segunda-feira, novembro 30, 2009

Amar?


"Anjos da guarda da saúde - Eles estão lá, sempre presentes, e devem amar cuidar do próximo. Assim são os Enfermeiros, profissionais cada dia mais valorizados, com campo de trabalho promissor no estado e possibilidades de ganho bem atractivas" link (Diário de Pernambuco - Brasil)

Irrita-me, profundamente, esta associação (que ainda se faz e que alguns teimam em fazê-lo) da Enfermagem com compaixão, amor, caridade, etc.

Os Enfermeiros conduzem o seu exercício profissional com a mesma força motriz de outras classes. Formação/conhecimento, dedicação, investimento, etc.
Prestamos um serviço à sociedade em troca de uma remuneração, tal como fazem tantas outras classes.

Eu não "amo" os utentes. Ajo/actuo, de acordo com as necessidades diagnosticadas, munido de matriz científica que contempla várias dimensões (biologia, química, psicologia, sociologia). Exerço por satisfação pessoal e profissional, não por amor (não confundir "amor" com técnicas de intervenção psicológicas, relacionais, etc.). Auto-realização, não compaixão. Em troca de uma remuneração, não por caridade.

O altruísmo, a existir, à semelhança de qualquer outra classe, rege-se por motivos individuais (voluntariado, ajudas humanitárias, etc).

O passado é importantíssimo na identidade de uma classe, mas esta ignorância que ainda sobrevive em muitas mentes, já não condiz com o novo perfil da profissão.

Comments:
Concordo e acho que são as escolinhas ou quintinhas de enfermagem quem mais tenta incutir este espírito de compaixão e caridade.
Qualquer dia vamos acabar por dar o nosso conteúdo científico aos psicologos, fisioterapeutas, nutricionistas, farmaceuticos ... e usurpar funções aos padres.
Pode ser que o Papa venha tirar satisfações à nossa bastonária!!!
Talibã das Beiras: Sempre ao mais alto nível.
 
DISCORDO CONSIGO DR ENFERMEIRO:

Nesta altura do campeonato já não é pela remuneração (PELO MENOS EM PORTUGAL), então só pode ser por caridade...
 
é que subscrevo tudinho!
 
Na Idade Medieval, existiam as Sociedades Feudais, as Ordens Monásticas, como iniciativas bem-sucedidas para o desenvolvimento da Enfermagem, que reuniam um ideal de cristandade àqueles doentes que necessitassem de cuidados.
Não obstante, após desorganização social (e também administrativa e económica) advinda das invasões, migrações, aglomerações urbanas, reformas, pestes, secularização e decadência dos hospitais, entre outras, a Enfermagem entra em franco declínio, em virtude do impacto que sofreu com tais transformações sociais.
Após esse período de desorganização, e algumas décadas depois, a prática da Enfermagem seria facilitada e renovada com a actuação de algumas enfermeiras, entre elas, Florence Nightingale. Existiu assim um período de decadência da Enfermagem, que na época encontrava-se submissa à religião.
Com os seus progressos, rupturas e mudanças, a Enfermagem acabou submetida ao poder económico e partidário, postura assumida no agora, outro período de declínio, até que uma nova desorganização social e as necessidades da profissão façam com que seus agentes se empenhem em novos rumos.

Margarida Veiga
 
Empatia Sim.

Amar é que não!
 
Concordo quase totalmente. É certo que a nossa actividade deve sem dúvida, estar apoiada numa base científica e técnica inequívoca, pois é a partir do desenvolvimento destas duas componentes que vamos conseguir crescer enquanto profissão. No entanto, no que faço imprimo muito amor e compaixão, porque se não o fizesse seria incapaz de reparar no desgraçado do familiar que acompanha o doente á horas na urgência e dar-lhe um pão com queijo que seja e uma palavra, para minorar aquele sofrimento (já para não falar do doente).
O perigo está na abordagem excessiva dessa componente socio-afectiva face à componente científica e técnica. Somos assim formatados pelas escolas e o perigo cresce ainda mais: o excesso de amor e compaixão tem-nos deixado fracos e mansos, de tal modo que nós próprios somos contra certas formas de reivindicação que nos serão benéficas e para o doente. Explico: se todos aderíssemos a uma proposta de despedimento colectivo como na finlândia em 2007 (ver na net), é certo que poderíamos chegar ao dia e o governo não cedia e haveria de ficar muita gente sem cuidados. No entanto, os colegas mais velhos em 1976 fizeram algo semelhante, na medida em que uma greve sem serviços mínimos deixou muita gente mal ou á morte. MAS FOI ISSO QUE FEZ COM QUE TIVESSEM A PROFISSÃO COMO A TÊM HOJE. E SE ASSIM NÃO FOSSE, ÉRAMOS AINDA MAIS EXPLORADOS QUE JÁ SOMOS, COM MENOS RECONHECIMENTO, E ESTÁVAMOS TODOS MAIS DEPRIMIDOS, A PRESTAR CUIDADOS HORRÍVEIS.E AO LONGO DE TODOS ESTES ANOS DESDE 1976 QUEM TINHA SOFRIDO ERAM OS DOENTES!

POR ISSO, E SEM INTENÇÃO DE DEIXAR MORRER QUEM QUER QUE SEJA, SEJAMOS CAPAZES DE ASSUMIR FORMAS DE LUTA QUE REIVINDIQUEM OS NOSSOS JUSTOS DIREITOS E CONTRIBUA PARA NOS SENTIRMOS MAIS SATISFEITOS E TRABALHAR MELHOR EM PROL DO UTENTE!!!
PORQUE É AGORA QUE SE VAI DECIDIR A GRELHA SALARIAL, E COMO A ÚLTIMA, HÁ-DE VIGORAR POR MAIS 20 ANOS.
E SE NÃO FIZEREM NADA, HÃO-DE ARCAR COM AS CONSEQUÊNCIAS DA FALTA DE EFICACIA DURANTE OS PROXIMOS 20 ANOS!

Tenho dito!
 
caro moralista dr enfermeiro devias irritar-te é por aceitares artigos no blog que dizem mal dos enfermeiros e não os que defendem quem os ataca. Tem vergonha. Vê lá se é desta que tens coragem para pôr esta mensagem .
 
Afinal há muitos padres e Freiras em Portugal.
Muito boa esta.
 
subscrevo-o por inteiro!
 
Discordo com o colega Dr. Enfermeiro.

Amar, não nos obriga "fazer amor" com eles...

Podemos amar sim!
 
Está aqui patente o "peso" do nosso passado ainda recente...os cuidados de enfermagem prestados por freiras..."suposta" caridade pura?!

Mas, a Enfermagem felizmente sofreu mutações...evoluiu...afinal esta é ou não, uma disciplina alicerçada em pressupostos tecnico-cientificos?!

Como em qualquer outra profissão é preciso "saber ser e estar"...não "amar".
Claro que na pratica de Enfermagem a componente tecnico-cientifica tem que estar em equilibrio com a componente socio-relacional...Mas, atenção, sem cair em extremos.

Hoje, assisto a uma sobrevalorização da componente socio-relacional em detrimento do conhecimento cientifico.

Temos que mudar o nosso rumo ou o que "ainda somos" tem os dias contados!

Planeta M
 
Concordo e revejo-me totalmente na sua exposição aproveitando para o saudar!
Uma das faces do problema é que apregoa-se exactamente o contrário HOJE nas escolas.
Estou a tirar uma especialidade e na outra semana a directora da escola Prof e Doutora e Enfermeira corria "possuida" pela sala pq ninguem sabia de cor, como ela sabe, o conceito de enfermagem segundo a Nightingale, propondo-se até a musicá-lo!!!!
A enfermagem está cheia de "almas" caridosas com muito amor para dar... diz-se até que algumas dão amor(deve ser o que sobra) aos médicos!!!! podiam virar-se para os colegas...rsrs

Enquanto essas obsoletas, recessas e bulorentas não desaparecerem não vamos a lado nenhum!
 
Isto é que acho realmente desnecessário neste blog comentarios/insultos como este "caro" anonimo das 1:34pm. tente arranjar algo de util para a sociedade para fazer...
Cumprimentos de uma leitora assídua
 
A compaixão e o amor ao próximo são condições "sine-qua-non" do ser humano que se preze. Não é preciso ser enfermeiro para amar o próximo. Basta ser humano, sr doutorenfermeiro!...
 
O problema é quando se quer fundamentar uma profissão em paradigmas confusos. Dar principal relevo à relação interpessoal, onde quase se tenta quantificar, isto para os alunos de enfermagem, o quão carinhoso se é para um doente, é ridículo, e é premissa habitual nas escolas-cogumelos de enfermagem.
É ridícula a obsessão das escolas de enfermagem na "relação interpessoal", onde o que se anda a fazer basicamente, é tentar formar "anjos" em vez de "enfermeiros".

A enfermagem, apesar de historicamente estar vinculada à caridade e irmandades religiosas, foi sofrendo necessárias mutações.
Hoje em dia não se pode relegar uma acção profissional para a caridade e amor ao próximo, mas sim para o âmbito da ciência e da técnica.
Não é por ser um tipo porreiro e conversador que vou validar por aí o meu conteúdo e relevância profissional, mas sim pelo conhecimento, pela competência técnica, e, por fim, pela competência humana.
 
DE Assino em Baixo!!!!
 
Essa da "unido de matriz científica que contempla várias dimensões (biologia, química, psicologia, sociologia)" deve ser uma piada!

Desde quando enfermeiros apresentam formação em química e biologia? Não será antes formação em psicologia e sociologia, e uns conhecimentos basicos de anatomia e farmacologia?
 
Pelo menos desde que iniciei o meu curso, do qual foram unidades curriculares com regime de prescrição: Bioquimica; Fisico-quimica; Biologia Celular; Microbiologia; Farmacologia; Farmacoterapia; Anatomia; Fisiologia; Fisiopatologia... Assim como Psicologia e Psicologia do Desenvolvimento; Sociologia, etc...
 
""Essa da "unido de matriz científica que contempla várias dimensões (biologia, química, psicologia, sociologia)" deve ser uma piada!

Desde quando enfermeiros apresentam formação em química e biologia? Não será antes formação em psicologia e sociologia, e uns conhecimentos basicos de anatomia e farmacologia?""


epá, a inveja é tão feia...
ora mais uma vez mostra que o ignorante supracitado - presumível TAE ou semelhante com dor de corno - não percebe mesmo do que tenta falar.
Os enfermeiros têm Biologia e Química no seu curso de base, aliadas à Farmacologia e Microbiologia por exemplo (é que é preciso compreender uma doença e o medicamento para que possa ser bem tratada, e essa é que é a diferença entre enfermeiros e TAE - matriz científica!!).
Portanto meu caro, deixe de gastar uivos de transtornado num blog de enfermagem.

p.s.:não serão os meus "ataques" dirigidos a todos os TAE e afins - pelos quais nutro o maior respeito, sobretudo os voluntários - mas somente àqueles que estão a tentar ROUBAR a profissão de Enfermagem. E isso não se faz =D
 
Os enfermeiros devem preocupar-se menos em provar aos 4 ventos o que são e como são.
Tal como as outras profissões não têm que provar nada a alguém.
Pense nisto senhor/a comentarista.
 
A enfermagem já não devia estar a discutir estas questões. Psicologia, sim é fundamental na formação. Investir na qualidade da relação, profissional/cliente, sim, mas sempre na vertente da competência técnica. Enfermagem é muito mais que cateteres , agulhas e pensos. Saber desenvolver uma relação empática no cuidar do ser humano vulnerável pela doença, pelo sofrimento, é o que mais diferencia o PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM de outros profissionais de saúde.
 
Desculpem desde já a aridez e rispidez da minha comparação, mas irrita-me profundamente quando se coloca a prática da Enfermagem como uma questão de amor...é que dá-me a sensação de se estar a tratar os serviços onde os enfermeiros trabalham como uma espécie de "bordéis" ou então como "Conventos"!
 
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