quarta-feira, fevereiro 28, 2007
Atenção!
enf.unidos@hotmail.com
enf.unidos@sapo.pt
Estudantes de Enfermagem;
Personalidades importantes, como políticos ou pessoas que detêm ou detiveram reconhecidos cargos a nível da Saúde.
As mudanças da rede de urgencias
terça-feira, fevereiro 27, 2007
AVISO A TODOS COLEGAS
Nursing - It's more than a job!
Deixo-vos com outro fabuloso vídeo acerca da Enfermagem que vale realmente a pena a sua visualização. Tem um enfoque especial nos Enfermeiros masculinos, mas a informação é válida para toda a classe. Vejam de princípio ao fim! É espectacular!
Enfermeiros na Fórmula 1
The making of...
Nos EUA, realiza-se todos os anos o "The Men in Nursing Calendar", uma espécie de campanha publicitária com Enfermeiros. Deixo-vos um vídeo com os bastidores dessa sessão fotográfica, vulgarmente denominado como o The Making of...
O debate.
Os convidados do painel revelou-se um aspecto curioso. Em primeiro lugar, estavam dois membros da comissão técnica. Esta comissão deixa-me dúvidas. Quem os escolheu? Porque foram eles os escolhidos? Por via curricular? Experiência? Conhecimento?..
Parece-me que teria sido mais sensato constituir uma comissão de médicos, enfermeiros, bombeiros, INEM, etc…, ou seja, uma comissão multidisciplinar.
Depois, esta comissão baseou-se em dados estatísticos que assentam em médias nacionais… mas todos sabemos que falar de Lisboa ou de uma remota aldeia do interior não é bem igual. Sabemos também que o aspecto matemático é relevante, mas faltou a valorização do aspecto humano! Assistimos a horas de discurso destes dois senhores, mas na realidade nada diziam, ou seja, cada hora de discurso equivale a 10 minutos de informação propriamente dita. E ainda por cima, discurso político-demagógico. Tudo bem. Até concordo com esta comissão em muitos pontos, noutros não.
Os outros dois convidados também eram interessantes. Um deles, foi o autor de um artigo do género “dia de raiva”, e penso que era essa a justificação da sua presença. Deu um ou dois contributos de interesse. Ou outro elemento, era simpático sim senhor, deu também dois ou três contributos muito importantes, mas… parecia mais empenhado em publicitar as qualidades dos profissionais de medicina interna. Até chegou a fazer um pouco de marketing à medicina interna!
O Sr. Ministro Correia de Campos, apesar de eu não concordar com algumas ideias, pareceu-me sóbrio na maior parte das suas justificações. Não estou a ver é, por exemplo, o interesse do hospital da régua ter uma unidade de AVC’s (para estabilizar doentes agudos vítimas de AVC), quando os utentes vítimas desta patologia não serão direccionados para essa instituição. Ou seja, nas primeiras horas, após um AVC (as mais importantes!), não serão enviados doentes para a régua, pelo que esta unidade de AVC estará um pouco desvirtuada!
Os convidados eram muitos, pelo que os seus contributos não foram correctamente escutados e analisados. O colega Enf. Rui Marcelino (Enfermeiro-coordenador da VMER dos HUC e do SU dos HUC), explanou as suas preocupações, mas o seu tempo de antena não foi o desejado. Penso que teria sido importante a sua presença no painel não entre os convidados. É um homem inteligente e um excelente profissional. Lembro-me perfeitamente de ter conversado brevemente com ele há uns anos atrás.
Não vi esclarecidos alguns conceitos e medidas a implementar. Este debate pouco acrescentou ao que muitos de nós já sabíamos.
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
As viaturas SIV já têm datas!
Foto: www.inem.pt
domingo, fevereiro 25, 2007
Exemplo?!?
Debate na próxima 2ª feira: "Prós e Contras"
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
Seguro médico - caso inédito na Europa?!?!
Ministro da Saúde recorreu aos Enfermeiros!
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Esclarecimento.
Para reflectir...
Enfermeiros e a política!
segunda-feira, fevereiro 19, 2007
Dá que pensar!
Enfermeiros auxiliares?!
Estava eu a absorver alguma informação de sites de enfermagem quando me deparo com um site em que se discutiam as leis para os indivíduos com mais de 23 anos no acesso ao ensino superior. Ora comentário para aqui, comentário para acolá, qual não é o meu espanto quando leio o seguinte post que passo a transcrever: "Para vossa informação os primeiros 6 num concurso a Auxiliar de Acção Médica no HSJ são enfemeiros recém-licenciados. E com certeza que não andaram a limpar retretes de hospitais, mas a partir de agora vão passar andar, ordenados por semelhantes seus, e vão ter muitos pontos por isto. "
Por favor! Isto que não seja verdade! Porque a ser verdade lamento muito sinceramente que as pessoas se curvem desta forma! Afinal somos ou não somos enfermeiros?! Afinal existe ou não existe falta de enfermeiros?! (segundo a nossa adorada bastonária o rácio actual não é suficiente... mas isso são outras águas). E também me custa muito lutar por uma alteração da nossa situação actual, quando tenho colegas que me colocam um pé em cima da cabeça para que me curve, porque vamos lá a ver... que respeito eu e outros colegas poderemos exigir quando temos um outro colega, com as mesmas competências profissionais de esfregona na mão?!"
domingo, fevereiro 18, 2007
22 mil e 700 Enfermeiros: toda a verdade!
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
A bastonária (e amigos) começa a ficar sozinha!!
Alarmante! - Parte III
O presente post destina-se a dar-vos a conhecer o que se tem vindo a realizar, com vista à angariação de apoios, para que na marcha ao Ministério da Saúde (que é, somente, uma etapa dentro das situações pelas quais queremos lutar) mostremos que não somos nem meia-dúzia de desempregados e futuros desempregados, nem meia-dúzia de enfermeiros a trabalhar sob condições precárias. Assim, na 6ª feira, dia 9, um grupo de enfermeiros reuniu-se, Matosinhos, onde foram discutidas estratégias, visando a obtenção de apoios e a divulgação do nosso grupo - os Enfermeiros Unidos. Considerámos que as estruturas sindicais seriam uma base de apoio forte à nossa causa, não só porque são mais sábios nestas andanças, mas porque, pela sua força e influência, conseguem captar a atenção dos profissionais de enfermagem, dos meios de comunicação social, etc. Neste sentido, ontem, dia 12, dirigimo-nos ao Sindicato dos Enfermeiros, no Porto, a fim de marcar uma reunião com o seu presidente. Não poderíamos ter melhor sorte, pois este prontamente nos atendeu. Porém, antes de vos relatarmos o que resultou dessa reunião, queremos deixar patente que, apesar de sabermos que os sindicatos são afectos a uma cor política, a nossa causa demarca-se de qualquer marca partidária. Por conseguinte, apelamos a todos aqueles que se sindicalizaram ou se pretendem sindicalizar noutra estrutura sindical, que a procurem e que tentem obter o seu apoio, salvaguardando que esta NÃO é uma causa política, mas sim uma causa de TODOS OS ENFERMEIROS E FUTUROS ENFERMEIROS PELA DIGNIDADE DA NOSSA PROFISSÃO. Incontestavelmente, além de o Sindicato dos Enfermeiros ser o organismo mais antigo representativo dos enfermeiros, o seu presidente, o enfº Azevedo, é douto, experiente e altamente ousado e polémico. Pois bem, da reunião obtivemos o total apoio do sindicato a todos os níveis. Inclusivamente, fomos orientados no sentido de obter a adesão das massas associativas das diferentes escolas de enfermagem, com as quais já encetámos alguns contactos. Evidentemente, se qualquer um de nós tiver a iniciativa de se dirigir à Associação de Estudantes da sua (antiga) escola, ou mesmo interpelar os seus alunos, óptimo. Para a nossa causa, nunca é demais sermos repetitivos e chatos! É importante ter o apoio de TODOS! Acreditamos que a visita ao Sr. Ministro fá-lo-á despertar, assim como à nossa Ordem e a todas as pessoas que adormecem perante o nosso flagelo.Qualquer coisa, CONTACTEM! E nós faremos o mesmo!A TODOS OS ENFERMEIROS UNIDOS, OS MELHORES CUMPRIMENTOS. enfermeirosunidos.blogs.sapo.pt"
Alarmante! - Parte II
Caros colegas:
Transcrevo, primeiramente, 5 frases que redigi no tópico «À Procura de Emprego» e que me levam a dissertar sobre este novo tema.
Sabemos todos que há colegas a realizar estágios profissionais não remunerados. Respeito a decisão de cada um, todavia, é preferível (e louvável) fazer voluntariado em prol de organizações sem fins lucrativos, do que ser escravo desses exploradores. Durante séculos da nossa história, fomos um povo esclavagista. Hoje em dia, deixamo-nos escravizar! É por haver sempre alguém que se deixa escravizar, que nunca mais deixaremos de ser escravizados.
Agora, convido-vos a ler a um excerto, que retirei de um artigo sobre Capitalismo no http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitalismo (apenas alterei o português brasileiro):
Capitalismo actual
Grandes empresas do mundo passaram a oferecer fortes benefícios aos seus empregados, antecipando a acção de sindicatos e governos.
Benefícios tais como: redução do horário de trabalho, participação nos lucros, ganhos por produtividade, salários acima da média do mercado, promoção à inovação, horário de trabalho flexível, flexibilização de horários para mulheres com filhos, participação societária para produtos inovadores desenvolvidos com sucesso, entre outros.
Ao contrário do princípio do capitalismo, quando se acreditava que a redução de custos com recursos humanos e sua consequente exploração, traria o maior lucro possível, passou a vigorar a tese de que seria desejável atrair os melhores profissionais do mercado e mantê-los tão motivados quanto possível e isto tornaria a empresa mais lucrativa.
Julgo ser consensual que esta noção tão positiva do capitalismo actual não é aquela que nós, infelizmente, vemos no nosso País. Evidentemente, estou a reportar-me, unicamente, ao mundo empresarial da Saúde.
Antes de mais, essa designação de «estágio profissional não remunerado» não passa de uma perífrase eufémica para a palavra ESCRAVATURA. Porém, esta reveste-se de outra forma. Por um lado, temos a escravidão, entendida como prática social em que um ser humano tem direitos de propriedade sobre outro, designado por escravo, ao qual é imposta tal condição por meio da força (http://pt.wikipedia.org/wiki/Escravatura). Por outro, hoje em dia, assiste-se paralelamente à AUTO-ESCRAVIDÃO, aquela em que a condição de escravo é imposta por ele mesmo.
Tanto quanto sei e reproduzindo o que está patente na apresentação do curso de enfermagem da Universidade de Aveiro (http://www.ua.pt/PageCourse.aspx?id=26&b=0), «O curso tem uma forte componente profissionalizante, incluindo logo desde o seu início a prática profissional em vários organismos de saúde (hospitais, centros de saúde, clínicas públicas e privadas)...».
Reforço, é um curso com uma forte componente profissionalizante e, por conseguinte, já vos habilita para o exercício da profissão de enfermeiro/a. Como vos habilita para exercerem uma profissão, e não um «estágio», isso implica o pagamento de um salário pela entidade patronal. Salário este que, em Portugal, tem como valor mínimo, a quantia de 403€ (ano de 2007). Todavia, está fixado um salário, correspondente a cada nível da nossa PROFISSÃO.
Além disso, a manter-se a vontade de alguns recém-licenciados realizarem este tipo de estágio, creio ser pertinente propor à Ordem dos Enfermeiros a emissão de cédulas de «estagiários (não remunerados)», além das cédulas profissionais. Ou, então, criar-se-ia a Ordem dos Enfermeiros Estagiários Não Remunerados. Deste modo, empregadores e utentes do Serviço Nacional de Saúde distinguiriam:
· O estagiário – o estudante a realizar o curso profissionalizante;
· O enfermeiro estagiário não remunerado – aquele que se deixa escravizar;
· O enfermeiro – o profissional.
O capitalismo moderno nasceu com a Revolução Industrial, em Inglaterra, no séc. XVIII. É, exactamente, a esse século que remontam as mentes dos nossos governantes e dos empresários da Saúde.
Que Portugal é um país atrasado (repito que só me reporto à Saúde), toda a gente sabe. O que talvez não sabemos, é que estamos atrasados (mais coisa, menos coisa) 300 anos! Isto, porque o sistema capitalista, que rege a nossa Saúde é o mais antiquado, é aquele que acredita que a redução dos custos em recursos humanos e sua consequente exploração, trarão o maior lucro possível.
Para todos aqueles enfermeiros estagiários não remunerados, desejo sinceramente que consigam obter emprego nos locais onde se encontram, a fim de poderem exercer a profissão, para a qual tiraram uma licenciatura com forte componente profissionalizante e, logo, receberem um salário.
Todavia, e pondo-me no lugar de patrão, faria o seguinte raciocínio: «Já que estes agora oferecem-se para trabalhar de borla, vou ficar com eles uns meses e, quando vierem os novatos, também a oferecerem-se gratuitamente, ponho a andar os outros».
Não caiam na ingenuidade de acreditar que terão emprego! E alguém vos garante que, mesmo conseguindo o emprego, vão ter as condições que pretendem? Não fiquem à espera que o sol só vos sorria daqui a uns 10 anos (isto, se ele, nessa altura, não continuar de mau humor). NÓS TEMOS VALOR E TEMOS DE LUTAR, NO MÍNIMO, PELA PRESERVAÇÃO DOS NOSSOS DIREITOS MAIS FUNDAMENTAIS.
Findo isto, volto a apelar:
· trabalho voluntário de enfermagem SIM, mas em organizações sem fins lucrativos;
· a inscrição no Centro de Emprego é crucial. Só assim daremos a conhecer ao Governo e à sociedade que somos milhares no desemprego. Não é vergonhoso dizer que estamos desempregados. É vergonhoso dizer que somos auto-escravos.
Já não basta haver enfermeiros que delegam intervenções técnicas nos auxiliares de acção médica, dando motivos, àqueles que nos querem erradicar, para o fazer, e ainda temos colegas a auto-escravizarem-se?!
Como podemos ser tão burros, ao ponto de cavarmos a nossa própria cova?!
Laura Santos"
Alarmante! - Parte I
Caros colegas desempregados, ou à procura (com muitas dificuldades) de 1º emprego, ou estudantes de enfermagem, ou aqueles que, por solidariedade, se querem juntar a esta causa:
O texto é longo, mas peço-vos que o leiam com atenção, que reflictam sobre o assunto, que transmitam os vossos pontos de vista, que emitam as vossas sugestões; enfim, que dêem o vosso contributo, pois, para termos quaisquer resultados, temos de agir. A linguagem pode ser feroz e não ser do agrado de todos, mas esta é, simplesmente, a minha perspectiva.
Estou a finalizar um curso, no âmbito da nossa área, e todos os formadores ficam espantados por haver 5 desempregados num grupo de 20 pessoas. O coordenador do curso relatou-nos que tem ouvido rumores de que há colegas que estão a trabalhar em hospitais como auxiliares de acção médica, para tentarem, posteriormente, um lugar como enfermeiros. Também nos apontou o dedo, afirmando que sente inércia da nossa parte, por não contestarmos esta situação. É, por isso, que me sinto impelida a escrever-vos.
Para qualquer enfermeiro informado, é do conhecimento que o acesso ao emprego, na nossa área de formação, vem sendo vedado, por inúmeras razões. A escassez de profissionais teve como resposta a proliferação desmesurada do número de vagas nas escolas de enfermagem, bem como a criação deste curso em instituições de ensino privadas, além das já existentes. Esta resposta radical tem vindo a culminar, nos últimos anos, com o aumento do nº de enfermeiros desempregados, situação esta que, a continuar, terá repercussões gravíssimas na enfermagem, enquanto classe profissional, e na vida de todos aqueles que, por inépcia, dos nossos antecessores, verão os seus longos anos de estudo e de esforço cair em trampa mole, da qual não sairão.
Neste sentido, uma questão impõe-se: Há falta ou não de enfermeiros em Portugal? A nossa bastonária Maria Augusta de Sousa tem vindo insistentemente a afirmar que o número de enfermeiros em Portugal ainda está longe do rácio europeu. Através dos devaneios da sra. bastonária e da sua obsessão pelos rácios, considero que esta vive num planeta consideravelmente distinto do nosso. Mais, caros colegas, transmitem-nos, nas escolas de enfermagem, o orgulho de termos uma Ordem, já que isso representa o reconhecimento da Enfermagem como área autónoma com saber científico específico. Todavia, estava longe de imaginar que o dia 21 de Abril de 1998, tornar-se-ia o 11 de Setembro de 2001 para a enfermagem portuguesa. Até este fatídico dia de 1998, a enfermagem não possuía uma entidade reguladora da profissão. Desde 1934, o Sindicato dos Enfermeiros era a única entidade representativa da classe dos enfermeiros e que lutava pelos seus interesses. Não sou sócia de nenhum sindicato (também não iria estar a dar uma percentagem do meu ordenado, já que nem o recebo!), mas, vejam que as coisas começaram a descambar desde a criação da Ordem.
Em menos de 10 anos de existência, a Ordem dos Enfermeiros pode orgulhar-se de ter colocado em situações precárias e no desemprego milhares de enfermeiros. As políticas dos nossos governos são as causadoras da imundice em que caiu a nossa classe, porém, são-no, paralelamente com a inércia, a apatia, a indiferença, a falta de audácia, de quem deveria defender, sem medos, os nossos interesses. Temos uma Ordem que fala em rácios, emitindo a falsa imagem de que somos poucos, em vez de afirmar categoricamente que a oferta excede, em larguíssima escala, a procura. Temos uma Ordem que aceita, de bom grado, todos os insultos (directos ou indirectos) de outras Ordens profissionais aos enfermeiros. Temos uma Ordem que não está para se chatear com ninguém, pois todos os que fazem parte dos seus órgãos têm o seu tacho bem aquecidinho e os problemas com os quais as gerações mais novas se defrontam e defrontarão não lhes interessa minimamente, uma vez que, em nada, influem nas suas vidas. Obviamente não entendo que a Ordem deva ser abolida, mas entendo que temos o direito de ver nos cargos dirigentes gente capaz, competente, sensível aos problemas da classe, sem medo, com auto-confiança para enfrentar directamente aqueles que nos afrontam, na defesa acérrima dos nossos interesses e na luta pelos nossos privilégios (que já são quase inexistentes). Pois é, meus caros, com enfermeiros totós na liderança iremos sempre deixar-nos subjugar!
Para não pôr só as orelhas dos dirigentes da OE a arder, analisarei, agora, o curso de Licenciatura em Enfermagem no nosso país, na medida em que as desigualdades e injustiças, ao nível da formação, concorrem igualmente para o panorama actual. Todos sabemos que em cada capital de distrito existe, no mínimo, 1 escola superior pública de enfermagem, às quais se acresce um número quase incontável de instituições privadas que leccionam enfermagem e onde, em alguns casos, a qualidade de formação é dúbia. Não encetarei uma exposição públicas vs privadas, dado que acabamos por ser todos vítimas, uns mais outros menos, das medidas enfermeralistas, que se puseram, que se estão a pôr e que espero que se deixem de pôr em marcha. O que pretendo focar é a anarquia que reina ao nível do ensino da enfermagem. Desde a selecção dos professores (infelizmente, alguns não passam de mestres e doutores de meia-tigela; isto, sem falar de alguns serem licenciados, como qualquer um de nós, com pouquíssima ou nenhuma experiência profissional), passando pelas disparidades de cargas horárias e de médias finais de curso entre as diferentes escolas, pelos critérios arbitrários com que os alunos são avaliados… Além disso, durante os estágios, ainda, por vezes, deparamo-nos com tutores que, frustrados, lá fazem o favor às escolas de nos (des)orientar. Caríssimos colegas, mudanças no ensino da enfermagem, a ocorrerem, serão certamente muito poucas. Reparem: quantos professores conhecem/conheceram que não estão ligados à OE?; quantos professores vos dizem/disseram que não há emprego para os enfermeiros (é que muitos sofrem de cegueira e surdez)?; quantos professores consideram que não se importam de abandonar a docência?. Já imaginaram o número de professores que teriam de voltar a exercer enfermagem, se fossem cortadas radicalmente as vagas no nosso curso? Após esta longa dissertação, venho propor-vos uma forma de manifestação, algo semelhante àquela que os recém-licenciados em Medicina fizeram no mês passado, aquando do atraso na publicação das listas de colocação nos hospitais para o internato geral. Recordo-vos que estes médicos ofereceram os seus serviços gratuitamente nos hospitais. Sabemos todos que há colegas a realizar estágios profissionais não remunerados. Respeito a decisão de cada um, todavia, é preferível fazer voluntariado em prol de organizações sem fins lucrativos, do que ser escravo desses exploradores. Durante séculos da nossa história, fomos um povo esclavagista. Hoje em dia, deixamo-nos escravizar! É por haver sempre alguém que se deixa escravizar, que nunca mais deixaremos de ser escravizados. Após tantos anos de estudo, não acham que merecemos algo em troca? Todos estes anos da nossa existência, fomos vítimas do proxenetismo dos nossos governantes. Continuaremos a sê-lo, mas está na altura de sermos recompensados! A forma de manifestação que proponho seria a oferta simbólica dos nossos serviços a custo zero. A ideia seria cada um de nós (desempregado, à procura de 1º emprego, estudante de enfermagem, enfermeiro a trabalhar, alguém solidário com esta causa), preencher uma folha (poder-se-ia esboçar um padrão), disponibilizando-se a trabalhar gratuitamente. As pessoas solidárias solicitariam a aceitação de um enfermeiro numa instituição de saúde. As instituições para onde se mandariam estes «CVs» de uma página seriam os hospitais públicos e EPEs e a sub-região de saúde de cada distrito. Evidentemente, o ministro da saúde e até o primeiro-ministro seriam presenteados com os CVs. Espero que a cor política não influencie a vossa decisão de não participar, senão eu mesma não me teria dado ao trabalho de estar com estas ideias. O que aqui se debate nada tem a ver com política, mas sim com a defesa de algo que nos é absolutamente necessário até quase ao fim das nossas vidas (infelizmente, alguns de nós nem à reforma deverão chegar) – o EMPREGO -, porque o Euromilhões não sai a toda a gente e nem todos se podem dar ao luxo de não trabalhar. Outra forma de protesto, mais visível mas que exigiria uma maior união entre todos e uma adesão em massa (o que julgo que não nos ficaria nada mal), seria apresentarmo-nos às direcções dos hospitais e sub-regiões de saúde e mesmo ao ministério da saúde, em Lisboa, fardados, oferecendo os nossos serviços. Demonstraria que estamos preparados e dispostos a trabalhar imediatamente. Ora, a aceitação dos nossos serviços, seria a prova peremptória e irrefutável de que SIM, há falta de enfermeiros. Por outro lado, a recusa seria a tentativa de camuflar uma situação de escassez evidente e o reconhecimento de que as nossas autoridades em nada se preocupam com os utentes do Serviço Nacional de Saúde, utentes esses que somos todos nós.
Emigrar é a hipótese que, actualmente, colocamos em cima da mesa, porque, felizmente, há países que desesperam por acolher enfermeiros. Tomei conhecimento de que a OE anda a divulgar umas afirmações, declarando que os enfermeiros têm de ficar a trabalhar em Portugal, no mínimo, 6 meses. Esta é a melhor anedota da nossa Ordem! Não temos trabalho e ainda exigem-nos que trabalhemos 6 meses! Além disso, está a travar a homologação de certificados exigida pelas autoridades americanas, ao que parece, por incompreensão da língua inglesa. Sra. bastonária, o que não faltam são licenciados nas áreas das línguas, muitos deles, também, no desemprego. É caso para dizer shame on you! A OE escusa de se preocupar, pois nem todos aqueles que emigram pretendem cancelar a sua inscrição e de deixar de pagar os 7,49€ mensais! Se o país que, na Europa, só serve de cauda não vos dá nada, é porque vós também não tereis de lhe dar nada!
Espero ter-vos sensibilizado minimamente para a problemática que atravessamos e que tenderá a agravar-se no futuro. Exprimam as vossas opiniões, as vossas sugestões…É necessário o contributo de TODOS para que possamos mostrar o nosso inconformismo! Não cruzem os braços, como temos feito até aqui. Chegou a hora de dizer BASTA! e de AGIR! Chegou a hora de deixarmos de ser comodistas e de recearmos represálias. Ninguém será preso por oferecer o seu trabalho gratuitamente! Não iríamos ficar afónicos de tanto gritar, não iríamos insultar ninguém, não seríamos violentos, não nos amarraríamos a portas, não nos barricaríamos em lado nenhum, não ameaçaríamos ninguém… Faríamos, meramente, aquilo que há meses e meses temos feito: mostraríamos que queremos e merecemos trabalhar! Ou então, um dia destes temos que ir pedir esmola na Assembleia da República. Conto convosco! Cumprimentos. Laura Santos enf.unidos@sapo.pt"
Excelente!!!!! Que começe a luta!!!!!
Alguém me explica estas contas?
"Saúde: Aveiro tem metade do número mínimo de enfermeiros
O Distrito de Aveiro regista o pior cenário da Região Centro em termos de falta de enfermeiros, ou seja tem 2,9 profissionais por mil habitantes. Um número que é metade do «minimamente aceitável», segundo responsáveis da Ordem dos Enfermeiros (OE).
A falta de enfermeiros nos hospitais e unidades de saúde da Região Centro foi tema em destaque, na Figueira da Foz, à margem da cerimónia de entrega das cédulas profissionais aos novos enfermeiros licenciados pertencentes aos seis distritos da Região Centro.
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Maria Augusta Sousa, apontou que à excepção de Coimbra, os restantes cinco distritos da região são uma zona com carência de enfermeiros.
A responsável lembrou que de um total de cerca de 51 mil enfermeiros existentes no país, apenas 12 mil estão em unidades de saúde da Região Centro.
Amílcar Carvalho, presidente da Secção Regional do Centro da OE, apontou que é urgente o reforço das equipas de enfermeiros, considerando que a sitação está "à beira da ruptura".
O distrito de Aveiro tem "metade do que seria minimamente aceitável", disse Amílcar Carvalho. Coimbra, por sua vez, é o melhor distrito, com 9,2 enfermeiros por cada mil habitantes."
quinta-feira, fevereiro 15, 2007
IVG: Objecção de consciência dos médicos... e dos enfermeiros!
terça-feira, fevereiro 13, 2007
Os Enfermeiros e a pedagogia da saúde
Sacrilégio?
a crescente profissionalização dos cuidados e serviços de saúde é um facto inquestionável, o Enfermeiro de hoje é um profissional preparado para tomar decisões, com um leque de funções muito abrangente, desde o contacto directo com o doente à co-responsabilização na tomada de decisões relativamente à opção e escolha do tratamento. (...) "
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
Riscos profissionais de Enfermeiros e Médicos
domingo, fevereiro 11, 2007
Trabalho em equipa - opinião!
"«(…) Já que falaram tantas vezes da minha profissão, sem ter nada a ver com o assunto, também vou deixar o meu testemunho. Tenho 48 anos, sou médico no hospital de santa maria há 20 anos. Isto quer dizer que já trabalhei com mais do que uma geração de enfermeiros, e de facto os actuais enfermeiros licenciados têm um conhecimento muito superior aos enfermeiros mais velhos. O curso actualmente é bastante diferente, eu posso assegurá-lo porque dou aulas de patologia numa escola de enfermagem, e a componente teórica destas cadeiras é bastante alargada. De facto peço-lhes muitas vezes opinião, principalmente a nível de medicação que é pouco usada na minha especialidade e ás vezes não me recordo, bem como ajuda para detectar os problemas dos doentes porque eles passam mais tempo com eles do que nós. No meu serviço trabalha-se em equipa. A ideia de que o médico manda no enfermeiro é um preconceito social, que na realidade não se verifica. Acho que de facto são mal pagos pelo seu trabalho, porque cada vez são atribuídas mais responsabilidades aos enfermeiros, exactamente pela sua formação superior.» "
sábado, fevereiro 10, 2007
Os Enfermeiros e o SIGIC
Os enfermeiros do Hospital de S.João que participam no programa de redução das listas de espera para cirurgia iniciaram hoje, por tempo indeterminado, uma greve ao trabalho adicional tendo em vista exigir melhor remuneração.
«Na base desta greve está o descontentamento relativamente ao facto de as horas de trabalho, que os enfermeiros têm vindo a efectuar com o intuito de reduzir as listas de espera nos doentes inscritos para cirurgia, não estarem a ser devidamente remuneradas», disse o presidente do SEN.
Segundo José Azevedo, o SEN apresentou «uma proposta de aumento de sete por cento do valor de cirurgia, mas o interlocutor com poderes negociais reduziu-os para apenas três por cento».
Por esse motivo, o sindicato decretou uma greve ao serviço de «produção adicional» até se negociar «uma percentagem decente e correlativa, para já apenas no Hospital S. João». (...)"
Infirmiers (Enfermeiros)
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
Mais um bela reportagem...
Numa altura em que muito se fala do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) – seja por causa do tempo de socorro a um doente, seja pela possibilidade da privatização do sector do transporte primário urgente de doentes – o NOVAS foi conhecer por dentro o funcionamento do único carro medicalizado na região do Vale do Sousa: a viatura médica de emergência e reanimação (VMER) com base no Hospital Padre Américo. Um dia a acompanhar um médico e um enfermeiro da VMER serviu para apurar a importância deste veículo no socorro urgente, assim como para constatar alguns dos pormenores que tornam especial para muitos a prestação de serviço nesta viatura a cargo do INEM. Dois anos sem acidentes. Às 8h00, Luís Lucas, enfermeiro de 29 anos, entra no serviço de Urgência do Hospital Padre Américo – Vale do Sousa para ocupar o seu lugar na sala destinada à VMER. As próximas 12 horas (que equivalem a dois turnos seguidos) serão passadas entre a sala de estar das instalações do INEM no Hospital Padre Américo, os corredores do Serviço de Urgência desta unidade de saúde e o volante da VMER. Até que o telefone toque, Luís Lucas, que é o coordenador dos enfermeiros adstritos à VMER, faz todo o trabalho burocrático que também há a fazer neste serviço. Descrever os serviços efectuados ou contabilizar os consumíveis gastos pela VMER são, provavelmente, as tarefas mais aborrecidas para quem procura a adrenalina das emergências pré-hospitalares ou das viagens por entre os carros nas estradas nacionais do Vale do Sousa. “Estou no Hospital Padre Américo desde que ele foi inaugurado e sempre foi um sonho fazer este tipo de trabalho”, refere Luís Lucas, um enfermeiro que concluiu um curso de emergência pré-hospitalar de 120 horas. Porque é sempre o enfermeiro que conduz a VMER, Lucas, como é tratado pelos colegas, teve ainda de frequentar aulas de condução especiais. “Ao contrário do que as pessoas pensam, não nos ensinam a conduzir de forma agressiva, mas sim defensiva. Temos de nos defender dos outros condutores e, hoje, utilizo as técnicas aprendidas nesse curso até quando estou a conduzir o meu carro”, afirma. Certo é que, desde 19 de Abril de 2004, data em que ficou instalada no Hospital Padre Américo, a VMER ainda não sofreu nenhum acidente. Viatura espera instalação do GPS. Às 10h35 o telemóvel que acompanha os ocupantes da VMER para todo o lado toca pela primeira vez.É o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) a informar que a VMER é precisa com urgência na freguesia de Mindelo. De imediato, médico e enfermeiro tomam os seus lugares na viatura e partem com velocidade para Lousada. Já dentro da VMER, Luís Lucas transmite informação mais precisa sobre o caso que os espera a Fernando Moura, médico que o acompanha e que é também o director do serviço de Urgência do Hospital Padre Américo. A calma dos dois elementos da VMER é o que mais impressiona quem está pouco habituado a lidar com situações de emergência médica. Pelo caminho, há tempo para Fernando Moura revelar que já trabalha com a VMER há 12 anos e que tem pena de, devido às solicitações do serviço de Urgência, integrar cada vez menos vezes a equipa do carro medicalizado. Conhecedores do terreno que percorrem todos os dias, os homens da VMER não deixam, de quando em vez, de se perder. Nestas ocasiões, a solução passa, como aconteceu na viagem para Mindelo, por perguntar ao habitante local mais próximo qual a estrada a tomar para o local da emergência. Mas esta é uma solução provi-sória, visto que a VMER do Vale do Sousa está à espera de receber um GPS que vai indicar, sem a mínima falha, qual o caminho mais rápido para o destino desejado. Dez minutos depois da saída do Hospital Padre Américo, a VMER chega a um prédio em Mindelo, no qual os bombeiros de Lousada já descem as escadas com um idoso doente. Mantendo a mesma calma, e a eficiência, que demonstraram na viagem, Luís Lucas e Fernando Moura depressa vão buscar as malas com material médico à bagageira da viatura e entram na ambulância para estabilizar o doente de forma a que viagem até ao hospital seja o menos arriscada possível. Menos de 15 minutos depois, saem os dois da ambulância e seguem os bombeiros até ao Padre Américo, “sempre em coluna”, como refere o enfermeiro Lucas, que explica ainda que a VMER vai sempre atrás da ambulância para socorrer o doente durante o traje-to caso ele necessite. Casos com crianças deixam marcas embora por estes dias a Urgência do Hospital Padre Américo esteja apinhada de casos de gripe e de complicações respiratórias, a VMER está a ter um dia normal. Tempo, por isso, para Luís Lucas e Fernando Moura descrever alguns dos casos mais complicados a que tiverem de ocorrer. “As crianças são as que nos marcam mais. Tive uma vez um caso de um bebé de três meses que entrou em paragem cardíaca. O bebé era de Paredes e quando chegámos ao local os próprios bombeiros estavam a chorar. Também os acidentes que envolvem jovens que viajam com os pais são marcantes”, destaca o enfermeiro, que é da opinião que “os elementos da VMER ganham mais sensibilidade para estas situações quando são pais”. Também Fernando Moura realça os serviços que envolvem crianças. “Em 12 anos na VMER tive muitos casos problemáticos. Dois deles ficaram-me na memória. Um aconteceu em Rebordosa, Paredes, em que uma criança de quatro anos caiu da varanda de um segundo andar, ficou em coma, mas recuperou totalmente. Outro aconteceu em Espinho, onde estivemos duas horas a socorrer uma senhora que ficou debaixo de um comboio e que tinha vários traumatismos”, conta o médico, um acérrimo defensor das qualidades da VMER. “É o único meio medicalizado em Portugal. Várias vidas são salvas porque, com a VMER, as vítimas en-carceradas são assistidas ainda no local e num acidente multivítimas é efectuada uma triagem imediata das vítimas. É também uma viatura com todos os meios para aplicar o suporte avançado de vida, como o desfribilhador, ventilação mecânica e fármacos de emergência, equi-pamento que pode ser importante para salvar uma vida”, afirma. Às 11h35 o telefone volta a tocar. O CODU informa que um homem, de Castelo de Paiva, teve um AVC – Acidente Vascular Cerebral, que já não era o primeiro num corpo com 70 anos. Como a distância é longa, o CODU manda a VMER para a entrada de nova ponte de Entre-os-Rios e esperar aí pelos bombeiros paivenses que já seguem ao seu encontro. “É este o método utilizado quando a emergência fica longe do hospital. É assim aqui e na maioria dos países desenvolvidos. Não vale a pena ter outra VMER na região, porque também é um equipamento muito caro e que necessita de muitos recursos”, defende Fernando Moura. A viagem de Penafiel para Entre-os-Rios, através da EN 106, é muito mais perigosa, mas também emocionante, do que a que tinha ocorrido uma hora antes para Lousada. O intenso tráfego, sobretudo de camiões, obriga Luís Lucas a recorrer a todas as técnicas apreendidas no curso de condução, mas mesmo assim a velocidade não é a desejada. “É a pior estrada que temos para percorrer. Então entre as 17h00 e as 18h00 é o caos total”, declara Luís Lucas. Como os camiões teimam em não encostar à berma, é dada a indicação aos bombeiros de Castelo de Paiva para continuarem a viagem até deparar com a VMER. O ‘rendez vous’, termo técnico utilizado quando bombeiros e VMER se encontram a meio do caminho, dá-se em frente às instalações do INATEL, 12 minutos depois da saída do carro do hospital. Segue-se o procedimento habitual neste tipo de situações. Médico e enfermeiro recolhem o seu equipamento e entram na ambulância com o objectivo de observar e estabilizar o doente. Após 13 minutos, a ambulância está de novo a caminho do Padre Américo. “A nossa relação com os bombeiros é fácil. Eles reconhecem que são trabalhos a níveis diferentes e que nós estamos para ajudar”, refere Fernando Moura. 19 médicos garantem operacionalidade quase total. Entre as 12h00 e as 14h00 é o período durante o qual a VMER é mais solicitada segundo as estatísticas. Neste dia, porém, o telefone não toca e os tripulantes da viatura medicalizada podem concluir o almoço sem perturbação, o que nem sempre acontece. “Quantas vezes, mal começamos a comer e temos de ir socorrer alguém”, diz Luís Lucas. Aproxima-se também a mudança de turno, mas acontece um imprevisto com o médico que estava de escala que o impede de cumprir o horário que lhe estava destinado e Fernando Moura começa a telefonar aos clínicos que prestam serviço na VMER. O primeiro não pode, o segundo está a trabalhar, mas o terceiro telefonema encontra alguém disponível. “No Hospital Padre Américo, somos 19 médicos com qualificações para a VMER e há sempre um que pode prestar serviço, o que permite manter a viatura quase sempre operacional”, expressa Fernando Moura, enquanto se prepara para concluir o seu turno. Todavia, o homem que já prestou serviço na VMER do Hospital de Gaia e na do St. António, no Porto, vai ter de esperar mais um bocado para regressar às tarefas no serviço de Urgência. A VMER é precisa no Hospital da Santa Casa da Misericórdia do Marco de Canaveses, onde uma idosa teve uma paragem cardíaca. A viagem é feita pela A4, o que, desde logo, afasta qualquer conges-tionamento e permite a Luís Lucas retirar o máximo dividendo dos cavalos da Volkswagem Passat, a marca e o modelo da VMER do Vale do Sousa. A chamada aconteceu às 14h10 e às 14h25 Luís Lucas e Fernando Moura estão a subir as escadas do Hospital da Misericórdia. A paciente exige um tratamento que demora 20 minutos e é, em seguida, transportada para o destino do costume: o Hospital Padre Américo. Desta vez, e contrariamente ao que aconteceu nas restantes situações, o médico Fernando Moura acompanha a doente na ambulância. “É o procedimento normal em casos complicados. A qualquer momento pode haver uma complicação e o médico está lá para resolver o problema. Se a intervenção assim o exigir, a ambulância encosta e eu vou ajudar. Por isso é que o enfer-meiro e o médico estão sempre em contacto através do rádio”, assegura Luís Lucas. No entanto, tal não foi necessário e a viagem decorreu sem interrupções até à unidade de saúde central do Vale do Sousa, onde a idosa concluiu o tratamento. Mais uma vida foi salva."