevenção e tratamento, para além duma síntese dos principais estudos que caracterizam a problemática da dor em Pediatria e o papel dos profissionais de saúde no seu controlo." link (FNAC)

quarta-feira, março 14, 2012

U24


A RTP realizou e está a transmitir uma série documental - U24 - que supostamente relatam a realidade quotidiana das urgências hospitalares: "o programa mostra a dinâmica de trabalho de médicos, enfermeiros e de todos os funcionários do estabelecimento".
Quem vê aquilo uma vez, constata logo que é uma imitação barata dos formatos norte-americanos, daqueles que só o Spielberg sabe fazer. Está a ser um valente flop de audiências.

O problema vem da raiz; foi uma série concebida por encomenda, é notório! Não relata a realidade, mas moldou-a mediante os interesses do cliente. Quem se senta à frente da televisão vê TAE's do INEM a brilhar, a tratar, a salvar, a diagnosticar... por pouco não fazem a cirurgia em cima do alcatrão! Aquela classe profissional que mais movimento assistencial providencia dentro dos serviços de urgência (e do SNS) - os Enfermeiros - parece que não existem! Ou melhor, os hiatos da série coincidem com a sua intervenção! Vê-se sempre o malogrado "doente" a ser apanhado para dentro da ambulância (e apertam pescoços com ligaduras, quase asfixiando a vítima!), sendo o frame seguinte um qualquer "Dr. Casa" a resolver tudo sozinho!
Os olhos de um leigo não vêem, mas os chistosos TAE's extravasam frequentemente as suas competências, e, em muitos casos, nem as suas próprias conseguem levar a cabo (incumprimento dos protocolos básicos)! O acumular de erros é evidente em várias peças!

Os TAE's tinham interesse nas urgências da Mongólia, por exemplo. Cá não. O Dr. Miguel Rego, Presidente do INEM, sabe disso!
Já a TVI fez uma reportagem bem mais fidedigna...




segunda-feira, março 12, 2012

Multi's...


Um tema pertinente (área de Enfermagem), com uma inerência de custos avultados. Um aplauso para o alerta relativo à necessidade de especialização neste domínio. 

Não compreendo, porém, o porquê da presença dos Fisioterapeutas e Farmacêuticos (notem que a organização é da responsabilidade de uma Escola de Enfermagem)!
Quantas organizações da responsabilidade de Fisioterapeutas convidam Enfermeiros para a sua área de actuação? E quantas de Farmacêuticos?
Ao abrigo da multidisciplinariedade permitimos, frequentemente, que outros se imiscuam nas nossas esferas (reflictam nisto em todas as outras áreas de actuação!). 
Cuidai(emos) de vós/nós próprios, colegas!! 
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Nota acrescentada à posteriori, como contra-argumentação a um comentário:

O último comentador tem um visão linear e simplista da realidade.
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A questão da competência excede a detenção do conhecimento. Naturalmente, em Saúde, uma "acção" não pode ser executada se não houver uma bagagem científica e técnica por trás. O gesto que corresponde à administração de injectáveis poderá não ser de extrema complexidade, mas sim tudo o que a envolve, que pode em última consequência acarretar a morte de um doente.
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Afirmar, por dedução, que os Enfermeiros são meros executores acéfalos de uma ferida, é no mínimo uma manifestação de ignorância. Mal estariam os Enfermeiros se não conhecessem em profundidade as características e indicações dos princípios activos que utilizam nos respectivos tratamentos. Mal estariam os Enfermeiros, se estivessem de "pinça na mão" a aguardar indicações do prescritor-farmacêutico.
Em caso de dúvida (porque é legítimo que existam), tal é prontamente sanada recorrendo ao folhear de um simples livro informativo, não se carece da presença de qualquer farmacêutico, a "aconselhar". Isto porque o farmacêutico não é uma mais-valia relativamente a um simples livro (talvez seja no caso de leigos na matéria, incapazes de interpretar a natureza técnica de tais informações, mas não para outros profissionais de saúde). É conhecimento por conhecimento. Sinónimo, expropriado de qualquer capacidade competencial.
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Os farmacêuticos tiveram os seus dias na era dos manipulados. Hoje tudo o que podem oferecer nada mais é do que o que consta num simples manual qualquer. O resto faz uma qualquer vending-machine e qualquer robot de farmácia.
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É por isto mesmo (e os farmacêuticos já se aperceberam disto) que têm tentado alargar o seu espectro de acção, classificando várias actividades de Enfermagem como "novos serviços farmacêuticos". É que, apenas com aquilo que tinham para dar à sociedade (informações... isto na era da informação e do livre acesso ao conhecimento por todos!), a profissão estaria em causa num futuro de médio prazo.
É por isto que nos últimos tempos consubstanciem sucessivas tentativas de usurpações de funções dos Enfermeiros! Pense lá se isto não é verdade, amigo!

sábado, março 10, 2012

Di María tratado pelo enfermeiro do FC Porto!



"Ángel di María, jogador do Real Madrid, está a fazer tratamento à lesão que o vem apoquentando com o enfermeiro Eduardo Braga, no Porto. O especialista integra a equipa médica do FC Porto. A notícia é avançado pelo jornal espanhol El País, que destaca que aquele profissional clínico é "um dos homens de confiança de José Mourinho e Jorge Mendes", empresário do treinador e do atleta." link

OE manifesta preocupações à A3ES relativamente ao ensino da Enfermagem

"A Ordem dos Enfermeiros (OE) esteve ontem reunida com os responsáveis da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) para abordar as principais preocupações da instituição ao nível do ensino da Enfermagem.

A qualificação do corpo docente das escolas privadas de Enfermagem foi um dos problemas elencados pelo Bastonário Enf. Germano Couto e restantes representantes da OE, a par da necessidade de acreditação do plano de estudos para o 2º Ciclo, da vinculação dos docentes às escolas de Enfermagem e da manifesta falta de acompanhamento e de qualidade ao nível dos ensinos clínicos." link

Ordem dos Dentistas expulsa director da "Dental Group"!



"Tendo-se comprovado as mais graves irregularidades no exercício da profissão, não restava outra alternativa à Ordem dos Médicos Dentistas, que não a expulsão e a consequente inibição do exercício de actividade”, justificou o bastonário Orlando Monteiro da Silva" link

Alguém quer ir desenrascar o Quénia?*



"Quénia despede 25.000 enfermeiros por fazerem greve" link

 
"O porta-voz governamental Alfred Mutua apelou de seguida a «todos os profissionais de saúde qualificados que estejam desempregados ou aposentados» que compareçam nos hospitais quenianos, para substituir os enfermeiros despedidos.

Os sindicatos do sector desvalorizam a decisão radical do Governo, considerando-a uma manobra negocial. Na semana passada, foi feita uma ameaça semelhante aos trabalhadores da televisão pública, tendo o diferendo acabado por ser resolvido.

Os enfermeiros e os médicos quenianos recebem um salário médio de apenas 200 euros, denunciam os sindicalistas"
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* - Mas aviso, desde já, que os políticos quenianos sofrem de parca inteligência e inconsequenciabilidade!

quarta-feira, março 07, 2012

Rescaldo da reunião da Ordem dos Enfermeiros com INEM!


"No seguimento de pedidos de audiência para apresentação de cumprimentos a várias instituições, a Ordem dos Enfermeiros (OE) reuniu, na tarde de 6 de março, com o Dr. Miguel Soares de Oliveira, Presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). A integração das ambulâncias SIV (Suporte Imediato de Vida) nos serviços de urgência hospitalar e o papel desempenhado pelos enfermeiros na Emergência Pré-Hospitalar (EPH) foram os assuntos que dominaram o encontro." link

"A correta rentabilização das competências dos enfermeiros, defendida pelo Enf. Germano Couto, Bastonário da Ordem dos Enfermeiros, foi algo que colheu a aceitação do Dr. Miguel Soares de Oliveira"

"Os enfermeiros são profissionais de saúde estruturantes na EPH e no Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), tendo um papel fundamental nas viaturas VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação) e nas ambulâncias SIV. No que diz respeito a estas últimas, o INEM pretende que a Rede de Ambulância SIV seja complementar à Rede VMER e Heli, sendo accionada para os casos de prioridade máxima"

"É ainda intenção do INEM que as ambulância SIV, em modelo integrado nos SU, passem a ter uma importante participação no transporte de doente crítico, rentabilizando dessa forma as elevadas competências e conhecimentos dos enfermeiros"

"Segundo o responsável máximo do INEM, não há nenhuma intenção de substituir enfermeiros por outros profissionais, nem de substituir qualquer outro grupo profissional. Por sua vez, o Bastonário da OE sugeriu que o INEM seguisse o exemplo de países como a Suécia, onde os enfermeiros estão presentes em todos os meios de socorro, com ganhos evidentes para o cidadão e para o sistema"

"Sobre o modelo de EPH, a OE informou o Dr. Miguel Soares de Oliveira acerca da recente decisão do Conselho Diretivo da OE em constituir um grupo de trabalho multidisciplinar (que incluirá enfermeiros e médicos). Este grupo tem por objetivo elaborar uma proposta para a Emergência Pré-hospitalar que melhor defenda os interesses dos cidadãos e que, a seu tempo, será dada a conhecer ao INEM"

"O Bastonário da OE alertou que esta seria uma medida estratégica errada, atendendo à pouca rentabilização dos enfermeiros em Portugal no SIEM, não merecendo a concordância da OE. O Dr. Miguel Soares Oliveira reafirmou que considera que o papel do enfermeiro deve ser reforçado junto do doente crítico, conforme processo em curso, onde a sua formação e competências possam representar uma real mais-valia e não em todas as situações de atuação em ambiente pré-hospitalar, onde muito do seu saber e know-how estaria claramente desperdiçado"

"O Presidente do INEM mostrou-se disponível para reatar a colaboração com a OE na definição das áreas de atuação dos TEPH, pelo que o Enf. Germano Couto informou o Dr. Miguel Soares de Oliveira que os protocolos relativos à atuação dos TEPH já estão a ser analisados pelo Conselho de Enfermagem da OE e serão enviados ao INEM"

"Desta reunião resultou ainda a possibilidade da OE trabalhar em parceria com o INEM num modelo conjunto de recertificação dos enfermeiros (em e-learning, por exemplo), bem como no desenvolvimento dos documentos de suporte a auditorias aos meios SIV."

"Relativamente à Tomada de Posição recentemente divulgada pela OE e que condena a participação de enfermeiros em ações destinadas a formar técnicos que possam vir a substituir enfermeiros, o Dr. Miguel Soares Oliveira reafirmou que no INEM não há nenhuma intenção nem plano de substituir qualquer profissional por outro de carreira diferente e mostrou-se disponível a encontrar soluções, em conjunto com a OE, que não contrariem os princípios contidos naquele documento e que, em simultâneo, não colidam com o desenho de uma rede de emergência pré-hospitalar assente em três níveis de atuação, em regime de complementaridade entre si, centrada nos interesses do cidadão"

"O Presidente do INEM referiu ainda que neste processo não se prevê a integração do técnico de ambulância de emergência e/ou do futuro TEPH no SU, uma vez que não sendo esta uma carreira hospitalar a lógica de partilha de recursos entre INEM e SU não é aplicável"

terça-feira, março 06, 2012

Já estamos em Março...


No site do Ministério da Saúde...

Conheça as iniciativas associadas à normalização e estandardização de registos médicos, de enfermagem e outros.

"Fevereiro 2012 – Itens obrigatórios nas Notas de Alta Médicas e de Enfermagem
Em fevereiro serão publicados os itens que devem constar nas Notas de Alta Médicas e de Enfermagem, a fim de ser possível alimentar o Resumo Clínico Único do Utente (RCU2)." link

Alunos de Enfermagem (sem perspectivas de emprego!) custam 750 milhões ao Estado!

Custos. Agora estão na moda; durante anos foram apenas números inconsequentes. 
Só por curiosidade: os alunos de Enfermagem (15 mil em formação, nos 4 anos inerentes à formação pré-graduada), sem perspectivas de emprego, de carreira ou vínculo estável, custam 750 milhões de euros ao Estado. Custo directos, excluiu as expensas indirectas. Formar para o desemprego (ou "exportação"). 

15000 alunos x 50000 Eur*: que Estado é este que queima dinheiro sem retorno? Incauto.

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* - custo total médio para formar um Enfermeiro (licenciatura). 

sexta-feira, março 02, 2012

Plano de prevenção nacional de depressões e suicídios (com Enfermeiros).

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"Uma comissão de psiquiatras, enfermeiros e académicos portugueses e estrangeiros vai passar a executar, a partir do final do Verão, um plano para prevenir os suicídios em Portugal, na sequência do aumento esperado de depressões devido à crise" link

quinta-feira, março 01, 2012

Nova política de comentários.

Por um período probatório o blog Doutor Enfermeiro encerrará a possibilidade de tecer comentários aos respectivos posts, prevalecendo o formato read-only. A estima pela liberdade de expressão não é, para mim, sobreponível à sua deterioração qualitativa.

Concomitantemente, o endereço de e-mail - blog.doutorenfermeiro@gmail.comcontinuará disponível para os que desejem contribuir com a sua consideração.

A montanha que nem um rato pariu.


"O Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa absolveu a Ordem dos Enfermeiros da Acção Administrativa de Contencioso Eleitoral interposta por elementos da Lista B que solicitavam a impugnação de uma deliberação da Comissão Eleitoral, no âmbito das eleições de 12 de Dezembro de 2011." link

Pois claro. O veredicto final não podia ser outro, em abono da boa verdade. A ira da derrota impulsionou este contencioso que em nada beneficiou a imagem da classe.

Depois de um jogo de bastidores infrutífero, também não foi na barra do tribunal onde a fruta surgiu. Recorrer à justiça sabendo de antemão o (infértil) resultado, é só por si um acto revelador.

O processo eleitoral ficou formalmente concluído. 

Rácios da OCDE.

"Maternidade Alfredo da Costa preparava-se para contratar enfermeiras a quase metade do preço" link

1 mês!



Foi apenas ao final de um mês de mandato que a actual Ordem dos Enfermeiros (OE) conseguiu um feito inédito nestes 12 anos de história da Ordem - um reunião com o Ministério da Saúde. 
Não, não foi um encontro com o secretário do secretário do sub-secretário do vizinho do lado do secretário do Ministro, mas sim com a tríade ministerial (Dr. Paulo Macedo, Ministro da Saúde; Dr. Fernando Leal da Costa, Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde; e pelo Dr. Manuel Teixeira, Secretário de Estado da Saúde), que escutou atentamente as preocupações e propostas do representantes da OE.
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"Em cima da mesa estiveram questões como as dotações seguras e a gestão racional dos recursos humanos, a qualificação dos enfermeiros, a reforma dos Cuidados de Saúde Primários, os Cuidados Continuados, a necessidade de revisão legislativa quanto ao exercício de enfermeiros em lares e as parcerias público-privadas"
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Foi abordado também algo que eu considero fulcral, no verdadeiro sentido da palavra, para mudança de paradigma ao nível da Enfermagem e do próprio sector da saúde: "a necessidade de se alterar o modelo de financiamento e de contratualização de serviços, bem como a importância que os Sistemas de Informação de Enfermagem podem ter a esse nível"!
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At last but not the least, porque a OE já se livrou da síndrome-toupeira e vê três passos adiante, estrategicamente, "falou-se igualmente da modernização da Directiva nº 2005/36 – relativa às qualificações dos profissionais – e da necessidade de salvaguardar princípios de formação comuns"!
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Hoje durmo mais descansado. Já mora inteligência na Gago Coutinho...

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Novo grupo para reflexão de Enfermagem (a promessa é: o que quer que ali se escreva, chegará a "quem de direito")! 

Para que a opinião de cada um tenha uma consequência positiva! Contribuição efectiva!