quarta-feira, maio 02, 2012

O unicórnio da Enfermagem.



O tal défice de profissionais em todo o mundo é um mito em muito semelhante ao unicórnio. Excluindo qualquer análise semiótica do animal, parece-me que isto do défice é como o unicórnio: todos o admiram, mas, aparentemente, ninguém o vê.

Este aparentemente é propositado. Se existe (défice), em Portugal (pertencemos ao tal "mundo" a que se refere o Dr. Passos Coelho?), ninguém contrata; logo, é indiferente que exista ou não - é uma causa sem efeito. 

Cada mais o desemprego granjeia, mas há sempre défice...
A bandeira do défice é útil para várias e nobres finalidades: injectar, por exemplo, quantidades desproporcionais de "formados" para o mercado, desvalorizando qualquer profissão.

No Estados Unidos da América o tal défice parece que é brutal, mas é mais fácil avistar um unicórnio do que Enfermeiro conseguir uma colocação full-time.

Contudo, noutras classes o fenómeno é inverso. Há sempre espaço para mais um camarada. Deslocam-se em grandes "machas brancas"; parecem amibas. Há coisas difíceis de explicar.

Comments:
Então, Dr. Enfermeiro?
Agora que a troca de ideias no pos´t anterior estava aquecer, já introduz outro tema? Assim nem dá tempo para a malta digerir o que aqui é dito :)

Só um aspecto em relação a um dos comentadores anteriores:
“porque é que os enfermeiros da MAC não vão trabalhar para um centro de saúde ou para uma USF ou para outro Hospital, onde são precisos?”
“não esperem que vos venham bater à porta a oferecer emprego”



Não suporto estes comentários paternalistas sobre empreendedorismo.
Deve ser mais um enfermeiro que está confortavelmente instalado, mas que lança para os colegas o desafio de se "fazerem à vida".
Um engodo!
 
Nao há trabalho para ninguém!..

E o que sobra, miséria! exploração! humilhação!
éURGENTE limitar o nº clausus (olhem o exemplo da OMédicos que querem limitar a 200 alunos/ano).
 
No momento, não me parece que haja falta de enfermeiros nos hospitais públicos portugueses. O trabalho é que está mal distribuido e está a desenvolver-se uma espécie que se destaca, composta por enfermeiros que simplesmente não tocam nos doentes. Não sei se existe aqui algum tipo de seleção natural, mas a verdade é que esses têm mostrado ser mais aptos do que os outros para fazerem valer a sua esperteza nas organizações públicas.
Surpreende-me que continue a haver espaço para essa gente, em momentos de contenção e em que estão a ser pedidos sacrificios adicionais aos enfermeiros que estão mais próximos dos doentes, que lhes prestam cuidados ou cuidam das pessoas.

Esses são os segundos e terceiros elementos, capachos dos chefes, conhecidos por nomes que não ficam bem aqui. O trabalho deles é altamente duvidoso, criticável e dispensável.

Sou contra o segundo elemento nos serviços, pois isso traduz uma filosofia de afastamento do enfermeiro chefe ou coordenador dos doentes e dos enfermeiros (e do trabalho), promove uma ideação de classes ridícula na enfermagem, favorece o oportunismo dos que não querem trabalhar, dá uma imagem de uma falsa complexidade da gestão operacional, e, entre outros aspectos negativos que não vale a pena enumerar, representa uma despesa inaceitável para as instituições.

Multipliquem-se todos os serviços do país por um ou dois (há lugares que têm segundo, terceiro, mais o da formação que também goza umas horas da treta, os das comissões, os das reuniões, os das auditorias, étc.), ponham essa gente a trabalhar JUNTO DOS DOENTES e vejam se há falta de enfermeiros.


vv
 
E eu diria nem mais...

E quando o Sr. 1.º ministro se refere ao défice no "mundo" está indiretamente a convidar os Sr. enfermeiros a emigrarem... tal como fez com os professores!

Dejá vu.
 
Este comentário do nosso PM mostra bem o desrespeito pela Enfermagem e a Excelência da Enfermagem, sim digo Excelência porque o excesso de Escolas não contribuem para mais saber mas antes para a degradação da Qualidade dos Cuidados prestados.

Mas felizmente aqui temos uma boa oportunidade para o Enf Germano Couto e a nossa Ordem dar não só uma resposta a esta "provocação" do PM como uma boa bofetada de luva branca. Basta impor-se um exame de admissão à Ordem e uma boa auditoria INDEPENDENTE às diferentes Escolas visando o encerramento ou pelo menos a exposição das "anedotas". Estas tomadas de posição exigem muita coragem MAS PODEM SER FEITAS e acreditem que iriam por muita gente na linha e iriam dar bons frutos em alguns (ou se calhar até muito poucos) anos pois depressa as pessoas se aperceberiam que o "rei vai nu" e muitos jovens arrepiariam caminho evitando desgraçar as suas vidas tirando um Curso em "vãos-de-escada".

DE, quanto ao seu comentário "Contudo, noutras classes o fenómeno é inverso. Há sempre espaço para mais um camarada. Deslocam-se em grandes "machas brancas"; parecem amibas.", parece-me que aqui falha o seu olhar atento e sempre em cima da situação. Explico o porquê: obviamente que se refere aos médicos mas acredite que dentro de muito poucos anos (aposto que em menos de 5) veremos médicos numa situação similar à de muitos colegas nossos. A diferença é que não será em proporções tão gravosas como as que atingem a nossa Classe (que infelizmente está tão devastada pelo excesso de oferta formativa). Ou porque é que acha que a OM se tem manifestado contra as Faculdades no Algarve e em Aveiro? Porque acha que eles (ao contrário de nós que andamos anos e anos a dormir) querem impor um exame de admissão à Ordem a exemplo dos Advogados? O desemprego e a emigração dos médicos vai em breve tornar-se uma realidade, a diferença é que eles já estão a movimentarem-se para quebrar esse ciclo. Já não é uma questão de manterem a sua classe fechada a uma meia-dúzia para se manterem privilegiados. Sim, muitos deles ainda o são mas estas gerações mais novas não o vão ser.
Mas porque a mim a prioridade não é o emprego médico (embora não deseje uma degradação da Medicina pois poderei precisar deles na minha velhice ou na doença) o que me preocupa é o DESEMPREGO NA ENFERMAGEM. Por isso mais do que "fait divers" da amíbas brancas interessa-me o que vamos FAZER RELATIVAMENTE A NÓS porque se os Médicos ainda não estão em excesso (a breve prazo lá estarão) NÓS JÁ ESTAMOS EM EXCESSO HÁ MUITO TEMPO, DEMASIADO TEMPO ACRESCENTO EU.
 
Tenho de concordar inteiramente com o colega. Há hospitais/serviços em que não há falta de enfermeiros...há sim uma falta de enfermeiros a TRABALHAR...exemplos claros no hospital garcia de orta. Queixam-se da falta de enfermeiros, mas há serviços que para alem da chefe e segundo elemento está um elemento ou 2 de horario fixo, normalmente lambe botas, que também participam na gestão e nas comissões da treta e formações da treta, e para cúmulo do ridiculo ainda dão formação aos colegas que realmente trabalham. Há ainda serviços, nesse mesmo hospital em que o responsável de turno fica sem doentes atribuidos...onde é q isso já se viu???mais um sem fazer nada no turno da tarde e da noite, que são sempre turnos deficitários de pessoal...mas lá está...pessoal que trabalha! E pergunto eu como é que isto é sustentável? onde anda a OE para por "ordem" nisto? os gestores hospitalares? as direcções de enfermagem? anda tudo cego?obrigam colegas a fazer manhas a mais e ficam a dever essas horas até não se sabe quando( á eternidade, digo eu!)para estarem 3 ou 4 a gerir sabe lá Deus o quê, em vez de estarem a trabalhar que é para isso que são pagos...
 
É uma vergonha o que se passa na enfermagem com tanto elemento que não trabalha. e hão-de ser os de fora, os médicos, a pôr ordem na enfermagem. uma humilhação. façam uma comissão externa independente para avaliar o que se passa nos hospitais públicos. ainda se poupava muito dinheiro e melhorava os serviços, pondo no olho da rua quem não trabalha. andar de volta dos papéis e stocks, não é trabalho de enfermeiro. andar em comissões e grupos de trabalho que se sabe o que são é roubar o dinheiro dos contribuintes. façam uma desinfecção nos hospitais e verão se não ficam poucos, mas bons.
 
No hospital do Barreiro há serviços onde o enfermeiro segundo elemento que é advogado leva os processos dos clientes e fecha-se de gabinete a adiantar e o outro segundo elemento não toca nos doentes e leva o turno no kambam. No mesmo hospital há chefes que passam horas nos gabinetes a jogar o jogo das bolinhas no computador, bar, telefonemas, reuniões (?), uma vergonha...
 
Gosto do comentário em que enfermeiros tiram o curso no vão da escada... Desculpem mas não concordo com essa afirmação. Agora concordo com um exame de acesso à ordem e uma avaliação de desempenho mais honesta, pois muitos enfermeiros estão desactualizados e porque a idade e o emprego é seguro não apresentam a qualidade que se lhe é pedida.
 
Caros Colegas, sim, é bem verdade que há muita gente que em vez de prestar Cuidados anda entretido (porque é mesmo o termo) em "gerir" sabe-se lá o quê. Mas contrariamente a um comentário que surgiu NÃO PRECISAMOS que sejam os médicos a vir arrumar a casa. NÓS podemos e devemos fazê-lo. Tudo isto é consequência de muitas Escolas de Enfermagem pois se é verdade que alguns desses Enfermeir...desculpem...gestorecos que por acaso tiraram um Curso de Enfermagem até poderão ter tirado a sua Licenciatura numa Escola idónea (se calhar não será bem o caso, mas vamos admitir que o é), muitos deles puseram-se a fazer pós-graduações, mestrados, especialidades, doutoramentos nas Escolas Vão-de-Escada e como agora são gente fina e muito graduada entendem que não devem trabalhar mas andar a fazer que fazem e a mandar bitaites. MAS INSISTO, QUEM TEM DE ARRUMAR A CASA SOMOS NÓS E NÃO PRECISAMOS QUE VENHAM OUTROS FAZÊ-LO. Se chegar a esse ponto então não merecemos ser apelidados de Classe e nem tão pouco teremos o direito de andar de cabeça erguida.

Por isso mesmo, comecemos dentro da Enfermagem a por os pontos nos "i"s
 
Passos Coelho tem razão numa coisa: em todo o mundo há défice de profissionais de Enfermagem, mas Portugal não faz parte desse mundo.
Aliás, os Enfermeiros estão mal geridos, por alguns mercenários que vendem a sua dignidade e lealdade para com a sua pofissão para chegarem a Chefes. A culpa não é dos Médicos, administradores hospitalares ou políticos: é da própria profissão, que espera ser reconhecida sem que para isso nada tenha de fazer, embandeirando mestrados e especialidades muitas delas obtidas sabe Deus como, esquecendo-se que o que é reconhecido é o contributo claro para os objectivos da sociedade e não os títulos ou Graus inconsequentes.
 
Caro ThYaGo:

a afirmação de Escola de "vão-de-escada" é infelizmente bem verdadeira. Há muita Escola de Enfermagem tanto no Privado como no Público (há Escolas Privadas muito boas e Públicas muito mas muito fracas. E o pior é que o jovens que estão a tirar o Curso nessas "vão-de-escada" se calhar até são muito bons, com muito valor e com matéria-prima para darem excelentes Enfermeiros mas se a formação que recebem é má estamos a desperdiçar o talento destes jovens que estão a ser enganados e roubados pois pagam fortunas em propinas e não vão ser aquilo que mereciam ser. Uma boa Auditoria poderia dar um Selo de Qualidade da OE e assim separar o trigo do joio e impedir que centenas de jovens entrem no Curso ao engano. Se tal Auditoria fosse feita todos os candidatos ao Ensino Superior saberiam quais as boas e as más Escolas e poderiam fazer uma escolha consciente. No caso de optarem por irem estudar numa dessas escolinhas tipo "pague aqui um diploma" fariam-no no conhecimento daquilo em que estavam a embarcar e depois... olha... assumam as consequências e não digam que não foram avisados.
Só com a referida Auditoria (desde que feita com seriedade e idoneidade) é que haveria verdadeira Transparência e se faria uma Defesa e Afirmação da Qualidade da Enfermagem.
Se quiserem continuar a assobiar para o lado então se houve a situação da Enfermagem em Portugal já não é boa daqui por uns anos será muito pior e ainda diremos destes tempos (maus) que vivemos..."ah! se ainda as coisas fossem como em 2012!"
 
Que força de verdade tem o ditado " em casa que não há pão todos ralham e ninguem tem razão".Caros colegas que afirmam que em Portugal não há falta de Enfermeiros, têm toda a razão, mas esses enfermeiros não estão a trabalhar, estão no desemprego.Muitos colegas mais novos na força da juventude fazem comentários pouco refletidos , então querem que a enfermagem seja tida em conta nos orgãos de gestão das instituições e depois só valorizam os cuidados directos aos clientes, que subalternidade.É tempo de refletir ser enfermeiro também é gerir os cuidados de enfermagem, muitos colegas fantasiam ideias erradas de que os que estão na gestão nada fazem,estas ideias preconcebidas surgem porque estes colegas tem conflitos internos que não sabem gerir, bem como inveja querem o poder pelo poder, não sabem é o trabalho de bastidores que esse "poder" consome.
Ser segundo elemento é actividade dificil e ingrata, que nem é valorizada pelos próprios pares. É bom ter um colega mais expriente que em situação de tomada de decisão assuma o comando,mas é so nessa altura de aperto é que é tido em conta, depois de resolvida a situação não é necessário, que bom e os colegas até acham justo que o colega segundo elemento zele pela a orientação dos seus cuidados e ainda tal como os outros colegas lhe sejam atribuidos clientes, até parece que estes segundos elementos são pagos a dobrar pelo duplo trabalho. Supervisar também é trabalho,proporcionar condições para que este seja realizado também o é.
Em relação á observação quanto a mim bastante redutora de que os colegas que estão nas comissões não são importantes, que engano em todos os setores da saúde é essencial que os enfermeiros sejam membros com poder de decisão para que muito dinheiro não seja mal gasto.
Todos em conjunto devemos estar atentos aos limites dos outros para que os nossos próprios limites sejam respeitados ,tecer observações de que os mais velhos tem de fazer o mesmo que alguem mais jovem faz revela falta de consideração, porque sou da opinião que os mais novos devem ser sempre acompanhados para que façam a sua integrção o mais bem sucedida possivel. Para com os colegas mais velhos deve de existir por parte dos mais novos respeito, porque um colega de 50 anos não tem a mesma capacidade fisica de um de 30, muitos de nós com esta idade somos portadores de doenças crónicas que nos podem causar algum obstáculo, mas ganha-se noutras vertentes. Caros colegas a emigração não é só um fenómeno dos recém licenciados, colegas na casa dos 40 - 50 anos pediram a exoneração e sairam de Portugal para paises considerados de primeiro mundo, apesar de muitos deles não dominarem as novas tecnologias ou até mesmo falarem a lingua, foram selecionados porque eram mais velhos e exprientes.Todos temos sempre algo para aprender e para ensinar.
 
resposta ao comentário das 06:52

A enfermagem é tida em conta nos órgãos de gestão, quanto muito, por meio dos enfermeiros chefes ou coordenadores, e através dos enfermeiros diretores. Isto ao nível da gestão intermédia e operacional, porque no topo as coisas são bem mais restritas.

Não são precisos enfermeiros, que se formam a um nivel de pelo menos licenciados, para andar a arrumar armários e fazer horários.


Ser enfermeiro também é gerir os cuidados de enfermagem, mas é o enfermeiro responsável pelo doente que o faz. Os segundos elementos não gerem coisa nenhuma, não tomam decisões sobre o doente porque o processo de decisão decorre de um julgamento clínico, possível de realizar por quem está por dentro do processo de cuidados.

Sobre o poder que têm esses elementos, é indiscutivel, mas ainda assim fútil, pois não se reveste de qualquer autoridade; não é nada senão o próprio reflexo daquilo que são para os chefes - uns lacaios. As equipas não gostam deles, embora se relacionem bem porque não querem problemas com os chefes.

O enfermeiro que presta cuidados, competente para o trabalho que lhe é solicitado e que responde pelo que faz, não espera que outros (segundos elementos ou seja quem for) zelem pela orientação dos seus cuidados. Há aqui uma grande confusão e acredito que colegas que pensam da forma como expressa o seu comentário, não têm realmente capacidade de reclamar autonomia junto de outros grupos profissionais, pois nem entre pares são capazes de assumir essa autonomia no cuidado.
 
resposta ao comentário das 06:52

Quanto ao "proporcionar condições" para que o trabalho seja realizado, uma bandeira da enfermagem e o foco da atual gestão nesta profissão, é a maior falácia com que me podem tentar convencer. Já viu o médico preocupado com a quantidade de compressas que há no carro de pensos, com as pinças ou com o frasquinhos de recolha de urina? E ele não faz o seu trabalho? Já viu o fisioterapeuta preocupado com as torneiras do serviço? e ele não lava as mãos? Já viu o farmac~eutico preocupado com o sítio das gavetinhas do stock? E os medicamentos não estão nos serviços? Então, quem é que anda preocupado com isso tudo, para que tudo funcione bem? A criada da enfermeira ou o lacaio do enfermeiro!

Não acha que é tempo de o enfermeiro realizar o seu trabalho sem andar preocupado com as torneiras, as cadeiras de duche, a montar e desmontar processos clínicos, a pedir folhas de requisições para as gavetas, a ver se a impressora tem papel, a ver se as bancadas estão limpas, étc? Não basta que exista alguém com formação em logística para essas finalidades? Porque é que são os enfermeiros? É o poder que acham que têm por gerirem recursos como fraldas e luvas? Olhe que o poder está num patamar um pouco mais acima: junto do doente.

Quanto às comissões, arriscaria a afirmar que mais de metade dos dados que utilizam não correspondem á realidade e são falsos. São trabalhos que servem interesses económicos e pessoais, que trascendem a imaginação das pessoas comuns e nós todos, que participamos nisso, somos autênticas peças dessa engrenagem. A maior parte dos enfermeiros que integram essas comissões não gostam de prestar cuidados aos doentes, são calões! A maioria dos registos das UP's, da dor, das quedas, da Cipe, e até da CD, são imprecisos: são feitos para constar e é nesses falsos dados que as ditas comissões fazem incidir o seu "trabalho". As "normas" feitas por grupinhos da treta de enfermeiros que são ostensivamente arquivadas em grossos dossiers para "consulta" nos serviços, são cópias dos livros de enfermagem, dos sumários das minhas aulas de enfermagem de há 20 e tal anos.

Sobre a idade, há enfermeiros de 40 ou 50 anos que não têm competências para ensinar seja o que for a um recém-formado, e de cujo exemplo se aprende reconhecendo e evitando as suas más práticas.
Há enfermeiros com 2 anos de curso que são excelentes profissionais. A idade na enfermagem é o que se pode designar como uma variável de confundimento.

A evolução na nossa profissão depende muito do lugar onde depositarmos o nosso olhar. Há quem olhe á sua volta e continue a ver mais do mesmo; há quem deposite o olhar na linha do horizonte e imagine que havemos de sair desta farsa.
 
resposta ao comentário das 06:52

Quanto ao "proporcionar condições" para que o trabalho seja realizado, uma bandeira da enfermagem e o foco da atual gestão nesta profissão, é a maior falácia com que me podem tentar convencer. Já viu o médico preocupado com a quantidade de compressas que há no carro de pensos, com as pinças ou com o frasquinhos de recolha de urina? E ele não faz o seu trabalho? Já viu o fisioterapeuta preocupado com as torneiras do serviço? e ele não lava as mãos? Já viu o farmac~eutico preocupado com o sítio das gavetinhas do stock? E os medicamentos não estão nos serviços? Então, quem é que anda preocupado com isso tudo, para que tudo funcione bem? A criada da enfermeira ou o lacaio do enfermeiro!

Não acha que é tempo de o enfermeiro realizar o seu trabalho sem andar preocupado com as torneiras, as cadeiras de duche, a montar e desmontar processos clínicos, a pedir folhas de requisições para as gavetas, a ver se a impressora tem papel, a ver se as bancadas estão limpas, étc? Não basta que exista alguém com formação em logística para essas finalidades? Porque é que são os enfermeiros? É o poder que acham que têm por gerirem recursos como fraldas e luvas? Olhe que o poder está num patamar um pouco mais acima: junto do doente.

Quanto às comissões, arriscaria a afirmar que mais de metade dos dados que utilizam não correspondem á realidade e são falsos. São trabalhos que servem interesses económicos e pessoais, que trascendem a imaginação das pessoas comuns e nós todos, que participamos nisso, somos autênticas peças dessa engrenagem. A maior parte dos enfermeiros que integram essas comissões não gostam de prestar cuidados aos doentes, são calões! A maioria dos registos das UP's, da dor, das quedas, da Cipe, e até da CD, são imprecisos: são feitos para constar e é nesses falsos dados que as ditas comissões fazem incidir o seu "trabalho". As "normas" feitas por grupinhos da treta de enfermeiros que são ostensivamente arquivadas em grossos dossiers para "consulta" nos serviços, são cópias dos livros de enfermagem, dos sumários das minhas aulas de enfermagem de há 20 e tal anos.

Sobre a idade, há enfermeiros de 40 ou 50 anos que não têm competências para ensinar seja o que for a um recém-formado, e de cujo exemplo se aprende reconhecendo e evitando as suas más práticas.
Há enfermeiros com 2 anos de curso que são excelentes profissionais. A idade na enfermagem é o que se pode designar como uma variável de confundimento.

A evolução na nossa profissão depende muito do lugar onde depositarmos o nosso olhar. Há quem olhe á sua volta e continue a ver mais do mesmo; há quem deposite o olhar na linha do horizonte e imagine que havemos de sair desta farsa.
 
Em resposta ao comentário das 9.23 e 9.27 de 13/05/2012

O segundo elemento no meu serviço assume esse papel na ausência do Enfermeiro Chefe, e quando tem de decidir , decide, não é nenhum calão.Quanto andar arrumar gavetas , ou impressos ou repor material não faz parte das suas competências, são funções do Assistente operacional. Arquivar processos,e organiza-los é da competência do Assistente técnico.
Mas compreendo como os senhores, alguns colegas mais novos e ambiciosos queiram ser outra coisa que não Enfermeiros ( têm a certeza que o farmacêutico, fisioterapeuta não tem de se preocupar com as questões organizacionais do Serviço de farmácia ,fisioterapia? Estão enganados, têm bem como o médico responsável do serviço.Cabe ao enfermeiro chefe , ao médico responsável e ao administrador do serviço gerir os recursos materiais, para que haja o melhor uso. Aconselho a leitura de Florence Nightingale, ainda está atual já nessa altura tinha em conta a PESSOA, a SAÚDE, a ENFERMAGEM e o AMBIENTE.
Em relação a um enfermeiro ser melhor enfermeiro com dois anos de experiência, do que alguns hoje com 40-50 anos,a excepção confirma a regra, mas não posso deixar de aconselhar a leitura de Patrícia Benner. Cabe ao enfermeiro chefe ou a quem o substitua requerer o consumo, zelar pela boa utilização do equipamento, saber se o cliente tem o WC em condições etc.também sei que para alguns enfermeiros acompanhar um cliente ao WC é coisa de AO , não para ele um licenciado dos sete costados, muito menos uma torneira a pingar, se as bancadas são limpas com o pano do chão etc.Isso não lhe pertence , mas não se lhe pede isso, pede-se para supervisar e se não gostarem pode sempre ir para farmacêutico , médico,fisioterapeuta etc.
Em relação aos colegas das comissões, que análise tão redutora.Compreendo que se sintam frustrados se passados 20 anos as vossas competências não são reconhecidas pela chefia, ou então têm muito azar por os colegas das ditas comissões estarem usarem fontes de conhecimento tão desactualizadas. Informem-nos por favor que têm uma excelente fonte de conhecimento , a base de dados da Ordem dos Enfermeiros, colocada à disposição de todos os membros.
 
Anónima das 10:02h

A Florence N. é uma referência para a enfermagem, mas hoje não seria enfermeira. O seu valor está mais ligado ao inicio do ensino formal e profissionalização das enfermeiras, do que aos aspetos relacionados com o que na altura era necessário.
Tem ideias e princípios perfeitamente válidos para os nossos dias, mas que não justificam o afastamento sistemático e cada vez mais aceite, promovido e premiado pelos superiores, dos enfermeiros em relação aos doentes.

Patricia B. expôs as suas conceções sobre o desenvolvimento do enfermeiro, defendendo que (1) o enfermeiro pode adquirir conhecimentos e habilidades sem nunca ter aprendido a teoria, (2)passa por cinco níveis de experiência e (3) quanto mais pratica a profissão e quanto mais experiências tiver, melhor profissional se tornará. A sua teoria, indutiva, é uma teoria filosófica da enfermagem e não reflete necessariamente a realidade, mas prova no seu estudo que na verdade a experiência não é o passar do tempo nem outras coisas que se diz, e nada garante que ao fim de 5, 10 ou 15 anos tenhamos um profissional "melhor" ou mesmo que tenha passado do nível de principiante.

Quanto aos grupos de trabalho, concorda com um grupo de trabalho sobre a "troca da fralda"? É que no CHBM existe esse grupo de trabalho. São mais umas enfermeiras que vão passar o tempo a fazer um projeto, elaborar uma norma, vigiar a implementação da norma, monitorizar e depois fazer auditorias; fazem cartazes, ocupam o tempo e ali andam a fazer companhia às outras que estão a introduzir os dados das auditorias da lavagem das mãos... É uma alegria.

Quanto aos segundos elementos, perfeitamente dispensáveis se os chefes se chegarem à frente para fazer o seu trabalho. No privado não existe essa lógica de gestão. No público já "as coisas estão mais facilitadas" e pronto, o chefe trata dos problemas da máquina do café (um rendimentozito extra), da água, das reuniões, do almoço,... aparece na passagem de turno de vez em quando, faz as avaliações dos enfermeiros de acordo com as opiniões dos bufos, finge que manda nos auxiliares, e tal..

Peço realmente desculpa de ter uma opinião tão contrária à sua: o trabalho do enfermeiro é para o doente, junto do doente e com o doente. O resto nunca se pode sobrepôr e estamos a cair em exageros no que toca às dinâmicas em moda nos hospitais: muita gente a falar e pouca a agir; muitos armados em intelectuais, e poucos no lugar onde são precisos; muita farsa, muito fingimento, pouca consistência naquilo que se apresenta, pouca utilidade e grande prejuízo para o erário público e para os doentes.
 
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