segunda-feira, março 16, 2009
É triste...
... mas é verdade. Outrora eu era leitor assíduo de vários jornais on-line espalhados pelo mundo, com especial interesse para o sector da saúde, mas nos últimos anos venho a assistir a uma crise internacional no domínio da Enfermagem, o que diminui substancialmente a vontade de os ler.
.
Publicita-se uma suposta "falta de Enfermeiros", mas basta ver com atenção o que se passa nos quatro cantos do mundo e constatamos que na realidade não é bem assim. Países como o Reino Unido, Irlanda, EUA e Canadá entre outros, experimentam um excedente no que toca à quantidade disponível de Enfermeiros. Nunca se formaram tantos profissionais de Enfermagem como agora.
Mas ninguém parece preocupado, pelo contrário, a efémera ilusão de poupança, criada pelo esmagamento salarial dos Enfermeiros, terá repercussões nefastas. Outras classes parecem não ser tão desprezadas. Por exemplo, os EUA tentam estabilizar o ritmo da formação médica, além de fecharam as fronteiras à entrada de médicos estrangeiros, por alegado excesso de profissionais (este sim, encapuçado por lóbis).
Mais grave. A Enfermagem, reserva-se no direito de se preocupar com falsas filosofias demagógicas e uma defesa intransigente de uma essência retrógrada, que deixaria a própria Florence Nightingale entristecida.
Veja-se o estranho e caricato caso americano, que se caracteriza por um abrandamento da procura de Enfermeiros:
"Demand for nurses fades slightly (...) Though it has long been considered a secure career with an oversupply of jobs, the nursing profession is now feeling the economy's pinch." link
Já existem mais Enfermeiros que vagas disponíveis:
"One hospital had 400 applications for 30 spots. A year ago new grads could pretty much call the shots" link
Nos EUA onde muitos, estupidamente, caracterizam algumas classes de Enfermeiros como "mini-médicos", os essenciocracistas parecem estar cada vez mais despreocupados.
Criou-se uma nova classe de profissionais, que nos últimos anos cresceu violentamente, em termos quantitativos e qualitativos, e que manifestamente reduz a procura de Enfermeiros - os Assistentes Médicos (PA): "someone who practises medicine under the supervision of a physician", e tudo o que os Enfermeiros não queriam fazer - invocando filosofias idiotas - já existe quem queira. São mais bem pagos do que os Enfermeiros e os médicos agradecem o afastamento progressivo da classe de Enfermagem de todo o processo decisório relativamente aos utentes. Gradualmente perdemos poder, influência e tornamo-nos cada vez mais substituíveis.
Comments:
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E então a resposta do MS? Parece um atestado de estupidez, "tem em conta as actuais remunerações praticadas", traduzido: não prevê qualquer revisão e actualização salarial;
"prevê um horizonte temporal relevante", traduzido: daqui a 15 anos, começamos a ganhar o mesmo que os outros TS em inicio de carreira, quantas mais posições remuneratórias, mais anos para saltar de posição em posição (absurdo, ridiculo, 3ºmundista, o desprestigio total da classe);
"o próprio MS manifestou aos sindicatos a possibilidade de ser criada uma tabela fechada para as categorias actuais de chefe e de supervisor, por forma a evitar a descategorização, mas sem prejuízo de opção pela nova carreira a requerimento do interessado",traduzido: os miseros cerca de 300 Enfermeiros que já ganhavam razoavelmente, continuam iguais, os outros que prestam cuidados continuam na penúria;
"todavia, defende o MS que a comissão de serviço prevista para o exercício de cargos de gestão inerentes à profissão, que não constitui cargo dirigente", traduzido: um Enfermeiro dirigente nunca, é a única classe licenciada do País da qual nunca poderá sair um dirigente da Administração Pública, porque é que não estou admirado?
A minha proposta? Simples, integração na carreira TS geral, em paridade, sem o "especial", que de especial o que tem realmente é o vencimento que é a única exepção pelos seu baixo valor de entrada, mais uma vez uma Tabela "especial" só para os Enfermeiros,a única exepção em todo o universo das carreiras TS.
Bom resta-nos tirar outras Licenciaturas e abandonar a Enfermagem, para ser iguais aos outros...
"prevê um horizonte temporal relevante", traduzido: daqui a 15 anos, começamos a ganhar o mesmo que os outros TS em inicio de carreira, quantas mais posições remuneratórias, mais anos para saltar de posição em posição (absurdo, ridiculo, 3ºmundista, o desprestigio total da classe);
"o próprio MS manifestou aos sindicatos a possibilidade de ser criada uma tabela fechada para as categorias actuais de chefe e de supervisor, por forma a evitar a descategorização, mas sem prejuízo de opção pela nova carreira a requerimento do interessado",traduzido: os miseros cerca de 300 Enfermeiros que já ganhavam razoavelmente, continuam iguais, os outros que prestam cuidados continuam na penúria;
"todavia, defende o MS que a comissão de serviço prevista para o exercício de cargos de gestão inerentes à profissão, que não constitui cargo dirigente", traduzido: um Enfermeiro dirigente nunca, é a única classe licenciada do País da qual nunca poderá sair um dirigente da Administração Pública, porque é que não estou admirado?
A minha proposta? Simples, integração na carreira TS geral, em paridade, sem o "especial", que de especial o que tem realmente é o vencimento que é a única exepção pelos seu baixo valor de entrada, mais uma vez uma Tabela "especial" só para os Enfermeiros,a única exepção em todo o universo das carreiras TS.
Bom resta-nos tirar outras Licenciaturas e abandonar a Enfermagem, para ser iguais aos outros...
E o mais sarcástico é que cada vez mais a cultura (e política de vida diga-se) se aproxima(m) cada vez mais, do panorama: EUA.
Somos dos mais obesos na Europa, elevado consumo de NaCl, vida sedentária a aumentar,paramédicos, and so on...
Só falta mesmo esses tais de PA.
Bem, por enquanto, cá no tuga, PA ainda se entende, à primeira, por Pressão arterial...
Somos dos mais obesos na Europa, elevado consumo de NaCl, vida sedentária a aumentar,paramédicos, and so on...
Só falta mesmo esses tais de PA.
Bem, por enquanto, cá no tuga, PA ainda se entende, à primeira, por Pressão arterial...
A Enfermagem vive atemorizada sob a possibilidade de ser confundida em alguns pontos com a classe médica! Vai daí, larga tudo aquilo que faz e que pode ser visto como uma prática médica.Levada por teorias "new-wave" tão propaladas nos meios académicos , envereda por caminhos obscuros, experimentais, da Enfermagem de cabeceira, da Enfermagem sociológica, da Enfermagem de mão dada com o doente, da Enfermagem das teorias rebuscadas.
Quer queiramos quer não, a nossa faceta de assessoria da prática médica dava-nos uma posição de bastante relevo e que nos poderia permitir evoluir . A proximidade com a Medicina permitia-nos de certo modo absorver algumas das suas conquistas e usufruir de alguma da sua protecção (não isenta de interesses secundários, é certo!) e ao mesmo tempo ter alguma influência sobre a mesma. Agora somos uma profissão incolor, translúcida, anémica, não se percebe bem o que é.A nossa medico-fobia primária tirou-nos os traços de identidade. Aquilo que não quisemos, alguém o há-de reclamar para si e vai construir o seu sucesso como profissão à custa daquilo que a Enfermagem abandonou.A Enfermagem caminha na direcção de se transformar numa profissão menor!
Quer queiramos quer não, a nossa faceta de assessoria da prática médica dava-nos uma posição de bastante relevo e que nos poderia permitir evoluir . A proximidade com a Medicina permitia-nos de certo modo absorver algumas das suas conquistas e usufruir de alguma da sua protecção (não isenta de interesses secundários, é certo!) e ao mesmo tempo ter alguma influência sobre a mesma. Agora somos uma profissão incolor, translúcida, anémica, não se percebe bem o que é.A nossa medico-fobia primária tirou-nos os traços de identidade. Aquilo que não quisemos, alguém o há-de reclamar para si e vai construir o seu sucesso como profissão à custa daquilo que a Enfermagem abandonou.A Enfermagem caminha na direcção de se transformar numa profissão menor!
Porque é que uma enfermeira que cuide de RN numa unidade de cuidados intensivos pediátricos tem um vencimento inferior a uma educadora de infância.
NOTA 1: Ambas são licenciadas e com os mesmos anos de curso e tirados numa mesma intituição pública (ao lado uma da outra...)
Nota 2: Eu sou a enfermeira a minha irma a educadora e concorda comigo!!!!
Aguardo que alguém me explique o motivo da diferença salarial?
O risco?
A penosidade?
A diferenciação técnica?
A habilitação académica?
O número de anos de estudo???
????"
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NOTA 1: Ambas são licenciadas e com os mesmos anos de curso e tirados numa mesma intituição pública (ao lado uma da outra...)
Nota 2: Eu sou a enfermeira a minha irma a educadora e concorda comigo!!!!
Aguardo que alguém me explique o motivo da diferença salarial?
O risco?
A penosidade?
A diferenciação técnica?
A habilitação académica?
O número de anos de estudo???
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