segunda-feira, abril 13, 2009

Cheira-me a medo...


Relativamente ao último post, iniciou-se a seguinte discussão entre a minha pessoa (doravante designado como DE) e um comentador que, presumo, esteja ligado à Medicina (doravante designado como MD):

MD: "Outra vez a nesma balela! Sr Doutor Enfermeiro, o que é que propõe? Que o enfermeiro passe a pedir TACs? Mas o enfermeiro tem formação em imagiologia? que vai interpretar o TAC? ou o RX? Que enfermeiro sabe que análises se deve pedir perante uma suspeita de perfuração de víscera oca? vai pedir coisas que depois não sabe interpretar? Deixemo-nos de protagonismo barato!Este tipo de balelas só expõe os enfermeiros ao ridículo!"

DE: "Meu caro, em primeiro lugar, falou-se em "requisição", não em "interpretação". Em segundo, nada disto seria inédito. Já acontece em imensos países. Por fim, qualquer alteração funcional e competencial é acompanhada de alteração formativa prévia.

"Que enfermeiro sabe que análises se deve pedir perante uma suspeita de perfuração de víscera oca?"

Eu sei. Felizmente, hoje, o conhecimento é livre e de fácil acesso a todos."

MD: "Ou seja, o que o sr. quer é transformar enfermeiros em médicos...para isso tinha ido para a faculdade de medicina!! Já nao conseguem esconder essa frustraçao enorme, e ainda tem coragem de falar em usurpação de funçoes, quando passam dia e noite a sonhar em poder prescrever, pedir exames etc...ridiculos!! Mais uma vez, quando os srs colocaram o codigo do curso, nas folhas de candidatura ao ensino superior ja deveriam saber para o que iam...agora como nao gostam de ser o que sao, tentam mudar a prosfissão. Esquecem s é que um enfermeiro sera sempre um enfermeiro, e isso nao passa, mm k pudessem prescrever (LOL) tudo o que vos aparecesse a frente...ganhem juizo, que ha ainda ha muitas higienizações para fazer!"

DE: "Está a ver a questão pelo lado errado, pela imutabilidade funcional das profissões. Não é assim meu caro, os tempos evoluem, as profissões mudam. Já ouviu falar do "skill mix" muito em voga na OMS, por exemplo? Pelo seu comentário, óbvio que não. Hoje em dia, médicos e enfermeiros partilham inúmeros competências, só isso.Permite-me que que ofereça uma leitura? Aqui vai um relatório da OCDE: "Skill-mix and policy change in health workforce: nurses in advanced roles". Boa leitura!

Como bom anfiftrião, não será educado da minha parte abandonar a discussão sem o presentear com um pequeno excerto introdutório do relatório supracitado:"Most of the policy attention on using skill-mix changes to improve health system performance has been on the mix between physicians and nurses." Deixe-me só acrescentar, como penso que por esta altura já deve ter percebido, não sou eu que ando par aqui a afirmar ou inventar estas coisas... é que o mundo - caso ainda não tenha notado - está a mudar. As exigências são outras, e actualmente um bom sistema de saúde tem de ser - obrigatoriamente - descentralizado, rentável, fluído, dinâmico, adaptativo e self-oriented!

O médico como figura central de um sistema de saúde passará à história. Não são só os médicos que aprendem. Os Enfermeiros também têm acesso ao conhecimento, também estudam, também dispõe de pós-graduações, especializações, mestrados e doutoramentos"

MD: "SR Doutor Enfermeiro, afinal os relatórios da OCDE lhe interessam...

Sr Doutor Enfermeiro, esqueceu-se de citar as seguinte passagens do milagroso relatório:

“Many of the studies reported in the literature relate to substitution of nurses for doctors when the diagnosis of the patient has been established. However, a number of questions remain to be answered if the diagnosis is unknown - including the extent to which nurses, when working with patients with undifferentiated diagnoses, are proficient in identifying rare illnesses and the side effects of treatments.”

“There have been relatively few systematic reviews of skill-mix and doctor-nurse substitution.Those that have been conducted have often highlighted the methodological limitations of many of the available research studies, and have therefore cautioned against general summaries and over simplistic conclusions. Whilst there does appear to be some evidence that the substitution of advanced nurses for doctors can be effective, most commentators have characterised the current evidence base as limited, if developing.

”Nota de curiosidade e não só: Apareceram no inicio da decada de noventa uma serie de programas informáticos onde se colocavam os sintomas, achados fisicos obvios, e depois os diagnósticos eram sugeridos...falharam redondamente...porquê? Porque só alguem que percebe a fisiopatologia dos sintomas e da sua variabilidade (porque é que aparece um abdomém em tábua, porque é que aparece uma febre intermintente...etc) é que consegue juntar e interpretar todos aspectos mórbidos de uma patologia e chegar a um diagnóstico coerente. Não se iludam, o facto de verem muitas vezes uma doença, não vos torna competentes em diagnostificar e muito menos tratar."

DE (em súmula...): ""SR Doutor Enfermeiro, afinal os relatórios da OCDE lhe interessam..."

Alguma vez disse que não interessavam? A minha única luta que envolve os relatórios da OCDE, diz respeito às suas fórmulas de cálculo dos rácios dos Enfermeiros, que não são extrapoláveis para a realidade portuguesa por constabilizarem os auxiliares de Enfermagem (que, como sabe, não existem em Portugal!), falseando os resultados, resultando numa sobrestimação!"

Sr Doutor Enfermeiro, esqueceu-se de citar as seguinte passagens do milagroso relatório"

Nenhuma parte da sua transcrição contradiz os meus argumentos. Mas note bem o seguinte: o respectivo relatório data de 2004, ou seja, o conceito de "skill-mix" ainda estava numa fase inicial. Existiam poucos estudos relativos à mistura de funções entre Médicos e Enfermeiros. Hoje, volvidos vários anos, as coisas estão diferentes. Existem inúmeros estudos que demonstram que não existem diferenças entre estas duas classes em funções concretas (objecto de estudo). Repare, não sou eu que estou a afirmar uma subjectividade, estou a revelar resultados de investigações, algumas delas publicadas no British Medical Journal. Quer exemplos? Eu dou-lhe exemplos: neste post dou-lhe 18 links para se divertir. Entre eles estão: "Patients Prefer Nurse Practitioners to Doctors"; "Patients prefer nurses to doctors, says British Medical Journal study"; "Nurses as good as doctors"; "New rule allows certified registered nurse anesthetists (CRNAs) to practice without physician", entre outros...
Mas deixe-me falar do último artigo que mencionei. Não sei se sabe, mas se não sabe eu digo-lhe, houve um estudo norte-americano interessante que demonstrou não haver diferenças qualitativas entre Enfermeiros Anestesistas e Médicos Anestesistas... Resultado? Em 29 estados norte-americanos esses Enfermeiros trabalham sem supervisão médica e não existem diferenças no atendendimento/intervenções comparativamente com estados onde existem médicos. RESULTADO? (E pode ter a certeza que era este o resultado que os médicos temiam!): "Demand for nurse anesthetists outpacing anesthesiologists" - "And as nurse anesthetists start to appear more frequently in operating rooms, grumbling from the rest of the medical staff is dying down as well" (sic), ou seja, lentamente a procura de médicos nesta área caiu! Existem hospitais que já não contratam anestesistas!

Permita-me que acrescente algo que provavelmente ainda não percebeu: este upgrade de funções é sempre acompanhado de uma evolução do plano formativo, logicamente. A imutabilidade é um conceito não aplicável à saúde. As especificidades do sector excusam que lhe explique o porquê!"

Comments:
Lindo mais umas colegas a venderem a profissão ...

A situação em questão refere-se ao anuncio de uma formação onde anunciam “Preparação para o Parto - Formar Profissionais para Ministrarem Aulas de Preparação para o Parto.” Ou seja Enfermeiras Parteiras a formar outros profissionais… a entregar os seus saberes .

É inacreditável o que alguns Enfermeiros fazem, ou deixam que se faça à Profissão! Como é que é possível que Enfermeiras se prestem a “dar formação”de preparação para o Parto a outros Profissionais !!!



Deixamos aqui este anuncio que esperamos que a Ordem dos Enfermeiros e o Colégio de especialidade de Saúde Materna se pronuncie. A nossa ver é uma situação grave e se se confirmar verdade o que o anuncio refere … esperamos uma intervenção!

Comentem e enviem mensagens para a ordem dos enfermeiros .

http://cogitare.forumenfermagem.org/2009/04/13/enfermeiros-formam-outros-profissionais-em-curso-de-preparacao-para-o-parto/
 
A propósito do tema, Gardingo CN apresentou uma brilhante exposição, romanceada ao estilo de Alexandre Herculano (de quem, aliás, é assiduo leitor).

Na verdade, apontou o caminho que a Enfermagem há muito deveria ter seguido.
No entanto, a OE direccionou as suas sinergias para modelos "holísticos" inócuos e inconsequentes, embrulhados em congressos sobre ética, quiçá por NÃO QUERER A RESPONSABILIDADE que adviria de os Enfermeiros serem chamados a desempenhar um papel mais relevante APROVEITANDO OS SEUS CONHECIMENTOS.
Reparem, no exemplo da Saúde 24.
De FACTO o Enfermeiro prescreve e administra! De DIREITO não!!!
Assim sendo, só falta a lei conferir legitimidade para que a questão de FACTO O SEJA DE DIREITO.
OE, este é o caminho!
 
e eu que pensava que este blog era para enfermeiros, parece que ha classes profisionais mais preocupadas com o que os enfermeiros pensam que os proprios. D.E. perde tempo a cometar o que essa malta diz, sao uns burros com palas, coitadinhos.
para que conste gosto muito de ser enfermeiro, tambem posso dizer que embora o curso de medicina seja mais detalhado que o de enfermagem nós temos valores profissionais que os medicos estão a perder a olhos vistos.
 
Eu acho que aqui o "MD" tem razão ...
 
Bravo, DE.
É assim que se calam os que julgam os outros por eles.
Há muitos anos que em França os enfermeiros anestesiam e há cá muitos médicos que sabem disso.
Os autores do medo que levam os enfermeiros a andarem sempre à procura das leis que os protejam e acabam por se inibir no emaranhado, tendem a desaparecer da nossa órbita.
Sempre disse que o problema é dos enfermeiros e não dos médicos.
Que venham mais destes candidatos à no´ssa capacidade higienizadora.
Precisam de saber que o nosso papel não acaba aí.
Outro dos culpados são os idiotas dos governantes que temos que entregam, na saúde, a chave ao ladrão.
Pedro Nunes ataca o Cordeiro com o fim do mnopólio das farmácias;
Com que devemos atacar o monopólio dos médicos.
Vamos usar o o belo exemplo.
Bravo DE!
 
A Medicina pertence ao Médico. Custa-lhe muito encaixar isso? Com tanto "doutorismo" devia ter uma capacidade de raciocínio mais apurada.
Portanto, reduza-se àquilo que lhe compete e não tente entrar por caminhos que desconhece.
Todas as medidas que defende são um atentado à saúde pública.
Imagino os dados dos estudos de epidemiologia daqui a uns anos depois de tais medidas serem postas em prática.
Perante mim nenhum enfermeiro se atreverá a tentar praticar actos que são da minha competência. Mas nem pensar.
 
O "Doutor" Enfermeiro a revelar toda a sua frustração: quis e quer ser médico, mas como a sua parca inteligência não permitiu, agora quer fazer dos enfermeiros pequenos médicos, criados à imagem e semelhança do seu Deus Médico - o deus de todos os enfermeiros.

Para sustentar os seus argumentos ridículos, lá vem ele, com exemplos do exterior, onde os enfermeiros alegadamente são tão médicos como os próprios médicos - então não!

Olhe, eu que já estive na Alemanha a exercer, digo-lhe o que é fazem os enfermeiros por lá muitas vezes ao dia: servem café ao médico!

Tudo isto para lhe dizer aquilo que já sabe, e muito bem: nunca na vida irá ser médico a não ter que desista da sua profissão e faça um curso que se chama Medicina seguida do internato da especialidade.

Mas se sente bem, continue com as suas utopias.
 
Caro Dr Enfermeiro:
A sua ansiedade quase lhe tira a coerência intelectual. É obvio (e a maioria dos meus colegas também partilham da mesma opinião) que não é preciso ser Pediatra para tratar uma amigdalite não complicada...se calhar nem é preciso ser Enfermeiro...um paramédico treinado também poderia fazer.
O que não vê, é que a medicina é muito mais complexa do que prescrever um analgésico ou anti-inflamatório.
Vou-lhe dar alguns exemplos:
1º Há menos de 2 anos, após estudos extensos na Europa, chegou-se a conclusão que grande parte dos médicos prescreviam em "excesso" (?) antibióticos para otites em crianças...foi feita uma tentatita de correção destes "maus hábitos" (?) de prescrição...em pouco tempo, casos de mastoidite começaram a aumentar...sabe porque? Porque a avaliação de cada caso individual, e a valorização da sintomatologia que um doente apresenta, dentro de um contexto espeçifico epidemiológico, requere conhecimentos de fisiopatologia, bioquímica etc, que funcionam integrados...e para tal é preciso tirar um curso...chamado Medicina.
2º Todos os estudos mencionados no "famoso relatório" não me surpreendem. De forma geral, pela sua formação, os enfermeiros tem uma componente humana muito mais treinada e desenvolvida que os médicos, portanto não é difícil os pacientes sentirem um melhor trato na presença de um enfermeiro - é obvio que sim, e se fosse na presença das Irmães de caridade se calhar também seria assim.
3º Devia saber, que quando se fazem ensaios pragmáticos (testar capacidades entre profissionais), quem está a ser testado (e o sabe), em geral reforça o zelo, a atitude profissional...isso é igual em todo lado...um interno de Cirurgia a fazer uma sutura de uma ferida, é mais atencioso, cuidadoso do que um cirurgião (até porque está a ser avaliado)...do mesmo modo que um interno de enfermagem presta mais atênção e é mais carinhoso com os doentes em comparação com o seu "professor" (e a minha experiência mostra que são muito mais atenciosos).
Não se esqueça que o proprio relatório questiona as metodologias usadas para fazer esses estudos...não são sistematizadas, e vou mais longe...há inclusive estudos patéticos: "Avaliação da Consulta de Alzheimer (...) Enfermeiro vs Médico", o que é isto? O que é que foi comparado?
4º Concordo que haja maior delegação de competências em algumas situações espeçificas (tal como os paramédicos conseguiram com a emergência pré-hospitalar, ou os farmaceuticos conseguiram com as vacinas)...mas não andem a pensar em pedir análises em doentes com suspeita de perfuração de viscera oca!
Cabe aos propios enfermeiros "em sua casa", Ordem dos Enf., Faculdade, etc, treinar, estudar, publicar para que haja mérito ciêntifico e não lamentações do tipo os "médicos não nos deixam"!
 
Enfermeiros, publicar?
As publicações em enfermagem são ridiculas.
 
ola dr enfermeiro voce e de facto um maximo. agrada me ver os sr dr que não sabem tomar café sozinhos aqui a discutir de forma tão superior com aqueles que lhe ensinam todos os dias como actuar perante as situações. e não não e querer ser médico, pois não preciso que me paguem viagens, me ofereçam canetas e me bajulem. felizmente gosto do que sou e tenho auto estima. os enfermeiros são tão preciosos para os médicos que até visualizam os seus blogs. engraçado! Nunca pesquisei um blog de um médico. ah pois! talvez porque nunca me interessaram, mas agora que penso nisso é talvez porque a sua inteligencia não serve sequer para utilizar as novas tecnologias. estarão os medicos demasiado ocupados a aprender como se escreve o nome dos medicamentos? ou se calhar a corrigir receitas devolvidas da farmacia? ja agora convem dizer que felizmente o tempo não pára e contra a mentalidade das cavernas destes sr dr que tudo têm medo de perder inclusive o lugar atras da secretária onde fazem click para imprimir receitas.olhem para a evolução da enfermagem e verão para onde caminha bandada de convencidos e presunçosos. de qualquer forma os enfermeiros são a 2ª classe em que os portugueses mais confiam. a 3ª são os médicos. tomem
 
DE lamento mais uma vez ter de lhe dizer isto, mas enganou-se novamente. Nem sequer discuto a questao do enf. em vez do medico porque me parece demasiado ridicula para gastar o meu latim e assino por baixo os posts dos 2 "internos"... Mas tirando isso, gostava de lhe dizer k atribuiu erradamente os comments a mm pessoa (MD) sendo eles provenientes de comentadores diferentes...enfim, mais uma bola fora...
 
Como enfermeiro,vejo os sr(s)intelectuais do estetoscopio muito preocupados.
Como viajantes patrococinados pelos laboratorios,façam o favor de verter aqui nestes blogs(que sao muito bem vindos)as verdades de outros paises, onde as despesas e as satisfaçoes dos doentes sao excelentes,e tb as verdadeiras actuaçoes dos enfermeiros nesses mm paises.
É que nós tb sabemos a realidade.Já agora preocupem-se em ensinar os internos a fazer ecg,suturar,interpretar e muito mais,pq parece que o ensino da medicina tb está mediocre.
 
Ao contrário dos colegas enfermeiros não vou dar entrada neste post a vangloriar argumentações, e também não me sigo pela fundamentação com artigos e afins, porque careço ainda um pouco de uma grande abrangência de estudos dado que sou recém licenciado, e tal pesquisa bibliográfica se refere unicamente à minha prática de momento. Mas não me alongando mais, gostaria de perguntar aos futuros médicos, se eles têm explicação para que colegas de profissão colocassem a seguinte questão "enfermeiro que acha que se deve fazer?", parece um bocado vago mas eu contextualizo. Ao longo de estágios eu ouvi senhores doutores fazerem esta questão sobre metodologias de tratamento e mesmo medicação, e posso dizer que no meu estágio em cuidados intensivos um mesmo senhor doutor fez-me esta mesma pergunta. E dentro do mesmo posso dizer que existem serviços onde protocolos de actuação foram redigidos por enfermeiros num misto de competências das duas áreas, e que os senhores doutores unicamente assinam...deixo a conclusão para quem a quiser tirar.

Ninguém aqui parece-me que quer usurpar funções a ninguém, mas como o desprezo pelos enfermeiros é cultura médica e leccionado no curso de medicina, é um facto que tolda o juízo face ao pré-conceito, e falha-se na real percepção do que se está aqui a tentar discutir. Que do meu ver, é unicamente, face a um qualquer caso de doença por exemplo um enfermeiro na triagem pedir determinados exames que dentro de uma formação prévia se considerem de tipo para aquela patologia e seguidamente informa o médico do seguinte "senhor doutor, deu entrada este doente com este quadro sintomático, e foram pedidos estes seguintes exames, o doente está a seguir neste momento para a sua avaliação médica". Ou num serviço um doente entra num quadro de edema agudo do pulmão e um enfermeiro administra furosemida e vai avaliando, é claro que os meus colegas vão se rir deste exemplo porque isto já nós fazemos muitas vezes em falta de quem prescreva mas adiante, o enfermeiro administra e informa o senhor médico "senhor doutor, face a este quadro foi administrado o fármaco x e y para o quadro agudizante, pedimos a sua comparência para avaliação". E desta forma não me parece que ninguém esteja a tirar funções a ninguém, mas a fazer algo que deve ser tabu ou pelo menos um palavrão perdido no mundo médico que é, "trabalho muldisciplinar", em que pessoas de várias disciplinas de conhecimento trabalham para um objectivo comum que no mundo da enfermagem é o doente e o processo saúde-doença, não podendo falar pelos restantes dado que não frequentei outros cursos de saúde. Tudo isto deveria traduzir um sistema de saúde cada vez mais eficiente, sem perdas de tempo, e self-oriented.

Mas agora que depois de escrever tudo isto já começo a ter um certo grau de indignação, Senhores Internos, Doutores e associados, nós ganhamos menos, estamos sempre disponíveis e passamos 24h por dia num serviço, do ponto de vista de um gestor o é que vocês acham que rende mais? Um serviço com enfermeiros com mixed skills presentes 24/7, e um único senhor doutor para as variabilidades da fisiopatologia, epidemiologia, histologia e predicatos associados; ou um serviço com enfermeiros, e muitos senhores doutores que têm dificuldade em cumprir horário e 24/7 é só teórico? Do meu ponto de vista, não é a nossa classe que devia ter receio, porque se todo o mundo seguir uma tendência, por mais atrasado que seja o nosso país, o paradigma e estatuto dos médicos que cá devem ser únicos se comparados mundialmente acaba. Mas não pensem que desejo isto, até porque a saúde como empresa é uma ideia detestável, mas gostava que se mudassem determinados paradigmas.

Para findar, em homenagem aos nossos senhores internos e médicos, cada vez que eu precisar de administrar um microlax não prescrito ás 4h da manhã, vou chamar um dos senhores doutores para o prescrever, porque eu cá não gosto de entrar nas competências de ninguém.
 
Ao contrário dos colegas enfermeiros não vou dar entrada neste post a vangloriar argumentações, e também não me sigo pela fundamentação com artigos e afins, porque careço ainda um pouco de uma grande abrangência de estudos dado que sou recém licenciado, e tal pesquisa bibliográfica se refere unicamente à minha prática de momento. Mas não me alongando mais, gostaria de perguntar aos futuros médicos, se eles têm explicação para que colegas de profissão colocassem a seguinte questão "enfermeiro que acha que se deve fazer?", parece um bocado vago mas eu contextualizo. Ao longo de estágios eu ouvi senhores doutores fazerem esta questão sobre metodologias de tratamento e mesmo medicação, e posso dizer que no meu estágio em cuidados intensivos um mesmo senhor doutor fez-me esta mesma pergunta. E dentro do mesmo posso dizer que existem serviços onde protocolos de actuação foram redigidos por enfermeiros num misto de competências das duas áreas, e que os senhores doutores unicamente assinam...deixo a conclusão para quem a quiser tirar.

Ninguém aqui parece-me que quer usurpar funções a ninguém, mas como o desprezo pelos enfermeiros é cultura médica e leccionado no curso de medicina, é um facto que tolda o juízo face ao pré-conceito, e falha-se na real percepção do que se está aqui a tentar discutir. Que do meu ver, é unicamente, face a um qualquer caso de doença por exemplo um enfermeiro na triagem pedir determinados exames que dentro de uma formação prévia se considerem de tipo para aquela patologia e seguidamente informa o médico do seguinte "senhor doutor, deu entrada este doente com este quadro sintomático, e foram pedidos estes seguintes exames, o doente está a seguir neste momento para a sua avaliação médica". Ou num serviço um doente entra num quadro de edema agudo do pulmão e um enfermeiro administra furosemida e vai avaliando, é claro que os meus colegas vão se rir deste exemplo porque isto já nós fazemos muitas vezes em falta de quem prescreva mas adiante, o enfermeiro administra e informa o senhor médico "senhor doutor, face a este quadro foi administrado o fármaco x e y para o quadro agudizante, pedimos a sua comparência para avaliação". E desta forma não me parece que ninguém esteja a tirar funções a ninguém, mas a fazer algo que deve ser tabu ou pelo menos um palavrão perdido no mundo médico que é, "trabalho muldisciplinar", em que pessoas de várias disciplinas de conhecimento trabalham para um objectivo comum que no mundo da enfermagem é o doente e o processo saúde-doença, não podendo falar pelos restantes dado que não frequentei outros cursos de saúde. Tudo isto deveria traduzir um sistema de saúde cada vez mais eficiente, sem perdas de tempo, e self-oriented.

Mas agora que depois de escrever tudo isto já começo a ter um certo grau de indignação, Senhores Internos, Doutores e associados, nós ganhamos menos, estamos sempre disponíveis e passamos 24h por dia num serviço, do ponto de vista de um gestor o é que vocês acham que rende mais? Um serviço com enfermeiros com mixed skills presentes 24/7, e um único senhor doutor para as variabilidades da fisiopatologia, epidemiologia, histologia e predicatos associados; ou um serviço com enfermeiros, e muitos senhores doutores que têm dificuldade em cumprir horário e 24/7 é só teórico? Do meu ponto de vista, não é a nossa classe que devia ter receio, porque se todo o mundo seguir uma tendência, por mais atrasado que seja o nosso país, o paradigma e estatuto dos médicos que cá devem ser únicos se comparados mundialmente acaba. Mas não pensem que desejo isto, até porque a saúde como empresa é uma ideia detestável, mas gostava que se mudassem determinados paradigmas.

Para findar, em homenagem aos nossos senhores internos e médicos, cada vez que eu precisar de administrar um microlax não prescrito ás 4h da manhã, vou chamar um dos senhores doutores para o prescrever, porque eu cá não gosto de entrar nas competências de ninguém.
 
A visão do DE da enfermagem não é o a da maioria dos enfermeiros.

Concordo em geral com o comentário (ponderado) do anónimo das 8:6.

Como enfermeiro, concordo com uma evolução das funções dos enfermeiros, que até podem incluir a prescrição de alguns fármacos ou a requisição de algumas análises, mas sempre numa óptica de promoção da saúde, prevenção da doença, na vigilância de doentes crónicos e integrados em equipas multidisciplinares. É possível rentabilizar mais a enfermagem na saúde, disso não tenho dúvida.
Agora, o profissional de referência para diagnosticar e tratar uma doença deve ser o médico.
E o profisional de referência para o cuidar numa situação de dependência, de adaptação a uma situação de doença, etc - deve ser o enfermeiro.
Uma amiga minha (estudante de medicina) disse-me há pouco tempo - "quando um professor meu me disse que um médico trata e um enfermeiro cuida, fiquei a perceber bem a diferença entre as duas profissões e a entender a importância de ambas ..."
 
Nem um Mau Médico será alguma vez um Bom Enfermeiro, nem este , alguma vez um Mau Médico.
 
Mas quando acabam estas guerras entre os profissionais da saúde... Esta luta de "sou mais competente"...?

Os médicos ou este em particular sente-se ameaçado e como tal não quer evoluir.

Acho que estes estudos deviam ser mais falados e conhecidos de todos (Enf. e Politicos) para molda-los e aplica-los em Portugal.

Mudar para melhor!
 
Alguém ficou muito desencantado por eu não parecer respeitar os senhores médicos nos comentários do dia 12. deixem-me dizer-vos que nunca pensei que eles (médicos) perdessem tempo em blogs de enfermeiros;
depois parece-me que discutir e agredi-los nos faz a nós, enfermeiros, descer a um nivel que não queremos nem temos; por último não deixem que este blog se torne uma carnificina mas antes seja um local de informação e de debate de ideias e até de experiências interessantes. Este foi o propósito com o qual começei a frequentar este blog.
gostaria de pensar, que todos nós ,enfermeiros deste país, somos uma classe de pessoas com cultura, com ideais e melhor do que isso, que lutamos até ao fim pela dignidade que mercemos e pelo reconhecimento que nos deve a sociedade. Sejamos enfermeiros, mostremos as nossa competências e divulguemos o nosso trabalho; sim porque por muito que doa nós também investigamos e publicamos e contribuimos para o conhecimento dentro da nossa área!
Senhores doutores arranjem um espaço melhor para "picarem" porque picada há só uma: A DO ENFERMEIRO!!!!!!!!
P.S. aos internos: Não se esqueçam de ir estudando.dava jeito saberem alguma coisita quando são chamados aos serviços!!
 
Situação n.º 1 - Administrar TROPONINA se frequencia cardíaca inferior a 32bat/min.

Digam lá que isto não é uma excelente prescrição!!!

Situação n.º2 - "Dr. o doente tá com uma bradicárdia de 30bat/min, quer fazer o quê? Ao que o dignissimo Sr. Dr. responde: Ah vou aconselhar-me com o colega... saiu da sala desceu ao serviço de urgência e depois prescreveu 1/2 formula de atropina."

Ah para não falar que já tivemos
um doente em EAP e a Sra Dra não fez nada porque a culpa era do ar condicionado que estava ligado!!!

Sei que existem bons e maus profissionais... e que também tenho colegas que deixam muito a desejar na prestação de cuidados de enfermagem! No entanto, se desse a conhecer todas as situações vivenciadas no meu serviço com os Srs Drs.... acho que ninguem queria ficar lá internado!!! E sim, quando fiz o curso de SAV e de triagem de Manchester coitadinhos dos médicos...
 
Como SEMPRE dr. end. esteve BRILHANTE!
 
Ora aqui está um assunto com o qual começo a ficar altamente entediado. Tal como antes o exprimi mantenho a minha opinião de que eventualmente existem determinadas prescrições que fazem todo o sentido serem realizadas pelos enfermeiros, mas defendo contudo que muito ainda há a fazer pela enfermagem antes de chegarmos a isso.

Vejo-me obrigado a concordar com "MD" nalguns aspectos pois não estou a ver porque razão os enfermeiros hão-de prescrever exames que posteriormente não irão interpretar, ainda que detenham conhecimento para isso (Sim sr MD há enfermeiros com formação em imagiologia e análises clínicas!!!!!) pois isto sim seria ser "servente de médico". E eu já deixei explícito que NÃO sirvo médico algum.

Eu compreendo e concordo que algumas prescrições de fármacos e exames possam ser prescritos por enfermeiros, se forem congruentes com as intervenções e diagnósticos de enfermagem formulados (por exemplo analgésicos). Mas existem determinados patamares que a enfermagem tem de atingir para poder realizar estas intervenções, principalmente no que toca a algumas mentalidades intra-enfermagem.

Assim sendo, parece-me muito mais urgente que os enfermeiros procurem impedir que outros usurpem as nossas funções (e não é dando formações a OUTROS profissionais para que estes desempenhem as NOSSAS funções que impedimos tal situação).

Eu compreendo que noutros países o sistema de partilha de intervenções tenha tido sucesso, principalmente se nesses países também houver falta de médicos e muitos enfermeiros. Mas esse sucesso baseia-se no desimpedimento de serviços de urgência e afins que por sua vez se baseiam na intervenção de enfermeiros em áreas que poderão não ser a sua função. Ora na minha modesta opinião isto não é dignificar a enfermagem, é quase assassiná-la. Eu RECUSO-ME a realizar intervenções que apenas sirvam para facilitar o trabalho dos srs "Doutores" ou permitir aos "big boss" dos hospitais e outros verem as suas estatísticas melhoradas no que toca a rapidez de atendimento.

Quando o DR diz "Ninguém anseie que o sistema de saúde (SS) português melhore em termos de eficácia, eficiência e dinâmica enquanto os Enfermeiros forem sub-aproveitados. Já existem locais, felizmente, onde os Enfermeiros já fazem a requisição dos MCDT sem ter de esperar horas a fio por um médico, que nada acrescentará ao juízo decisório dos Enfermeiros" deixa-me muito preocupado e, contra a minha vontade, obriga-me a concordar com quem diz que o Sr quer ser médico. Efectivamente os enfermeiros estão altamente sub-aproveitados, principalmente porque em Portugal se continua a apostar em cuidados hospitalares e se descuram altamentos os cuidados de saúde primários. E quando diz que o médico nada tem a acrescentar ao juizo do enfermeiro espero que não se esteja a referir ao facto de o Sr como enfermeiro fazer um diagnóstico clínico... porque sou-lhe muito sincero eu posso assistir uma pessoa e perceber claramente e sem qualquer dúvida que a pessoa tem uma infeccção respiratória (por exemplo) mas a enfermagem não se baseia em diagnósticos clínicos e por isso não é minha função diagnosticar a infecção, isso pertence a outro, e é por isso que sou enfermeiro e não médico, não pretendo de todo limitar-me a prescrever antibióticos, isso é função do médico, a minha intervenção baseia-se nas necessidades impossíveis de satisfazer naquela pessoa. E é sobre isso que actuo. Se tem vergonha disto, então mude de profissão.

Em relação a um dos comentários do Sr presumo Enfermeiro Nocas que diz "deixem-me dizer-vos que nunca pensei que eles (médicos) perdessem tempo em blogs de enfermeiros". Ó Sr Enfermeiro desculpe lá a sinceridade mas isto sim revela o quão "médico-frustrado" você deve ser. É que este tipo de afirmação é uma espécie de auto-descriminação, ou seja, o sr está espantado pelos supra-sumos Srs Doutores perderem o seu precioso tempo em blogs de reles e serventis enfermeiros?!?!?! Com este tipo de mentalidades é que a enfermagem não vai a lado nenhum. Devo dizer que a mim não me espanta nada que Médicos visitem blogs de Enfermagem, tal como eu visito blogs de Medicina, Química, Biologia e até Arte. Somos todos profissionais de saúde por isso não percebo o seu espanto quando Médicos procuram ler blogs dos seus parceiros de trabalho, os Enfermeiros.

Muito mais havia a dizer, mas a falta de tempo impede-me de me alargar na minha opinião.
 
Ups... Só mais um apontamento.

Sr DE devo manifestar o meu total desagrado para com o título deste post ("Cheira-me a medo"). A mim cheira-me é a provocação sua. Sabe que quem semeia ventos colhe tempestades, e não é com retaliações que lá vamos. Sejamos mais assertivos e menos provocadores e se calhar já seríamos o que queremos ser.
 
Boa noite.

Sou enfermeiro e desacordo na totalidade com o DE. Enfermagem como profissão não precisa de entrar no campo da medicina para se sentir incluso no centro da prestação de cuidados.
Para que seja bem claro, não são todos os enfermeiros que partilham da opinião deste colega. É uma forma de ver o futuro da profissão que, por exemplo para mim, não passa de uma utopia sem qualquer sentido ou estímulo.
Enfermagem precisa de enfermeiros que pensem enfermagem e não medicina. Enfermagem avançada é o paradigma a reflectir, é por este meio que a nossa profissão vai evoluir como ciência, técnica, arte e na visibilidade.

B.Ge.
 
Ao Colega das 12:2
Não tem obrigação de chamar o médico ás 4h da manhã, deixe-o dormir,a essa hora ele está tão de serviço horário como você, tem que estar junto do dte.No momento de atendimento ele tem responsabilidade de saber que determinado dte,precisa de prescrição.Deixe-o dormir, o utente que reclame.
O local de trabalho não é na cama.
Em relação ás prescrições, na verdade pertence-lhes, nem que o façam pela internet como eu já ví, no prontuário terapeutico
 
Bem, perante tudo isto permitam-me começar pelo comentário dum dos internos que aí escreveu... "Imagino os dados dos estudos de epidemiologia daqui a uns anos depois de tais medidas serem postas em prática"... certo... se quiserem sarcasmo, eu falo da realidade - mas basta de falar nos médicos, que os erros e negligências só da parte deles mete medo (isso sim, medo) e assusta. o erro é inerente ao ser humano... mas a negligência assusta contudo

- não há trabalhos ou empregos superiores. não venham com histórias... tanto enfermagem como medicina são funções de responsabilidade. e sim, complementam-se, não num sentido de subordinação mas no sentido duma precisar da outra - bilateralmente.

- eu não quero ser médico. se a ideia existente é essa, que quem vai para enfermagem é porque não conseguiu média para entrar na faculdade, não faz sentido. como não faz sentido que todos os médicos são umas bestas sem sentimentos. ou mesmo que o médico detém o poder de fazer o que for.

- não percebo também muitas vezes esta rivalidade entre as partes... nem a necessidade de ela própria existir. a evolução existe, e como tal traz mudança.

- importa agora reflectir no rumo a seguir e que estejamos todos de acordo(agora ignorando os médicos claro). Se somos assim tão dispensáveis, talvez uma greve por tempo indeterminado demonstre que talvez não seja bem assim. um hospital funciona bem uns dias com a greve dos médicos. os utentes ficam chateados mas depois como é o sr. doutor não faz mal. pá, uma semana ou duas sem enfermeiros (100% a assegurar os mínimos) talvez os custos fossem bem superiores.

- ah, e uma última nota, mas desta forma para os tais de internos e esses: a arrogância das palavras só vos torna ridículos.
 
B.Ge. palavras sensatas e assertivas. É este tipo de enfermeiros que acho que faltam. Parabéns Colega!
 
O Enfermeiro não deve desempenhar actos médicos apenas para se aproximar na sua natureza daquilo que define um médico. Um enfermeiro deve poder prescrever ou diagnosticar nos casos em que isso lhe permita exercer a enfermagem de um modo mais superior e não para colmatar as falhas ou ausências de outras classes. O Enfermeiro não deve ser uma espécie de solução para os incumprimentos ou insuficiências dos médicos. Deve-se pensar Enfermagem e não transformar a Enfermagem numa espécie de saco de elástico onde tudo cabe, ou numa espécie de "conceito vago" que vai sendo definido a gosto de cada um, de acordo com os seus interesses ou objectivos.
 
Há aqui pessoas que vêm comentar sem dar a cara, coisa que eu acho "rasca"!
A meu ver o MD não estava a perceber bem o conteúdo da conversa...
Temos que ver que os médicos têm mais formação do que nós, 6 anos a marrar, fechados num quarto, isso tira o juízo a qualquer um e não gostaria que "uma cambada" de borguista que tiveram a 4 anos a ter contacto com o cliente viessem aqui retirar funções...Ao qual, a meu ver, muitos (mas quando falo de muitos é que é mm muitos) não as sabem desempenhar e gostem de é fugir à responsabilidade de coisas que são exclusivamente deles...
Coisa que não vejo nenhum enfermeiros a fazer...
Era bom que viesse a debate alguns enfermeiros, com alguns médicos e outras classes e a ministra da saúde no sentido de fazer entender o que realmente valemos...
Debates na televisão, frentes a frentes acho que isso é que ia mostrar que profissão somos...
Porque antes de tirar o curso não sabia o que era um enfermeiro, tirei por indisponibilidade financeira de tirar cursos ao continente (sou açoriano) e na área da saúde só havia isso. No entanto gosto daquilo que faço, gosto de no meu trabalho "fazer calar" certos e determinados MD com a mania das grandezas! E gosto de uma boa luta porque só assim me sinto vivo...
 
Porque é que os enfermeiros fazem tanto barulho para prescreverem, e não fazem o mesmo barulho para terem mais tempo para cuidarem melhor, fazerem enfermagem centrada nos diagnósticos das respostas humanas á doenças e não no modelo biomédico.
O problema é que são os próprios enfermeiros a assassinar a profissão, pois acham que a produção de ganhos em saúde só pode ser feito através da prescrição da medicação. Esta visão redutora da Saúde, muito comum nos médicos, pode têr uma consequência muito grave, que passa pela perca de funções para outros grupos profissionais.
Se os enfermeiros começarem a preocupar-se mais com os problemas que resultam de uma má adaptação/transição dos doentes, verão o impacto que terão na saúde do doente......e isso pode ser facilmente provado.
Eu não me importo que colegas meus queiram prescrever medicação, só me preocupo é que eles não queiram sêr enfermeiros competentes, limitando-se á gestão de sinais e sintomas. Com esta abordagem, perde enfermagem, e sobretudo perde a população.
 
Boa Noite Caros Colegas!

Sou Médico num hospital da capital. Só recentemente me foi apresentado este blog, e fiquei extramente entristecido quando descobri que aqui ALGUNS médicos ofendem enfermeiros, e ALGUNS enfermeiros ofendem médicos.
Não compreendo a razão de tal confronto. Trabalho diariamente num serviço em que a cumplicidade entre profissionais (sejam eles auxiliares, enfermeiros, médicos ou outros) é uma realidade que muito me satisfaz. É obvio que ao longo da minha vida profissional encontrei bons e maus profissionais, mas isso está muito mais relacionado com a personalidade da pessoa do que com o tipo de profissão. Há mentalidades e mentalidades, acho que não há necessidade de generalizar para todo um grupo profissional!
Aqui fica a minha opinião, se é que tem algum valor é claro!
 
Resposta à N.A. (que deve ser prof.ª)"Porque é que os enfermeiros fazem tanto barulho para prescreverem, e não fazem o mesmo barulho para terem mais tempo para cuidarem melhor, fazerem enfermagem centrada nos diagnósticos das respostas humanas á doenças e não no modelo biomédico".
Porque, infelizmente no meio em que trabalhamos, o que dá MAIOR visibilidae é a prescrição, por outro lado não nos podemos dedicar aos doentes como muitos de nós gostavámos porque não somos suficientes, estamos em contenção NUMÉRICA ,económica, logo prevalece o modelo biomédico, INFELIZMENTE!
 
A sua opinião é igual à minha e de muitos outros!...

Cumprimentos A TODOS de um enfermeiro, mas acima de tudo pessoa!
 
Tanta palavra se diz e tão pouco se faz e alcança em benefício da melhoria dos cuidados de saúde, bem estar do doente e melhoria das condições de trabalho dos profissionais que antes de serem médicos ou enfermeiros ou o diabo que o valha são pessoas. É lamentável que alguns médicos continuem a achar que são omipresentes e omnipotentes, e que todos os outros "seres" que trabalham na e para a saúde são uns frustrados que ambicionam tomar o seu lugar! Eu pregunto, onde estaria tanta omnipotência e omnipresencia da classe médica sem enfermeiros, auxiliares, técnicos de emergência, técnicos de diagnóstico, e todo um conjunto de profissionais num hospital?? Afinal quem é que acompanha 24h sobre 24h um doente durante um internamento, e que está na primeira linha de cuidados em qualquer unidade de saúde?? E quando qualquer um de vós entra num serviço de internamento de hospital ou de urgência quem é o elemento que encontram sempre disponível e presente?? Pois é meus caros, são os enfermeiros... já que os senhores omnipresentes e omnipotentes médicos estão num quarto, ou em casa, ou num qualquer gabinete à espera de que se houver necessidade os senhores enfermeiros chamarem!!
Como Enfermeira de uma instituição deste país, esta é a realidade, e felizmente, os médicos com quem tenho o prazer de trabalhar não vivem obcecados pela sua omnipotência e reconhecem que o trabalho a ser efectuado pelo bem da saúde é e será sempre um trabalho multidisciplinar e em equipa!
É lamentável que se preocupem tanto com prescrição de exames, e afins, quando tantas vezes já ouvi médicos a questionarem enfermeiros sobre uma opinião "terapêutica" para determinado doente. Pois a humildade, a partilha de conhecimentos entre médicos e enfermeiros, o pedido de apoio para uma melhor prestação de cuidados e o reconhecimento que quem está permanentemente do lado de um doente é o enfermeiro (conhecendo-o muitas vezes melhor que os diversos médicos que passam), não é vergonha nenhuma, nem retira valor a qualquer uma das classes profissionais. Os enfermeiros tal como os médicos hoje em dia estudam, obtêm variada formação durante a sua carreira pois a actualização e inovação da profissão assim o exige, não são peças descartáveis, e enquanto muita gente nos tratar dessa forma, a saúde deste país de "invejosos" não vai evoluir! A mim, importa o meu reconhecimento profissional por parte de quem recebe os meus cuidados, esses sim são quem devia ser alvo das nossas preocupações que deviam ser comuns. Como pessoa humana que sou, com necessidades fundamentais e que já experimentei o outro lado da moeda enquanto doente numa cama de hospital, penso e preconizo que "faço pelos os outros o que gostaria que me fizessem a mim"!!
Deixem-se de lutas de poder absurdas, aqui ninguém é o macho alfa, aqui temos todos o mesmo juramento e o mesmo objectivo, auixiliar, tratar e cuidar!!!
 
É a primeira vez que entro neste blog e deixem-me dizer-lhes que fiquei envergonhada.Por mim enquanto enfermeira,pelo enfermeiro e pelo médico que se estão aqui a degladiar e a envergonhar os seus pares.
Eu nem li bem todos os argumentos, e nem precisei,pois considero-os "conversa da treta...".
Sou enfermeira há 32 anos e nunca me passou pela cabeça andar cá a lutar pelo direito de fazer prescrições e pedir exames... Também, nunca me passou pela cabeça reduzir a minha nobre profissão a uma serventia de cafés...Tenham juízo os dois e mais vale encontrarem-se na rua e andarem à pêra ( como verdadeiros machos latinos...) do que fazerem tristes figuras.
A nossa Saúde está tão por baixo e os doentes passam tantas vicissitudes, que nos devíamos era preocupar em reunir esforços para ao menos chegarmos a casa todos os dias sabendo que tudo fizemos ao nosso alcance para melhorar a vida dos que tocamos.
Também lhes posso dizer que muitas vezes administrei e fiz requisições mas porque foi necessário PELO DOENTE E SÓ PELO DOENTE e não por uma conquista de direitos, e quando o fiz, a minha actuação foi partilhada e baseada numa confiança mútua de médico e enfermeiro.
Eu como enfermeira já tenho tanto que fazer que me preocupo é em descartar-me de todas as tarefas que fazemos e que não são nossas, e que não me deixam espaço nem alegria nem motivação para ser quem eu realmente quero ser...ENFERMEIRA.
Também, em todos estes anos de trabalho já servi muitos cafés a médicos,por amizade, companheirismo e solidariedade mas também me foram servidos por eles pela mesma razão, e porque já trabalhei com muitos Senhores que nâo esqueceram os bons costumes e regras de educação de servir um café a uma Senhora.
Já conheci em todos estes anos exemplares únicos e brilhantes nas duas profissões e que se caracterizam por uma humildade própria dos grandes.
Tenho dito
Isabel Serrano
 
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