domingo, julho 01, 2007

Enfermeiros Cirurgiões II


No seguimento do post "Enfermeiros Cirurgiões", um colega, Enfermeiro dos CSP, deixou-nos a sua contribuição:
a
"Infelizmente Portugal está em tudo atrasado, não aproveitando o que temos de melhor. Por exemplo trabalho em cuidados primários há cerca de dezoito anos, e quem faz as suturas sou eu e mais 4 colegas. Eu e mais dois, tivemos a sorte de nos ter sido dado treino (a nível particular, nada de oficial) em pequena cirurgia e fazemos exerces de quistos sebáceos, lipomas, nevos e biópsia, quer incisionais, quer excisionais, de lesões. Com tudo isto, quem tem beneficiado são os doentes,a quem atempadamente têm-se feito o diagnóstico anatomopatológico de muitos câncros em fase inicial, muitos deles com exerce completa das lesões, já para não falar da diminuição de tempo para exerce de lesões benignas como quistos sebáceos, mas que tanto incomodam os utentes, assim diminuindo as idas às urgências com quistos infectados já com abcessos e celulites, que que levam a tratamentos mais caros, pois têm que ser drenados, gastam mais material e tempo do enfermeiro assim como custos com antibioterapia, tendo posteriormente a necessidade na mesma da sua exerce cirurgica com encerramento directo.Outro tipo de cirurgias efectuadas é a correcção cirúrgica de unhas encravadas, com remoção parcial da matriz e encerramento com sutura, sem necessidade de extracção total da unha, o que levaria mais tempo na cicatrização e mais gastos em material. Todo este trabalho é apoiado por médicos de clinica geral, que ajudam no diagnóstico e na terapêutica farmacológica. Enfim, penso que por este país fora haverá mais enfermeiros da minha geração que farão este tipo de trabalho, com rigor técnico e científico, pois no meu caso, posso dizer que já fiz inervenções inclusivamente a médicos e seus familiares. Outro tipo de intervenções efectuads é a electrocoagulação de verrugas plantares e pequenos condilomas. A nível das verrugas estamos actualmente a utilizar o azoto liquido, com excelentes resultado ao nível das cicatrizes pos-tratamentos. Pena é que a Ordem dos enfermeiros não se preocupe em estudar estas práticas com a Ordem dos médicos, de forma a certificar competências e dar autonomia nesta área, aos enfermeiros que o desejarem. "

Comments:
Ora aí está! O recurso que é constituído pelos Enfermeiros a ser rentabilizado da melhor forma. Também eu executo suturas, excisão de quistos de inclusão, remoção de unhas, etc.Aliás, já executei suturas intradérmicas que em nada ficam a dever em termos de qualidade às executadas pelos médicos mais experimentados; a prática dá a mão, já se costuma dizer. Este âmbito deveria ser alargado à cirurgia em BO. Muitas cirurgias podem ter como assistente do cirurgião um enfermeiro, a exemplo do que se passa em alguns estados dos EUA onde existe o primeiro assistente de cirurgia.
Mas é claro que neste país os interesses corporativos ainda estão acima dos princípios elementares da boa gestão dos recursos. Por algum motivo é que estamos na cauda da Europa, e por aí continuaremos ainda por muito tempo!
 
Em muitas privadas o cirurgião ajudante é enfermeiro. E a qualidade da cirurugia nada fica a perder... além do enfermeiro ficar a ganhar mais ;)
 
Cirurgião ajudante é enfermeiro ? Ora aqui está uma afirmação polémica e cheia de ilegalidade... Ponto 1 - se é enfermeiro não o pode apelidar de cirurgião
Ponto 2 - cirurgia com 1 só cirurgião (seja em que área for) incorre em processo disciplinar... pelo menos... confirme fontes... e denuncie porque é muito grave
 
Não, não denuncio. Sou a favor. Fique sabendo que nas clínicas privadas, muitos cirurgiões principais trazem enfermeiros em vez de cirurgiões ajudantes. Vê-se que não está no "meio", pois não?
Muitos cirurgiões preferem trabalhar assim.
Em cirurgias médicas, a qualidade é igual.
 
Desculpe, não era cirurgias "médicas", mas sim "médias".
Obrg.
 
Não vejo problema em o ajudante do cirurgião ser um enfermeiro! Nas cirurgias mais simples, o ajudante limita-se a segurar nos afastadores, a aspirar e pouco mais. Pior é o caso das clínicas privadas em que o instrumentista é um auxiliar que , por ter passado muito tempo a lavar ferros e a fazer caixas, fica a conhecer os nomes de todos eles, sendo recrutados como mão de obra mais barata!
 
Lá por a auxiliar lavar os ferros, não quer dizer que saiba o nome deles, a menos que tragam todos uma etiqueta, senão onde é que ela lê?
 
Pois, mas um auxiliar "esperto" consegue facilmente saber o nome dos ferros: basta estar atento ao que se diz, e se preciso for aprende num catálogo de instrumentos cirúrgicos. Aliás, conheci um auxiliar que sabia os ferros de cor.
 
Agora cirurgiões?.. ehh pahh... QUE VERGONHA!!...não brinquem com coisas sérias,sff!
 
As cirurgias mais simples não são técnicamente difíceis. Os internos de cirurgia, após executarem-nas 2 a 3 vezes com auxílio de um especialista fazem-nas sozinhos! Qual a dificuldade de se executar uma excisão de um quisto de Bartholin, de um calázio, de se efectuar uma varicocelectomia ou uma excisão de um qxt sacrococcígeo?
 
A dificuldade não está em executar o acto mas em QUEM TEM AUTONOMIA LEGAL para tal e para tratar as complicações que dele podem advir. Já agora, também em QUEM efectivamente é responsabilizado quando acontecem intercorrências. Srs Enfºs, como tratam uma infecção ? Encaminhando para o médico para este prescrever antibióticos certo ? E a dor pós-operatória ? Igualmente! Em relação à técnica....enfim, qualquer um pode ser treinado... embora o que esteja aqui em causa é a que profissionais esse acto é legalmente reconhecido.
 
"...Srs Enfºs, como tratam uma infecção ?;...E a dor pós-operatória ?" (ANÓNIMO;12:15 PM)
Meu caro, este seu discurso é estar a chover no molhado (por ser tão repetitivo).
Particularmente no que diz respeito à temática da DOR (neste caso a pós-operatória - meu caro, esta é a mais fácil de debelar, uma vez que é aguda e que resulta de uma "agressão"; já na dor crónica, enfim, o tratamento será um pouco diferente...)
Utilizarei as suas próprias palavras para responder às perguntas que colocou:
"...enfim, qualquer um pode ser treinado..."(ANÓNIMO;12:15 PM)
 
Fácil de debelar com a correcta instituição de terapêutica medicamentosa, certo ? Prescrita por quem ? E meu caro... é fácil executar uma técnica e depois, quando dá asneira, "chutar" para o médico...
 
"...quando dá asneira, "chutar" para o médico..." (ANÓNIMO;4:47PM)
Meu caro, seja honesto! Todos sabemos como funcionam os processos de averiguações de responsabilidades na ordem dos médicos. Quer um exemplo de quem "come"por tabela? Que tal o exemplo de uma enfermeira do Ega Moniz, que foi condenada por negligência. Não conheço o caso nem as circunstâncias em que os factos ocorreram, mas lá que tenho alguma curiosidade...ainda assim, se houve culpa há que haver justiça. Só é pena que os critérios não sejam os mesmos para profissionais médicos.
E olhe que o caso desta enfermeira não é a excepção: É MESMO A REGRA.
E sabe disso tão bem como qualquer outro concidadão nosso.
NUNCA, na minha ainda curta carreira verifiquei uma situação que sustentasse a sua afirmação. Já o inverso não é recíproco...
Essa sofisma já não "cola" meu caro.
 
Errata:
-Leia averiguação, onde está averiguações.
 
Essa de chutar o tratamento das infecções e da dor para o médico tem uma explicação muito simples! Os Enfermeiros não podem prescrever e são obrigados a dar o "chuto"
,caso contrário afianço-lhe que resolveriam por si só a maioria destas situações até porque acerca do tratamento da dor os Enfermeiros são dos profissionais com maior formação, cabendo-lhes a eles a gestão de todo o arsenal terapêutico prescrito. O tratamento da infecção segue protocolos pré-definidos, convenientemente explanados por exemplo no "Stanford" .Por outro lado, se os médicos quiserem "aliviar" a carga da responsabilidade, abram caminho para que a lei reconheça certo tipo de responsabilidades aos Enfermeiros, pois desta forma a defensabilidade dos actos da Enfermagem é imputada em exclusivo ao Enfermeiro. Por certo, essa é uma responsabiliadde que os enfermeiros não enjeitarao...
 
simplesmente não percebo os médicos portugueses:
O que aqui se começou a discutir foi o facto de algumas pequenas cirurgias estarem a ser feitas por enfermeiros na Inglaterra, pelos vistos com o apoio dos médicos de lá. Vêm vossas excelências para este forum todos "atrapalhadas", só porque alguns enfermeiros dizem que cá tem alguma experiência e que a praticam. Mas afinal o que querem vossas excelências? Querem manter a responsabilidade total sobre todos os actos de forma a que quando lhes interesse dizem ao enfermeiros para fazer, quando não querem fazem vocês!!! Deixem de ser oportunistas e e acabem de vez com a eserteza saloia, e assumam aquilo que os países mais evoluidos, com a medicina mais evoluida, (estamos a falar dos EUA e Inglaterra, já fizeram e deram oportunidade a outros profissionais de saúde assumirem alguns actos. Aos enfermeiros, se não o quizerem, outros haverá que estão dispostos a assumir.
 
Tribunal arquiva processo de negligência médica

ver :
http://jn.sapo.pt/2007/07/09/norte/tribunal_arquiva_processo_negligenci.html

É fácil "chutar" mais ainda mais fácil é a impunidade com que se resolve as "bolas recebidas"... pelos vistos a treta da responsabilidade por tudo e todos é pura areia para os olhos a julgar pela forma como os processoa são arquivados. Assim, até a minha avó exercia medicina.........
 
Pois é...
Só não vê, quem realmente quer tapar o sol com a peneira.
Ainda relativamente ao caso supracitado deixo-vos a seguinte transcrição do Jornal de Notícias:
"...O caso mereceu uma análise diferente por parte da IGS, que decidiu em 2006 aplicar penas de multa aos dois médicos que deram assistência à jovem. Os clínicos, um assistente graduado de cirurgia geral do Hospital de Bragança, e um assistente de clínica geral do Centro de Saúde de Bragança, foram condenados pela IGS ao pagamento de multas no valor de 2500 e 500 euros. As penas ficaram suspensas por um período de três anos e um ano."
 
Antes de mais quero deixar claro que nutro bastante respeito e admiração quer pelos médicos, quer pelos enfermeiros (de 1 modo geral e de igual forma...). Porém, devo dizer que o egoísmo de muitos médicos (o que obriga tantas vezes, talvez erradamente, a estender a toda a classe) é deplorável. Se tiverem a mínima atenção, o que representa o início desta discução apenas abona a favor do doente (...DOENTE!!!!!! no caso dos CSP isso é flagrante). A probabilidade de dor e de 1 possível infecção após manipulação será a mesma "independentemente" de quem execute... NÃO é o título (de Médico ou Enfermeiro) que fará a diferença, mas sim os conhecimentos, as capacidades... enfim, a aptidão do executente, que tantas vezes é a mesma (em algumas situações até superior) no enfermeiro em relação ao médico. A questão da (i)legalidade...bem, quem faz as leis é o Homem... bizarro não??!!
Com o maoir respeito por ambas as classes, abro aqui este parêntesis: não é por acaso que em Portugal a classe médica continua, de modo genérico, a ser adjectivada como possessiva, irascível, inacessível, com "mania" para a superioridade, detentora de atitudes e comportamentos tantas vezes caprichosos...
Convenhamos que a racionalidade nas coisas mais elemantares infelizmente para algumas pessoas é escassa...e no caso aqui discutido, como em muitos outros, peca indiscutivelmente por defeito!

Bem-haja.
 
Como potencial cliente, se o enfermeiro faz o trabalho do médico e lhe pago como enfermeiro... nada mau. É mesmo isso que os enfermeiros querem? Fazer o trabalho dos outros mais barato?
Sim, porque foi por isso que emalguns estados nos EUA e na Inglaterra se legislou para que os enfermeiros fizessem certos actos médicos. Ou não sabiam?

Fica bem mais barato ao estado e, pelos visto, ficam todos a ganhar: o povo paga menos, os médicos não se ocupam de coisas "menores" e os enfermeiros sentem-se promovidos...
 
Caro colega Enfermeiro (sim porque a parte de doutor, que é utilizada para os médicos, considero que é desprestigiante para nós.) O blog está *****. Li com aténção cada post e não posso estar mais de acordo. sou enfermeiro à mais de 1 ano, mas exerço à menos de 1 anos, mas tendo em conta a actual conjuntura considero-me um sortudo. Também me sinto indignado, não só com a (des)ordem dos enfermeiros, mas com toda a parte de chefias, administradores etc etc. Cada vez mais sinto que a nossa grande e única profissão bateu no fundo, como é possivel???

Abraço e continue, porque é preciso fazer-nos ouvir

Mário Rodrigues,
mail: mariosrodrigues@hotmail.com
 
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