sábado, março 19, 2005

Enfermagem - O curso superior mais esgotante!!

Uma investigação nas universidades portuguesas vem provar que os estudantes sofrem de esgotamento académico. Uma síndroma que pode ser agravada em época de exames

Gabriela Lourenço / VISÃO nº 572 19 Fev. 2004



Os estudantes não se limitam a queimar pestanas durante o exercício académico – o «estrago» vai mais além. A conclusão é de uma pesquisa que, pela primeira vez, alargou a observação de uma síndroma, habitualmente ligada a uma actividade profissional desgastante, também aos alunos universitários. «A síndroma de burnout é diferente da depressão, porque, nesses casos, a pessoa tem uma visão depressiva da sua vida em geral e, aqui, o esgotamento está apenas relacionado com o exercício profissional ou académico. Fora da escola ou do emprego, o indivíduo está bem», explica Alexandra Marques Pinto, professora auxiliar na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, que participou nesta investigação.

Na década de 70, a burnout foi estudada e identificada em profissionais, como enfermeiros, médicos, professores. Mais tarde, em meados dos anos 90, a análise alargou-se a outras profissões (tão diferentes como atletas, políticos ou empregados comerciais) e agora descobriu-se que os estudantes também se «queimam». Ou seja, também padecem de sinais deste tipo de desgaste: esgotamento físico e emocional, atitude cínica e distanciada face ao trabalho (que é desvalorizado) e perda de sentido de auto-eficácia – julgam-se incompetentes e não se sentem realizados. Resultado da vivência de stresse crónico, os níveis desta síndroma podem subir na época dos exames, já que nesta altura do ano os «nervos» andam em franja. Mais preocupante é saber que «pode influenciar o desempenho, o desenvolvimento profissional e a tendência para abandonar a escola. Isto é, a oportunidade de finalizar adequadamente a sua formação e de enfrentar o mundo profissional com êxito».

Portugueses, os menos desgastados

Realizado em 2000 simultaneamente em Portugal, Espanha e Holanda, o trabalho foi dirigido pelo professor catedrático holandês da área da Psicologia Wilmar Schaufeli, e partiu da adaptação aos estudantes universitários de um questionário existente para os profissionais com o objectivo de avaliar os níveis de burnout e de engagement (bem-estar).

A síndroma foi identificada nos três países, mas Portugal foi aquele que registou valores mais baixos de burnout e mais elevados de engagement. «Não conhecemos os níveis médios dos portugueses, por isso não sabemos se estes números são altos ou baixos», afirma Alexandra Marques Pinto, «mas comparativamente aos espanhóis e aos holandeses temos resultados melhores.»

Na escala adoptada que oscila entre 0 (nunca se sentir assim) e 6 (sentir-se assim sempre), os estudantes portugueses registaram uma média de 2,46 de esgotamento, 1,41 de cinismo e 3,77 de auto-eficácia, enquanto os espanhóis tiveram níveis mais elevados (3,30; 2,05 e 3,56, respectivamente). Em Portugal, o questionário foi feito a 1 368 alunos do ensino superior, de várias faculdades de Lisboa, com uma média etária de 23,1. O curso de Enfermagem foi o que teve resultados mais altos em esgotamento, estando Psicologia no extremo oposto. A Faculdade de Letras registou os valores mais elevados de cinismo e auto-eficácia, «talvez pelas poucas saídas profissionais que existem para esses cursos», tenta justificar Alexandra Marques Pinto. Percebeu-se ainda que a burnout não afecta da mesma forma os homens e as mulheres portuguesas. Em geral, o sexo masculino é mais cínico relativamente ao exercício académico do que o feminino. Mas, por outro lado, eles consideram-se mais eficazes do que elas.



© Copyright VISÃO / Edição nº 572

Comments:
Gostei do blog.
Sugiro a leitura do seguinte artigo

http://dr-hugo-jorge.blogspot.com/2007/11/o-que-o-burnout.html

Hugo Jorge
http://dr-hugo-jorge.blogspot.com/
 
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